Percebendo o Objeto
A Veja edição 1.828, ano 36, nº 45, 12 de
novembro de 2003, p. 32 publicou uma tabela em que dá conta do preço do CD em
vários países escolhidos. Juntei os PIB’s percapitas e dividi PIB/PC pelo CD, de
modo que ficamos com a seguinte tabela:
DIFÍCIL
É EXPOR A VERDADE COM ISENÇÃO (EM DÓLARES) – Fonte: Almanaque Abril 2002 Mundo,
São Paulo, Abril Cultural.
PAÍS
|
PREÇO
MÉDIO cd
|
PIB/PC
(milhares) 1999
|
CD/(PIB/PC)
|
Japão
|
20,1
|
32.030
|
1.594 (4)
|
EUA
|
15,3
|
31.910
|
2.086 (1)
|
França
|
15,3
|
24.210
|
1.582 (5)
|
Reino Unido
|
12,9
|
23.590
|
1.829 (3)
|
Austrália
|
10,1
|
20.950
|
2.074 (2)
|
México
|
8,7
|
4.440
|
510 (8)
|
Argentina
|
5,4
|
7.550
|
1.398 (6)
|
Brasil
|
5,0
|
3.430 (2000)
|
686 (7)
|
Repare que os PIB
por cabeça são de 1999, exceto o do Brasil, que é de 2000 – seria preciso
atualizar, faça a sua parte para produzir dados confiáveis atuais. Em todo caso
podemos perceber que o PIB por cabeça americano dá para comprar mais de dois
mil CD’s, ao passo que o do Brasil permite adquirir menos de 1/3 disso, de
forma que no Brasil os CD’s estão caros mesmo, menos para os selos ou
companhias gravadoras e suas propagandistas gratuitas, como a Veja.
Em média, isto é,
com o orçamento fictício médio de cada país os americanos podem comprar 2086
CD’s, enquanto os brasileiros podem comprar apenas 686, razão de 2086/686 =
3/1, sendo duas vezes mais fácil lá que aqui comprar os compact disc. Só fica
atrás do Brasil o México. Ou ficava, porque de 1999 até agora o PIB daquele
país cresceu bastante, diminuindo (em dólares) a diferença em relação ao
brasileiro.
Vê como, arranjando
de certo modo, fica parecendo o que não é? Pois é assim mesmo que faz a mídia e
é disso que vive a imprensa, de vazar falsas notícias, em que as pessoas, por
falta de outras informações ou de treinamento para ver as questões, e não
fazendo contas, acabam acreditando. Pois não é fácil perceber o objeto tal como
ele é.
Vitória, domingo, 9
de novembro de 2003.
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