domingo, 11 de dezembro de 2016


Máscaras Psicológicas Abertas e Fechadas

 

                            Chamei os conjuntos psicológicos de pessoais (indivíduo, família, grupo e empresa) e ambientais (município/cidade, estado, nação e mundo), no todo pessoambientais.

                            Todos eles podem, em relação uns com os outros (indivíduos com indivíduos, indivíduos em seus grupos, etc.), desenvolver máscaras, memórias grupalizadas. Veja assim, se os indivíduos A e B estão conversando, eles trocam informações e controle/comunicação, do que devem guardar memória para a próxima vez que entabularem conversação ou diálogo, o sistema de trocas mediante o uso da linguagem de palavras e de sinais. Assim, o indivíduo A deve guardar memórias de todas as relações pessoais e ambientais. Por exemplo, as relações pessoais pAi, pAf, pAg e pAe, e as ambientais aAmc, aAe, aAn e aAm, e assim sucessivamente. E não apenas memórias, que são inteligências velhas, mas inteligências, que são as memórias novas geradas nos encontros. No subconjunto A (i), das relações com outros indivíduos, temos Ai (1), Ai (2), Ai (3) ..., Ai (n), e assim por diante. Você pode perceber que são muitas, muitas máscaras, separações por vezes delicadas, modos de proceder e saudar, coisas ocultas e reveladas, níveis de confiança, etc., que tomam muito espaço de memória.

                            Mas essas máscaras todas são MÁSCARAS ABERTAS, como irei chamá-las, para diferençar de MÁSCARAS FECHADAS, condições patológicas ou de adoecimento dos conjuntos.

                            Nas máscaras abertas não há ocultamento daninho, e mesmo se há mentira isso não tem atrapalhado muito significativamente o caminho da humanidade. As mentiras até são um benefício darwiniano, levando à sobrevivência daquela parte da espécie que as emprega, por vezes compulsivamente. Ninguém deixa de casar e legar ao futuro sua carga genética por mentir, até pelo contrário, homens e mulheres mentem com grande freqüência e maestria em seus períodos de corte. A mentira geral tornou-se arte e técnica refinadíssimas, nos dias de hoje.

                            Acontece que as máscaras fechadas, esquizofrenia, paranóia e outras doenças, tornaram-se elemento cativo da confraria dos psicólogos, dos psicanalistas (dos ricos), dos psiquiatras (dos pobres).

                            Agora, no modelo, o espaçotempo é chamado de geo-história, ou geografia-história, e há quatro disciplinas na base piramidal: psicanálise (das figuras), psico-síntese (dos objetivos), economia/produção (dos objetos), sociologia/organização (da aproximação dos objetos). Como lidar com isso?

                            Pois bem, os cientistas não-psicólogos dizem que a Psicologia não é uma ciência por não estar ainda matematizada, por não comportar o trabalho equacional. E, se não podemos equacionar os problemas propriamente humanos, nesse nível de racionalidade, como os resolveremos?

                            Como era de esperar, a confraria fechou-se comportamentalmente num subdiálogo da língua, chamado “jargão psicanalítico”, inacessível aos que estão de fora. Não sendo uma ciência, a Psicologia passa remotamente por ser uma arte ou magia, portanto tratada sentimentalmente, subjetivamente, ao sabor das opiniões de uns e outros, e não demonstravelmente, por provas tiráveis no mundo inteiro, quer dizer, replicáveis nos moldes oferecidos.

                            Visando substituir essa demência relativa por uma aproximação justa e progressiva da Matemática, introduzi o conceito de cártulas ou cartuchos psicológicos (o que é uma outra história, fica para depois), que permitiriam montar as equações de trabalho.

                            E esse outro conceito separador, de máscaras abertas e fechadas.

                            Com elas podemos trabalhar com sinais e graduação, quer dizer, medidas, por meio de uma padronização psicológica, isto é, a criação de um padrão de aferição das personas, sejam elas pessoais ou ambientais.

                            Como a Psicologia vai indo, fica sendo um reduto de magos e necromantes, situados nalgum Olimpo indefinido, de onde eles ditam regras de comportamento aos demais seres humanos, tomados todos e cada um, exceto os que possuam a carteirinha de sócio olímpico, como um pouco tolos e fúteis, quando não portadores de esquisitices.

                            Vitória, sexta-feira, 12 de abril de 2002.

Malícia Musical

 

                            Geralmente vindas do Nordeste brasileiro, as músicas que têm duplo ou triplo sentido, constituem um repertório vasto e certamente muito engraçado, expressando a vivacidade de um povo de forma jovial, cordial, fantástica e bela, que no Sudeste é cruel, afrontosamente sexual, boçal e feia.

                            Como tudo que é popular, é pouco estudado pelas elites, se o é, exceto como novo modo de dominância e exploração. Como com a literatura de cordel, não houve chance de aparecimento de grandes livros onde sejam pesquisadas essas músicas, quer dizer, suas letras e melodias, o que é de estarrecer, porque certamente noutros lugares os acadêmicos terão vasculhado seus povos, o que é importante não apenas em si mesmo, como devoção ao povelite/nação, mas como motivo para a constituição de novas bases de exploração (veja só que termo os capitalistas usam! – indica dois brasis) ou participação (o que seria muito mais justo – indicaria unidade) econômica/sociológica, quer dizer, produtiva/organizativa.

                            Qual a razão de colocarem um duplo sentido nas frases?

                            A primeira é a fuga à censura, porque em geral tem conotações sexuais. Mas não só. Juca Chaves é um mestre nisso, e as razões dele são as de castigar os regimes ditatoriais, como na pergunta da época da ditadura militar: “Como se mede um burro? Mede-se (Médici, o general-ditador da ocasião) da cabeça aos pés”.

                            A segunda é a esperteza do autor, de criar palavras ou conjuntos de palavras homófonas, que têm o mesmo som, mas significados diferentes, de tal modo a que ao inocente nível exterior correspondam picantes níveis interiores, decifrados conforme a competência da audiência.

                            A terceira é a resistência local do povo à dominância de outras regiões, formando uma cultura paritária, mas divergente, que coabita e aprecia as outras, mas não se rende. Enfim, é um não à homogeneização cultural/nacional.

                            A quarta é o desafio explícito à burguesia, posto na expressividade popular, que diverge notavelmente da comportadinha e yuppie manifestação letrada oficial.

                            Eles não são, nem de longe, bobos, o que, pensando bem, seria mesmo de esperar, dado que sobrevivem frente a uma tecnociência muito mais poderosa com seus sentimentos “obsoletos”, “arcaicos”, “pueris”. Essa malícia musical tem, conseqüentemente, VALOR DE SOBREVIVÊNCIA PSICOLÓGICA, isto é, constitui todo um dialeto não violentado pela cultura homogeneizante, capitaneada pela Globo. Em termos americanos seria underground, subterrâneo. Eis ai algo autenticamente revolucionário, que sequer é tomado como tal.

                            A Academia passa por cima disso tudo, a cultura/nação de base, sem dar a mínima bola, sem um fragmento de reflexão sobre as profundidades dela, o que além de ser um pecado, relativo ao orgulho, é perda de substância e de propriedade de toda uma ampla área desconhecida. Os pesquisadores cooptados pela burguesia estão longe de conhecer a totalidade do país, talvez felizmente.

                            Em resumo, há uma quantidade de áreas não tocadas pela P&D brasileira das universidades e empresas, o que acaba por nos salvar da generosa mediocridade dos plutocratas.
                            Vitória, sexta-feira, 26 de abril de 2002.

Língua como Computação

 

                            No modelo chamei o conjunto software/hardware de programa/máquina, programáquina.

                            As P/M existem em seis grupos diferentes, cada um deles subdivididos em dois. Os grupos são Físico/Química (primeira ponte, p.1, esta), Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6, a mais elevada delas. Correspondem às naturezas zero, um, dois, três, quatro e cinco (N.O a N.5). Um dos subgrupos seria a Física e a Química. Daí teríamos uma língua para N.0, nível F/Q, Língua Físico/Química (LFQ), com dois dialetos, Dialeto da Física e Dialeto da Química.

                            O fato é que, na Física, ainda estão caçando nas supercordas a chamada Teoria de Tudo, novo nome para a Teoria do Campo Unificado, que Einstein buscou até a morte, em 1955. Se nem chegaram a ela, como propor a unidade com a Química, a ponto de ver a ambas as disciplinas como dialetos de uma língua principal?

                            Mas as coisas vão assim mesmo, aos trancos e barrancos.

                            De forma que teríamos a Língua Físico/Química, a Língua Biológica/p.2, a Língua Psicológica/p.3, a Língua Informática/p.4, a Língua Cosmológica/p.5 e a Língua Dialógica/p.6.

                            A LP/p.3, por sua vez, seria constituída de todas essas, presumidamente, remanescentes oito mil línguas humanas, mais, posteriormente, uma língua científica própria nesse nível.

                            A LI/p.4, informacional/p.4, não seria, nem de longe essas línguas baixas de MEMÓRIA DE MÁQUINA de agora, e sim uma verdadeira língua da MEMÓRIA/INTELIGÊNCIA/CONTROLE (ou comunicação) artificial, muitíssimo mais avançada que qualquer língua psicológica ou racional ou humana.

                            Sem falar nas de cima, cosmológicas/p.5 e dialógicas/p.6. Estas ainda deveriam reunir os elementos de lógica com os elementos de dialética, numa língua comum pelo centro, dialética, de todos os possíveis (virtuais) e prováveis (reais) diálogos de mundo.

                            Sendo as línguas todas junção de um programa e de uma máquina, resta perguntar onde, nas línguas psicológicas, estão um e outra. É claro que a máquina humana é o corpo/cérebro, exterior, estático, enquanto o programa está no interior, na mente/GAP (gerador-de-autoprogramas), dinâmico, formando um par-do-modelo estático/dinâmico, mecânico. É evidente também que a linha-de-programação racional é analógica, não digital, como nas máquinas que construímos. E é decimal apenas porque temos duas mãos, com dez dedos. Poderia ser vigesimal, como entre os maias, sexagesimal, como entre os sumerianos, ou de qualquer outra base computacional alta.

                            As línguas humanas, apesar de tudo, foram poucos estudadas, exceto internamente, no seu uso diário. Não foram vistas de fora, como processobjeto virturreal dialógico. Ou seja, nós as usamos, e compreendemos até como substantivos se unem a adjetivos e verbos para formar frases, mas não compreendemos O QUÊ esses elementos de dialógica são, na verdade. Não temos um modelo geral que forme línguas, através do qual as línguas, tais como elas existem acidentalmente, foram formadas, com seus acertos e erros. Qual é a língua humana de maior rendimento MINIMAX, que faça mais com menos recursos? Não sabemos dizer.

                            E, se é assim, como melhorar o poder computacional analógico racional das línguas humanas?

                            Pergunta que seria vã, se não indicasse um caminho.

                            Enfim, a busca é de ampliar nossa racionalidade via melhoramento qualitativo por salto revolucionário da prateoria das línguas humanas, por exemplo, o português.

                            Vitória, sexta-feira, 26 de abril de 2002.

Grupos de Operadores na Matemática

 

                            Procedi à construção do modelo, onde faço em seus 618 textos muitas propostas de modificação do nosso olhar sobre o mundo.

                            Nele chamei a Matemática de geo-algébrica ou geometria-álgebra, formestrutural, cuidando a primeira de formas ou figuras ou superfícies, e a segunda de equações ou funções ou zeros.

                            Mais adiante, depois de terminado o modelo, comecei a pensar que os agrupamentos dos tópicos não estão bem feitos, dificultando a compreensão da realidade dessa língua universal, que poderia ser expressa entre matemáticos unicamente com ideogramas para integração, derivação, derivação parcial, tensores, vetores, etc.

                            Por exemplo, a derivação é uma redução, a integração uma ampliação, o limite uma aproximação, a função um operador ou transformador, a continuidade um teste de rompimento, o seno uma onda, o co-seno uma antionda, X + ∆X um acréscimo, + (mais) e – (menos) somas (pontual, de números; linear, de retas; plana, de figuras; espacial, de objetos), x (multiplicação) e ÷ (divisão) reposicionamentos.

                            O signo = (igual), digamos, é muito sério, porque na matemática deveria sempre ficar à direita, como sinal de precisão, assim: aX + b = 0, porque é somente zero mesmo. Enquanto no real, por exemplo, na Física, deveria vir distintamente à esquerda, 0 = E – mc² (a famosa equação de Einstein, E = mc²), pois é preciso que seja mostrado que é realmente 0,0. A seguir, 0,00. Depois 0,000, e assim por diante, ou seja, que há uma conversão crescentemente precisa, busca que poderá não terminar nunca, obviamente. À esquerda ou à direita, a apresentação dos sinais de igualdade deveria ser distinta, pois se tratam de visões diferentes, a matemática sendo virtual e a das ciências sendo real.

                            Ora, o Princípio de Ocam manda que economizemos as categorias, que não saiamos por aí as inventando.

                            Contudo, neste caso é absolutamente necessário.

                            Veja bem que as quatro operações fundamentais não são quatro, são apenas duas, e dois reposicionamentos. Enquanto a progressão aritmética é uma soma, a progressão geométrica é uma função, e, no entanto, ambas são tratadas como funções. Uma função como x€ = 30 (inventei agora, para chamar sua atenção) poderia estar medindo o crescimento da aceleração.

                            Enfim, a Matemática nunca foi olhada de fora, no sentindo de uma arrumação geral, porque obviamente os matemáticos não têm tempo, estão pensando furiosamente nas soluções desejadas das equações, e em suas demonstrações.

                            Mas alguém deve ter, e deve realizar o serviço, dando sentido holístico ou total ou integral à disciplina, de modo que os estudantes e os próprios professores possam olhá-la em bloco, como um todo compreensível. O que faz a Matemática?

                            Todo mundo sabe o quão detestável ela vem sendo para gerações de estudantes, através dos milênios, por ser tão hermética. Penso que não tinha ainda sido proposta uma Pedagogia da Matemática, ou seja, um método inteiro de ensino da matéria, com vistas às facilidades de apreensão pelos alunos. Um amaciamento, por assim dizer.

                            Desse modo justifico a introdução das novas categorias, como uma arrumação geral da casa, antes das novas construções.
                            Vitória, quinta-feira, 11 de abril de 2002.

Feiras do Brasil Avançado

 

                            Disse no modelo que os mundos são quatro: primeiro, segundo, terceiro e quarto mundos, conforme o avanço ou atraso relativo a cada tópico. Por exemplo, os EUA podem ser no geral o país mais avançado, mas em algum desenvolvimento em particular pode ser a Suécia, ou o Egito, ou o Brasil.

                            Em cada país também há frações que repetem a divisão planetária em mundos: o Brasil primeiro-mundo, o Brasil segundo-mundo, o Brasil terceiro- mundo e o Brasil quarto-mundo, embora no conjunto nosso país possa ser classificado como de terceiro-mundo, querendo ser segundo ou primeiro.

                            Do mesmo modo poderíamos falar de cada estado brasileiro -- são 26, mais o Distrito Federal. E dos municípios/cidades, que são 5,5 mil. Ninguém duvida que há uma seção de Vitória que segue de perto o primeiro mundo, enquanto nas periferias está a Vitória quarto-mundo.

                            Pois bem, ninguém haveria de querer realizar feiras ou mostras do que existe de mais atrasado, defasado, caduco, obsoleto e até retrógrado em nosso país. Como nação desenvolvimentista, a gente olha de preferência para as mudanças, que o futuro pode proporcionar. Então, haveríamos de gostar de ver O QUE EXISTE DE MAIS AVANÇADO NO BRASIL EM CADA ÁREA: 1) os objetos e os processos; 2) as máquinas e os programas; 3) instrumentos e aparelhos, 4) formas de produção e organização: 5) as tecnartes do corpo (DA VISÃO: prosa e poesia, dança, moda, fotografia, pintura, desenho, etc.; DA AUDIÇÃO: música, discursos, etc.; DO PALADAR: comidas, bebidas, pastas, temperos, etc.; DO OLFATO: perfumaria, etc.; DO TATO: cinema, teatro, urbanismo, tapeçaria, decoração, arquiengenharia, paisagismo, esculturação, etc.), 5) formas e conteúdos de políticadministração dos governempresas, 6) Chave do SER (memória, inteligência e controle/comunicação) e Chave do TER (matéria, energia, informação), 7) Chave do Conhecimento (ALTO: Magia, Teologia, Filosofia, Ciência, e BAIXO: Arte, Religião, Ideologia e Técnica), e Matemática, 8) Pontescada Tecnocientífica, 9) Psicologia (espaçotempo geo-histórico, psicanálise/figuras, psico-síntese/objetivos, economia/produção e sociologia/organização), 10) Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos), e assim por diante.

                            Enfim, tudo que fosse o mais avançado em uso no país.

                            Quem pode organizar algo tão grande assim?

                            Obviamente nenhuma empresa tem porte suficiente, nem interesse atual, porque não daria lucro imediato.

                            Então, claramente, devem ser os governos.

                            Os governos municipais/urbanos são pequenos demais, em sua maioria (são 5,5 mil deles, destacando-se os mil maiores, destes os 100 realmente grandes). Nos grandes ou gigantescos – por exemplo, o município/cidade de São Paulo é a terceira força político-econômica do país, situado atrás do Brasil = 100 %, São Paulo estado = 35 % e, provavelmente São Paulo capital 15 % ou mais, estando além dos 12 % dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais - os contribuintes não vão gostar de saber que o dinheiro dos tributos de lá estão sendo desviados para ajudar todos os demais estados e municípios/cidades.

                            Resta portando um consórcio do governo federal brasileiro e do G-8, digamos assim, os sete países mais ricos e a Rússia.

                            Pode ser itinerante, colocando-se tudo numa bonita lona de circo e em algumas carretas grandes, ou pode ser feita em parques de exposições, que devem existir em toda parte, inclusive nas 100 maiores cidades.

                            Compra e venda, claro, isto é, apresentação da demanda e da oferta, de modo que toda a nação possa atualizar-se para a contemporaneidade, para o que de mais avançado está sendo criado no Brasil e no mundo, com endereços físicos, de Internet, responsáveis, termos de troca, órgãos de financiamento e mais.

                            Somente essa providência, exponencializadora por si mesma, já provocará um burburinho e uma dinamização nova no sócioeconomia brasileira.

                            Vitória, quarta-feira, 17 de abril de 2002.

Escola Universal de Governo

 

                            Os cientistas descobriram, através da genética que a chamada Eva Mitocondrial e o Adão-Y surgiram mais ou menos ao mesmo tempo por mutação cerca de 200 mil anos atrás na África e do espalhamento e depois fusão de seu patrimônio genético surgiram os homo sapiens sapiens, nossa espécie, que vem evoluindo aceleradamente nos últimos 50 mil anos, especialmente nos dez mil mais recentes, em particular com um centro de difusão em Uruk, atual Iraque, desde 5,5 mil anos passados.

                            Bom, a humanidade se tornou extraordinariamente complexa.

                            De indivíduos isolados passamos a famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações e agora iniciamos o processo de globalização.

                            Alguns se opõem a essa planetarização forçada, e devem ter razões bem válidas mesmo.

                            Contudo, a coisa é irreversível.

                            E, se for assim, é melhor que seja bem feita que mal feita. Para bem feita é preciso criar a maquinaria e os programas que nela rodarão. Ou seja, governos hábeis e administração empresarial competente.

                            Da parte dos governos evidentemente é fundamental reuni-los, ordená-los num molde, de preferência convergente a divergente. Por enquanto as iniciativas mundiais são capitaneadas pelo tal G-8, o antigo G-7 (EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha e Canadá, pela ordem de riqueza), mais a Rússia, que atualmente está bem abaixo de outras nações em riqueza, mas detém o não-desmontado poderio atômico da antiga URSS na nova e mal costurada CEI, Comunidade dos Estados Independentes.

                            Como as nações (que eram 217 faz alguns anos) entrarão nesse negócio? É claro que a transferência de informação-controle (info-controle) ou comunicação se faz pela culturaeducação, isto é, transmissão de cultura, que são as características nacionais de cada país, e pela educação, que é essencialmente universalista.

                            Como já se disse, creio que Chico Buarque, quem inventou o alfabeto foi um analfabeto. Quem criará uma ESCOLA UNIVERSAL DE GOVERNO, se ninguém detém as tecnartes para isso, em particular a tecnociência de governo?

                            Seria o caso de reunir os doutores para a elaboração primária de um PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, de tal maneira que esses orientadores ou monitores possam criar toda uma geração de outros propagadores, de modo que em 30 anos tenhamos uma escola plena, no sentido da palavra, bem estabelecida, com mídia associada (TV, rádio, revista, jornal, editora e Internet).

                            Ou de outro modo iremos tropeçando, sem racionalidade alguma, rumo ao desconhecido.

                            É certo que, em coisa tão vultosa, de tão grande importância, não podemos ser amadoristas, o profissionalismo é basilar.

                            Se o Banco Mundial tem tanto dinheiro, para tantos projetos megalomaníacos dos governantes do mundo inteiro, aqui pode adotar alguma sabedoria e criar preliminarmente  junto com a ONU um Instituto da Escola Mundial de Governo, um grupo-tarefa encarregado de ouvir as lideranças políticas e administrativas, as ONG’s (organizações não-governamentais), os estados e províncias dentro das nações, enfim todo grupo com um mínimo de organização, de forma que a coisa não seja imposta de cima para baixo, mas vá democraticamente das bases até a expressão de cume.

                            As críticas vão chover, e é bom que seja assim.

                            Quem deseja um Grande Irmão vigiando todas as nossas ações, mais do que já são? Quem quer financiar a opressão?

                            Por exemplo, soube pelo livro de Simon Singh, O Livro dos Códigos (A Ciência do Sigilo – do Antigo Egito à Criptografia Quântica), Rio de Janeiro, Record, 2001, que existe um mecanismo chamado Tempest, através do qual pessoas paradas num utilitário (como se vê em filmes), com um detector eletromagnético muito sensível podem captar todas as letras digitadas num teclado vizinho. Sem falar que dizem existir, em todo computador, uma porta para a entrada da NSA, a Agência de Segurança dos EUA. Eles vigiam mesmo, tudo e todos.

                            Portanto, é também capital contrapor-se às ingerências governamentais e empresariais sobre a vida e a liberdade individuais.

                            Mas que não dá mais para seguir sem um governo mundial, não dá mesmo. E, se vamos ter, seja o Governo Mundial, em maiúsculas, que é mais autoritário, ou um Sistema Mundial, como disse Maurice Strong, que é mais democrático, em todo caso precisamos estudá-lo. E não pode haver lugar melhor para a sistematização dos estudos que a escola. Neste caso uma Escola Mundial de Governo, ao que os empresários responderão se organizando também no mesmo nível.

                            Vitória, quinta-feira, 18 de abril de 2002.

Enegrafia

 

                            Grafia é um sufixo que significa “gravação”, mas também, por extensão, “estudo”. O ENE é “n”, na matemática símbolo para muitos.

                            Por exemplo, foto/grafia, gravação da luz.

                            Acontece que a luz, usada no sentido externinterno (externos são os órgãos dos sentidos, internos são os interpretadores) da visão, não é o único modo nosso de perceber o universo. São tomados como cinco os sentidos: 1) visão, que usa as ondas luminosas; 2) olfato, a detecção nasal de moléculas; 3) paladar, a detecção na língua de moléculas; 4) audição, que usa as ondas que se propagam no ar; 5) tato, medição das pressões exercidas na pele.

                            Veja que temos uma visão externa, constituída dos olhos e nervos óticos, e uma visão interna, que são os interpretadores cerebrais, a porção do cérebro usada para interpretar os sinais, a fração do chamado homúnculo sensitivo.

                            Então, a fotografia é uma gravação sobre película fotossensível da luz emitida pelo Sol ou outra fonte que, tocando os objetos, conduz radialmente uma imagem deles a cada ponto ao redor.

                            Enfim, é uma gravação, tal como a esculturação é outra. Esta, por sua vez, pode ser pontual (o próprio ponto), linear (de pontos numa linha), plana (desenho, pintura), espacial (alto e baixo relevo, e tridimensional). Obviamente os graus de liberdade de interpretação aumentam com as dimensões.

                            Ora, a tapeçaria (de que o macramé é uma seção, o tricô outra, o crochê mais uma) também é uma gravação, neste caso uma esculturação de linhas compondo planos ou até espaços.

                            A poesia e a prosa igualmente são gravações, com entalhes em objetos vários, ou tinta em papel, de palavras ou ideogramas.

                            A ourivesaria é uma esculturação tridimensional.

                            Olhando assim, o que denominei TECNARTES DO CORPO (da visão: fotografia, desenho, pintura, prosa, poesia, moda, dança, etc.; do paladar: comidas, bebidas, pastas, temperos, etc.; do olfato: perfumaria, etc.; da audição: música, discursos, etc.; e do tato, sentido central: teatro, cinema, arquiengenharia, urbanismo, tapeçaria, esculturação, decoração, paisagismo, etc.) é tudo, de um modo ou de outro, gravação. O cinema é, primeiro, gravação na fita ou outro meio, e depois na mente das pessoas. O urbanismo, tratando do espaçotempo das cidades, é gravação sobre a superfície do planeta.

                            E assim por diante.

                            Portanto tudo é gravação, daí o “ene”grafia.

                            A gravação desdobra-se em ARTE e TÉCNICA.

                            ARTE DA GRAVAÇÃO e TÉCNICA DA GRAVAÇÃO.

                            A arte dá o tom sentimental, de campo, a impressão total, intuitiva, superficial, exterior, enquanto a técnica dá o tom racional, a impressão particular, interior, das leis ou conteúdos ou estruturas.

                            Mas agora é preciso observar que não se trata só do estudo da luz, mas ainda do som, dos cheiros, dos gostos e das pressões.

                            Então devemos estudar o SOM pelo lado da técnica, do que é desapaixonado, e pelo lado da arte, do que é emocional. E o som comporta aparelhos, instrumentos, máquinas. Comporta psicologia (espaçotempo psicológico, geo-histórico, geográfico-histórico; figuras ou psicanálise; objetivos ou psico-síntese; produção ou economia; organização ou sociologia). Comporta estudos da chamada Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia, vida e vida-racional, que é a psicologia acima referida – isto é, a que seres racionais a que se destina), a pirâmide pessoambiental (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos, empresas; AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo), e o resto todo do modelo.

                            Veja só que complexidade.

                            Agora que estão procurando na Física a Teoria de Tudo, vale a pena unificar os conceitos nas tecnartes (TA) do corpo.

                            Veja que, no fundo, trata-se de saber COMO TOCAR A ALMA HUMANA. De um lado o emissor da TA e do outro o receptor, o ser humano, conforme seja mulher ou homem, adulto ou criança, negro ou branco ou amarelo ou vermelho, velho ou jovem, pobre ou rico, gordo ou magro, alto ou baixo, instruído ou não, e todos os pares polares cabíveis.

                            Qual é, em cada caso das TA e para conjunto da pirâmide pessoambiental, a relação de maior rendimento, isto é, a taxa de maior transferência de informação para controle ou comunicação? Qual é o MINIMAX (máximo com o mínimo) da ENEGRAFIA como um todo?

                            Pergunta de grandes desdobramentos, creio.

                            Vitória, quarta-feira, 17 de abril de 2002.