A Caneta que Balança,
Percepção, Ilusão, Fidelidade dos Sentidos e dos Interpretadores
Acho que eu estava
no ginásio, quando tinha uns 12 anos (fiquei tão admirado que me lembro da
situação, embora não do dia) e lá em Linhares me mostraram a caneta que balançada
no encontro do polegar com o indicador oscila e parece vergar, aparentemente tornando-se
plástica e mole. Isso ocupou minha mente deste então, nesses perto de 40 anos,
até hoje eu conseguir atinar com a coisa.
Veja que temos
sentidos, os instrumentos exteriores (digamos o globo ocular, os nervos
condutores, etc.), e interpretadores, os programas que dentro da mente em cada
seção do cérebro cuidam de dispor os elementos em ordem perceptível. Pois bem,
se a caneta parece oscilar (quando nós sabemos pela lógica que tanto antes
quanto depois ela é a mesma e não houve temperatura que a moldasse, porque tal
temperatura elevada nos queimaria os dedos e após o fim do movimento ainda
continuaria residual no plástico, o que não se sente), é que esse é o tempo
dentro do qual a mente é “enganada”, quer dizer, os programas que interpretam
os dados dos sentidos não conseguem deduzir a forma completa.
Veja que são
percebidos 25 quadros por segundo (num minuto ou 60 segundos passam 1.500
quadros – é porisso que é tão difícil fazer desenho animado), ou seja, nosso
tempo de percepção é de (1 s/25) = 0,04 s. Ou esse é o limite físico-biológico do
instrumento ou é o limite psicológico da interpretação. Não podemos dizer que o
instrumento seja iludido, assim como não diríamos tal coisa da máquina
fotográfica. Os sentidos são fiéis, os interpretadores é que são enganados. Os
interpretadores é que não rodam a grandes velocidades. Eles não foram
preparados para interpretar grandes cargas de dados, nem para rodar a altas velocidades.
A VELOCIDADE DE INTERPRETAÇÃO é essa: 25 quadros por segundo. Por exemplo,
coisas que passam a 1.000 quadros por segundo devem ser reduzidas por um
divisor de 40 para se adequarem a nossa capacidade de interpretação. Ou seja,
mesmo que pudéssemos empurrar 1.000 quadros por segundo para dentro de nossas
mentes eles seriam perdidos na base de 975/1.000 por segundo.
Vitória,
sexta-feira, 12 de novembro de 2004.
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