Calando o Pensamento
Em seu livro Ainda é Tempo de Viver, Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 1981, p. 12, Roger Garaudy diz: "(...) até a informação,
dentro da qual uma televisão, monopolizada pelo Estado, infiltra seus
tentáculos de ventosas azuladas em todas as casas PARA SUGAR NOSSOS PENSAMENTOS
e manipular nossos julgamentos, enquanto o uso descentralizado e diversificado
da teleinformática poderia nos livrar da imposição desses espetáculos de
imagens deformadas da vida e desses programas cujo objetivo é nos 'programar’",
maiúsculas minhas.
Roger Garaudy
(francês, 1913 -, político e filósofo) escreveu uma quantidade de livros que
fez sucesso no mundo pôrra-louca de 1970 para frente. Comprei e li vários,
alguns me alegraram. De marxista ateu passou a cristão em 1970 e a muçulmano em
1981, só falta o fundamentalismo talibânico, para inventar esse neologismo
ortodoxo das diabólicas alucinações deprimentes relativas à castração da
liberdade alheia (porque PELO MENOS UMA liberdade o Talibã conserva: a de proibir
os demais; os totalitários NUNCA são realmente totalitários, pois que conservam
suas próprias liberdades, prazeres, emoções e pensamentos).
Entre os livros
escritos por Garaudy se situa O Negócio
é ser Pequeno, em que Garaudy se conserva pequeno. Nesse texto a linha é
esta que consta do livro citado antes, mesma página: "Os gigantismos
tecnológicos e os monopólios, quase já sem fôlego, é que são vestígios do
passado, como carcaças de monstros pré-históricos".
Divulga-se essa
imagem de que os dinossauros foram ineficientes, mas na realidade eles ficaram
no planeta desde 265 a 65 milhões de anos, quer dizer, por 200 milhões de anos,
ao passo que os mamíferos estão dominando (só em razão do desaparecimento
fortuito dos dominantes anteriores) há menos de 65 milhões de anos; os
hominídeos surgiram há menos de cinco milhões de anos e os sapiens há somente
50 mil. Na realidade "dinossauro" deveria ser sinônimo de eficiência
e não de arcaísmo.
Depois, as empresas
grandes e gigantes não estão sem fôlego, pelo contrário, estão cada vez mais
eficientes e prósperas, dominando porções cada vez mais vastas do mercado, com
mais funcionários, maior riqueza, maior número de produtos melhores e assim por
diante. As empresas pequenas e micro é que estão em dificuldades. Além disso,
bastaria que ele observasse a Curva do Sino ou de Gauss ou das Distribuições Estatísticas
para ver CLARA/MENTE que há extrema esquerda (micro), esquerda (pequena),
centro (médio), direita (grande) e extrema direita (gigantesca).
Ninguém está sugando
nossos pensamentos. Assistimos TV porque não podemos acreditar nos humanos
(homens e mulheres) voltados para o Conhecimento (mágicos/artistas,
teólogos/religiosos, filósofos/ideólogos - onde se encaixa Garaudy -,
cientistas/técnicos e matemáticos) em geral. Não somos inocentes nem tolos.
Ficamos diante do TV depois de muita enganação dos "revolucionários",
os falsos e falsificadores que disseram que tudo ia mudar; se mudou foi no
sentido de os "revolucionários" se apoderarem de uma fração considerável
da riqueza que não tinham quando começaram a pregação.
É claro que a
burguesia manipula os pensamentos, como as outras elites
"revolucionárias" o fazem, também, quando se opõe verdadeira ou
falsamente. TODOS manipulam os pensamentos. TODOS controlam ou querem
controlar, menos uma fraçãozinha, 2,5 %.
Como Garaudy queria
nos manter pequenos, ele desejava igualmente QUE FOSSE ELE E SEU GRUPO os que
nos manipulassem. É claro que não será descentralizado, PORQUE tudo está
travado pela Curva do Sino em torno do centro, e o centro é capitalista,
enquanto for. O que podemos fazer é criar vários centros. Desejando o
impossível Garaudy não nos deu nada.
Evidentemente que a
burguesia quer calar nosso pensamento. Todas as elites querem. É porisso que
são elites: elites da riqueza (querem calar o TER dos outros), elites do SER
(desejam impedir a memória, inteligência e controle DOS DEMAIS), as elites
intelectuais (aspirando calar o pensamento dos não-confessionais, dos que não
seguem as trilhas manifestas dos paradigmas, as cartilhas do poder resolvedor
DAQUELAS elites).
Vitória,
quinta-feira, 04 de dezembro de 2003.
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