As Crianças que Vemos
por Aí
Não
sei se foi nos extra-bíblicos que li que as pessoas são inocentes até os 13
anos (seria porisso que os judeus fazem o Bar Mitzvah dos meninos aos 13 anos,
outorgando-lhe idade adulta?).
BAR MITZVAH
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Uol Mulher
Bar-mitzvá
(filho da lei ou do mandamento em hebraico) significa a transição mais
importante na vida de um judeu e acontece quando o menino completa 13 anos e
a menina 12. Segundo o judaísmo, a partir dessa idade, os adolescentes
alcançam a maioridade na tradição da religião.13 de set de 2012
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Bar-Mitzvah, do menino, aos 13.
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Bat-Mitzvah, da menina, aos 12.
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Todos os ritos são ilusões de
pertencimento, querem nos transmitir a ideia de que pertencemos ao grupo
elaborador do cerimonial de admissão, instrumento de seleção de quem entra e
exclusão de quem ficou de fora; é um ritual de submissão, de domesticação,
como as escolas também fazem, diariamente nos submetendo a uma infinidade de
gestos que nos cativam e aprisionam na comunidade (por quais lembranças
emotivas os soldados vão morrer vários anos depois). Do mesmo modo, e sem
pensar nisso, procedem as famílias.
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Como disse Saint-Exupéry, “tu te tornas
eternamente responsável por aquele que cativas”: neste caso deveríamos colocar
escolas, instituições, governos, municipalidades, estadualidades,
nacionalidades que nos encantam e aprisionam na condição de aprisionadores.
Até os sete anos, limite da “faixa de
impressão”, como a chamei, ou até os 13 anos, que julgo ser o limite da
inocência somos conduzidos (aqueles que têm sorte de não serem espancados e são
bem tratados por famílias boas) dentro de margens, encurralados nas tabelas,
preparadas para cativar: todo aquele prazer que sentimos nos faz querer voltar,
nos faz querer reinventar o passado, do qual ficamos prisioneiros pelo resto da
vida.
DICIONÁRIO
ONLINE EM PORTUGUÊS
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Significado de Cativar
v.t.d.
v.bit. e v.pron. Ficar ou permanecer cativo (perder a liberdade); estar preso
(fisicamente ou moralmente); sujeitar-se: alguns agricultores cativaram
animais selvagens; mantinha cativo de suas necessidades; cativou-se à
inteligência do orientador.
v.t.d. Figurado. Manter em sua posse; conservar: seus pensamentos cativavam o sorriso daquela senhora. Figurado. Conseguir a atenção ou o afeto de; seduzir: tentava cativar sua chefe com presentes. v.pron. Figurado. Ficar apaixonado por; enamorar-se: cativou-se do colega de classe. (Etm. do latim: captivare) |
Fomos enamorados da existência e queremos
permanecer nela para usufruir mais prazeres. Assim é feito quando somos mais
frágeis e mais dependentes, mais influenciáveis e capturáveis, quando mais acreditamos,
quando somos crédulos. É bom para muitos, ótimo para um tanto menos e excelente
para poucos (como foi para mim, nasci de pai e mãe ótimos).
Em todo caso, é cativeiro.
MARX NADA (sentido como esse,
tão legal, você não iria querer que fosse imposto no final – precisamos, para
participar das ilusões da vida, que ele seja entregue logo no começo, isso nos
faz acreditar pelo resto da vida, uns mais e outros menos: pagamento inicial
antes do trabalho, forçando-nos a crer que novos estipêndios serão pagos após
as tarefas seguintes)
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HISTÓRIA
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Acontecimento.
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PRIMEIRA REPETIÇÃO
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Tragédia.
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SEGUNDA REPETIÇÃO
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Farsa.
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Pelo resto de nossa existência vamos
acreditando - o que pode ser crença até excelente - e vamos tentando recuperar
os “amigos de infância” e até os primos e primas que compartilharam: sentimos
saudade.
SAUDADE, PALAVRA
TRISTE
(saudade, a lembrança triste de que já tivemos e não temos mais: é comparação
de estados emocionais; não é racional, se fosse seria livramento)
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Meu Primeiro Amor
Hermínio Gimenez - Versão: José Fortuna E Pinheirinho Jr
Saudade, palavra triste quando se perde um
grande amor
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor Igual uma borboleta vagando triste por sobre a flor Seu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for Você nem sequer se lembra de ouvir a voz deste sofredor Que implora por teus carinhos, só um pouquinho do seu amor Meu primeiro amor tão cedo acabou Só a dor deixou neste peito meu Meu primeiro amor foi como uma flor Que desabrochou e logo morreu Nesta solidão sem ter alegria O que me alivia são meus tristes ais São prantos de dor que dos olhos caem É porque bem sei quem eu tanto amei não verei jamais Saudade, palavra triste quando se perde um grande amor Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor Igual uma borboleta vagando triste por sobre a flor Seu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for Você nem sequer se lembra de ouvir a voz deste sofredor Que implora por teus carinhos, só um pouquinho do seu amor Meu primeiro amor tão cedo acabou Só a dor deixou neste peito meu Meu primeiro amor foi como uma flor Que desabrochou e logo morreu Nesta solidão sem ter alegria O que me alivia são meus tristes ais São prantos de dor que dos olhos caem É porque bem sei quem eu tanto amei não verei jamais |
A infância é, nesta medida que estou
apresentando, o aprisionamento dos fracos. Ficamos o resto da vida tentando
recuperar o que “tanto amei não verei jamais”, never more.
As crianças que vemos por aí – inclusive no
espelho – são todas prisioneiras das várias instâncias em que foram capturadas:
mãe e pai, lar, escola, emprego, nação, mulher/marido, filhos, amizades,
colegas, conhecidos, bares, bibliotecas, livrarias, livros, mídia, tudo mesmo.
E continuamos crianças, porque nos lembramos
dos “tempos bons”.
Quer dizer, velhos já, continuamos
encarcerados.
Serra, quinta-feira, 20 de agosto de 2015.
GAVA.
QUANDO
FAZ BOM TEMPO
(nem todos tem essa sorte)
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A MAIS ANTIGA
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A MAIS RECENTE
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Meus Tempos de Criança
Ataulfo Alves
Eu daria tudo que eu
tivesse
Pra voltar aos dias de criança Eu não sei pra que que a gente cresce Se não sai da gente essa lembrança
Aos domingos, missa na
matriz
Da cidadezinha onde eu nasci Ai, meu Deus, eu era tão feliz No meu pequenino Miraí
Que saudade da
professorinha
Que me ensinou o beabá Onde andará Mariazinha Meu primeiro amor, onde andará?
Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia Jogo de botões sobre a calçada Eu era feliz e não sabia |
Tempo Bom
Moisés/João Paulo
Daquele tempo de
menino
Ainda tenho no meu peito muita saudade Rodar pião, Estilingue no pescoço e papagaio pra soltar Mamãe me acordava cedo Menininho toma banho, Vai se aprontar Vou ficar lhe vigiando E no caminho da escola você vê se dá um jeito de não se sujar E sempre com os meus amigos Uma chegada na lagoa não fazia mal E não faltava um bate bola no campinho Improvisado no quintal E tudo que chegou primeiro Minha primeira namorada se perdeu de mim E só ficou minha viola, meu cavaco, Meu pandeiro e tamborim Que tempo bom
Que tempo bom que não
volta nunca mais
Que tempo bom que não volta nunca mais |



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