A Sobrevivência da
Ferocidade Mais Apta
Assim como as
mulheres escolheram os homens mais altos (e eles as mulheres mais baixas) como
forma de dar ao coletivo maior chance de sobrevivência, também selecionaram os
homens mais ferozes, mais agressivos, mais intrépidos, mais destemidos, mais
ousados, mais tudo que se projetava.
Pois é a lógica.
Diante de um mundo
de ferozes animais carnívoros dos quais eram preciso se defender e aos quais
era preciso atacar, ou diante de animais herbívoros mansos que sob ataque se
defendiam com fúria inaudita era preciso interpor uma massa de homens que não
recuassem, porque as mulheres estavam cuidando de outras coisas, com um bebê
nas mãos e outro na barriga a caminho do nascimento, dada a extrema necessidade
de multiplicação da espécie. Assim, é cristalino que as mulheres selecionaram
os homens mais brutais (enquanto os mantinham o mais longe possível da tribo), mais
selvagens, mais violentos, mais hostis, mais combativos, mais aguerridos, mais
bestiais. Tudo que avançasse sobre o inimigo (biológico/p.2 e psicológico/p.3),
que o despedaçasse, que o arrebentasse, que o estraçalhasse.
Evidentemente a soma é zero e esses
homens se voltaram (segundo a Curva do Sino ou das Distribuições Estatísticas
ou de Gauss EM TUDO) para dentro também, contra as mulheres e suas crias, e os
resultados estamos presenciando até hoje. Se de fato os homens desse modo
projetados permitiram ganhar espaçotempo na criação ou evolução da Terra,
também é certo que causaram numerosos problemas às mulheres e aos rebentos,
batendo e espancando. Quando as mulheres inventaram as primeiras bolhas
cavernícolas que foram as precursoras das cidades nascentes há dezenas de
milhares de anos atrás, inventaram também a sedentarização dos homens e a
internalização da ira. A ferocidade evolui, salta, reevolui, como qualquer
objeto; ela muda, ela se reinventa, ela se distende, incorpora novos
pensamentos e emoções, ela se traveste, ela de alonga em novos modos de ser e
fazer. Ao longo da geo-história temos visto todos os exemplos possíveis e
imagináveis.
As mulheres ganharam, claro, mas
também perderam. Pois depois de milhões de anos dilatando os primatas através
dos hominídeos até chegar aos sapiens, não é mais possível recuar e reinventar
molecularmente os homens, a não ser através da reengenharia genética e mais à
frente. Por enquanto defesas psicológicas sociais devem ser antepostas.
Vitória, domingo, 24 de outubro de
2004.
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