segunda-feira, 7 de agosto de 2017


Teóricos e Experimentais

 

                            Diz Feynman (Richard P.) em seu livro Física em Seis Lições, 6ª edição, Rio de Janeiro, Ediouro, 2001, p. 37: “Esse processo de imaginação é tão difícil que há uma divisão de trabalho na física: existem físicos teóricos que imaginam, deduzem e descobrem as novas leis, mas não experimentam; e físicos experimentais que experimentam, imaginam, deduzem e descobrem”, itálico no original.

                            Três para os teóricos e quatro para os experimentais, o que está errado. Teóricos teorizam, experimentais experimentam – essa é a separação fundamental.

                            O QUADRO DE FEYNMAN

FÍSICOS
TAREFAS
Teóricos
Imaginam
Deduzem
Descobrem
Experimentais
Experimentam
Imaginam
Deduzem
Descobrem

Está assimétrico, é claro.

O modelo é mais preciso.

Devemos ver que dedução é do todo para a parte, indução é da parte para o todo. Dedução é do mais completo para o menos completo, indução é do incompleto para o todo (que será completado). O que os experimentais fazem é cotejar o virtual ou ideal, o imaginado, com o real, procurando na Natureza RESPOSTAS reais às perguntas virtuais. O virtual é espelho ADEQUADO do real? Assim, imaginação amplia, portanto os experimentais não podem imaginar (ou pelo menos a imaginação é muito menos importante, quase insignificante; por necessidade da tarefa os experimentais devem ser pessoas sem muita imaginação; pelo contrário, os teóricos devem dar saltos).  Ora, indução ou imaginação é o contrário de dedução, porisso os teóricos não podem deduzir nada – essa tarefa é dos particularistas, que são EXPERIMENTADORES DO VIRTUAL, experimentam com as equações ou equilíbrios criados. Agora, descobrir é tarefa de ambos, tanto dos teóricos quanto dos experimentadores, porque uns DESCOBREM NO VIRTUAL, fazendo as ligações hipotéticas ou indutivas, enquanto outros DESCOBREM NO REAL os reflexos esperados. Ou não, negando a teoria (como fizeram Michelson e Morley com a teoria do éter, negando-a).

Quando Einstein freqüentava o restaurante ele não era a superpotência que fazia física; era um ser humano qualquer, porque não se entregava com afinco a pensar sobre alimentos e, portanto, não desenvolveu uma teoria completa dos alimentos, o que fica a cargo dos nutricionistas. Ora, o mesmo acontece com Feynman e todos os outros, cada um em sua tarefa. Não é demérito dele, nem de longe. Ele foi grande.

Acontece que precisamos de um quadro assim, porisso os lógicos do método tecnocientífico devem se dedicar mais e melhor a construí-la. Vai abaixo um quadro parcial.

A TABELA DO MODELO

TAREFAS
TEÓRICOS
EXPERIMENTAIS
Categoria da prova positiva
Especulativa
Terminal no contraexemplo, anunciativa no exemplo
Descoberta
Do virtual
Do real
Experimentação
Mental
Laboratorial
Fração do círculo ou guia (qualidades)
Indução, do menor para o maior (imaginação, emoção, paixão, intuição, instinto, impulso)
Dedução, do maior para o menor (razão, ponderação, reflexão, meditação)
Instrumentos usados
Caneta e papel, às vezes máquinas computadoras
Variadíssimos
Mapas
Virtuais ou ideais
Reais
Modelo
Rede de relações psicológicas ou humanas (teoremas e leis)
Rede natural

Vitória, quinta-feira, 18 de novembro de 2004.

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