segunda-feira, 19 de dezembro de 2016


Suspeitando da Autoridade

 

                            Por um lado, Popper teve toda razão em atacar a indutividade como viciosa, embora ela seja boa enquanto paradigma ou programa da ortodoxia, da repetição.

                            O Sol já existe há 4,8 bilhões de anos, ou coisa de 1012 (um trilhão de) dias, mas isso de modo algum garante que ele vá aparecer amanhã. Pelo contrário, quanto mais tempo ele existir maior será a chance de desaparecer. Fará isso, algum dia, pois explodirá.

                            Até o aparecimento do novo sistema cosmológico de Nicolau Copérnico (astrônomo polonês, 1473 – 1543, 70 anos entre datas) todos acreditavam que o Sol girava em torno da Terra, mesmo ele.

                            Até Louis Pasteur (químico e biólogo francês, 1822 – 1895, 73 anos entre datas) dizer que não era assim, a maior parte da humanidade acreditava na geração espontânea, que vermes nasciam de esterco.

 A maior parte da humanidade segue o conhecimento anterior que, aliás, foi proposto pelos sábios anteriores. Se o conhecimento anterior era bom para o mundo anterior, não será para o mundo posterior.              Acontece que o conhecimento anterior foi proposto pelas autoridades anteriores. Como ele se mostrou incompleto, devemos pensar que o conhecimento atual também é e daí devemos duvidar SISTEMATICAMENTE da autoridade, seja anterior, atual ou posterior. Se a dúvida cartesiana é sistemática, que o seja para tudo, inclusive a própria dúvida cartesiana e sobre a necessidade de uma dúvida sistemática, ou seja, metódica, repetida até o cansaço.

                            Enfim, devemos duvidar de quase tudo, menos uma coisa, de quase todos, menos um, até da dúvida excessiva, perguntando em cada caso a que servem a autoridade, a dúvida, o sistema, a dúvida metódica, o cartesianismo (sobreafirmação do que é cartesiano), o darwinismo (superafirmação do que é darwiniano) e assim por diante.

                            Declaração forte e incontestável sobre algo é perigoso, é suspeito, é inquietante. Devemos ser moderados, andar pelas médias, pelo centro, contidos quanto aos excessos, contidos até em relação ao excesso de contenção. As garantias são boas, porém se uma autoridade supergarantir qualquer coisa devemos sair de fininho e ir consultar outros conhecimentos. É bom rir de nós mesmos, duvidar de nossa infalibilidade, de nossa capacidade de sempre acertar e dizer o que é certo. Liberdade é boa, contudo superliberdade, licenciosidade é ruim.

                            Em resumo, há que suspeitar da autoridade.

                            Mantendo sempre em mente que ninguém adquire autoridade sem profundo conhecimento.

                            Para completar, devemos ficar atentos.

                            Vitória, segunda-feira, 24 de junho de 2002.

Supernovas, Bigs Bangs, Quasares.

 

                            Existem novas e supernovas. As primeiras são estrelas que detonam, ao passo que as explosões das segundas equivalem ao brilho de bilhões de estrelas. Quasares são radiofontes de origem cósmica, emitindo ondas de rádio mais intensamente que qualquer galáxia, segundo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, nome composto das palavras inglesas quasi stellar (quasar), quase estelares. Big Bang (Grande Explosão, ou, como chamo, Barulhão, precedido do Grande Estresse) é na Rede Cognata BOCA BRANCA e é o nome dado à rebentação que deu origem ao universo.

                            Como disse Occan, a gente deve ser econômica nas categorias, economizando-as para evitar, entre outras coisas, essa tremenda proliferação de “energias”, das quais falam tanto físicos quanto leigos. Quando deveria existir primeiro só a energia gravinercial, depois o par gravitacional/inercial, a seguir as quatro “forças” (campartículas ou ondas), há dúzias de energias, inclusive a “energia vital” = ENERGIA G, a única que é verdadeira, mas noutro sentido.

                            Como os conceitos acima se reuniriam?

                            Penso que do modo mais simples.

                            Big Bang ou BOCA BRANCA foi o primeiro estouro.

                            Supernova é no meu modo de pensar a explosão do centro de uma galáxia, onde se reúnem milhões (na Galáxia, a Via Láctea, o centro acumula 30 milhões de massas solares, mas há-os com cinco bilhões de MS) de estrelas num enorme buraco negro. Quando estes revertem, viram bocas brancas = BURACOS BRANCOS, jorrando tudo de volta, com uma detonação devastadora nas redondezas e brilhando em todo o universo.

                            Quasar deve então ser outro nome do buraco negro.

                            Se segue que as estrelas entram em colapso com pequenos buracos negros, juntam outras, transformam-se em grandes buracos negros que depois explodem como buracos brancos ou bocas brancas, destroçando as galáxias onde estão ou grande parte delas. O que os faz explodir é outra história.

                            É preciso simplificar sempre, procurando encontrar as soluções mais simples. A Natureza é ignorante, ela apenas busca saídas. É como dar um aparelho a uma pessoa estúpida: apertando os botões ou girando-os ela vai descobrindo as funções, sem o mínimo conhecimento da estrutura ou dos conceitos. Não precisa de nenhum manual, que é sempre tremendamente complicado e racional.

                            Os simplórios vão assim (aliás, os confeccionadores de manuais deveriam lembrar-se disso e das imagens).

                            Devemos “colar” na Natureza em sua simplicidade, em vez de compor cenários elaborados demais.

                            Vitória, sábado, 29 de junho de 2002.

Revolução = Revelação

 

                            No livro de David A. Wilson, A História do Futuro (o que há de verdade nas mais famosas profecias e previsões), Rio de Janeiro, Ediouro, 2002, p. 95, o autor diz: “Os democratas infiéis e deístas estavam na verdade seguindo um script escrito por Deus. Revolução e revelação convergiam para o mesmo ponto”.

                            Na Rede Cognata podemos tirar várias conclusões.

                            Em primeiro lugar, como no título, revolução = REVELAÇÃO = EVOLUÇÃO = AÇÃO = PI = = PAI = SOL.

                            Mesmo ponto = MESMO PLANETA.

                            Democratas = TONTOS.

                            Deístas = BESTAS.

                            Verdade = CORRIDA.

                            Script = PIRÂMIDE = SANTO.              Escrito = MODELO = ESPÍRITO. Juntos, script escrito = SANTO ESPÍRITO = PORTA MODELO.

                            Se segue que uma das traduções é esta: Os tontos e os bestas estavam na corrida seguindo um script escrito por Deus. Revolução e revelação convergiam para o mesmo planeta.

                            Quer dizer que tantos os revolucionários quanto os religiosos, que se pensam como opostos uns aos outros, estão trabalhando dentro das margens de algo determinado - são na realidade complementares também. Parece, portanto, que revolução e revolução são uma e a mesma coisa, ou seja, só acontece uma revolução de fato quando há uma revelação, quando é mostrada uma coisa surpreendente demais.

                            É claro que as frases mostram em vários níveis muitos mais do que as pessoas originalmente quiseram dizer, muito mais mesmo.

                            No caso, parece que uma revelação e uma revolução estão a caminho, correm para o mesmo planeta (que, como vimos em Mundos e Planetas, Livro 4, é vivo, ao contrário de mundo, que é morto), no caso a Terra. Então, em tese, podemos tirar anúncios dos lugares mais surpreendentes e é o que tenho feito constantemente, ouvindo músicas e discursos, lendo livros, escutando as pessoas. Coisas surpreendentes demais.

                            Mas que anúncios tão poderosos são esses, a ponto de provocar revoluções? Outro exemplo: juízo final = DEUS PAI = DAS REVOLUÇÕES = DOMÍNIOS SOLARES = DOZE (= DOIS = TRÊS = DEZ =TREZE) ANOS. Qual o significado disso tudo? Revoluções devem durar necessariamente 2, 3, 10, 12, 13 anos? Nunca outro número de anos?

                            A Língua Cognata é estranha demais, mas tem me ensinado lições poderosas.

                            Vitória, domingo, 07 de julho de 2002.

Resistência Progressiva

 

                            Já concluímos que são a honestidade e a verdade que fazem avançar a humanidade, porque, obrigando a pessoa a enfrentar os desonestos e os mentirosos, que podem corromper os atos, que podem adulterar os fatos, que podem enganar, que podem chegar antes pelo caminho mais curto, levam os honestos e os verdadeiros a descobrir em si e no meio recursos muito mais poderosos – eles devem evoluir psicologicamente, devem dar saltos.

                            Do mesmo modo os que enfrentam e favorecem o lado oposto/complementar, por exemplo, os heterossexuais, por comparação com os homossexuais, que têm a vantagem de estar do lado de um sexo já conhecido, pelo menos em parte (porque, na verdade, machos e fêmeas que fazem esta opção encontram-se com pseudomachos e pseudofêmeas). A grande notícia é mesmo a heterossexualidade, PORQUE o par deve conviver e entender o oposto/complementar, com tais dificuldades crescendo no processo.

                            De um modo geral o lado perverso e mau do dicionário é o lado das facilidades, por exemplo, a ruindade, a malícia, a traição, optando por ele os do lado também nefando e mal da enciclopédia. Do lado contrário está isto que chamei de RESISTÊNCIA PROGRESSIVA, em duplo sentido: 1) que faz crescer continuamente a resistência à crueldade, 2) que traz o progresso humano, o desenvolvimento da espécie.

                            Enquanto houver desenvolvimento sabemos que o lado bom do dicionárienciclopédico está sendo vitorioso.

                            Contudo, há os baixos também, a região dos traiçoeiros, quando tudo fica péssimo, quando há decadência geral, até que os outros se levantem em busca de sua identidade. Isso é fundamental, pois no dia em que o lado bom deixar de resistir, em que o lado ruim dominar a situação, esse será o doble de finados da humanidade. Um dia isso vai acontecer, porém não agora, eu creio.

                            Vitória, terça-feira, 9 de julho de 2002.

40 Anos de Distância

 

                            Tecnirama é uma enciclopédia am três volumes, datando no Brasil de 1963 e no original britânico de 1962/3. Os verbetes foram escritos por gente gabaritada, professores de universidades européias e americanas, de forma que corresponde senão ao conhecimento da linha de frente, de quem estava efetivamente fazendo tecnociência, pelo menos de quem estava próximo, conversando com os pesquisadores, lendo seus artigos, etc.

                            Agora estamos em 2002, de modo que passaram perto de 40 anos, ou mesmo isso. Olhando para a enciclopédia vemos que aquele conhecimento permanece válido, como não poderia deixar de ser, porém MUITO foi acrescentado, houve refinamentos extraordinários, diversificadíssimos itens foram incrementados.

                            Dizem que os conhecimentos humanos estão dobrando a cada 10 anos, o que é ao mesmo tempo motivo de alegria e assustador. Razão de contentamento porque estamos ficando coletivamente mais sábios e talvez consigamos evitar tanto desperdício e tantos ferimentos à Vida geral e à Vida-racional em particular. Aterrorizante porque tudo crescendo tão rápido estamos ficando cada vez menores, individualmente, menos independentes (o que é bom e ruim ao mesmo tempo), como já retratei tantas vezes.

                            Dizem que os conhecimentos estão dobrando a cada 7 anos, 52 vezes em 40 anos. Se for a cada 10 anos, 16 vezes em 40 anos. De qualquer modo é espantoso demais, PORQUE, queira notar que a humanidade passará para “apenas” 12 bilhões em 2050 e se for de 10 em 10 anos o Conhecimento terá multiplicado por 32, o que quer dizer que haverá à disposição de cada um 32/2 = 16 vezes mais conhecimento. E como nos últimos 50 anos antes de nós também teria multiplicado por 32, na estimativa mais conservadora, quer dizer que no mínimo as informações disponíveis multiplicaram por 16 x 16 = 256, grosso modo. Em 2100 já teria multiplicado por quatro mil, contando de 1950, ou 64 mil, contando de 1900.

                            Se isto não te assusta, não o que poderá fazê-lo, pois a mim me deixa em pânico. Como não podemos reter individualmente tanta coisa, é claro que tal Conhecimento migrará para fora de nós, como já está fazendo desde os primórdios, desde quando foi inventada a escrita, de um tempo para frente fazendo-o para as máquinas-programa, os programáquinas de memória, inteligência e controle artificiais.

                            Haverá cada vez maior quantidade de dados fora de nossas cabeças e de nosso controle, vagando por ai. Quando os seres novos emergirem, formas novas de ver o universo surgirão com eles e o ser humano estará se vendo DE FORA, por vezes de modo bem desagradável para nossa autoestima. Com tanta massa crítica é certo que haverá choques tremendos para os seres humanos.

                            O que em princípio era e é motivo de tremenda satisfação pode se tornar um problema sério, se não for a questão bem administrada. E politizada.

Vitória, segunda-feira, 8 de julho de 2002.

Quadrado = Círculo

 

                            No livro de Carl G. Jung e colaboradores, O Homem e Seus Símbolos, 4ª. Edição, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d, original de Londres de 1964, no texto 4, O Simbolismo nas Artes Plásticas, subtítulo, Símbolos Sagrados, a Pedra e o Animal, p. 232 e ss., de Aniela Jaffé, na página 246 ela diz: “Um dos seus símbolos principais foi a quadratura circuli (a quadratura do círculo), que nada mais é que uma mandala”, e na página 247: “A perfeição arquetípica do quadro faz esquecer que no passado estas duas figuras abstratas (o círculo e o quadrado) estariam unidas para exprimir um mundo de pensamentos e sentimentos” e a seguir, “(...) as duas figuras que, desde o início dos tempos, formaram um todo (...)”, grifos e negritos meus.

                            Veja que pela Rede Cognata algumas traduções seriam:

1)      A quadratura do círculo = O QUADRADO DO CRIADOR = O CRIADOR DO CRIADOR = O QUADRADO DO QUADRADO = O CÍRCULO DO CÍRCULO;

2)     Mandala = MODELO;

3)     Um mundo de pensamentos e sentimentos = UM MODELO DE PIRÂMIDES E PORTENTOS;

4)     Desde o início dos tempos = DESDE A PIRÂMIDE DOS DEUSES = TESTE O ÂMAGO DAS DUPLAS (os pares de opostos/complementares).

O que podemos entender disso tudo é que foram os “deuses” que criaram as pirâmides, senão essas, reais, pelo menos as virtuais. E modelo está sempre ligado às pirâmides, além de mandala ser um modelo, uma mentira, um molde, uma estátua.

Também temos que quadrado = QDD = QD = Q = C = CC = CÍRCULO, sem dúvida alguma. Portanto, aconteceu mesmo de haver a quadratura do círculo e a “circulação” do quadrado. Se seque que de fato o círculo e o quadrado estão unidos para exprimir um mundo de pensamentos e sentimentos, efetivamente, e isso desde o início dos tempos, desde os primórdios, desde a origem da Criação, lá no Big Bang, ou onde seja.

Essa coisa chega a ser assustadora, que a Língua Universal e a Rede Cognata estivessem postas desde o começo. Que planejamento!

Vitória, terça-feira, 16 de julho de 2002.

Produção dos Matemáticos e dos Filósofos

 

                            Ouvi isso de um professor de filosofia na UFES logo que entrei no curso em 1989: que físicos só produzem antes dos 30 e filósofos só depois dos 60. Que estupidez tão bacana e sincera!

                            Veja o que disse o matemático Alfred Adler (procurei nas eletrônicas Barsa, Houaiss, Encarta em português, Encarta em inglês, Digital, Hispânica e Britannica, e na Koogan/Houaiss de papel, nenhuma fala de Alfred Adler matemático, só psiquiatra austríaco, 1870 – 1937, 67 anos entre datas), segundo o livro de Simon Singh, O Último Teorema de Fermat (A história do enigma que confundiu as maiores mentes do mundo durante 358 anos), 8ª. Edição, Rio de Janeiro, Record, 2001, p. 24: “A vida de um matemático é muito curta. Seu trabalho raramente melhora depois da idade de vinte ou trinta. Se ele não conseguiu muita coisa até essa idade, não vai conseguir mais nada”.

                            E G. H. Hardy (É incrível! - mas os matemáticos não constam das enciclopédias), segundo o Singh, p. 24 também: “Nenhum matemático jamais deve se esquecer de que a matemática, mais do que qualquer outra ciência ou arte, é um jogo para jovens. Para citar um exemplo simples, a idade média de eleição para a Sociedade Real é mais baixa na matemática”, e depois, p. 25: “Eu não conheço nenhum avanço importante da matemática que tenha sido realizado por um homem de mais de cinqüenta anos”.

                            Devemos analisar essas coisas.

                            Primeiro, a Matemática não é uma ciência, é o centro de todos os conhecimentos. Segundo, fazê-la exige audácia, o que os que vão envelhecendo vão perdendo – MAS NEM TODOS. O modelo-porta diz que 2,5 % das pessoas nunca perdem o atrevimento, o arrojo, a determinação, o afoitamento, a coragem de projetar-se. Terceiro, os jovens têm mais tempo, não constituíram família, não têm de ficar dando atenção a um milhar de coisas ao mesmo tempo (às contas a pagar, às reclamações da ou do cônjuge, aos filhos, aos amigos, à carreira, etc.). Quarto, os que envelhecem têm mais obrigações acadêmicas. Quinto, os jovens não têm de ficar lendo uma infinidade de artigos para atualizar-se, porque pouco se espera deles. Sexto, os que estão envelhecendo devem expandir suas próprias revoluções, quer dizer, dar propaganda aos seus feitos, em proveito próprio e da coletividade. Sétimo, os laços com mestres, doutores e pós-doutores dos jovens são muito menores, eles devem responder a muito menos cartas e indagações. E assim por diante, indefinidamente.

                            Quanto aos critérios da Sociedade Real, pode ser que ela espere produção espantosa, e não julgue espantoso o que os velhos mestres fazem, em termos de estabelecer segurança para os que vêm atrás. Além disso, quase ninguém espera até mais tarde para promover revoluções, PORQUE a vida humana é tão curta – podemos morrer aos 90, 80, 70, 60, 50, 40, 30, 20, 10, 0 + ε, e até no útero, porém o mais certo é os velhos morrerem antes. As pessoas fazem logo, com medo de não poderem fazer mais tarde, no que estão muito certas.

                            Quanto aos físicos e outros pesquisadores, a questão é a mesma acima. Já para os filósofos é o contrário, porque Filosofia depende de muita memória do que já foi feito e de uma quantidade incrível de pensamento constante, persistente e determinado, apurado, cuidadoso. A pessoa deve varrer todo o conhecimento humano, para cada item de pensamento, para ver sua adequação, pois a Filosofia é globalizante, age sobre o todo e não sobre as partes.

                            Contudo, nada impede um jovem de ter bons pensamentos e em alguns anos, logo depois dos 18, formular coisas de grande profundidade. Obviamente 20, 30 ou 40 anos de pensamento firme e devotado vão fazer alguma diferença.

                            De forma que isso é pura bobagem, enquanto conceito, para além da forma, dos casuísmos, dos eventos isolados que permitem induções espúrias. Aposto que ninguém fez uma investigação completa das produções, do significado delas no meio e fora dele, das idades que as pessoas tinham, para todas as vidas de pesquisadores, de magos, de teólogos, de filósofos, de cientistas, de matemáticos, de artistas, de religiosos, de ideólogos e de técnicos. Isso renderá muitas teses de mestrado e doutorado.

                            É bobagem isso que Adler e Hardy disseram.

                            Tanto matemáticos quanto filósofos podem produzir antes dos 30 e depois dos 60. Podem fazê-lo durante toda a vida. Por acaso, se houvesse vida num planeta com revolução que durasse 10 anos da Terra e com 6 revoluções os seres de lá tivessem 60 anos nossos, estariam impedidos de produzir filosofia? Ora, eles estariam produzindo antes dos 30 anos deles, não é? E isso com apenas 6 anos! Que precocidade! Ou outro planeta cuja revolução fosse 1/10 da nossa e com 20 anos nossos já tivessem 200 anos deles, já não fariam boa matemática?

                            Então a coisa não se prende à quantidade de revoluções.

                            Agora, vamos pensar em seres que amadurecessem muito rápido, ou muito tardiamente, mesmo quando seus anos fossem iguais aos nossos. Ou outros cujo pensamento fosse coletivo e não individual, como é o nosso.

                            Enfim, essas afirmações não são lógicas nem dialéticas, porisso não travam diálogo com o mundo. São falsas. Também não se baseiam em pesquisas, são gratuitas, meras opiniões pessoais, daqueles indivíduos e de suas sociedades.

                            Tenho para mim que os velhos deveriam ser estimulados a estudar matemática e que os jovens deveriam ser instigados a pensar diuturnamente. O mundo seria muito mais feliz, em ambas as condições. Ou se os jovens aprendessem a amar a matemática, em vez de temê-la e odiá-la, ou se os velhos se dedicassem ferrenhamente a pensar, dando-nos mais de sua sabedoria.

                            Esse tipo de afirmação de Hardy, Adler e daquele professor da UFES não prestam nenhum serviço ao mundo.

                            Vitória, domingo, 7 de julho de 2002.