sexta-feira, 20 de outubro de 2017


O Brilho Enganador das Elites e o Passado Não-Resolvido

 

                            Com vimos nos artigos anteriores as elites encarnam o passado, a morte, a história, a paz, as necessidades já atendidas (inclusive as do povo e de todo o desenho psicológico cooptado), os problemas já resolvidos. Então, ela é como uma fruta completamente madura, colocada no limite do acabamento no presente. É claro que esse acabamento é de primeiro mundo para as primeiras elites, de segundo mundo, de terceiro mundo, de quarto mundo e de quinto mundo que, estas, constituem o limite mais baixo (aliás, os primeiros trabalhadores poderiam facilmente derrotar as quintas burguesias – mas é claro que numa situação assim as primeiras burguesias interfeririam para reequilibrar o jogo, porque elas agem protetoramente em todo o mundo; como fizeram no Chile em 1973) do coletivo planificador das elites.

                            Então, nos lugares mais arrojados as elites mais adiantadas resolveram todos os problemas daquele espaçotempo de agoraqui. Elas brilham, mas esse brilho é enganador, ele é passadista, é voltado para trás, para o passado; com todo encanto que possa ter ele tende a se exaurir. Emite toda luz que pode, mas não pode toda a luz, porque uma parte dela está no futuro. Por exemplo, o Brasil tem 20 % (ricos 5 % e médios-altos 15 %) de luz no passado e 80 % (médios e pobres 50 % e miseráveis 30 %) de luz no futuro, isto é, 80 % de surpresas, enquanto no Japão a relação é de 93 % de classes médias para uma fração restante de 7 %, onde com os ricos e médios-altos se incluem os miseráveis, isto é, o Japão só tem pequenina porção de futuro – o Japão se expressa todo agora. Você não poderia dizer que isso beneficia o Brasil, de jeito algum! Pois o futuro pode chegar a nunca existir.

                            Em todo caso, é das elites tudo que foi expresso e é do povo tudo que está por se exprimir. Tudo que está brilhando agora na mídia (TV, Revista, Jornal, Livro/Editoria, Rádio e Internet) e no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) é das elites, não é do povo, não mostra o povo. Tudo que veio à tona é das elites, como os artistas de cinema, os esportistas em evidência, as empresas que deram certo e assim por diante.

                            É claro que esse brilho, essa elegância, essa moda, tudo isso que já deu certo é muito bacana de ver, mas é tudo passado, é tudo que está morrendo, foi a aptidão conseguida na luta com o passado e a morte.

                            Vitória, segunda-feira, 01 de agosto de 2005.

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