quarta-feira, 2 de agosto de 2017


Alto Gosto e a Pele Muito Cara

 

                            Gosto, na Rede Cognata, é COSTURA = COSTA, entre outras traduções. Então, alta costura = ALTO GOSTO = CRIATIVO GOSTO. Por vezes um vestido para apresentação das mulheres nas noites de gala de Hollywood, quando dos premiers dos filmes, quando do seu lançamento, pode custar dois mil dólares ou até 10 vezes isso.

                            Como devemos nos comportar em relação a isso?

                            Devemos esmagar os gostos ricos?

                            Se assim procedêssemos ficaríamos apenas com o trivial, o repetitivo; era melhor quando na China vestiam todos e cada um os pesados capotões verdes? A dignidade da simplicidade pode (ou deve) ser imposta? Se todos tivessem móveis e casas iguais seríamos mais felizes? Dificilmente. Isso foi feito de forma desastrosa pela COHAB (Companhia Habitacional, uma de cada estado, por exemplo, COHAB-ES) e pelo BNH (Banco Nacional da Habitação, já extinto), que fez milhares, centenas de milhares de casas nos mesmos moldes, as tristíssimas “casas de pombo”, como o povo as chamava, todas rapidamente mudadas pelos moradores para serem diferentes. Esse excesso de igualdade é doentio, tanto quanto o excesso de diversidade.

                            Sem motivação do dinheiro para inventar os vestidos caros os modistas não legariam ao povo formas mais apuradas de vestir. Claro que os excessos devem ser banidos, mas onde está o excesso? Acho que o excesso é quando a pessoa sente que é. Um vestido de 500 reais pode ser excessivo na favela, mas completamente natural entre os ricos. Os próprios pobres, olhando esse vestido das ricas, diriam que é aceitável.

                            Assim, essa pele humana trocável, tão cara, também traz felicidade em inúmeros patamares. É muito difícil avaliar. Naturalmente essa indústria cria muitas oportunidades de emprego, que de outro modo não apareceriam. Se ela fosse fechada essa mesma quantidade de empregos apareceria em outra parte? Não creio. O certo é INVENTAR OS EMPREGOS para os que não os têm e não dar cabo de certos ramos apenas porque os intelectualóides num primeiro raciocínio renegariam a atividade.

                            Não obstante, creio ser completamente oportuno alguém fazer um livro sobre isso, investigando os elementos de todos os pontos de vista; entrevistando as pessoas; indo a fundo mesmo do assunto.

                            Vitória, domingo, 24 de outubro de 2004.

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