segunda-feira, 14 de novembro de 2016


As Crianças que Vemos por Aí

 

Não sei se foi nos extra-bíblicos que li que as pessoas são inocentes até os 13 anos (seria porisso que os judeus fazem o Bar Mitzvah dos meninos aos 13 anos, outorgando-lhe idade adulta?).

BAR MITZVAH

Uol Mulher
Bar-mitzvá (filho da lei ou do mandamento em hebraico) significa a transição mais importante na vida de um judeu e acontece quando o menino completa 13 anos e a menina 12. Segundo o judaísmo, a partir dessa idade, os adolescentes alcançam a maioridade na tradição da religião.13 de set de 2012
Bar-Mitzvah, do menino, aos 13.
Bat-Mitzvah, da menina, aos 12.
http://tucsontorah.org/wp-content/uploads/2013/05/930196486.jpg
http://wp.production.patheos.com/blogs/lovejoyfeminism/files/2013/04/Landerhaven-Bat-Mitzvah-102-of-25.jpg
Todos os ritos são ilusões de pertencimento, querem nos transmitir a ideia de que pertencemos ao grupo elaborador do cerimonial de admissão, instrumento de seleção de quem entra e exclusão de quem ficou de fora; é um ritual de submissão, de domesticação, como as escolas também fazem, diariamente nos submetendo a uma infinidade de gestos que nos cativam e aprisionam na comunidade (por quais lembranças emotivas os soldados vão morrer vários anos depois). Do mesmo modo, e sem pensar nisso, procedem as famílias.

Como disse Saint-Exupéry, “tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas”: neste caso deveríamos colocar escolas, instituições, governos, municipalidades, estadualidades, nacionalidades que nos encantam e aprisionam na condição de aprisionadores.

Até os sete anos, limite da “faixa de impressão”, como a chamei, ou até os 13 anos, que julgo ser o limite da inocência somos conduzidos (aqueles que têm sorte de não serem espancados e são bem tratados por famílias boas) dentro de margens, encurralados nas tabelas, preparadas para cativar: todo aquele prazer que sentimos nos faz querer voltar, nos faz querer reinventar o passado, do qual ficamos prisioneiros pelo resto da vida.

DICIONÁRIO ONLINE EM PORTUGUÊS

Significado de Cativar
v.t.d. v.bit. e v.pron. Ficar ou permanecer cativo (perder a liberdade); estar preso (fisicamente ou moralmente); sujeitar-se: alguns agricultores cativaram animais selvagens; mantinha cativo de suas necessidades; cativou-se à inteligência do orientador.
v.t.d. Figurado. Manter em sua posse; conservar: seus pensamentos cativavam o sorriso daquela senhora.
Figurado. Conseguir a atenção ou o afeto de; seduzir: tentava cativar sua chefe com presentes.
v.pron. Figurado. Ficar apaixonado por; enamorar-se: cativou-se do colega de classe.
(Etm. do latim: captivare)

Fomos enamorados da existência e queremos permanecer nela para usufruir mais prazeres. Assim é feito quando somos mais frágeis e mais dependentes, mais influenciáveis e capturáveis, quando mais acreditamos, quando somos crédulos. É bom para muitos, ótimo para um tanto menos e excelente para poucos (como foi para mim, nasci de pai e mãe ótimos).

Em todo caso, é cativeiro.

MARX NADA (sentido como esse, tão legal, você não iria querer que fosse imposto no final – precisamos, para participar das ilusões da vida, que ele seja entregue logo no começo, isso nos faz acreditar pelo resto da vida, uns mais e outros menos: pagamento inicial antes do trabalho, forçando-nos a crer que novos estipêndios serão pagos após as tarefas seguintes)

A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.... Frase de Karl Marx.
HISTÓRIA
Acontecimento.
PRIMEIRA REPETIÇÃO
Tragédia.
SEGUNDA REPETIÇÃO
Farsa.

Pelo resto de nossa existência vamos acreditando - o que pode ser crença até excelente - e vamos tentando recuperar os “amigos de infância” e até os primos e primas que compartilharam: sentimos saudade.

SAUDADE, PALAVRA TRISTE (saudade, a lembrança triste de que já tivemos e não temos mais: é comparação de estados emocionais; não é racional, se fosse seria livramento)

Meu Primeiro Amor
Hermínio Gimenez - Versão: José Fortuna E Pinheirinho Jr
 
Saudade, palavra triste quando se perde um grande amor
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor
Igual uma borboleta vagando triste por sobre a flor
Seu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for
Você nem sequer se lembra de ouvir a voz deste sofredor
Que implora por teus carinhos, só um pouquinho do seu amor

Meu primeiro amor tão cedo acabou
Só a dor deixou neste peito meu
Meu primeiro amor foi como uma flor
Que desabrochou e logo morreu

Nesta solidão sem ter alegria
O que me alivia são meus tristes ais
São prantos de dor que dos olhos caem
É porque bem sei quem eu tanto amei não verei jamais

Saudade, palavra triste quando se perde um grande amor
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor
Igual uma borboleta vagando triste por sobre a flor
Seu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for
Você nem sequer se lembra de ouvir a voz deste sofredor
Que implora por teus carinhos, só um pouquinho do seu amor

Meu primeiro amor tão cedo acabou
Só a dor deixou neste peito meu
Meu primeiro amor foi como uma flor
Que desabrochou e logo morreu

Nesta solidão sem ter alegria
O que me alivia são meus tristes ais
São prantos de dor que dos olhos caem
É porque bem sei quem eu tanto amei não verei jamais

A infância é, nesta medida que estou apresentando, o aprisionamento dos fracos. Ficamos o resto da vida tentando recuperar o que “tanto amei não verei jamais”, never more.

As crianças que vemos por aí – inclusive no espelho – são todas prisioneiras das várias instâncias em que foram capturadas: mãe e pai, lar, escola, emprego, nação, mulher/marido, filhos, amizades, colegas, conhecidos, bares, bibliotecas, livrarias, livros, mídia, tudo mesmo.

E continuamos crianças, porque nos lembramos dos “tempos bons”.

Quer dizer, velhos já, continuamos encarcerados.

Serra, quinta-feira, 20 de agosto de 2015.

GAVA.

 

 

 

 

 

QUANDO FAZ BOM TEMPO (nem todos tem essa sorte)

A MAIS ANTIGA
A MAIS RECENTE

Meus Tempos de Criança

Ataulfo Alves
 
Eu daria tudo que eu tivesse
Pra voltar aos dias de criança
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança
 
Aos domingos, missa na matriz
Da cidadezinha onde eu nasci
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí
 
Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor, onde andará?
Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia
Jogo de botões sobre a calçada
Eu era feliz e não sabia

Tempo Bom

Moisés/João Paulo
 
Daquele tempo de menino
Ainda tenho no meu peito muita saudade
Rodar pião,
Estilingue no pescoço e papagaio pra soltar
Mamãe me acordava cedo
Menininho toma banho,
Vai se aprontar
Vou ficar lhe vigiando
E no caminho da escola você vê se dá um jeito de não se sujar
E sempre com os meus amigos
Uma chegada na lagoa não fazia mal
E não faltava um bate bola no campinho
Improvisado no quintal
E tudo que chegou primeiro
Minha primeira namorada se perdeu de mim
E só ficou minha viola, meu cavaco,
Meu pandeiro e tamborim
Que tempo bom
Que tempo bom que não volta nunca mais
Que tempo bom que não volta nunca mais

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