sábado, 8 de abril de 2017


Arcaísmo da Identidade

 

                            Fui ontem, 27.11, a um seminário promovido pela SUPPIN (Superintendência de Polarização de Pólos Industriais), do governo do ES, com o título de O Espírito Santo no Caminho Certo. No decorrer das falas um certo camarada falou do obsoletismo da identidade, tão vilipendiada. Claro, isso eu vi (embora não completamente assim) décadas atrás: que a presença da PESSOA (indivíduo, família, grupo ou empresa) perante o AMBIENTE (município/cidade, estado, nação ou mundo) declarava que o indivíduo se apresentando bastava, não precisava de identificação para dizer que ele era ele.

                            Contudo, olhando em profundidade, o que se deseja é um CONTRASTE IDENTIFICATÓRIO ou dúvida de identidade, que é estatal, perante a Rede Legal que é o Estado.

                            Quando o agente da autoridade da Lei pede a identificação ele está pedindo prova de FILIAÇÃO À REDE LEGAL, se o cidadão não tem contraste com as leis, isto é, se não é um marginal à Lei geral, se não está colocado fora dela. Se o papel timbrado falsificável, sempre plastificado, que é apresentado não remeter a um centro remoto de autenticação, de verificação de autenticidade, que sentido faz ele? Evidentemente nenhum. O centro antigo era o agente, ali presente, que tentava lembrar-se de detalhes como filigranas, quer dizer, tentava saber se o papel era verdadeiro, de repartição autorizada. Isso já não basta, porisso a CI (carteira de identidade) ou o RG (registro geral) caducou – ele se tornou passadista, voltado para o passado, e não para o presente, e não voltado para o futuro. Não acompanhou a renovação tecnocientífica, não agregou outros números (PIS, PASEP, número do seguro social, carteira de habilitação ou de motorista, carteira de trabalho, etc.), nem se ligou por computador a um verificador distante.

                            Poderia facilmente ser um cartão dito inteligente, com chip embutido, que na memória contivesse muitos dados verificáveis, indo por computador ou telefone móvel, celular, até a base de dados da PM, Polícia Militar, ou PC, Polícia Civil. Porque assim, ao tirar o cartão, a pessoa poderia ter verificada sua origem declarada (casa, apartamento, pensão, o que fosse), visitada pelos agentes socioeconômicos dos governos.

                            O cartão de identidade não é inválido, longe disso, pois pode ter tremenda utilidade, inclusive na medicina e nas fronteiras entre países (que estão sendo progressivamente suprimidas), para facilitar compras em lojas e de mil modos, só precisando ser contemporanizado, como tantas coisas. Ele não acompanhou os tempos porque faltou os pensadores pensarem mais e melhor sobre sua utilidade, reaparelhando as funções, passando-as de estáticas a dinâmicas.

                            Está evidentemente em tempo.

                            O que precisamos fazer é melhorá-lo mesmo. Pode ser um cartão dos governempresas identificando se é trabalhador ou não, se é das empresas ou dos governos, se é aposentado e mil perguntas que se pode fazer. Pode indicar a PESSOA, seu AMBIENTE, seu grupo sanguíneo e fator RH, se é ou não doador de órgãos, pode juntar todos os documentos num só. Poderia valer desde sempre para sempre, tirado já na infância, carregando-se progressivamente os dados à medida que fosse chegando às possibilidades (de dirigir, por exemplo) em máquinas autorizadas.

                            Quando a criança nascesse receberia seu cartão inteligente com um número que seria acrescido das funções possíveis, digamos a de dirigir classes A até E, e motos, o que fosse. Se fosse cassada a CH, Carteira de Habilitação, o número seria apenas retirado, e pronto, e assim por diante.

                            Eis uma CI renovada que se tornou de novo muito interessante.

                            Vitória, sexta-feira, 28 de novembro de 2003.

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