Egolista
A lista dos egoístas.
Assim como são feitas as listas dos
mais mal vestidos, dos piores filmes, dos piores não sei quê, decidiram fazer a
lista dos 1.000 mais egoístas do mundo. De fato, ampliaram depois para 10 mil e
até pensaram nos 100 mil mais, mas tomaria muito tempo e a competição acirrada
tornava difícil classificar os da ponta traseira.
Por outro lado, para classificar OS 10
MAIS foi um custo!
Isso porque a competição era tremenda.
OS
10 MAIS
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10
MAIS EGOÍSTAS
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MÉDIA
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10
MENOS EGOÍSTAS
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As pessoas davam tudo de si para não
dar coisa nenhuma e se classificarem na ponta, entre os 10 mais egoístas de
agora (que dizer de todos os tempos!). Quais eram os maiores egos? Havia
classificação qualitativa (relativa à imensidão dos egos: Nero nem era o mais
destacado, se você quer saber) e quantitativa (relativa a não-partilhar coisa
alguma).
Alguns até subornavam os juízes.
Ou pelo menos tentavam, pois entre
eles também havia egoístas.
Uns diziam que iam dar as propinas e
não davam, eram excluídos e, para seu desespero, colocados desprezivelmente
quase entre os santos e os altruístas.
Não bastava ter a maior fazenda, era
preciso ter a maior distância até o vizinho mais próximo. NUNCA ter ido
conversar com algum vizinho, mesmo nas enchentes, contava ponto. Se apartar dos
pobres contava ponto. Evitar a aproximação de mendigos também. Abaixar o vidro
da janela do carro para não dar esmola ou comprar limões das crianças nos
semáforos, contava em dobro. Dar qualquer objeto quebrado (por exemplo, um
ferro de passar) que parecesse novo e ao ser usado (embora fosse “dar”) se
mostrasse inútil, provocando risos, contava em triplo. Era muito divertido.
Fingir que se preocupava com o povo era o máximo, mas tão comum entre os
políticos brasileiros que só valia meio ponto.
Que coisa boa!
Passar direito furando fila de banco
para ir conversar direto com o gerente era objeto de menção honrosa, mas não
ganhava ponto, porque não era negação verdadeira, era só aproveitamento.
Dar de Natal brinquedos que quebravam
logo, embora fosse “dar” contava um ponto por brinquedo, porque os atos são
probabilisticamente independentes. Contudo, era preciso ter testemunha e era aí
que o bicho pegava, pois não valia testemunha paga (o que seria contratação,
não espontaneidade).
Enfim, foi processo seletivo difícil,
vou te dizer.
Demasiada gente egoístas para
verificar.
Serra, quarta-feira, 20 de junho de
2012.
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