O
Falso Papel que Nos Deram
Antes desta era “eletrônica” as pessoas
escreviam com lápis impermanente, apagável com borracha, ou com tinta indelével
de canetas-tinteiro de vários tipos, algumas muito caras, de ouro e outros
metais preciosos, ou mais recentemente as esferográficas. Escreviam em pedra ou
metal, barro, papiro, cascas de árvore, velino ou qualquer couro, em restos
recompostos de tecidos ou em papel, a geo-história é muito bacana e
interessante.
BICANETA-ESFEROGRÁFICA (esfera-gráfica:
húngaro-argentino que faz, francês que leva a fama; as canetas esferográficas
são confundidas com a BIC)
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Caneta esferográfica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ponta de uma caneta esferográfica
Canetas esferográficas são um tipo de caneta cuja tinta humedece uma esfera rolante que desliza sobre a superfície,
disponível em varias cores.
Na evolução da caneta, o uso de uma esfera na ponta possibilitou a
distribuição constante e uniforme de tinta, e popularizou o uso deste
instrumento de escrita ao mesmo tempo em que substituía com vantagem a caneta-tinteiro.
Com a invenção da caneta as pessoas passaram e escrever cartas,
postais e livros. Hoje em dia a caneta esferográfica é usada universalmente
para escrever apontamentos e fazer testes.
História
Propaganda comercial numa revista argentina de 1945, promovendo a
primeira Birome.
Posteriormente, o jornalista húngaro e naturalizado argentino László Bíró inventou a primeira caneta esferográfica, na década
de 1930. Ele havia percebido que o
tipo de tinta utilizada na impressão de jornais secava
rapidamente, deixando o papel seco e livre de borrões. Imaginou então criar
uma caneta utilizando o mesmo tipo de tinta. Entretanto, a tinta, espessa,
não fluía de maneira regular. A inovação era prática: enquanto a caneta
corria pelo documento, a esfera girava no interior do bico, recolhendo a
tinta do cartucho e depositando-a sobre o papel; complementarmente, vedava o
reservatório, impedido que a tinta secasse (provocando entupimento da caneta)
ou vazasse. László Biró e seu irmão Georg (um químico), entraram com um pedido de patente da sua
caneta esferográfica em seu país natal, a Hungria, na França e na Suíça[1] em 1938.
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Bic
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Modelo Cristal, clássico da Bic.
Caneta Bic Cristal Fine,disponível na América Latina de cor preta
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Depois dos precursores Charles Babbage
(inglês, 1791-1871) e Ada Augusta Byron King, Condessa de Lovelace, apenas Ada
Lovelace (inglesa, 1815-1852, morreu prematuramente de câncer no útero), o
primeiro computador ficou pronto em 1946, o ENIAC, estamos para completar 70
anos apenas em 2016.
Agora bitescrevemos, escrevemos em BIT’s nas
memórias permanentes ou impermanentes das máquinas, quer dizer, dos
programáquinas. Escrevemos em mapas de zeros e uns. Não é, senão em aparência,
como nesta página que aparece branca na tela do TV - de modo nenhum, é uma
configuração. Para mim aparece como uma tela branca (nem sei se pode aparecer em
outra cor ou formato – além deste, que é “cenário” horizontal, há o “retrato”
vertical que acredito preferível para escritores: neste caso seria preciso
colocar o monitor na vertical).
É verdadeiro, claro, mas é também ilusão.
Gravei muito do que escrevi (e denominei MP
Modelo Pirâmide) em papel, gastando muita tinta e milhares de páginas de papel A4
(não aproveitei o outro lado, o verso, o que considerei perda, não sabia fazer),
tentando proteger em “meio material” (o programáquina também é, daí as aspas) o
esforço; gastei tinta preta e colorida aos montes. Depois de um tempo, tendo
dinheiro, paguei e pedi para imprimirem em CD-DVD, fizeram isso seis anos
passados para três (Alfa Ômega, 175 + 3
Cartilhas e Material Sensível) e
recentemente para outros três DVD (dois no Prova
DiN e um no Testamento), total
de seis: estão lá menos de 55 mil páginas, o esforço de toda uma vida, 95 % do
que fiz – é plástico impresso, não são livros, não seria viável, 275 livros de
200 páginas, 100 folhas, custo enorme.
LIVROS QUE ERAM E DVD
QUE SÃO
(aquelas belas coisas estão reduzidas a estas também belas, mas não tão dignificadas
pela geo-história)
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Eram assim, belos e raros ...
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Dizem que são imperecíveis, mas só Deus não
some.
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... agora são “livros-minuto”.
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Wikipédia
DVD (abreviatura
de Digital Versatile Disc , em português, Disco Digital Versátil) é um
formato digital para arquivar ou guardar dados, som e voz, tendo uma maior
capacidade de armazenamento que o CD, devido a uma tecnologia óptica
superior, além de padrões melhorados de compressão de dados, sendo criado no
ano de 1995 ...
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Neste sentido de que há alguma impermanência
no DVD, para o qual precisamos de delicadíssimo programáquina conversor, em
relação ao livro, para o qual já levamos em nós o tradutor, nos deram falso
papel.
Também desejo reclamar que a Vida-racional
toda é Papel geral falso, no sentido de nos atribuírem tarefas compensativas
idiotas.
SOMOS COMPENSADOS
PELA ESTRANHA TAREFA DE MERGULHAR NO JOGO GERAL QUE É A TERRA-TELA (no Houaiss
digital)
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COMPENSAR
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Verbo
Transitivo direto
1. equilibrar,
contrabalançar
Ex.: c. dois pesos
Transitivo direto, bitransitivo, intransitivo e
pronominal
2. corrigir ou anular
(um mal, um dano, um incômodo) [com uma ação oposta]
Exs.: a qualidade do recital compensou a longa espera
Compensava o tédio com viagens ao exterior
A Índia ficava distante, mas seu comércio compensava na
vida, o bem e o mal se compensam
Intransitivo
3. acarretar lucro,
benefício ou vantagem; valer a pena
Ex.: sempre compensa guardar
alguns momentos para leituras
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Somos consolados pelo empenho com o sentido
da falsa permanência. Antes, na Europa de 300 ou 200 anos passados, faziam
edições muito caras de mil exemplares, o que era uma festa, repetida na década
dos 1970 no Brasil em números parecidos, enquanto nos EUA e na Rússia soviética
faziam edições de milhões de exemplares, supostamente milhões liam, pelo menos
compravam ou iam a bibliotecas. Agora, em toda parte, todo mundo escreve livros
de papel, enquanto escrevo em bytes e plástico.
ESTAR A SERVIÇO, para mim, ou QUERER FICAR,
permanecer, para outros, dá no mesmo, trata-se da grande ilusão que é o
universo.
Serra, quinta-feira, 20 de agosto de 2015.
GAVA.