domingo, 6 de agosto de 2017


A Caneta que Balança, Percepção, Ilusão, Fidelidade dos Sentidos e dos Interpretadores

 

                            Acho que eu estava no ginásio, quando tinha uns 12 anos (fiquei tão admirado que me lembro da situação, embora não do dia) e lá em Linhares me mostraram a caneta que balançada no encontro do polegar com o indicador oscila e parece vergar, aparentemente tornando-se plástica e mole. Isso ocupou minha mente deste então, nesses perto de 40 anos, até hoje eu conseguir atinar com a coisa.

                            Veja que temos sentidos, os instrumentos exteriores (digamos o globo ocular, os nervos condutores, etc.), e interpretadores, os programas que dentro da mente em cada seção do cérebro cuidam de dispor os elementos em ordem perceptível. Pois bem, se a caneta parece oscilar (quando nós sabemos pela lógica que tanto antes quanto depois ela é a mesma e não houve temperatura que a moldasse, porque tal temperatura elevada nos queimaria os dedos e após o fim do movimento ainda continuaria residual no plástico, o que não se sente), é que esse é o tempo dentro do qual a mente é “enganada”, quer dizer, os programas que interpretam os dados dos sentidos não conseguem deduzir a forma completa.

                            Veja que são percebidos 25 quadros por segundo (num minuto ou 60 segundos passam 1.500 quadros – é porisso que é tão difícil fazer desenho animado), ou seja, nosso tempo de percepção é de (1 s/25) = 0,04 s. Ou esse é o limite físico-biológico do instrumento ou é o limite psicológico da interpretação. Não podemos dizer que o instrumento seja iludido, assim como não diríamos tal coisa da máquina fotográfica. Os sentidos são fiéis, os interpretadores é que são enganados. Os interpretadores é que não rodam a grandes velocidades. Eles não foram preparados para interpretar grandes cargas de dados, nem para rodar a altas velocidades. A VELOCIDADE DE INTERPRETAÇÃO é essa: 25 quadros por segundo. Por exemplo, coisas que passam a 1.000 quadros por segundo devem ser reduzidas por um divisor de 40 para se adequarem a nossa capacidade de interpretação. Ou seja, mesmo que pudéssemos empurrar 1.000 quadros por segundo para dentro de nossas mentes eles seriam perdidos na base de 975/1.000 por segundo.

                            Vitória, sexta-feira, 12 de novembro de 2004.

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