domingo, 6 de agosto de 2017


A Invenção da Farmácia

 

                            Diferentemente das bebidas, que foi invenção exclusivamente das mulheres (veja neste Livro 101, artigo A Invenção das Bebidas), a invenção da farmácia foi parte masculina (a FARMÁCIA DE CAÇA, dos que iam) e parte feminina (a FARMÁCIA DE COLETA, dos que ficavam, de 80 a 90 % da tribo: 50 % de mulheres, 25 % de garotos, etc.).

                            A farmácia de caça era descuidada, mas devia ser muito eficaz, porque os 10 a 20 % de caçadores eram muito preciosos e só eram repostos muito devagar – a perda de um só que fosse já era significativa naqueles tempos. Deviam produzir resultados instantaneamente, sem demora, porque não dá para esperar 30 dias até que o sujeitinho melhore, antes que o grupo de caça possa se deslocar novamente. Tendia à alopatia, necessidade ansiosa de cura. Pelo contrário, a farmácia de coleta podia esperar curas lentas, de modo que deve ter sido mais homeopática, virtude feminina da paciência. Perguntava, inquiria, buscava a causa através de pesquisas, observava as conjunções com os lugares, agia ambientalmente.

                            Já a CURA DOS HOMENS não podia fazer muitas perguntas, devia aplicar o remédio sem muito questionamento (pois não dá para perguntar “você tá confortável, meu filho?”, na corrida e afobação da guerra). Devia ser capaz de, através de poucas perguntas, levar a resultados, indagando de alguns sintomas. As mulheres devem ter acumulado milhares de remédios isolados e em misturas, ao passo que os homens devem ter cuidado de caso por caso, sem misturas, pois não havia logicamente tempo para testes e aperfeiçoamentos.

                            UM QUADRO DAS CURAS

x
CURA DOS HOMENS
CURA DAS MULHERES
Correlação
PESSOAL
AMBIENTAL
Destinação
Para um
Para todos
Método
Sem perguntas
Com perguntas
Nome atual
Alopatia
Homeopatia
Relação
Um-um
Misturas

Isso gerou duas medicinas. A alopática se tornou dominante e expulsou a das mulheres aparente e definitivamente na caça às bruxas, porque os capitalistas não podiam tolerar demoras na cura, já que isso afastava o doente do trabalho.

Vitória, quarta-feira, 10 de novembro de 2004.

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