Proximidade Hominídea
Freud, do pouco que
a gente sabe, imputava aos traumas da infância muitos problemas da idade adulta
e penso que os 10 milhões de anos dos hominídeos são a infância dos 100, 50 ou
35 mil anos adultos dos sapiens. Aquilo que durante a proporção de 200/1 ou
400/1 ou mais vivemos nas cavernas marcou-nos para sempre, muitas doenças de
agora vindo de estarmos forçando CONTRA o passado remoto, quer dizer,
comportando-nos como se nunca tivéssemos tido uma vida assim reclusa,
especialmente as mulheres.
Veja
que as mulheres hominídeas ficavam O TEMPO TODO juntas, até agarradas umas às
outras e às crianças, principalmente as fêmeas, pois as pseudofêmeas saíam para
caçar junto com os machos. Essa convivência intensíssima e intimíssima, agora rejeitada
pelo postulado patriarcal (que as próprias mulheres exigiram, diga-se de
passagem) da monogamia, em que uma mulher está praticamente sozinha, deveria
voltar, porque de outro modo as mulheres adoecerão, passando os desequilíbrios
agudos e crônicos às crianças e aos homens.
Se for verdadeiro,
deve-se reconstruir essa proximidade de algum modo, ainda não sei como, porque
o pensamento é novo demais. Os homens é que são sós, a própria Rede Cognata (Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) o
mostra na língua. Homens = SÓS = UNS = PRIMEIROS, etc., ao passo que mulheres =
NÓS = A/SÓS (as que nunca estão sós). Se for verdadeiro, ENTÃO poderemos
encontrar rastros nas línguas do mundo e nos hábitos, ainda quando amortecidos.
Nos gestos desconsiderados, no que é escamoteado, no escrever, nos desenhos as
mulheres mostrarão o passado e a potência dele.
A partir da junção
desses retalhos poderemos compor uma colcha, um quebra-cabeças que ajudará a
curá-las da presente doença da solidão, tal restabelecimento da saúde coletiva
delas significando muito menos custos para os governos e as empresas.
Vitória,
sexta-feira, 02 de janeiro de 2004.
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