sexta-feira, 2 de novembro de 2018


Egolista

 

A lista dos egoístas.

Assim como são feitas as listas dos mais mal vestidos, dos piores filmes, dos piores não sei quê, decidiram fazer a lista dos 1.000 mais egoístas do mundo. De fato, ampliaram depois para 10 mil e até pensaram nos 100 mil mais, mas tomaria muito tempo e a competição acirrada tornava difícil classificar os da ponta traseira.

Por outro lado, para classificar OS 10 MAIS foi um custo!

Isso porque a competição era tremenda.

OS 10 MAIS

Descrição: http://www2.bioqmed.ufrj.br/enzimas/pH3.gif
10 MAIS EGOÍSTAS
MÉDIA
10 MENOS EGOÍSTAS
Descrição: http://lista10.org/wp-content/uploads/2012/05/10-mais-poderosos-de-2012.jpg

As pessoas davam tudo de si para não dar coisa nenhuma e se classificarem na ponta, entre os 10 mais egoístas de agora (que dizer de todos os tempos!). Quais eram os maiores egos? Havia classificação qualitativa (relativa à imensidão dos egos: Nero nem era o mais destacado, se você quer saber) e quantitativa (relativa a não-partilhar coisa alguma).

Alguns até subornavam os juízes.

Ou pelo menos tentavam, pois entre eles também havia egoístas.

Uns diziam que iam dar as propinas e não davam, eram excluídos e, para seu desespero, colocados desprezivelmente quase entre os santos e os altruístas.

Não bastava ter a maior fazenda, era preciso ter a maior distância até o vizinho mais próximo. NUNCA ter ido conversar com algum vizinho, mesmo nas enchentes, contava ponto. Se apartar dos pobres contava ponto. Evitar a aproximação de mendigos também. Abaixar o vidro da janela do carro para não dar esmola ou comprar limões das crianças nos semáforos, contava em dobro. Dar qualquer objeto quebrado (por exemplo, um ferro de passar) que parecesse novo e ao ser usado (embora fosse “dar”) se mostrasse inútil, provocando risos, contava em triplo. Era muito divertido. Fingir que se preocupava com o povo era o máximo, mas tão comum entre os políticos brasileiros que só valia meio ponto.

Que coisa boa!

Passar direito furando fila de banco para ir conversar direto com o gerente era objeto de menção honrosa, mas não ganhava ponto, porque não era negação verdadeira, era só aproveitamento.

Dar de Natal brinquedos que quebravam logo, embora fosse “dar” contava um ponto por brinquedo, porque os atos são probabilisticamente independentes. Contudo, era preciso ter testemunha e era aí que o bicho pegava, pois não valia testemunha paga (o que seria contratação, não espontaneidade).

Enfim, foi processo seletivo difícil, vou te dizer.

Demasiada gente egoístas para verificar.

Serra, quarta-feira, 20 de junho de 2012.

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