domingo, 2 de abril de 2017


Percebendo o Objeto

 

                            A Veja edição 1.828, ano 36, nº 45, 12 de novembro de 2003, p. 32 publicou uma tabela em que dá conta do preço do CD em vários países escolhidos. Juntei os PIB’s percapitas e dividi PIB/PC pelo CD, de modo que ficamos com a seguinte tabela:

DIFÍCIL É EXPOR A VERDADE COM ISENÇÃO (EM DÓLARES) – Fonte: Almanaque Abril 2002 Mundo, São Paulo, Abril Cultural.

PAÍS
PREÇO MÉDIO cd
PIB/PC (milhares) 1999
CD/(PIB/PC)
Japão
20,1
32.030
1.594 (4)
EUA
15,3
31.910
2.086 (1)
França
15,3
24.210
1.582 (5)
Reino Unido
12,9
23.590
1.829 (3)
Austrália
10,1
20.950
2.074 (2)
México
8,7
4.440
510 (8)
Argentina
5,4
7.550
1.398 (6)
Brasil
5,0
3.430 (2000)
686 (7)

                            Repare que os PIB por cabeça são de 1999, exceto o do Brasil, que é de 2000 – seria preciso atualizar, faça a sua parte para produzir dados confiáveis atuais. Em todo caso podemos perceber que o PIB por cabeça americano dá para comprar mais de dois mil CD’s, ao passo que o do Brasil permite adquirir menos de 1/3 disso, de forma que no Brasil os CD’s estão caros mesmo, menos para os selos ou companhias gravadoras e suas propagandistas gratuitas, como a Veja.

                            Em média, isto é, com o orçamento fictício médio de cada país os americanos podem comprar 2086 CD’s, enquanto os brasileiros podem comprar apenas 686, razão de 2086/686 = 3/1, sendo duas vezes mais fácil lá que aqui comprar os compact disc. Só fica atrás do Brasil o México. Ou ficava, porque de 1999 até agora o PIB daquele país cresceu bastante, diminuindo (em dólares) a diferença em relação ao brasileiro.

                            Vê como, arranjando de certo modo, fica parecendo o que não é? Pois é assim mesmo que faz a mídia e é disso que vive a imprensa, de vazar falsas notícias, em que as pessoas, por falta de outras informações ou de treinamento para ver as questões, e não fazendo contas, acabam acreditando. Pois não é fácil perceber o objeto tal como ele é.

                            Vitória, domingo, 9 de novembro de 2003.

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