terça-feira, 25 de abril de 2017


Proximidade Hominídea

 

                            Freud, do pouco que a gente sabe, imputava aos traumas da infância muitos problemas da idade adulta e penso que os 10 milhões de anos dos hominídeos são a infância dos 100, 50 ou 35 mil anos adultos dos sapiens. Aquilo que durante a proporção de 200/1 ou 400/1 ou mais vivemos nas cavernas marcou-nos para sempre, muitas doenças de agora vindo de estarmos forçando CONTRA o passado remoto, quer dizer, comportando-nos como se nunca tivéssemos tido uma vida assim reclusa, especialmente as mulheres.

                            Veja que as mulheres hominídeas ficavam O TEMPO TODO juntas, até agarradas umas às outras e às crianças, principalmente as fêmeas, pois as pseudofêmeas saíam para caçar junto com os machos. Essa convivência intensíssima e intimíssima, agora rejeitada pelo postulado patriarcal (que as próprias mulheres exigiram, diga-se de passagem) da monogamia, em que uma mulher está praticamente sozinha, deveria voltar, porque de outro modo as mulheres adoecerão, passando os desequilíbrios agudos e crônicos às crianças e aos homens.

                            Se for verdadeiro, deve-se reconstruir essa proximidade de algum modo, ainda não sei como, porque o pensamento é novo demais. Os homens é que são sós, a própria Rede Cognata (Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) o mostra na língua. Homens = SÓS = UNS = PRIMEIROS, etc., ao passo que mulheres = NÓS = A/SÓS (as que nunca estão sós). Se for verdadeiro, ENTÃO poderemos encontrar rastros nas línguas do mundo e nos hábitos, ainda quando amortecidos. Nos gestos desconsiderados, no que é escamoteado, no escrever, nos desenhos as mulheres mostrarão o passado e a potência dele.

                            A partir da junção desses retalhos poderemos compor uma colcha, um quebra-cabeças que ajudará a curá-las da presente doença da solidão, tal restabelecimento da saúde coletiva delas significando muito menos custos para os governos e as empresas.

                            Vitória, sexta-feira, 02 de janeiro de 2004.

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