domingo, 11 de dezembro de 2016


E o Clube de Roma Virou Herói...

 

                            Em 1968 o Clube de Roma publicou um livro, Limites do Crescimento, que causou furor nas esquerdas, e prontificou as direitas a deter o crescimento dos pobres (pois os recursos, dizia o Clube, iriam se esgotar; e, neste caso, é melhor que sobre para os ricos), no que ficou conhecido nestes 34 anos como ECO-FASCISMO, isto é, usar a ecologia como tampão para o crescimento dos países que então eram chamados depreciativamente de países subdesenvolvidos, o que os fazia se enfurecer e querer o desenvolvimento a qualquer custo, tencionando os parcos recursos do mundo, serem renomeados como países em desenvolvimento, o que pode passá-los apenas de ultra miseráveis para supermiseráveis com louvor.

                            Não é uma entidade secreta, como a Maçonaria (os homens de preto), nem a AMORC (Venerável Sociedade Rosa-Cruz), nem os Iluminnatti. Nem é violenta como a Camorra italiana ou a sua versão americana, a Máfia. Nem é instituição científica como o Instituto Hudson, do falecido Herman Kahn, nem a Corporação RAND, futurologistas em nome e a favor dos EUA. Nem é secretíssimo como o Grupo Bildenberg, nem sombria como a Comissão Trilateral, nem ostensiva como o agora falecido Fórum de Davos, que estava chamando atenção demais com as manifestações.

                            Foi fundado em 1968 por 30 especialistas, homens públicos que depois ficaram ainda mais famosos e participaram da definição de muitas políticas mundiais, inclusive o que agora é a globalização (que Maurice Strong prefere chamar, em vez de GOVERNO MUNDIAL, que implica direção de uns por outros, SISTEMA MUNDIAL, que parece implicar democracia e participação igualitária).

                            Recebendo o repúdio geral das esquerdas, porque significava a condenação de bilhões ao subdesenvolvimento e à fome, em lugar de ir buscar novas frentes de ondas tecnocientíficas que abrissem o cenário da produção e da organização, o assunto tratado em Os Limites do Crescimento caiu forçosamente no esquecimento.

                            Eis quando, em 2002, olhando na Internet, vejo o Clube de Roma sendo aclamado quase como herói, como se fosse ele o responsável pela onda ecológica e por todo o trabalho dos ecologistas, quando o recado foi claro: “olhem, os recursos vão acabar. Vamos cuidar de nos apropriarmos deles, antes que os pobres e miseráveis o façam”.

                            Seria como se, passados os 57 anos desde a Segunda Grande Guerra, os israelitas erguessem em Israel uma estátua de Hitler, para saudá-lo como o Salvador da Pátria.

                            Ora, vamos!

                            Agora mesmo, deixado afastado de propósito todos esses anos, reolhado O Ano 2000, de Herman Kahn, podemos ver que está cheio de previsões erradas, sempre em desfavor dos então pobres e miseráveis. Foi escrito em 1967, 35 anos atrás, e a maioria de suas previsões foi para o brejo, o que não declina a qualidade do estilo fascista, a fluência negativista do texto, a sobriedade da pseudodemonstração.

                            É preciso reler também Os Limites do Crescimento, não apenas como crítica, mas para ver até os extremos a que nós seres humanos podemos chegar para afastar o próximo, que deveríamos, segundo Jesus, sentir bem próximo de nós. A que enormidades podemos recorrer para preservar nossas condições de sobrevivência, a ponto de declarar uma nova linha imaginária Norte-Sul entre os pós-industrializados e os “em processo de industrialização”, quer dizer, os que ainda devem chegar à industrialização que eles já estão abandonando, ou, lendo ainda de outra forma, os que devem comprar suas máquinas obsoletas, sua poluição, suas relações degradadas de trabalho, etc.

                            É demais, para qualquer um.

                            Isso deve nos prevenir com relação aos EUA e a ALCA, ou a NAFTA, ou qualquer coisa que venha dos ricos (EUA, Japão, Europa).
                            Vitória, sábado, 13 de abril de 2002.

É Boa a Situação do ES?

 

                            Por muito tempo os brasileiros quase em geral nos tinham como um caso perdido, um estado permanentemente subdesenvolvido, que seria melhor manter como uma espécie de reserva de “natureza intocada” próxima, apesar de já então a Mata Atlântica local ter sido reduzida de 95 % em 1500 para 30 % ou menos em 1960, sendo agora, em 2002, de 5 % ou menos da área do estado.

                            No mínimo confundiam Vitória com Vitória da Conquista, ou até Vitória de Santo Antão, e diziam que o motivo da criação do estado era colocar mais distância entre a Bahia e o Rio de Janeiro.

                            Então, diante de tanta negatividade, comecei a analisar seriamente nossa posição.

                            1º) – por ter sido bloqueado até 1975, quando foi concluída a ponte que na BR 101 em Barra Seca liga Linhares a São Mateus, logo após a Reserva de Sooretama, portanto o Sudeste ao Nordeste, por 475 anos o estado foi impedido de se desenvolver como tampão em relação às preciosas Minas Gerais.

O que há de bom nisso é que quase tudo que existe no ES é muito recente, têm menos de 27 anos. Por exemplo, em 1971, quando vim estudar, a população da “Grande Vitória” era de menos de 300 mil habitantes, enquanto agora passa de 1.300 mil, um milhão a mais. Casas, prédios, tecnologia, tudo tem menos de 27 anos, o que significa que nossas coisas vêm de tecnologias mais recentes, inclusive eletricidade, telefônica, portuária, etc.

                            2º) – podemos tomar os 45 mil km2 de área como um retângulo de 100 por 450 km, de tal modo que o estado é dimensionalmente dos mais governáveis do Brasil, junto com Rio de Janeiro, Alagoas e Sergipe. É fácil ir de qualquer lugar a qualquer lugar, enquanto na Bahia pode haver distâncias de 1.300 km.

                            3º) – os bancos de dados da Enciclopédia Abril dão a participação do PIB capixaba no PIB brasileiro como sendo de apenas 1,5 %, o que está abaixo do índice de 1970. Contudo, em 1992 ele já era, pelos dados do ex-secretário da Fazenda Sérgio Vergueiro, 2,36 %, o que nos colocava acima de 120 nações. Calculando em 1985 a partir de consumo de eletricidade e recolhimento de ICMS vi que ele estava, já naquela época, disputando o oitavo lugar na federação.

                            4º) – num raio de 500 km temos duas grandes capitais, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. E à nossa volta a irreverência dos cariocas, o molejo dos baianos, a operosidade dos mineiros, três grandes estados, com os quais podemos aprender a criar uma mistura. Num raio de 1.000 km, temos São Paulo, Salvador, Brasília e Goiânia.

                            5º) – temos 500 km de praias, com as montanhas situadas a 50 km delas, de modo que num mesmo dia podemos de manhã tomar banho de sol e de tarde curtir um friozinho e tomar vinho.

                            6º) – há muitos portos ligando-nos ao mundo, tornando-nos cosmopolitas e abertos, e grandes empresas que podem ser guias de desenvolvimento, quando não parceiras ativas dos governos.

                            7º) – há ainda 440 km2 em Sooretama e na Reserva da CVRD de Mata Atlântica intocada, um ecopatrimônio extraordinariamente valioso para a indústria farmacêutica nacional e internacional.

                            8º) – o povo é bom, ordeiro. E há uma região metropolitana bastante grande para o que é necessariamente grande, cidades médias condutoras do desenvolvimento interior e bucólicas cidadezinhas e distritos à volta.

                            Certamente você pode descobrir muitos outros motivos.

                            De modo que comecei a pensar que, inversamente do que se dizia, a posição do Espírito Santo é muito boa, senão ótima ou excelente, perto de outras. É claro que há muito a fazer, os índices de pobres e miséria são alarmantes, falta esgotamento sanitário, o abastecimento de água é precário em várias regiões, a eletrificação não se completou, e a telefonia não chegou aos índices mais avançados.

                            Mas, se há um lugar e um tempo em que eu gostaria de ter nascido, foi nesse espaçotempo capixaba, que pesem os desgostos com os governantes e com as lideranças políticas em geral, a estupidez das elites, e várias outras deficiências.

                            Está bom, porém pode melhorar muito.

                            Entretanto, não somos, nem de longe, aquilo que diziam de nós.

                            Muito pelo contrário, o ES está prestes a explodir numa enorme onda de operosidade, construção, desenvolvimento real sustentável, alta tecnociência. E nem é pedir muito, é o nosso destino. É fatal.

                            Vitória, quinta-feira, 11 de abril de 2002.

Duplaneta

 

                            O livro de ficção científica de Jack Vance, Planeta Duplo, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1979 (sobre edição americana de 1976), é formidável. Ele tem a capacidade de criar cenários nos quais podemos nos sentir circulando e personagens consistentes aos quais podemos nos identificar, em termos de propósitos.

                            Fala de dois planetas, Masque e Skay, que giram em torno da estrela Mora. Outrora os homens, numa primeira leva de colonização, chegaram a eles, formando duas raças da espécie, os saidaneses de Skay e os djanadeses de Masque. Muito mais tarde, a ponto de essas duas raças terem formado povos “de grande antiguidade”, chegou mais uma leva de homo gaea, o ser humano da Terra. Doze das 14 companhias se assentaram numa porção do norte de Djanad, depois chamada Fantaéria, em correspondentes doze distritos, professando nova fé propagada por Eus Fantário, o Explanador da Verdadeira Fé. A 13ª. Companhia, não querendo admitir a “Tripla Divindade” do profeta, foi apartada e banida para a separada província de Clarim, no extremo noroeste. A 14ª. Companhia, os “irredimíveis”, completamente ateus, foi expulsa para Dahobay, mais ao norte do Longo Oceano, e quase completamente destroçada. Lá os remanescentes se fundiram com o misterioso povo local.

                            E é quanto basta para Jack Vance criar uma obra prima ainda não filmada, mas deliciosa em tudo. Você não pode perder.

                            Bom, o assunto aqui não é o livro, propriamente.

                            É a visão de dois planetas girando juntos, porque isso nos faz lembrar a Lua e a Terra, que são na astronomia chamados de planetas irmãos ou planeta-duplo.

                            No modelo vi que a Terra está, atualmente, no que denominei “toróide da vida”, TV. Toróide quer dizer “o que tem a forma de toro”, um anel em volta do Sol pelo qual a Terra transita em sua translação/rotação. Quando o Sol era maior e ejetava mais energia pode ser que o toróide estivesse em Marte; quando for menor e ejetar menos, pode ser que mude para Vênus.

                            Não é apenas a Terra que está nele. Provavelmente ele poderia comportar vários diâmetros terrestres de um e outro lado. Como o diâmetro da Terra tem 12,7 mil quilômetros, pode ser que o TV seja de, digamos, 10 milhões de quilômetros de cada lado, sendo a distância daqui até o Sol, de 150 milhões de quilômetros, chamada de UA, unidade astronômica. Então, talvez o TV seja de 20 milhões de quilômetros, incluindo não somente a Lua como também qualquer planeta que estivesse girando na posição adequada.

                            Para haver vida é preciso estar presente a chamada Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo e fogo/energia), no centro da qual, incidentalmente, pode se constituir a Vida geral e no centro do centro a Vida-racional, por exemplo, esta humana.

                            Na Lua há fogo/energia vinda do Sol, tão abundante quanto na Terra.  Com certeza há terra/solo, pois o diâmetro lunar sendo de 3,5 mil quilômetros, a área superficial é de 38 milhões de km2, 4,47 vezes a área do Brasil. Há alguma água misturada no solo, bastante para a colonização futura a partir da Terra, mas infelizmente não há o ar, que também é fundamental. A Lua, com apenas 1/6 da gravidade do nosso planeta, não conseguiu reter nenhuma atmosfera útil à criação da Vida.

                            De outro modo, começando independentemente lá ou cá, a queda de meteoritos acabaria por ejetar replicadores de um para outro local, contaminando-se mutuamente os dois mundos nos primeiros bilhões de anos, digamos até a metade da existência conjunta.

                            Veja só que maravilha teria sido se Vênus (95 % do diâmetro terrestre) e a Terra tivessem formado um par desde as origens!

                            Ou lá, nesse gêmeo terrestre, haveria vida desde o princípio, ou agora poderíamos colonizá-lo, ou vice-versa.

                            Melhor se ambos tivessem vidas independentemente formadas e evoluídas. Que prazer enorme para todas as ciências e os outros conhecimentos todos!

                            Infelizmente não aconteceu, a Lua é estéril, não teve filhos, mas só o pensamento já pode render muitos filmes de FC e muitas teses de mestrado e doutorado, além de linhas de pesquisa & desenvolvimento.

                            Vitória, sexta-feira, 26 de abril de 2002.

Debates em Soma Zero

 

                            Os conjuntos são, no modelo, PESSOAIS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) ou AMBIENTAIS (municípios/cidades, estados, nações e mundo), em grupo PESSOAMBIENTAIS.

                            Tomemos os DEBATES EMPRESARIAIS (um debate individual seria, tipicamente, “falar com seus botões”).

                            Universalmente os debates nas empresas têm um ponto de fuga, a dominância, a urgência das soluções. Só que o modelo mostrou nitidamente que NÃO EXISTE um sem o outro, solução sem problema acoplado. Toda carga de soluções traz consigo uma conexa carga de problemas.

                            Então propus o conceito de NEGADOR DIALÉTICO, uma criatura ou grupo organizado para a negatividade, quer dizer, para fuçar e achar os pontos fracos das soluções, não deixando de esmiuçar nenhuma fraqueza dela. Porque nenhuma empresa pode desejar uma solução fraca, que não preveja colateralmente os problemas associados, que podem causar danos estrondosos no futuro.

                            Como a gente vê nos filmes, empresas que derramam substâncias nos ambientes e depois são obrigadas a pagar centenas de milhões de dólares, digamos as indústrias americanas do fumo, obrigadas a pagar em 30 anos muitas e muitas dezenas de bilhões de dólares aos hospitais dos estados.

                            Num mundo cada vez complexo, em que as pessoas e os ambientes estão cada vez mais buscando na Justiça seus direitos sacrossantos, com respostas monetárias equivalentes às ofensas, as empresas que não se cuidarem podem ser arrastadas a dificuldades enormes, causando embaraços notáveis aos investidores e acionistas.

                            Não se trata de uma questão vaga, de um discurso filosófico desnorteado, metafísico, cabalístico, nada disso.

                            É a mais pura utilidade. O mais sincero auto-interesse.

                            Claro que as empresas devem caminhar.

                            Ninguém pode querer um debate que siga para sempre, tudo tem limite, é preciso impor margens categoricamente firmes a esse debate, que deve ser necessariamente incisivo e direto, visando uma resposta de maioria, daqui para frente conhecedora dos riscos de ambos os lados, o do fazer e o do não-fazer, e para ambos fazendo previsões de caixa no “lucros e perdas” (LP do fazer e LP do não-fazer).

                            Em vista dessa necessidade de caminhar, as instruções aos negadores dialéticos devem ser de objetividade, coerência, ausência de agressividade, falta de particularismos (ódios pessoais não podem medrar), abordagem metódica ou tecnocientífica, e assim por diante.

                            Então, de preferência, tais DEBATES EM SOMA ZERO devem ser postulados, enquanto livro-texto, por um grupo tarefa do conjunto do empresariado, trabalhando o complexo para torná-lo simples e inteligível por todos os membros das diretorias ou grupos de tomadores de decisões.

                            Vitória, sábado, 20 de abril de 2002.

Conselho Empresarial

 

                            Logo na primeira candidatura do Lula ele, ou o grupo dele, pensaram num “governo paralelo”, como se estivessem num parlamentarismo, em que o primeiro ministro pode cair a qualquer momento e deve ser substituído imediatamente por outro, cujo partido precisa estar inteirado do que se passa no governo, até nos mínimos detalhes.

                            No presidencialismo isso não se passa, PORQUE há o vice-presidente, e a equipe de governo continuará a mesma, se o presidente morrer, for assassinado ou afastado do cargo.

                            Mas faz todo sentido que haja no empresariado uma replicação dos poderes do governo, porque em conjunto os empresários têm interesse em replicar as funções, para saber melhor como se dirigir aos governantes e aos políticos, isto é, deve haver um eco do Judiciário, do Executivo e do Legislativo, claramente sem qualquer intenção explícita ou velada de tutoramento, o que seria absurdo.

                            Aqui a minha pregação é da construção desse Conselho Empresarial, reunindo todos os setores da Economia, a saber: agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos, por suas federações nos estados.

                            Dividido em duas secretarias: Empresarial e Governamental, esta última cuidando do governo paralelo, portanto com os departamentos Executivo, Legislativo e Judiciário. Aquela, nos moldes sugeridos, com os cinco setores, em vez de três (agricultura, indústria e comércio), como pensariam até agora.

                            Evidentemente a Secretaria Empresarial cuidará das relações interiores, ao passo que as relações exteriores devem incluir os trabalhadores. E estes devem ser superbem tratados, de forma avançada para avançadíssima, porque constituem o ponto nervoso da existência dos empresários. Então, em particular, o Departamento de Relações com os Trabalhadores deve estar ligado diretamente ao presidente do Conselho. Não pode, em hipótese alguma, ser deixado a cargo de um subalterno.

                            Como os empresários NÃO TRATAM NEM DEVEM TRATAR de governo, sendo o seu lado a administração, e não a política, o Conselho deve criar um Grupo do Conhecimento (ALTO: Magia, Teologia, Filosofia e Ciência; BAIXO: Arte, Religião, Ideologia e Técnica), mais a Matemática, de onde extrairão conhecimento em todas as áreas para as tarefas de administração, às quais se juntam o direito, a economia e a contabilidade. Mais precisamente, deveriam seguir o modelo, por exemplo, em psicologia: espaçotempo ou geo-história empresarial (quando e onde estão eles); figuras ou psicanálise (com quem lidam); objetivos ou psico-síntese (para quê existem); produção ou economia (com que trabalham); organização ou sociologia (como trabalham). Se o empresário não sabe o quê é, nem de onde está vindo nem para onde quer ir, se têm tais crises de identidade, o fracasso será a recompensa dele.

                            Então, pressupõe-se uma homogeneização de procedimentos, funcionamento em bloco, e retreinamento de todos e cada um.

                            Isso quer dizer uma MÍDIA EMPRESARIAL, com TV, rádio, revista, jornal, editora e Internet, de forma que os empresários todos, no ES pelo menos, possam ser alcançados em suas residências, sem necessidade de estar o tempo todo vindo a Vitória. Só especialmente salas de treinamento. É lógico que cada meio isolado não pode repetir os outros, para aumentar o rendimento. Os jornais devem poder ser encadernados, bem como as revistas. Os livros não podem ser repetitivos, nem os assuntos maçantes – devem ir direto ao ponto, de forma breve, clara, categórica, instrutiva, simples, porque se quer pegar o mais simples dos empresários, e não a casta “superior”, quer dizer, o quartil mais alto, os 25 % mais bem informados.

                            Enfim, estando os empresários à frente da nação no que trata de enriquecimento, com tanta desorganização e ineficácia quanto o revela a falta de um programa objetivo identificável, é de surpreender. Isso só pode se dar, no Brasil, com o ultra favorecimento, além dos limites das leis, dos governos ao empresariado.

                            Mas já passou da hora de instituir tal programa.
                            Vitória, quinta-feira, 18 de abril de 2002.

BrasilNET

 

                            Já estão em curso no Brasil a Internet 2 e a RNP, Rede Nacional de Pesquisas, mas não é disso que estou falando.

                            A RNP, por exemplo, embora mais avançada quantitativamente e com materiais proporcionalmente mais adiantados, é a mesma idéia que deu surgimento à ARPANET, a rede militar-educacional que nos EUA em segredo conectava as universidades, centros de pesquisa e os militares nos idos dos 1960. Pelo menos 40 anos de atraso enquanto filosofia.

                            Nem se trata de xenofobia, de separar-nos da corrente universal principal.

                            É mais no sentido de os governos e as empresas unirem-se para facilitar a vida dos internautas, no que tange ao país, aos estados e aos municípios/cidades brasileiros.

                            O navegador Google, digamos, traz 10 mil respostas em frações de segundos, mas essa prodigalidade, por si só, torna-se um defeito, porque ninguém tem tempo de ler item por item até encontrar o que deseja. É preciso que a par da particularização haja uma coletivização dos artigos por famílias, grupos e supergrupos, de tal modo às pessoas encontrarem facilidades prévias.

                            O próprio universo funciona assim: planetas, sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados e finalmente a totalidade do universo.

                            Como eu já disse noutro lugar, se desejamos buscar ESTRELAS COM PLANETAS, obteremos todas as matérias com as palavras ESTRELAS, COM e PLANETAS. Agora já se produz algum refinamento, tipo “ESTRELAS COM PLANETAS” ou ESTRELAS + PLANETAS, em que os nomes devem estar conjugados, ou seja, devem ocorrer um e outro.

                            Chamemos aquela primeira modalidade de ZERO (0), pois ela não faz escolha nenhuma. À segunda de UM (1), pois há uma encruzilhada. Mas, se houver uma matéria do tipo “as estrelas de Hollywood ficam rodeadas de ‘planetas’, seus satélites adoradores”, ela será trazida, o que não faz nenhum sentido para um astrônomo ou astrofísico ou cosmólogo.

                            Então teríamos a BUSCA (0), que traz os resultados mais estapafúrdios, a BUSCA (1), a B (2) = 2 elevado a n = 1, ... a B (n) = 2 elevado a (n-1). B (7) seria igual a 2 elevado a 6 = 64 encruzilhadas, um refinamento muito bom. Isso permitiria levar diretamente ao ponto. Claro que nenhuma pessoa (indivíduo, família, grupo ou empresa) vai se empenhar para produzir gratuitamente esse detalhamento, devendo ficar a cargo dos ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo).

                            Embora eu não tivesse ainda criado a nomenclatura, já falei sobre isso, de modo que não é esse o interesse agoraqui.

                            Trata-se de os governos empenharem-se em tornar a Internet produtiva, em especial essa proposta BrasilNET. Ou seja, o primeiro ponto de pauta é pesquisa de em quantos graus de complexidade o Brasil se apresenta agora. Por GC devemos entender o refinamento pessoal do interesse de cada um. Por exemplo, na divisão clássica do modelo, em relação ao Conhecimento, temos quatro modos altos (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência) e quatro modos baixos (Arte, Religião, Ideologia e Técnica), e a Matemática, nove no total. Depois, na Ciência temos Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6 – doze sub-modos, cada um comportando mais seis divisões, e estas outras seis (daí, na Ciência, 6 x 6 x 6 = 216 (x 4) = 864 + Matemática (que tem seus sub-níveis). Aí entra a Chave CST (Chave do TER: matéria, energia e informação; Chave do SER: memória, inteligência e controle/comunicação). A disponibilidade do banco de dado em cada mundo (são quatro: primeiro, segundo, terceiro e quarto), e assim por diante, de forma que 2 elevado a 12 = 4.096 encruzilhadas, pode ser mais apropriado. Obviamente, se não houver supercomputadores e pessoal dedicado e remunerado não vamos ter progresso algum nisso, e a Internet no Brasil continuará a ser um RECURSO, riqueza em potencial, e não RIQUEZA, potencial realizado.

                            Sem aplicação governamental continuaremos sem aproveitar ao máximo o potencial nascente, e continuaremos a não nos diferenciar dos demais países, até que alguém faça e saia mais uma vez na frente do “gigante deitado em ‘preço’ esplêndido”, tudo muito caro e difícil.

                            Vitória, quinta-feira, 25 de abril de 2002.

Avaliação Estratégica da Bandeira Elementar

 

                            Por Bandeira Elementar entendo uma bandeira como a do Brasil, posta em pé, com os vértices do losango representando o ar, a água, a terra/solo e o fogo/energia, tendo no centro como culminação a Vida-geral e no centro do centro a Vida-racional geral.

                            Posto isto, devemos perguntar-nos se os conjuntos pessoais (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientais (municípios/cidades, estados, nações e mundo) estamos fazendo as fundamentais avaliações estratégicas ou estruturais dos “elementos”, quer dizer, ar, água, solo e energia, mais a vida e a vida-racional. Isso sem falar dos vértices da Bandeira, ou seja, das combinações possíveis dos elementares.

                            No estado do Espírito Santo, por exemplo, estamos?

                            Definitivamente, não, claro, nem seria de esperar.

                            Nem as empresas, nem os municípios/cidades, nem o estado, nem a presença local do governo federal, isolada ou coletivamente, estão preocupados com o andar da carruagem.

                            Até porque tínhamos a concepção de que Deus nos havia dado um mundo e que Ele mesmo cuidaria da manutenção, acontecesse o que acontecesse. Ou seja, sempre estaríamos a salvo, sempre apareceria uma solução de última hora para consertar nossas bobagens.

                            Deus pode ser Pai zeloso, mas certamente os filhos devem crescer e fazer a sua parte no negócio da Família.

                            Não investigamos nossa ÁGUA geral, não temos uma proposta para os horizontes de curtíssimo, curto, médio, longo e longuíssimo prazo. Em 10, 20, 40, 80, 160 e 320 anos, como viveremos? De onde virá a água de abastecimento das residências, das fábricas, dos escritórios, etc.? Que será dos descendentes que colocamos no mundo? Na sofreguidão de cada um de “gozar a vida”, temos dilapidado os recursos.

                            Podemos abordar tais recursos de vários ângulos. Em termos polares, produção e organização. Sabemos que 97 % da água estão nos oceanos; do que resta a maior parte está congelada, e uma fraçãozinha está disponível nos rios, nos lagos, nos lençóis freáticos (as páleo-reservas, ou reservas fósseis). Felizmente o Espírito Santo e o Brasil não padecem os problemas graves a gravíssimos que estão levando às chamadas “guerras da água” pelo mundo afora, mas mesmo assim o governo estadual gaba-se de ter resolvido perspectivamente o problema “até 2016”, daqui a apenas 14 anos.

                            A dessalinização, que corresponderia à produção de água nova, ainda não está no nosso horizonte imediato, portanto podemos deixar a produção de lado e cuidar somente da conservação, que tem AÇÃO no nome, não é passiva coisa nenhuma. Não obstante, alguém já ouviu falar de alguma política de conservação no estado ou nos municípios/cidades ou nas empresas capixabas?

                            E nem falamos do ar, porque aqui olhamos só a emissão particulada, considerada poluição e eventualmente medida.

                            E as terras? Temos alguma avaliação concreta, substancial, palpável? E a energia? E a vida? E a vida-racional espírito-santense?

                            Seria preciso investigar município por município, cidade por cidade, o estado todo, os estados vizinhos, a política federal quanto a nós, a participação mundial, ver todas as soluções que estão sendo encontradas por aí. Lógico, a participação das empresas é fundamental, sem falar dos trabalhadores e suas representações. Criar um Fórum da Bandeira Elementar.

                            Os indivíduos, as famílias e os grupos também podem contribuir.

                            As escolas, as igrejas, as associações de bairro, cada um pode fazer a sua parte, aprendendo de quem sabe e ensinando a quem não sabe. Já passou da hora de enfrentar as questões, pois ainda não são problemas – mas serão, se não nos esforçarmos.

                            Como está o mundo, quanto a isso? Porque, fatalmente, se as pessoas não puderem definitivamente enfrentar os problemas em seus lugares de origem, razões humanitárias abrirão as fronteiras para imigração, tencionando os recursos internos, que são “sobrantes” em relação às dificuldades deles, que de lá ficarão olhando com ganância cada vez maior nossa fartura elementar. “De olho gordo”, como se diz, como já estão na Amazônia.

                            Que tipo de avaliações o ES procederá?

                            Que já tenha passado do prazo de começá-las nós todos sabemos.

                            Vitória, quarta-feira, 10 de abril de 2002.