Arcaísmo da
Identidade
Fui ontem, 27.11, a
um seminário promovido pela SUPPIN (Superintendência de Polarização de Pólos
Industriais), do governo do ES, com o título de O Espírito Santo no Caminho Certo. No decorrer das falas um certo
camarada falou do obsoletismo da identidade, tão vilipendiada. Claro, isso eu
vi (embora não completamente assim) décadas atrás: que a presença da PESSOA
(indivíduo, família, grupo ou empresa) perante o AMBIENTE (município/cidade,
estado, nação ou mundo) declarava que o indivíduo se apresentando bastava, não
precisava de identificação para dizer que ele era ele.
Contudo, olhando em
profundidade, o que se deseja é um CONTRASTE IDENTIFICATÓRIO ou dúvida de
identidade, que é estatal, perante a Rede Legal que é o Estado.
Quando o agente da
autoridade da Lei pede a identificação ele está pedindo prova de FILIAÇÃO À
REDE LEGAL, se o cidadão não tem contraste com as leis, isto é, se não é um
marginal à Lei geral, se não está colocado fora dela. Se o papel timbrado
falsificável, sempre plastificado, que é apresentado não remeter a um centro
remoto de autenticação, de verificação de autenticidade, que sentido faz ele?
Evidentemente nenhum. O centro antigo era o agente, ali presente, que tentava
lembrar-se de detalhes como filigranas, quer dizer, tentava saber se o papel
era verdadeiro, de repartição autorizada. Isso já não basta, porisso a CI
(carteira de identidade) ou o RG (registro geral) caducou – ele se tornou
passadista, voltado para o passado, e não para o presente, e não voltado para o
futuro. Não acompanhou a renovação tecnocientífica, não agregou outros números
(PIS, PASEP, número do seguro social, carteira de habilitação ou de motorista,
carteira de trabalho, etc.), nem se ligou por computador a um verificador
distante.
Poderia facilmente
ser um cartão dito inteligente, com chip embutido, que na memória contivesse
muitos dados verificáveis, indo por computador ou telefone móvel, celular, até
a base de dados da PM, Polícia Militar, ou PC, Polícia Civil. Porque assim, ao
tirar o cartão, a pessoa poderia ter verificada sua origem declarada (casa,
apartamento, pensão, o que fosse), visitada pelos agentes socioeconômicos dos
governos.
O cartão de
identidade não é inválido, longe disso, pois pode ter tremenda utilidade,
inclusive na medicina e nas fronteiras entre países (que estão sendo
progressivamente suprimidas), para facilitar compras em lojas e de mil modos,
só precisando ser contemporanizado, como tantas coisas. Ele não acompanhou os
tempos porque faltou os pensadores pensarem mais e melhor sobre sua utilidade,
reaparelhando as funções, passando-as de estáticas a dinâmicas.
Está evidentemente
em tempo.
O que precisamos
fazer é melhorá-lo mesmo. Pode ser um cartão dos governempresas identificando
se é trabalhador ou não, se é das empresas ou dos governos, se é aposentado e
mil perguntas que se pode fazer. Pode indicar a PESSOA, seu AMBIENTE, seu grupo
sanguíneo e fator RH, se é ou não doador de órgãos, pode juntar todos os
documentos num só. Poderia valer desde sempre para sempre, tirado já na
infância, carregando-se progressivamente os dados à medida que fosse chegando
às possibilidades (de dirigir, por exemplo) em máquinas autorizadas.
Quando a criança
nascesse receberia seu cartão inteligente com um número que seria acrescido das
funções possíveis, digamos a de dirigir classes A até E, e motos, o que fosse.
Se fosse cassada a CH, Carteira de Habilitação, o número seria apenas retirado,
e pronto, e assim por diante.
Eis uma CI renovada
que se tornou de novo muito interessante.
Vitória, sexta-feira,
28 de novembro de 2003.
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