sábado, 8 de abril de 2017


569 % de Abuso Socioeconômico

 

                            O jornal capixaba A Gazeta, de 07 de novembro de 2003, noticiou como matéria de primeira página “Produtos e serviços básicos subiram até 569 % no Plano Real”, subtítulo “salário mínimo aumentou 269 % no período de nove anos”. Se dividirmos teremos (569/269 =) índice de 2,12, quer dizer, aumento real de 112 %.

                            Os salários tentaram ir atrás, mas a velocidade do trem de apropriação das burguesias ditas nacionais foi mais rápido e colocou mais de um corpo inteiro de vantagem, significando que a renda real dos que não conseguiram acompanhar caiu a menos da metade (1,00/2,12 =), 47 %.

                            Em particular, no governo estadual capixaba os funcionários não receberam mais que 25 % de reajuste, fora o Fisco, que foi diferenciado (em razão de uma causa que já expliquei noutro lugar), e do Judiciário e do Legislativo, que não são o mesmo poder e se dão aumentos (para além do mero reajuste) à vontade. Isso quer dizer que (569/25 =) o GEES-Executivo absorveu 22,76 vezes a renda de seus funcionários, reduzindo-a a (1,00/22,76 =) pouco mais de 4 %, por escandaloso que pareça e seja. Como é que os funcionários não gritaram tanto? É que existe um dispositivo que diz que a cada 5 e a cada 10 anos tantos porcento são acrescentados, gastando-se dessas gorduras para fazer menos dura a violência alheia.

                            Então, a inflação e outros índices são indicadores de violência social e econômica de governos e de empresas contra os cidadãos. A inflação é um apontamento dos tiros que os funcionários e os trabalhadores estão levando das burguesias. E sem direito a socorro, dado que o fim da inflação foi vendido como (e é) um dos mais altos pleitos do povo brasileiro. Deram de um lado e tiraram muito mais de outro.

                            Vitória, domingo, 30 de novembro de 2003.

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