Teóricos e
Experimentais
Diz Feynman (Richard
P.) em seu livro Física em Seis Lições,
6ª edição, Rio de Janeiro, Ediouro, 2001, p. 37: “Esse processo de imaginação é
tão difícil que há uma divisão de trabalho na física: existem físicos teóricos que imaginam, deduzem e
descobrem as novas leis, mas não experimentam; e físicos experimentais que experimentam, imaginam, deduzem e descobrem”,
itálico no original.
Três para os
teóricos e quatro para os experimentais, o que está errado. Teóricos teorizam,
experimentais experimentam – essa é a separação fundamental.
O QUADRO DE FEYNMAN
FÍSICOS
|
TAREFAS
|
||||
Teóricos
|
Imaginam
|
Deduzem
|
Descobrem
|
||
Experimentais
|
Experimentam
|
Imaginam
|
Deduzem
|
Descobrem
|
|
Está assimétrico, é claro.
O modelo é mais preciso.
Devemos ver que dedução é do todo para
a parte, indução é da parte para o todo. Dedução é do mais completo para o
menos completo, indução é do incompleto para o todo (que será completado). O
que os experimentais fazem é cotejar o virtual ou ideal, o imaginado, com o
real, procurando na Natureza RESPOSTAS reais às perguntas virtuais. O virtual é
espelho ADEQUADO do real? Assim, imaginação amplia, portanto os experimentais
não podem imaginar (ou pelo menos a imaginação é muito menos importante, quase
insignificante; por necessidade da tarefa os experimentais devem ser pessoas
sem muita imaginação; pelo contrário, os teóricos devem dar saltos). Ora, indução ou imaginação é o contrário de
dedução, porisso os teóricos não podem deduzir nada – essa tarefa é dos
particularistas, que são EXPERIMENTADORES DO VIRTUAL, experimentam com as
equações ou equilíbrios criados. Agora, descobrir é tarefa de ambos, tanto dos
teóricos quanto dos experimentadores, porque uns DESCOBREM NO VIRTUAL, fazendo
as ligações hipotéticas ou indutivas, enquanto outros DESCOBREM NO REAL os
reflexos esperados. Ou não, negando a teoria (como fizeram Michelson e Morley
com a teoria do éter, negando-a).
Quando Einstein freqüentava o
restaurante ele não era a superpotência que fazia física; era um ser humano
qualquer, porque não se entregava com afinco a pensar sobre alimentos e,
portanto, não desenvolveu uma teoria completa dos alimentos, o que fica a cargo
dos nutricionistas. Ora, o mesmo acontece com Feynman e todos os outros, cada
um em sua tarefa. Não é demérito dele, nem de longe. Ele foi grande.
Acontece que precisamos de um quadro
assim, porisso os lógicos do método tecnocientífico devem se dedicar mais e
melhor a construí-la. Vai abaixo um quadro parcial.
A
TABELA DO MODELO
TAREFAS
|
TEÓRICOS
|
EXPERIMENTAIS
|
Categoria da prova positiva
|
Especulativa
|
Terminal no contraexemplo,
anunciativa no exemplo
|
Descoberta
|
Do virtual
|
Do real
|
Experimentação
|
Mental
|
Laboratorial
|
Fração do círculo ou guia
(qualidades)
|
Indução, do menor para o maior
(imaginação, emoção, paixão, intuição, instinto, impulso)
|
Dedução, do maior para o menor
(razão, ponderação, reflexão, meditação)
|
Instrumentos usados
|
Caneta e papel, às vezes máquinas
computadoras
|
Variadíssimos
|
Mapas
|
Virtuais ou ideais
|
Reais
|
Modelo
|
Rede de relações psicológicas ou
humanas (teoremas e leis)
|
Rede natural
|
Vitória, quinta-feira, 18 de novembro
de 2004.
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