segunda-feira, 19 de dezembro de 2016


Borboleta Pequenina

 

                            No disco da Marisa Monte, Mais, selo EMI, s/d, há uma música, Borboleta, do folclore nordestino, como sempre em grande interpretação dela. Rende uma peça introdutória de teatro.

                            Uma primeira apresentação, singela, como essa, de uma crooner, uma cantora isolada, uma solista, com um violão nas sombras. Quando ela terminar e se inclinar e parecer que vai embora, volta e recomeça, mas agora entram os sopros. Depois, numa terceira, os tambores, e vão entrando todos os instrumentos, uma verdadeira orquestra.

                            Na platéia, pessoas que estavam sentadas, atores e atrizes, vão tirando as roupas e indo para o palco. Podem até estar envolvidas em roupas imitando as lagartas, debaixo delas saindo as borboletas em metamorfose humana. Um convite, certamente.

                            Então todo o teatro vibra em sons de caixas instaladas. Devem ser centenas, todas concatenadas com os intérpretes presentes.

                            Aí, de repente, chovem pétalas de rosas e flores silvestres brasileiras, as paredes cobertas do teatro desdobrando-se em cores. Por último as portas todas se abrem, sugerindo um desnudamento total humano, uma pluralidade de gestos e comunhões.
                            Vitória, sexta-feira, 26 de julho de 2002.

Bola de Fogo em Cachoeiro

 

                            Nasci em Cachoeiro do Itapemirim em 1954, saímos de lá em agosto de 1963 e fomos para Linhares, eu tinha pouco mais de nove anos. Lá por 1961 ou 1962, não sei bem, jogávamos bola colegas, vários primos e eu na rua diante da casa de tio Gabriel Gava, no Morro Santo Antônio, onde tanto ele, esposa e filhos quanto nós morávamos. Era um entardecer, os fominhas de bola que éramos queríamos jogar enquanto não escurecesse de todo ou pais e mães nos chamassem, o que acontecesse primeiro.

                            Nesse dia era bem tarde, depois das seis, já escuro, cruzou no céu uma bola de fogo, uma coisa bem visível. Fiquei impressionado mas não muito, pois nada aconteceu, nada caiu na Terra nem fez barulho. Não dei importância, era apenas um fenômeno inofensivo.

                            Só muito depois fiquei sabendo dos chamados “meteoritos rasantes”, os que passam perto da Terra, uns a 1,8 milhão de quilômetros, outros até dentro da órbita da Lua (entre 300 e 450 mil km, média de 380 mil km). Um chegou a 50 mil km, creio que sobre o Texas. Nunca ouvi falar de um que tenha chegado mais perto que isso, embora o cometa que supostamente caiu um Tunguska (veja o texto de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, O Livro de Ouro do Universo, Rio de Janeiro, Ediouro, 2001, p. 278, Tunguska – Um Mistério Cósmico) em 30 de junho de 1908, a 800 km a noroeste do lago Baikal, na Sibéria, Rússia, tenha explodido sobre o solo, devastando dois mil km2.

                            Terá sido mesmo um meteorito ou uma bola de fogo clássica? Nenhum astrônomo que eu tenha lido relatou nada, mas naquela época a astronomia no Brasil estava capengando das pernas. Havia poucos pesquisadores e todos eles estavam ocupados demais. Por outro lado, quem teria se preocupado, dentre todos os que viram, em ir relatar às chamadas autoridades? O povo não gosta de se envolver com os governos e, a menos que alguém pergunte com força, ninguém diz nada.

                            Porém aquela coisa ficou na minha memória. Um dia, tendo condições disso, pretendo perguntar a alguém sobre o fenômeno. É de ver como estamos todos envoltos em perigos além da nossa imaginação. Se foi um meteorito que passou tão rasante a ponto de transformar-se em fogo na atmosfera, imagine se ele tivesse caído! É como uma bala passar ao lado do corpo. Um perigo de fato detestável.

                            E todos nós ali inocentes.

                            Também, quem poderia fazer qualquer coisa?

                            Até hoje, passados 40 anos, os astrônomos dizem que não poderiam detectar nenhum meteorito ou cometa que viesse diretamente para a Terra, ameaçando atingi-la, ao contrário do que dizem os filmes, nos quais eles são detectados até meses antes. A Rede Cognata diz que meteorito solto = MORTE SÚBITA, como já vimos.

                            Vitória, segunda-feira, 22 de julho de 2002.

Atlas da Exploração Visual

 

                            Como já sugeri numa das minhas idéias para invenções, deveríamos ter um programáquina cativo, isto é, dedicado exclusivamente a isto, que as pessoas pudessem levar por todo lugar, contendo uma única enciclopédia e um só dicionário, um par dicionárienciclopédico, D/E.

                            Olhando uma figura, clicando sobre alguma que houvesse na tela, o usuário iria migrando de uma a outra no cenário e assim sucessivamente, quanto se interessasse. O Houaiss, dizem, tem 400 mil palavras (enquanto outros falam em 285 mil), como dicionário. Se houvesse um P/M de um milhão de palavrimagens, 500 mil de cada, as pessoas poderiam circular para sempre, em ônibus, nas folgas de almoço, nas pesquisas escolares, em qualquer lugar e tempo.

                            Por exemplo, indo em hiperlink ou hiperlaço de palavra em palavra, ajuntando explicações com imagens ou formas (o povo adora as imagens). Nesta frase, digamos, podemos perguntar por NESTA e por FRASE. Da explicação de frase iríamos a outras e assim sucessivamente, quanto durassem as pilhas e a paciência. DE repente a sala de aula terá sido trazida a todos os seres humanos, onde estiverem.

                            Por maior que fosse o custo isso deveria ser bancado pelos governempresas de todo o mundo. Não há necessidade de temer o fim da exploração capitalista, pois ela continuaria num nível muito mais alto – o Socialismo ainda demorará uns 900 anos ou mais, creio. Se for menos, como eu desejaria, seria bastante para muitas gerações. Os capitalistas não serão mortos ou terão suas propriedades tomadas, pelo contrário, elas crescerão. E o povo e as elites serão libertados.

                            Uma espécie de notebook, algo empunhável, que se possa colocar no bolso da camisa ou da calça, em titanaço, com o interior podendo ser mudado. Um Aprendiz 1.0 universal, D/E expansível, que finalmente teria a mesma potência da invenção de Gutenberg, a mesma capacidade de multiplicação psicológica, o mesmo poder libertador.

                            Vitória, segunda-feira, 22 de julho de 2002.

Atingindo a Torre

 

                            Num desses filmes-catástrofe um meteorito atinge em cheio uma torre de Nova Iorque. Seria isso possível, ou não, e qual a probabilidade?

                            Em primeiro lugar, é preciso avaliar qual a chance de a Terra, com 6.372 km de raio, ser atingida, quando ela ocupa uma fração infinitesimal da superfície da esfera imaginária que tem 150 milhões de km (uma UA, unidade astronômica, distância da Terra ao Sol) de raio, portanto (4πr2) 2,827. 1017 km2, 2,2 bilhões aquela de cima. Vindo do espaço em geral é pequena.

                            Agora, tomando apenas a eclíptica, a linha de definição do giro dos planetas em torno do Sol, no equador solar, a translação da Terra é uma circunferência (2πr) = 9,425. 108 km, enquanto o diâmetro planetário é 2 x 6.372 = 12.744 km ou 74 mil para um. Entrementes, há 300 mil meteoritos em volta da Terra, e poderia acontecer, além do que temos o Cinturão de Asteróides entre Marte e Júpiter, o Cinturão de Küipper mais além e a Nuvem Cometária de Oort muito depois.

                            Mais perto, supondo o planeta mesmo, a chance de cair nos oceanos e mares é de 2/1, pois as águas constituem 2/3 ou 67 % da superfície. SE CAÍSSE em terra, dos 170 milhões de km2 que são terras emersas, só 90 milhões de km2 são habitáveis, restando 70 milhões de km2 que são desertos de areia, de gelo, de todo tipo. As terras habitáveis são menos de 18 % de tudo, uma parte em cinco.

                            Depois, do solo ocupável devemos contar efetivamente só os ocupados. Devem ser uns dois milhões de bairros e distritos, quem sabe umas 200 mil cidades definidas como tal (no todo um milhão, incluindo os distritos como cidades), das quais umas mil serão grandes, de 50 km2 ou mais. A maior parte terá 300 metros de raio, 0,3 km2 x 800 mil, uns 200 mil km2. Se imaginarmos as 200 mil com 10 km2, teremos dois milhões se km2, na soma NO MÁXIMO 2,5 milhões de km2 (se tanto), ou seja, 1/40 das terras ocupáveis. A humanidade é pequena mesmo, em termos de massa.

                            Resta aí que a chance de atingir uma cidade é de 510/2,5 = 200/1 ou 0,5 %. A chance de atingir Nova Iorque em especial é de, digamos (tomando-a como ocupando 3.000 km2), uma em 170 mil. Uma torre pode ter 100 x 100 metros no terreno, de forma que a chance seria de uma para 50 bilhões na vertical. Se fosse ao longo do comprimento aumentaria para 100 x 500 (metros de altura) uma para um bilhão.

                            Ora, isso é completamente improvável.

                            Só o Cinema, com suas impropriedades e sua “liberdade artística” pode cometer tais erros tão disparatados.

                            Vitória, terça-feira, 30 de julho de 2002.

Asteroide Gigante

 

                            O Notícia Agora, meio-jornal de A Gazeta, lançado para combater A Tribuna (O Jornal que Não se Dobra), noticiou em 02 de agosto de 2002, página 24, que um asteróide “gigante” de um quilômetro iria passar a 530 mil quilômetros da Terra.

                            Devemos analisar essa notícia.

                            Em primeiro lugar, a Terra tem 6.372 km de raio, 12.744 km de diâmetro. Se tomarmos esta distância como MD, Metro Diametral, aquela onde irá passar o asteróide dista 44 MD. Se um ser humano tiver dois metros, seria como uma bala passar a 88 metros de distância, para cima. Note que seria uma bala que não faz barulho, totalmente silenciosa.

                            Tal “bala” teria, por comparação com os 44 MD, um diâmetro de 0, 000.078.468 MD. Comparada com o corpo humano, 0,16 mm. Então seria uma “bala” de 0,16 mm passando a 88 metros acima de nossas cabeças, sem fazer qualquer gênero de barulho.

                            Depois, o asteróide tem um quilômetro, por comparação com o maior que há no Cinturão de Asteroides, Ceres, de 1.200 km no eixo maior. Não é “gigante” coisa nenhuma. Então, como é que um descuidado jornal de província diz algo assim? É que, desde Carl Sagan e outros astrônomos e astrofísicos americanos, deram de se preocupar com os 300 mil meteoritos que se supõe estarem em volta da Terra.

                            É claro, alguma preocupação deve haver, porém não exagerada. Esses meteoritos, conforme eu já disse noutro texto, estão EM EQUILÍBRIO GRAVITACIONAL há milhões, há bilhões de anos. Não nos ameaçam, a menos que haja uma perturbação vinda de fora. Como a Rede Cognata mostrou, são os meteoritos soltos = MORTES SÚBITAS que são preocupantes. Esses estão gravitacionalmente ligados. Se não caíram não cairão mais. De qualquer forma, dizem os cientistas, seria impossível, com a tecnociência de agora, saber com muita antecedência se um se dirigisse à Terra – ao contrário do que se pensa.

                            Como diz a sabedoria popular, não é bom mexer com quem está calado, quieto, sossegado. O TAO, a dialética e o modelo dizem que quando interferimos numa coisa, tentando evitar seus efeitos, só os potencializamos.

                            Tudo deve ser cuidadoso demais, sem celeuma.

                            Os jornaizinhos estão fazendo bagunça por algo que nem entendem, que não sabem como tratar. Como diz o povo, em sua infinita sabedoria, isso é briga de cachorro grande – os pequeninos não devem entrar.

                            Vitória, sábado, 3 de agosto de 2002.

As Palavras Mais Doces

 

                            Na música cantada por Marisa Monte, Diariamente, de Nando Reis, no disco Mais, selo EMI, há uma passagem em que ela diz: “Para dormir a fronha: Madrigal”, que era uma marca, significando no Michaelis eletrônico “1. Composição poética, delicada e galante. 2. Poesia pastoril”, no Houaiss eletrônico havendo muitas acepções.

                            O modelo mostrou que há dois lados do dicionário, o lado bom e o lado ruim. Do lado bom podemos ir subindo os degraus numa escada das potências para a bondade, de tal modo que há as palavras mais excelsas no alto, as mais doces, as mais elegantes, as mais calmantes, as mais galantes, as mais nobres, etc. Só que nunca houve ninguém que tenha feito tal separação, tal recolhimento. Não há uma apuração dos dicionários nesse sentido.

                            Com essas frações do dicionário criaríamos outros, por exemplo, Dicionário da Galanteria, Dicionário da Calma, Dicionário da Dignidade, etc., e correspondentemente na enciclopédia separaríamos as figuras correspondentes. Teríamos os mundos ideais, fora da baixaria das criaturas gritantes e desesperadas, fora do inferno, por assim dizer o Paraíso na Terra.

                            É uma ocupação, e certamente é útil, desde quando poderiam surgir muitas marcas de produtos e nomes de empresas, para a gente que não partilha a estupidez e o mau-humor, a perversidade, a sujeira, a putaria.

                            Não quer isso dizer, de modo algum, que vamos deixar de ver o e nos prevenir quanto ao lado ruim. DE modo nenhum, ninguém vai enfiar a cabeça na areia. Nós conhecemos bem o poder e a malícia do Mal.        A questão é apenas de poder usufruir em vida mesmo aquele chamado que há em alguns para o mundo mais belo.

                            Seria um prêmio para os do caminho mais difícil, os honestos, os puros, os não-maliciosos, os dignos.

                            Vitória, sexta-feira, 26 de julho de 2002.

A Geometria dos Seres

 

                            É enigmática mesmo a passagem da Bíblia, logo do início do Velho Testamento, no Deuteronômio, no Gênesis (= GERAÇÃO = CRIAÇÃO, na Rede Cognata), quando Deus pega uma “costela de Adão”, do homem, e dela faz Eva (que por sinal não teria sido a primeira mulher, houve antes Lilith).

                            Literalmente é assim: “21. Mandou, pois o Senhor Deus um profundo sono a Adão; e, enquanto ele estava dormindo, tirou uma das suas costelas, e pôs carne no lugar dela. 22. E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma mulher; e a levou a Adão. 23. E Adão disse: Eis aqui agora o osso dos meus ossos e a carne da minha carne; ela se chamará Virago, porque do varão foi tomada”.

                            O dicionário eletrônico do Windows diz que Virago é “machola, machona, marimacho, mulher-macho”, enquanto o Houaiss eletrônico remete a “fanchona, paraíba”, “mulher de aspecto, inclinações sexuais e hábitos masculinos”. Era, então, eu nunca havia pensado nisso, uma lésbica, um sapatão, uma homossexual dita feminina. Mas machola = MACHONA = MARIMACHO = MULHER-MACHO = MACHO = MULHER = MAL, enquanto fanchona = HOMEM e paraíba = PUTA, entre outras traduções. Eis uma coisa nova na Bíblia, depois de tantos milênios de interpretação. Não fui eu que disse, a Avó de todos os seres humanos era sapatão.

                            À parte essa curiosidade, costela = CRISTAL = GEOMETRIA = CENTRO = CRISTO = ATLANTE = GRANDE = GOVERNADOR = GOVERNANTE = CANALIZADOR = AUGUSTO, e mais coisas, vá buscar. Isso parece totalmente a manipulação do ADRN, como já referi no modelo. Portanto tirar uma costela do homem = CRSITAL DO SER = CRISTAL DA PORRA.

                            Parece que Deus pegou um espermatozóide cristalizado do homem e dele fez a mulher. No lugar dessa costela colocou carne = CRIME = CLONE = CRIMINOSO = ADÃO (o A-dão = A-VAGINA, o sem-vagina) = LADRÃO = ADN = ADRN = CAOS, o que de fato tem acontecido muito, ao longo dos milênios. É deveras impressionante, não apenas isso, mas aquela coisa curiosa de sermos descendentes de um sapatão, o que vai alvoroçar as fanchonas do mundo.

                            Portanto, ao manipular a costela do homem Deus estava mexendo com a GEOMETRIA DOS SERES, o que é chocante      , criando um clone de si, “à nossa imagem e semelhança”.

                            Se segue a pior das imagens: pelo lado do pai somos descendentes de um ladrão e pelo lado da mãe de uma paraíba, uma puta (ela traiu o marido com a serpente = PINTO = PRETO = SUJO, etc.). Disso não poderia sair nada de muito bom, se os iluminados não tivessem ajudado a humanidade.

Então havia antes de Adão um outro homem e antes de Eva uma outra mulher, os quais teriam dado certo, e talvez tenham mesmo dado, tendo permanecido no Paraíso. Adão e Eva são cópias deterioradas do páleo-Adão e da antiga-Eva.

                            A ser verdade isso, é uma reversão completa das expectativas.

                            Vitória, segunda-feira, 22 de julho de 2002.