Contrastes
Sou desenhista, faço cartuns para
viver, criei vários interessantes ao longo da vida, até fiz exposição fora do
Brasil, inclusive na Polônia. Como hobby, fotografo. Em minhas andanças de
férias, nas viagens para fora do país, nos encontros profissionais e em toda
oportunidade comecei a fotografar os contrastes: altos e baixos, gordos e
magros, ricos e pobres, sábios e ignorantes, pretos e brancos, ocidentais e
orientais, cristãos e muçulmanos, espertos e idiotas, todo gênero de pares.
O que constrói a amizade?
Essa era a minha pergunta.
Vários falaram muito e muito antes de
mim da amizade em si, depois que foi estabelecida, quando já estava pronta,
quando já funcionava, quando já tinham sido transpostos os fossos separadores.
Esmiuçando, a minha pergunta era esta: o que produz a amizade? O que rompe as
barreiras que separam? Que gestos, que palavras, que favorecimentos, que
pequenas coisas permitem a aproximação e a consolidação dessa coisa tão difícil
(até mais que o amor ou o sexo, porque nestes há o interesse de satisfação
“corporal”, enquanto na amizade há apenas duas mentes se falando com respeito;
e o sexo e o amor podem desaparecer em poucos anos, ao passo que a amizade pode
durar 20, 30, 40, 50, 60 anos ou mais).
É uma centelha.
Um nada e está formada.
Envolve as pessoas mais díspares,
porisso fui à busca dos pares polares logo de cara, batendo milhares de
“chapas”, como se dizia antes da fotografia digital; agora ficou mais fácil,
pois não é preciso revelar e podemos trabalhar eletronicamente em computação,
de forma que, usando-a, excluí os elementos de entorno que não faziam parte da
composição mais interessante: as duas figuras dessemelhantes orbitando uma à
outra.
OS
CONTRASTES
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Peguei só o miolo, as duas figuras
orbitando-se, circulando uma à outra. Que coisa extraordinária é a amizade!
Chamei um psicólogo e uma psicanalista
e nos visitamos durante 25 anos, dos quais resultou este livro escrito a três e
as fotos que estão no DVD anexado, bem como no site www.amigos.com.br.
A própria tarefa foi maravilhosa,
única, muito gratificante. E claro, ficamos amigos, nós dois e ela, as três
famílias passando muito tempo juntas. Fui recompensado de tantos modos que nem
sei contar.
Serra, terça-feira, 19 de junho de
2012.
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