O Brasil que Ficou em Dependência

 

O Brasil tirou várias notas ruins na Escola da Vida. Tem passado de ano “pelas pontas”.

AS NOTAS RUINS DO BRASIL

TAREFA	NOTA (dê você)
A grilagem de terras.
A Lei Kandir.
A venda de produtos a preços degradados ao estrangeiro.
As matas ciliares (os cílios dos rios) degradadas.
As queimadas qualitativa e quantitativamente imensas na Amazônia.
Os desvios de verbas, toda a bandidagem do Congresso (veja A Privataria Tucana, de FHCB, os escândalos de Lulambão, Honoráveis Bandidos, do ex-presidente Sarninha).
Os lixões contaminando os aqüíferos.
Os miseráveis nas favelas e nas palafitas.
Os super-juros internos que levaram a dívida interna de 16 bilhões em 1994 a mais de 1.000 bilhões em 2012.
Produtos de má qualidade por preços altos.
Quase 100 % da Mata Atlântica desaparecidos.

A lista em todos os setores, se feita por especialistas, seria tão grande que uma vida inteira não bastaria para esmiuçar, mesmo pegando só o período da república.

E isso visto de dentro, porque as críticas de fora, não tendo o autocontrole do amor pátrio, seriam muito mais acerbas (e verdadeiras).

O BRASIL VISTO DE FORA (dá cada fora)

Daria um bom título de livro para um pesquisador: todas as falhas mais ou menos clamorosas do país que vai para frente aos tropeções.

ESTE É UM PAÍS QUE VAI PARA FRENTE (mas o modo como vai é absolutamente ridículo, uma das elites mais exploradoras de todos os tempos e espaços)

Serra, segunda-feira, 10 de setembro de 2012.

O Busão de Higgs

 

Sempre fiquei pensando que Higgs tinha carro, pois todo mundo que ganha 1,5 SM (salário mínimo) no Brasil pode adquirir, segundo dizem, o que é difícil de acreditar, pois o carro custa 15 % em depreciação, 4 % em IPVA, 6 % em seguro, 100 km/dia em trânsito (e o correspondente combustível), pneus, limpeza e mais uma tonelada de coisas, de modo que calculei em 1/3 do preço o custo anual de produto novo. Claro que depois de 15 anos fica isento de IPVA e há outras reduções para o carro velho ou de pobre.

Mesmo assim encuquei, pois fiquei sabendo que o Higgs não tinha carro. Caramba, então como ele faz? Andar a pé essas distâncias urbanas é impraticável, mesmo o maior dos andadores não conseguiria, nem sequer um corredor.

Mais e mais eu me perguntava sobre o busão (como o povo diz, o grande bus) de Higgs.

Ninguém sabia responder, ninguém tinha visto.

Demoraram em encontrar.

Só com muita luta descobriram.

BÓSON DE HIGGS (a chamada “partícula de Deus”)

	Onde está o bóson de Higgs? O Wally dos físicos.

É porisso!

Aí está a explicação.

É particular-de-Deus, só podia mesmo ser, “andando com Deus” só Higgs, e Jacó tantos milhares de anos atrás (ou Enoque, dizem, porque eu não estava lá, não posso dizer nem que sim nem que não, é o que ouço dizer).

Aí, hem, Higgs, andando com Deus, né? No escondidinho com o chefão, com o Pai de Todos. É porisso! Alguma coisa tinha, não era à toa que Higgs andava para lá e pra cá no “busão de Higgs”, com ar condicionado, com pneus tala-larga, com eixo alto, com estabilização perfeita nas curvas e tudo mais, é o chefão, está explicado.

Assim até eu!

Por quê esse privilégio?

E esse tempo todo o Higgs na regalia, só na maciota...

Serra, terça-feira, 04 de setembro de 2012.

Música Clássica

 

Música de classe, de classe mesmo, classuda, das altas, lá do Olimpo musical, da estratosfera dos sons, é a música clássica. É a classe A das músicas, música rica, a nobreza, a elite.

É o que eu penso, não sei os outros.

Depois vem o quê?

Sei lá, as instrumentais, eu acho, que são músicas da quais foram tiradas as letras e ficaram só as melodias.

CLASSIFIC/AÇÃO

CLASSE	TIPO	OPINIÃO DOS PROFISSIONAIS (1 a 100)
A, rica	Clássica
B, médio-alta	Instrumental suave, bossa nova, jazz, soul, MPB
C, média	Samba, baião, mambo, salsa, merengue, xaxado, pagode
D, médio-baixa ou pobre	Instrumental pesada, heavy metal, rock
E, miserável	Funk

A NOBREZA DO SANTO

Já ouvi, sim, fino paladar, quer dizer, fina audição, são os mestres-cucas que tocam nossa cuca, vou te dizer, é bão.

Meu sonho é ir a uma grande apresentação em teatro grande.

Não é todo mundo que pode ouvir, alguns vão desprezar, achar que é frescura, eu também pensava assim, viu? Depois fui ouvindo aos poucos, perdi o preconceito, agora sou fã, o pessoal aqui do bairro fica zoando, jogam pedra quando toco, porisso coloco fone de ouvido, não ligo mais meu possante de estrondear, outro dia deram tiro, foi preocupante, sim, não vou negar, tô doido para sair de perto desses selvagens.

Vou para uma praia isolada, vou colocar a rende entre dois coqueiros e vou ligar meus cinco mil watts de potência à toda, vou arrebentar, nem quero saber se focinho de porco é tomada. Vou proteger o som, o aparelho, tá na cara, já comprei os CDs e DVDs, nem quero baixar da Internet, quero pureza do som, tá bom?

Eu sou assim, dou valor ao que é bom, não ligo para a vizinhança, fico na minha, tou juntando dinheiro para pular fora, nem que seja para um lugarzinho em Santa Cruz, Aracruz (aquela mesmo da celulose, mas fica longe).

Quero nem saber, vou curtir a beleza.

Serra, quarta-feira, 12 de setembro de 2012.

Na Realidade

 

As pessoas dizem “na realidade” como se pudessem vê-la.

Na realidade, isso é só impressão.

O QUE OS OLHOS E OS SENTIDOS NÃO VÊEM E NÃO CAPTAM O CORAÇÃO NÃO MENTE (de fato, a pessoa pensa que está vendo, mas não está vendo senão porçãozinha)

1.       Não vemos nada além de 25 quadros por segundo ou 25 fps (frames per second);

2.       Como a velocidade da luz fica próxima de 300.000.000 m/s, desde um metro de distância 300 milhões de mensagens estão chegando pontualmente a nós (vemos o espaço, mas é espaço temporalizado, não vemos o espaço todo NO INSTANTE, ao contrário do que pensamos: não estamos vendo toda a sala no mesmo momento, TEMOS COMPREENSÃO da sala porque tudo incide no cérebro, que ao processar ENTENDE como sendo a mesma);

3.      Não vemos o tempo, porque o tempo não existe, é batimento, é pulso, não é espaço para ser visto (o tempo, tal como o compreendemos, é decorrência, é acontecimento ENTRE DOIS ESPAÇOS); o tempo, tal como o pensamos, é lógica derivada do espaço, a notação das modificações – o tempo é inferido;

4.      De todas as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e de todos os AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e mundos) só vemos uma fraçãozinha; mesmo de nós não vemos - com o consciente que está em vigília - o tempo do inconsciente, do sono, e tudo que fica necessariamente oculto DA MEMÓRIA VIGILANTE ainda que durante a vigília;

5.      Não vemos quase nada do espaço da Terra até os antípodas; não vemos das 10²² estrelas senão o Sol e durante o dia enquanto brilho, um círculo branco-amarelo;

6.      Não vemos do sistema solar quase nada;

7.      Não vemos dentro do planeta;

8.      Não vemos além das paredes;

9.      Enfim, achamos que vemos grande coisa, mas não vemos, é mais o sentido de imersão, o de estarmos rodeados, e o de aceitação, porque aceitamos vastamente desde crianças: desde o útero nossos sentidos já nascem inundados pela não-negação (nenhuma criança aprende ou é ensinada a não-ver e não-aceitar).

Nós falamos “na realidade” como se estivéssemos inseridos nela, mas pode ser mesmo tudo engano, tudo sonho, tudo Matrix. Temos um bombardeio tão superior à negação que não podemos contrariar: aceitamos como evidente, como tautológico, como eminentemente real.

Serra, quinta-feira, 06 de setembro de 2012.

Ministro da Porrinha

 

Em 1987 escrevi ao governo federal para reduzirem os então 27 ministérios (acho que era isso, seria preciso recorrer aos documentos caso desejássemos precisão) propondo a redução deles a quatro; quando Collor entrou, reduziu a 11. Quando Lulambão entrou elevou a algo em torno de 40 (não faço questão de saber) e a Dilmandona parece estar dilatando ainda mais.

Pois neste caso criou o Ministério da Porrinha.

A ILUSTRÍSSIMA PORRINHA (é jogo fácil, só precisa de três palitos de fósforo, cada qual cortado ao meio, cada um dos dois jogadores ficando com três metades; se forem mais jogadores divisão apropriada) – o povo que sabe jogar porrinha ajudando o povo que não sabe.

Não há muita variação, porque o espaço de probabilidades é pequeno, “batendo-se as mãos” (fechadas) continuamente, duas a duas.

O JORNALISTA (todo embaraçado) – Ministro, o que há de tão importante na porrinha a ponto de ser necessário todo um ministério para ela?

MINISTRO (mais sem graça ainda, mas tirando leite de pedra) – procê ver, até jornalistas bem informados como vocês não sabem da porrinha, de sua história, da vivência participativa que ela engendra, da intensidade do jogo antigamente, dos veneráveis intelectuais que já jogaram e ainda jogam...

A JORNALISTA – Ministro, o senhor vai implementar a porrinha?

MINISTRO (entusiasmando-se com a deixa) – disse-o bem, cara senhora, como toda certeza implementaremos. Não resta a menor dúvida, os estrangeiros precisam saber da importância nacional da porrinha, fator de integração nacional, pois a porrinha é jogada em todo o território do país (olha para o assessor, esperando confirmação ou negação), vamos difundir nossos valores!! (Fica muito animado e saltitante).

OUTRA JORNALISTA – Ministro, a presidanta cobrou providências? Gritou com o senhor?

MINISTRO (rindo um pouco) – gritar, gritou, mas já estou acostumado. Ri. Ri de novo. – É um carinho que ela faz na gente, um tapinha com luva de pelica com tijolo dentro.

O JORNALISTA – Cobrou ou não cobrou?

MINISTRO (sentindo-se cobrado, reagindo mal-humorado com o jornalista) – Cobrou, tá certo, mas já estamos trabalhando junto com o Ministério do Bambolê e o Ministério da Piscina Infantil no sentido de juntar esforços. Não pense que estamos parados!

Serra, terça-feira, 04 de setembro de 2012.

Meu Anjo

 

Nisso de anjo de guarda comecei a pensar desde cedo.

Há algumas dificuldades notáveis:

1.       Onde ficam estocados os anjos antes de cada um nascer?

2.       Assim como as almas, quais são os vínculos biunívocos, um-a-um, e como se dão, qual seu mecanismo?

3.      Meu anjo de guarda nunca foi de ninguém antes ou é um “anjo usado”, de segunda mão?

4.      Os anjos recebem uma espécie de planilha dizendo o que evitar? Do quê estão nos guardando? Existe um “plano de vida” ditado por Deus que suprima o livre-arbítrio ou é assim mais ou menos frouxo?

5.      Ele (o meu) fica o tempo todo comigo ou não?

6.      Se sim, ele se alimenta, tem funções como nós? Espero que não urine no meu pé;

7.      Ele envelhece como eu (se é sempre jovem, há uma disparidade, embora devamos pensar em grande sabedoria deles todos e cada um) ?;

8.      Será que há “troca de guarda”, substituição do atual por outro?

Centenas e centenas de perguntas, assim como para as almas. Uma alma novinha é montada quando surge um novo corpo? E as almas já usadas, quando morre o sujeito? Uma alma só passa por vários corpos? E assim por diante.

ANJO DA GUARDA (já “anjo de guarda” é o colete à prova de balas)

	Essa “anja” tá lendo meu livro sem pedir licença.

Anjo dorme? Vai ver que sim, justamente naqueles momentos em que acabo me metendo em encrenca. OU, ele não dorme e ao ver-me fazendo besteiras autorizadas pelo livre-arbítrio arranca os cabelos? Será que nos milênios todos que existimos os anjos levaram culpa por não terem conseguido nos afastar das sandices?

Depois de tantas perguntas pode ser que meu anjo tenha ficado aborrecido e pedido uma tarefa mais fácil. Sem falar que os anjos de Hitler e outros como eles devem ter recebido severos puxões de orelha.

Serra, segunda-feira, 10 de setembro de 2012.