segunda-feira, 5 de setembro de 2016


Cartolas Conversando

 

Cartola é de dois gêneros, tanto existe cartola-macho quanto cartola-fêmea, ambos fazem as mesmas trapalhadas. Fazem e acontecem.

Pior, quando estão reunidas não deixam os menores chegarem nem perto. Quem é que diz que chapéu-coco podia se aproximar? Nem pensar! De jeito nenhum, nunquinha, que o que elas falavam estava acima das possibilidades da “gente baixa”.

Os meros chapéus, então, aí é que não havia mesmo chance.

TODOS ELES DAVAM COBERTURA, APESAR DE TUDO (era uma confraria que “fazia cabeça”)

Descrição: http://modafacilechique.files.wordpress.com/2010/07/chapeu_especial_cartola.jpg
cartola
Descrição: http://fashionstamp.files.wordpress.com/2010/11/55chapeu.jpg
Chapéu-coco (dá em chapéu-coqueiro, mas para ficar do tamanho da sua cabeça você tem que ficar com a cabeça dentro – muito trabalhoso)
Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh50BbB9eUPONkCr3GLYmm-7IGYmVh8mSpDQIeHrvipNdQJpUCADKTfLR5xSLyALhXls2fee943Ri23_e_kIYxiHhPeb3QvVmFOJIMjflWGdFs5HWegH5r7OBDsQZzzttfsZXLlYCqSkqo/s1600/chapeu+panama.jpg
chapéu
Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1EpxUhoIWEDDiARn09NrcWbDyvieUhQt3BsZRX-LDLQ0cLk72wt50vN6pLzRIQdrwEiRuyuyiltIGN9ZZI5kneqQvFpBAMkZsbK3lc7uspIwGBgw33Ze4GrH-8zqsTBfM6C69QS532HQ/s1600/chapau-charlotte.jpg
chapéu-de-mulher (se homem estiver usando disfarçe e saia)
Descrição: http://www.cliquefacil.net/wp-content/uploads/2012/03/Boné-Oakley-imagem-6.jpg
boné (geralmente usado por pessoas calvas)
Descrição: Boina 7 Boina   Modelos e Preços
boina (ou é militar ou é intelectual, em qualquer situação não é bom ficar perto)
chapéu de palha (muito palha pro meu gosto)
Descrição: Ficheiro:Mine helmet 1.jpg
Capacete (minerador, bombeiro – fuja do fogo)

E boné?

Aí que o dito-cujo passaria vergonha se tentasse se aproximar.

Para diferençar se eram homens ou mulheres diziam OS Cartolas e AS Cartolas, mas era gente da mesma laia, tudo disposto a esconder as coisas, a proteger as cabeças e os cabeças da trama.

Gostavam de ganhar no tapetão e andavam muito com os Fraques, viviam juntos, tanto assim que sempre se dizia de Fraque e Cartola, o que era de um era do outro, muito próximos, faziam questão de andar entre os ricos. Pode crer que é verdade e tanto é verdade quanto você nunca terá visto um pobre de Fraque e Cartola, nunca terá visto um Fraque ou uma Cartola com pobre. Hum! Eu, hem!?

RETRATO DE FRAQUE E CARTOLA PASSEANDO COM RICO (essa foto não é rara, é bastante comum)

Descrição: http://m.i.uol.com.br/estilo/moda/2011/05/02/convidado-do-casamento-de-william-e-kate-usa-fraque-e-cartola-1304379010633_228x325.jpg
Você já viu algum pobre com isso?

A propriedade central das Cartolas e dos Cartolas é conspirar, principalmente em time de futebol, onde eles ocupam as diretorias e, dizem as más línguas, deitam e rolam em orgias báquicas tremendamente indecentes. Às vezes os jornais divulgam, mas o mais das vezes calam, tudo é compromisso, um leva o outro e os dois levam o carro.

Os Cartolas estão sempre participando de negociatas, mas você nunca terá lido livro mostrando isso (que acontece no mundo inteiro). Cartola esconde muito. É pessoal alto, entende? Nada os atinge, nem tsunami.

É assim, que se vai fazer?

Serra, segunda-feira, 09 de abril de 2012.

Canecantes


 

Não tem os “cadeirantes”, aqueles que necessitam de cadeiras (de rodas; na realidade é um nome horrível tentando evitar outro nome horrível, deficientes físicos)?

Então, esses eram os “canecantes”, os que necessitam de canecas e canecas de todo tipo, canecas de cerveja, canecas de vinho, canecas de chope, canecas de tudo. Depois que um inventou de estampar na camisa virou uma febre e os próprios bares, para incentivar o consumo, ofereciam canecas mais barato, as pessoas se reuniam em grupos, em tribos, alguns até chegaram a lutar feito gangues.

VAI TOMAR NO CANECO? (Também surgiram as frases engraçadinhas para implicar com outrem, o que foi motivo de mais brigas ainda, pois os homens estão sempre puxando e as mulheres sempre empurrando briga, a falta do que fazer é fogo!)

http://www.embalagensrodrigues.com.br/product_images/c/312/caneca_ACRILICO_2__29352_zoom.jpg
http://www.canecaspersonalizadas.com/images/caneca%20madeira.jpg
http://www.elemento-x.com/wp-content/uploads/2011/11/caneca_chopp_de_acrilico-243x300.jpg
http://www.assiriaassistenciatecnica.com.br/__wf__arquivos/imagens/copo_de_plastico_walita_hr_2957_p_liquidificador_ri2044.jpg

Fica complicado, isso, é igual à roubalheira no Congresso e no governo executivo, se ninguém controlar fica complicado. O fato é que as divisões naturais que existem amortecidas dentro das pessoas passaram a aflorar, havia a “gente de cristal” que não se misturava, havia “gente arco-íris” com canecões muito “chegay”, apareciam os exagerados levando copos de liquidificador, os dos times que formavam gangues, os empresários que davam bolas e os fiscais que as pegavam se identificavam mutuamente com canecas em forma de bola, prostitutas, traficantes, todo tipo de gente. De repente, você entrava num bar e nem podia ficar, pois não havia ninguém da sua turma. Ou que tinha sido da sua turma, mas ganhara na loteria e já passara a empresário. Ou alguém que era eleito e passava a usar caneca com estampa de dólar. Os policiais se infiltravam para ver se alguma ilicitude era cometida e de vez em quando levavam alguém com caneco e tudo, botavam no caneco de alguém. A P2 vinha vestida de caneco civil.

Enfim, coisas que começam como brincadeira de repente podem ficar muito sérias, até que alguém enfrentou a polícia e escreveu numa camisa: “policial que quiser tomar no caneco, toma em casa”. Ah, pra quê?! A polícia baixou o cacete. A título de acabar com as gangues a polícia proibiu terminantemente.

Tomou?

Não sabe brincar...
Serra, sábado, 24 de março de 2012.

Bronca de Novo e os Sete Anões

 

SETE MOTIVOS PARA ESTUDOS PSICOLÓGICOS + A BRONCA

Atchim
Dunga
Dengoso
Feliz
Mestre
Soneca
Zangado
BRONCA
Os 7 anões e suas personalidades
Todos hão de concordar que o primeiro desenho dos estúdios Disney, Branca de Neve e os 7 anões é um clássico muito bonito e bem feito. Lançado em 1937 nos cinemas americanos, o longa-metragem exigia tamanha perfeição que levou 3 anos para ficar pronto. No conto original dos irmãos Grimm, os anões não possuíam nomes e personalidades distintas. Para a versão de Walt Disney, foram cogitados aproximadamente 50 nomes e personalidades foram sendo elaboradas com o desenvolvimento do projeto, sendo definidas somente no último ano de produção.

Os sete anões moravam num condomínio no campo, região de Pedra Azul, terceiro melhor clima do mundo, no ES. Tinham ganhado uma bolada na mega-sena, aquela da virada do ano, mais de 100 milhões e foram morar no Vilitália, criado só para a nobreza, coisa de mais de um milhão cada casa.

Eram negros.

Gastaram sete milhões com as aquisições, mais um milhão com os carros e as bagatelas, ficaram com 92 milhões para investir, ganhavam uma baba mensal, exploravam essa mina na base de 2,5 % ao mês, 2,30 milhões POR MÊS. Tiravam meio por cento para a inflação, ainda ficavam 1,84 milhão para gastar. Estavam literalmente montados na grana.

Eram assediados pelas mulheres, que só visavam a beleza e a estatura deles, pareciam-lhes graciosos a não mais poder, independente dos traços psicológicos acima descritos.

Calhou que um dia chegaram da exploração da “mina” (era uma fábrica de dinheiro) e foram se reunir na sala de reuniões e lá estava a mulher nuazinha, peladinha, deitada na cama e com os pés sobrando, porque se havia sete camas em nenhuma ela cabia.

Eles se apaixonaram todos por ela, mas ela encrencou e daí para frente toda semana tinha bronca, porque ela dizia ter sido enganada. Não ligava para dinheiro, mas dizia que eles a tinham enganado.

ELES – de que forma?

ELA – porque existe essa fama de negro de p* grande, foi isso que me atraiu, sete de uma vez!

ELES – mas nós somos anões, negros PEQUENOS, como vamos ter p* grandes?

ELA – sei lá, foi a imagem.

E tome bronca.
Serra, segunda-feira, 16 de abril de 2012.

domingo, 4 de setembro de 2016


BB Dá Rasteira em KM

 

Da série Os Economistas há em casa os dois volumes de Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914, 63 anos entre datas, meio de vida em 1883), Teoria Positiva do Capital, São Paulo, Nova Cultural, 1986, primeira edição alemã em 1888, quase 100 anos antes.

BB E A OBRA

O AUTOR.
SUA OBRA ALEMÃ.
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Cover of: Kapital und Kapitalzins. by Eugen von Böhm-Bawerk

Não puder ler ainda, a correria era grande com serviço, filhos, vida, ler, pensar, escrever – agora estou aposentando, havendo tempo...

E HÁ O CAPITAL, DE KM (1818-1883, 65 anos entre datas, meio de vida em 1851, 32 anos antes do outro; quer dizer, quando BB chegou aos 18, KM já estava com 50; quando atingiu sua média de vida, KM estava morrendo – ao elaborar sua obra, a do outro já tinha sido devassada, muito lida). Não pude ler O Capital porque roubaram dois volumes dos seis, tenho de recomprar.

O AUTOR.
SUA OBRA ALEMÃ.
Resultado de imagem para karl marx
Resultado de imagem para o capital

É tudo muito engraçado porque, só com o título BB já dá uma pernada em KM, mesmo tendo sido muito menos lido:

1.       Chamou seu texto teoria POSITIVA do capital, favorável; e vendo nele coisas que o outro não tinha visto, todo um lado, 50 % dos 50/50 da soma zero, puxou orelha;

2.       Com isso, a do outro passou a ser NEGATIVA, ataque, ruim, desfavorável, implicante, pessimista, enquanto a de BB era a otimista (de fato, BB mostrou que o Capital geral não sucumbiria PORQUE era inventivo, criava patentes).

É certo que BB não lançou nenhum movimento iluminista-revolucionário seccional, sectário, combativo-destruidor enturmado, classista-proletário; quem acaso encontrasse mérito em seu livro teria de ser por pensar por conta própria, sem deixar-se doutrinar.

Foi algo genial.

Só pelo título já fiquei fã de BB.

Vitória, domingo, 04 de setembro de 2016.

GAVA.

Bob Mala


 

Ele era baixinho, um tiquinho de gente mesmo, e era um mala.

É assim que se diz quando a pessoa é chata, projetada, oferecida, impositiva, insistente, cricri, o chato do chato, o pentelho do pentelho.

Como era baixinho eu dizia que era uma frasqueira, nem chegava a mala, era um mala pequeno.

DE MALA SORTE


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Isso de mala começou com “mala sem alça”, que é difícil de carregar, é difícil até de pegar, é uma pessoa “difícil”, um peso na vida da gente.

DE ONDE VEM A CHATICE?


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Mala sem alça.
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Cricri, o chato do chato.
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Chato.
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Chato de galocha.

O nome dele era Roberto, por gozação chamavam de Robert, daí Bob; e como tinha aqueles cabelos dread durante uma fase da vida, passaram a cha-málo de Bob Marley; como era chato, Bob Mala.

Uma vez me virei, ela vinha correndo, quase disse: “se você não tivesse parado de crescer teria chegado ao meu queixo”. Veio na ponta da língua, mas não sou de ofender.

Evidente que ele ficava com raiva de mim, mas sabia que era brincadeira (visando a aproximação, pois era boa pessoa – é preciso levar em conta todas as dimensões de cada um, se bem que no caso dele eram dimensões bem pequenas), não era gozação, que é de gente hostil.

O Bob não morreu, ele está em nosso coração, ele encolheu até desaparecer, fez “puf”, reduziu até a dimensão de um ponto e como o ponto não tem dimensão passou diretamente ao etéreo. O Bob faz falta, se bem que é falta pequena, há, há, há, ele iria gostar, que saudade, aê, Bob, onde quer que você esteja não está ocupando um volume grande. Não sabe, quando a gente chama a pessoa de “tampinha”? Ele era a tampinha da tampinha, mas fora a chatice (que era pequena, torno a repetir), era bom, por baixo daquela dimensão mínima, nem sei onde havia espaço para isso, mas era bom.

Pensando bem, o Bob era o maioral, dentro da chatice dele, claro, mas se você aprendesse a tolerar, levava numa boa. Todo mundo tem defeitos, uns mais que outros. Depois que o Bob se foi a gente sente a falta dele, porque há gente verdadeiramente ruim ao nosso redor, enquanto o Bob não era de uma chatice enervante, nem malicioso, nem nada, só era chato.

E foi aí, pensando no Bob, que decidi pesquisar na minha área, a genética, a razão da permanência dos chatos, dos paranoicos, de todos os pentelhos da vida, porque se eles não tivessem utilidade não teriam deixado descendência, não é? Não teriam encontrado mulher que os aceitasse, alguma coisa de boa tinham agregado, senão não passariam seus genes adiante.
Serra, sexta-feira, 30 de março de 2012.

Bílis de Kid


 

Nome mesmo era Euclides, mas o pessoal o chamava de Kid (que em inglês tem, entre outros significados, o de criança, garoto).

Ele era tremendamente nervoso.

Ixi! Demais da conta.

Ele estava sempre com amargor na boca, a bílis o corroía e a gente não sabia de nada, só sabia gozar, sem nos compadecermos de nosso amigo. Ele ficava irritadíssimo e despejava no ambiente, na mesma medida em que a bílis derramava nele.

Pra dizer tudo, ele era um porre, coitado do Bílis. Quando o problema não é com você, quem se importa? Não queríamos a tristeza do Bílis, só a alegria. Assim é a vida. Como dizem, “ria e o mundo rirá com você, chore e chorará sozinho”. Pobres de nós, pobre do Bílis. Era engraçado o nervosismo do Bílis.

BILE (no Houaiss eletrônico)

Substantivo feminino
1.        Rubrica: bioquímica.
Substância amarelo-esverdeada secretada pelo fígado dos vertebrados e que atua no duodeno auxiliando esp. na emulsificação e absorção das gorduras
2.      Derivação: por metonímia.
Mau gênio, mau humor; irritabilidade, atrabílis.
http://www.conhecersaude.com/thumbnail.php?file=adultos/colecistite/colecistite.jpg&size=article_medium
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-digestivo/imagens/vesicula-biliar-5.jpg
http://www.prof2000.pt/users/anteduardo/pancreas.gif
http://www.enfermedadesmedicas.com/wp-content/uploads/2010/11/C%C3%A1lculos-en-la-Ves%C3%ADcula-Biliar-2.jpg

O pessoal dizia que ele fazia muitos cálculos, que a vesícula dele era uma verdadeira calculadora – veja que maldade. E como eram cálculos biliares, o pessoal arrematava: “e aí, Bílis, vamos ao biliar?” A maldade dessa gente é uma arte.

Eles produzia muita bílis ou bile e daí veio o apelido, Bílis, The Kid, o que pegou e quanto mais ele reclamava mais o pessoal chamava, o jeito foi acomodar e no fim ele estava até gostando.

O fato é que doía desesperadamente.

Ele foi ao médico, até eu iria.  O médico receitou as mais avançadas técnicas, de que o ES já dispõem, com tratamento a laser e o escambau, foi fácil, a recuperação tranquila, Bílis the Kid melhorou notavelmente, as pedras que o faziam torcer de dor foram pro vidrinho.

PARA SABER O QUE BÍLIS SOFRIA BATA NA PORTA DESTE ENDEREÇO

PEDRA NA VESÍCULA | Sintomas e cirurgia

23 de março de 2012 Dr. Pedro Pinheiro 235 comentário(s)
A vesícula biliar é uma pequena bolsa em forma de pera, localizada no quadrante superior direito do abdômen, logo abaixo do fígado.

O problema é que agora ele é o Euclides, não é mais o cara brigão que divertia a gente. É um Euclides qualquer, sem marca especial nenhuma, é qualquer, é ninguém, um bosta-mole como todo mundo. E nós vamos pedir para ele ficar doente de novo? Não vamos, né, lá se foi mais uma fonte de diversão.

Serra, segunda-feira, 26 de março de 2012.

Ateus x Agnósticos

 

Pessimistas tinham ganhado de 6 x 0 dos Depressivos. Queriam jogar contra os Otimistas, mas não foi possível, estes pertenciam a outro grupo. O argumento para não misturar os dois era que os pessimistas já começariam derrotados e os otimistas lutariam até o fim, até o último segundo, sempre acreditando em vencer. Já os Depressivos não saíam do lugar, sempre na fossa, além de jogar de cabeça baixa, foi de lavada, foi olé.

Céticos fizeram 5 a 2 contra os Descrentes, porque a doutrina do técnico dos céticos era de descrença leve, moderada, ao passo que a dos Descrentes era arrasadora; entretanto, os Descrentes jogavam na defesa intransigente, muito fechados, não acreditavam em ataque, nem em defesa, mas era melhor ficar perto do goleiro, que pelo menos era amigo (embora não muito confiável). Os Céticos eram uma dissidência mais leve dos Descrentes e conhecendo os antigos amigos puderam fazer três gols de diferença.

Amargos jogou contra Azedos. Estes eram “da pá virada”, sempre de cara amarrada, mas não metiam medo nos outros, que ficaram na deles, amargurados, porém combativos. Os Azedos só queriam dar bordoada, queriam bater de qualquer jeito, o juiz expulsou três, porisso foi fácil para os Amargos ganhar de carroçada, apesar de resmungarem o tempo todo, que coisa! 7 x2.

Desgostosos infelizmente perdeu para os Contrariados, porque estes estavam mais leves, mais soltos em campo, enquanto Desgostosos da Vida - vindos de uma cidade vizinha - jogavam no campo do adversário, sem poder trazer a torcida, que bebia muito e não acordou na manhã do jogo.

A atração maior foi Ateus versus Agnósticos.

A seção mais aguerrida de Ateus, o grupo Herético, não pôde jogar PORQUE houve hostilização (isso é sacanagem), mesmo entre os do grupo, que os apedrejaram e machucaram a vários, com protestos.

Lá pelas tantas um dos Ateus não acreditou na falha do ataque, botou as mãos na cabeça e disse “pelo amor de Deus”, sendo imediatamente retirado de campo e expulso do time, mesmo tendo se desculpado. Outro teve logo em seguida um colapso da memória e disse “Ai, Jesus”, o que pode ser tomado apenas como exclamação, mas pegava mal e assim foi retirado também, o time ficou só com nove, nem poderia haver substituição, porque fora um custo reunir 12 (os 11 e o técnico, não tinha massagista porque este vivia dizendo “esta pomadinha vai te levar pro céu”).

Os agnósticos pegaram briga no meio do campo, discutindo se havia prova ou não de Deus. Fizeram um bolinho na lateral e o juiz paralisou porque senão o outro time teria toda a vantagem.

Ficou empatado e o jogo durou três horas e meia, já que a torcida naquela lateral da discussão entrou nela e os partidários do Agnósticos tentavam fazer proselitismo: vocês não vão acreditar!

Foi um Deus nos acuda.

Serra, terça-feira, 10 de abril de 2012.