sábado, 5 de agosto de 2017


Gavagente

 

                            Como você lerá no artigo de Internet anexado, página 3, “(...) existem cerca de 3000 editoras e nem dez agências literárias no Brasil (...)”. Acho que quando comecei a pedir há vários anos atrás não existia uma sequer. De tanto pedir a várias pessoas, que nunca deram uma resposta positiva (exceto um determinado Jorge que afirmou não poder se oferecer como agente, mas mesmo assim ficou com o texto do Livro 1, já registrado na Biblioteca Nacional), acabei por pensar que nós mesmos poderíamos colocar uma, já que a relação desfavorável atual é de 300/1. Consultar 3.000 editoras, naturalmente, é proibitivo. Não dá para telefonar, não dá para escrever, não há contatos. No Espírito Santo não sei quantas existem, sem falar nas gráficas que imprimiriam (em boas condições), sob pedido. Por aqui agência literária não sei de nenhuma. Precisamos de uma agência para achar agências.

                            Em todo caso é mais desfavorável do que imaginei, porque o custo de agenciamento é de 10 a 30 % dos 10 % do preço de capa, o que quer dizer que o agente pega de 1 a 3 %, enquanto o autor desce de 10 para 9 ou 7 %, o que piora ainda mais a remuneração por aqui. Se começássemos com os nossos próprios textos, sendo tantos, poderíamos aceitar novos agenciados, no caso de conseguirmos ligação com as editoras a partir de um cadastro (rendendo livro bem ajuizado depois, servindo de caminho e orientação a outros).

                            Deveríamos colocar um escritório com sítio de Internet, e-mail ou e-endereço, telefones, fax, mesas, xerox e tudo isso, mais propaganda na cidade de Vitória e no Espírito Santo, leste de Minas Gerais, sul da Bahia, norte do Rio de Janeiro. Fazer esse cadastro nacional (dividido por regiões e nestas por estados) e internacional. Seria preciso treinar constantemente os agentes para atender bem aos autores porque, por mais que eu preze os editores, sei que são os autores as fontes de onde brota o futuro. O resto é aproveitamento. Se não houver nascimento não dá para crescer nem enfeitar depois. Assim, o fundamental é o espermatóvulo (espermatozóide da emoção, mais a razão que o choca), quer dizer, a pensimaginação do autor. O resto, é claro, é só propaganda, ainda que eu valorize tanto o editor.

                            Então, é fundamental tratar bem o fundamental, o fundo-mental, aquilo que está na origem, o zero do sistema, o autor.
                            Vitória, segunda-feira, 08 de novembro de 2004.

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