terça-feira, 4 de abril de 2017


Audácia Humana

 

                            Tendo feito já coisas extraordinárias os engenheiros se propõem agora ultrapassar até a ficção de anos atrás (que deve agora se esforçar desmesuradamente para extrapolar minimamente a Ciência e a Técnica).

                            Pois inventaram uma ponte entre Nova Iorque, nos EUA, Londres na Inglaterra e Paris na França que teria a bagatela de 5.400 km, maior que qualquer distância em linha reta dentro do Brasil, que nos extremos comporta apenas 4,5 mil quilômetros, fora engano. Para meu espanto calcularam que precisam de somente 54 mil módulos de 100 metros cada de concreto e aço (faça as contas, dá certinho!), colocados debaixo do mar, 100 metros ou mais na vertical e presos por imensos cabos ao fundo do Atlântico, de tal modo que - fique pasmado - os trens possam circular não a 500 km/h como os trens-bala, mas a OITO MIL KM/H, seis vezes a velocidade do som, que é de 1,3 mil km/h.

                            Não que isso possa ser tecnocientificamente realizado agora, nem que a socioeconomia planetária comporte (alguém calculou, naturalmente na base do chute, que custaria a ninharia de 30 trilhões de dólares, tanto quanto a produção de todo o mundo num ano inteiro). Estaria sujeito a tantos problemas que não compensaria todas as perdas o ganho de tempo de viagem. Mas, se fosse feito, a humanidade aprenderia horrores tanto no bom quanto no mal sentido.

                            Entrementes, que as pessoas possam falar disso e que alguns levem realmente a sério é que nos causa o maior espanto de todos. Veja que a humanidade está numa condição ímpar, de já nessa idade fazer projetos planetários (não vá tentar uma nova Torre de Babel, a Torre do Orgulho), de engenharia que engloba o mundo inteiro. Não é formidável? É sim, mas creio que, por mais apreço que eu tenha pelos engenheiros, há umas coisas bem grandes que podem ser feitas pela porção desfavorecida da humanidade. No modelo mesmo existem umas gigantescas e muito mais proveitosas para todos.

                            Vitória, quinta-feira, 13 de novembro de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário