Revista de Sacanagem

 

Coloquei com meus amigos, um é jornalista, tem “a carteirinha”, diz ele, pode assinar qualquer publicação, é exigência.

Não é daquelas de pornografia, de jeito nenhum.

A PORNO-GEOGRAFIA EXAGERADA VIROU SAFADEZA (prejudica as crianças e a família, deve ser banida para os 2,5 % e seus aderentes, 5,0 % de tolerância com os doentes identificados e em tratamento)

	Tradução mental errada.

É a outra sacanagem.

É SACANAGEM

Houaiss digital.

Substantivo feminino 1       Uso: informal ou tabuísmo. Ato, dito ou procedimento próprio de sacana ('devasso', 'espertalhão', 'trocista'); sacanice 2      Uso: informal ou tabuísmo. Ato praticado contra alguém como gracejo ou ludibrio; peça, partida, sacanice 3      Regionalismo: Brasil. Uso: informal ou tabuísmo. Comentário divertido ou perverso que se faz sobre alguém ou algo; troça, gozação, sacanice 4      Uso: informal ou tabuísmo. Ato perverso; maldade, deslealdade 5      Uso: informal ou tabuísmo. Ato libidinoso ou imoral; libertinagem, devassidão 6      Uso: informal ou tabuísmo. Ato ou efeito de masturbar (-se) 7      Uso: informal ou tabuísmo. Procedimento que transgride as regras no campo das práticas sexuais (a palavra delimita todo um campo de práticas diferentes) 8      Rubrica: culinária. Uso: informal, jocoso. Acepipe de pedaços de salsicha, queijo, pimentão etc. espetados num palito

Internet.

1. Sacanagem Significado de Sacanagem Por Sergio Velcic (SP) em 02-10-2007 ·  oCompartilhe no Facebook! oCompartilhe no Twitter! oCompartilhar!! oIncorporar odenunciar abuso Atitude de ética duvidosa. -O que nossos políticos estão fazendo conosco é uma grande sacanagem!

Foi neste último sentido.

Fazem conosco porque a gente não reage, como em outros tempos nossos avôs e avós politicamente incorretos reagiam gritando, esbravejando, enfrentando diretamente com o risco da própria vida.

A Grande Geração, a que viveu depois das dificuldades geradas pela Grande Depressão, a nascida em volta de 1922, que atravessou a Segunda Guerra Mundial de 1939 a 1945 e em seguida a 1952 desejou proporcionar-nos todo tipo de facilidade e uso, criou monstros da Pequena Geração de 1952 a 1982 e os super-monstros de 1982 a 2012, a Micro Geração, que tudo quer e tudo pode: a liberdade extrema gerou a quantidade inusitada de violências e desrespeitos.

AS SACANAGENS QUE ABORDAMOS (estas e muitas mais)

Desrespeito e desconsideração.	Assassinos do povo e do país.
Proteção e impunidade.	Dinheiro de primeira para obras de terceira.

Essas e outras putarias.

Éramos 11, dois estão foragidos no Brasil mesmo (estão à procura deles para responder processos de difamação), quatro estão presos (parece que estão sofrendo sevícias nas cadeias), um se retratou, um morreu de acidente quando um carro desgovernou na praça e matou só ele, um se afastou por motivos de saúde (engasgou com uma espinha de peixe que foi obrigado a engolir), dois parece que foram procurar abrigo na África, ninguém mais soube deles, já procuraram, não teve jeito.

Serra, quarta-feira, 03 de fevereiro de 2016.

GAVA.

Reunião de Redução de Preço

 

Os vendedores de cocos (água e por vezes a polpa da amêndoa verde) de Jaca decidiram fazer essa reunião no final de novembro, para reduzir os preços, que alguns diziam estar elevados.

VENDEDOR – então, vamos baixar para quatro?

VENDEDOR II – claro, Beto, quatro tá bom, cinco é demais.

BETO – por quê, Carlinhos?

CARLINHOS – bem, por um lado é exagerado, por outro a clientela vai urrar, vai reclamar com força.

VENDEDOR III – Cacá, você sempre com essa de beneficiar a clientela, eles têm muito para gastar, vem de longe, juntaram o ano inteiro, é só um mês de férias...

CACÁ – certo, Rodo (porque ele queria “passar o rodo”, pegar tudo, açambarcar, na outra encarnação talvez tenha sido um Barão Ladrão americano), mas a questão é que eles têm de pagar “uma baba” de aluguel desses 30 dias, tenha consideração, sô.

RODO – consideração o caralho! Alguém tem consideração por mim? Tenho de tirar nesses três meses o do ano inteiro. Além do que cinco é metade de 10 e é uma nota só, não tem de dar troco.

BETO (que tinha se colocado como chefe da reunião, ninguém o pusera nessa condição, ele mesmo que se arvorou, gostosão, metido a cavalo do cão, só porque tinha sido jogador de basquete, 2,10 metros, ah, tá bom) – Rodo, aí também não, baixa a bola, vamos devagar com o andor que o santo dá porrada. Quatro tá bom, gente?

GENTE (todos, menos o Rodo) – tá.

BETO (olhando em volta) – o Zeca tá com o dedinho levantado. Quer falar alguma coisa, Zeca?

ZECA (todo tímido) – não poderia ser três?

RODO – cala a boca, seu idiota!

BETO – peraí, Rodo, ele é sócio, tem direito de falar, isso aqui é uma democracia vigiada, tô de olho, fala, Zeca.

ZECA (intimidado) – olhe só, gente, no ano passado o preço era dois reais, a inflação vai ser, pelas estimativas, pouco mais de 10 % em 2015, no verão de 2016 poderíamos vender a três e ainda seriam 50 % de aumento.

RODO (cochichando) – se esse cara vier ano que vem, eu não venho.

BETO – não dá, Zeca, a maioria votou, os vendedores de amêndoas cobravam um real, agora cobram um e meio, temos de lucrar alguma coisa, você vai querer filar cerveja dos outros?

ZECA (envergonhadíssimo) – não, né?

BETO (dando a discussão por terminada) – então, gente, é quatro mesmo, tá? Sem redução, se alguém vender a três cês vem me falar.

Sentindo a barra, Zeca programou ser camarada em 2017.

Serra, sábado, 16 de janeiro de 2016.

GAVA.

Renascerá

 

MÚSICAS INCRÍVEIS

Renascerá Os Incríveis   Meu bem está longe daqui Não sei porque fugiu de mim Mas algum dia voltará E o passado passará Tudo de novo entre nós dois Renascerá Meu coração não quer sofrer Ele partiu não sei porque Mas algum dia voltará E o passado passará Tudo de novo entre nós dois Renascerá Meu bem está longe daqui Não sei porque fugiu de mim Mas algum dia voltará E o passado passará Tudo de novo entre nós dois Renascerá Meu coração não quer sofrer Ele partiu não sei porque Mas algum dia voltará E o passado passará Tudo de novo entre nós dois Renascerá

O telefone era um daqueles antigos, pretos, de colocar no suporte e com disco, uma raridade.

FONANTIGAMENTE

Antigos.	Intermediário.
Um pouco antes.	Tivemos um desses.

A mocinha foi pegar no telefone, em cima a avó falou.

AVÓ – não pega nele.

MOCINHA (assustada) – que é isso, vó?

AVÓ – não pega nessa pôrra.

MOCINHA (escandalizada) – vó??!!

AVÓ (terminante, incisiva) – não toca nele. Não te dei um celular de quatro mil reais?

MOCINHA (chorosa) – mas ele tá lá no quarto.

AVÓ – então vai buscar. Nesse aí você não mexe. Sua mãe não falou para você? Tem 57 anos que esse telefone taí. Nem seu avô mexia nele.

MOCINHA (sem perceber que estava colocando limão na ferida) – por quê?

AVÓ – ele sabia o que era bom pra tosse.

MOCINHA (querendo a amizade da avó, que lhe dava muitas coisas) – poxa, vó, eu não sabia, pensava que era brincadeira de mamãe.

AVÓ – brincadeira, brincadeira? Ela contou da reguada que levou? E seu tio apanhou de cabo de vassoura, contou?

MOCINHA (arrependida, buscando uma saída) – não, tem anos que não nos vemos.

AVÓ – porque ele não vem aqui, se vier e pegar no telefone de novo vai levar cabo de vassoura.

MOCINHA (sem noção) – por que ninguém pode tocar no telefone?

AVÓ – não interessa.

MOCINHA (sentindo o peso do diálogo) – vou fazer dever de casa, tá bem?

Serra, terça-feira, 09 de fevereiro de 2016.

GAVA.

Rapagão se Forma e Retorna a Aldeia Pequenina

 

Pois bem, o super-menino foi crescendo e Vila Pequena só fazia diminuir, nitidamente encolhia, algumas casas eram demolidas, as moças também, só aguentavam uma, ele era muito ativo, elas fugiam, ele ficava aborrecido, descontava nas montanhas, foi assim que a agora Aldeia Pequenina ficou planície fértil e mecanizável. Antes era uma cadeia de montanhas, de fato dificultava um pouco, era parte dos Apalaches.

Ele foi e voltou ao condado, como Sam, virou jornalista, contava a vida de todo mundo, ninguém podia reclamar, liberdade de imprensa, liberdade literária.

LIBERDADE DE IMPRENSA

O verbo imprensar: eu imprenso, tu imprensas, se ele imprensa não é tão bom, Charles imprensa demais, abusivamente.

Rapagão, agora super-homem formado, jornalista, foi trabalhar no jornal, pensava que liberdade de imprensa era promover a liberdade através da imprensa, era um inocente, mas útil, super-inocente, aquele bobalhão com cara de bobalhão, para disfarçar ele usava óculos, era um negócio quente, adotou o nome de guerra de Caco Quente.

Só que antes de sair de Aldeia Pequenina (que já tinha sido Vila Pequena) transformou-a em Micraldeia, Povoado, depois Patrimônio, a coisa só fazia contrair, com isso ele contratou um estatístico para manipular a estatística e parecia que tudo ia bem, igual fotografia tirada de longe por profissional, fica bonito pra danar, igual o Brasil quando a gente não fala dos problemas.

Ele foi para Medópolis, a Cidade do Medo, a cidade grande, se empregou no Planeta Diário, sempre com mania de grandeza. Fazia bicos lá, porque tinha empresas, uma quantidade enorme de MEI (microempresa individual), depois eu conto, tudo para burlar o governo - quer dizer, o povo, que paga impostos -, esporte nacional, como também sonegar.

Serra, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2016.

GAVA.

Rapagão Sai de Vila Pequena

 

Rapagão, o super-rapaz que já tinha sido o super-menino ou Meninão de Vila pequena tinha se tornado adolescente, já contei, ele arrasou, principalmente na fase das espinhas, ih, cara, o bicho pegou mesmo, aquele sujeito que implicou com a namorada dele? Bem, as buscas continuam, o pessoal não perde as esperanças, alguém ouviu dizer que ele foi para a Mongólia Interior, mas são somente boatos, outros falam Namíbia, deserto de Gobi, é muito variado, especulações.

Parece que ele falou “esse lugar é pequeno demais para nós dois”, quer dizer, ele e a cidade, não sei, parece improvável, conheço ele, não falaria assim, alguém aumentou, porém é verdade que ele foi embora e a cidade ficou menor, virou Aldeia Pequenina, houve uma redução do número de moradias, aquela fase de especulação imobiliária nos EUA até o subprime de 2008, as pessoas estavam indo embora para a cidade grande, êxodo rural, você já ouviu falar.

Que eu sei MESMO é que ele foi fazer faculdade.

A mãe, claro, continuava sozinha depois da morte do pai, os homens passavam ao largo, bobagem, só porque ele esmigalhou as pernas de um até os joelhos, compensou com os conhecimentos superiores de alien e conseguiu pernas novas para o rapaz (mais pra frente ele colocou várias empresas de alta tecnociência K, de Kriptown, Cidade de Krypton, mas esta é outra história).

NOVAS PERNAS DO HOMEM DE AÇO (devemos agradecer muito a essa gente dedicada)

Aldeia Pequenina nem parece mais a mesma sem ele.

Mais sossegada, mais tranquila, os terremotos pararam, os rios que mudavam inexplicavelmente de curso estão calmos, as frutas pararam de cair fora de estação, ah! É uma paz que vou te contar.

Em compensação parece que há algum desassossego na cidade onde fica a faculdade, as pessoas vêm tentando explicar.

Algo melhora, algo piora, 50/50, é a vida.

Parece que ele ficou nervoso e a escola TODA mudou de lugar 80 metros, mas sem a pintura ficar arruinada, nem nada, pelo contrário, depois parecia que tinha tudo sido emassado direitinho e a pintura era nova.

Nervosos da juventude, uma ou outra palavra rude.

Serra, domingo, 07 de fevereiro de 2016.

GAVA.