quarta-feira, 2 de agosto de 2017


A Sobrevivência da Ferocidade Mais Apta

 

                            Assim como as mulheres escolheram os homens mais altos (e eles as mulheres mais baixas) como forma de dar ao coletivo maior chance de sobrevivência, também selecionaram os homens mais ferozes, mais agressivos, mais intrépidos, mais destemidos, mais ousados, mais tudo que se projetava.

                            Pois é a lógica.

                            Diante de um mundo de ferozes animais carnívoros dos quais eram preciso se defender e aos quais era preciso atacar, ou diante de animais herbívoros mansos que sob ataque se defendiam com fúria inaudita era preciso interpor uma massa de homens que não recuassem, porque as mulheres estavam cuidando de outras coisas, com um bebê nas mãos e outro na barriga a caminho do nascimento, dada a extrema necessidade de multiplicação da espécie. Assim, é cristalino que as mulheres selecionaram os homens mais brutais (enquanto os mantinham o mais longe possível da tribo), mais selvagens, mais violentos, mais hostis, mais combativos, mais aguerridos, mais bestiais. Tudo que avançasse sobre o inimigo (biológico/p.2 e psicológico/p.3), que o despedaçasse, que o arrebentasse, que o estraçalhasse.

Evidentemente a soma é zero e esses homens se voltaram (segundo a Curva do Sino ou das Distribuições Estatísticas ou de Gauss EM TUDO) para dentro também, contra as mulheres e suas crias, e os resultados estamos presenciando até hoje. Se de fato os homens desse modo projetados permitiram ganhar espaçotempo na criação ou evolução da Terra, também é certo que causaram numerosos problemas às mulheres e aos rebentos, batendo e espancando. Quando as mulheres inventaram as primeiras bolhas cavernícolas que foram as precursoras das cidades nascentes há dezenas de milhares de anos atrás, inventaram também a sedentarização dos homens e a internalização da ira. A ferocidade evolui, salta, reevolui, como qualquer objeto; ela muda, ela se reinventa, ela se distende, incorpora novos pensamentos e emoções, ela se traveste, ela de alonga em novos modos de ser e fazer. Ao longo da geo-história temos visto todos os exemplos possíveis e imagináveis.

As mulheres ganharam, claro, mas também perderam. Pois depois de milhões de anos dilatando os primatas através dos hominídeos até chegar aos sapiens, não é mais possível recuar e reinventar molecularmente os homens, a não ser através da reengenharia genética e mais à frente. Por enquanto defesas psicológicas sociais devem ser antepostas.

Vitória, domingo, 24 de outubro de 2004.

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