terça-feira, 13 de dezembro de 2016


A Queda do Ocidente

 

                            Oswald Spengler (filósofo e historiador alemão, 1880-1936) escreveu entre 1918 e 1922 um livro, A Decadência do Ocidente.

                            Foi uma coisa tão espantosa a ponto de até hoje estar sendo continuamente mencionado, e soou como uma traição. Quem é mais amigo: quem fala ou quem cala? Penso que é quem expõe logo o assunto, dando-nos tempo de corrigir nossos procedimentos supostamente errados - ou não, se os julgamos certos.

                            Creio que esse livro chocante fez muito pelo Ocidente, assim como o aparecimento da Rússia pseudo-comunistas em 1917 e da Alemanha nazista (nacional-socialista), da Itália fascista e do Japão imperialista. Não fossem esses países o Ocidente teria caído muito mais rapidamente. No caso da Rússia, o tratamento muito melhor dado inicialmente aos trabalhadores levou os países do Oeste a reverem suas posições quanto aos operários, abrindo a produçãorganização ou sócioeconomia consideravelmente mais que antes. No caso dos fascistas da Segunda Guerra Mundial foi o perigo de um outro modelo políticadministrativo ou governempresarial, focado na direita totalitária e elitista, e não na esquerda democrática e popular, o que fatalmente empurrou o mundo aliado vencedor para maior democratização e tolerância cristã.

                            Porque, veja só, a Lua também está caindo em direção e sentido da Terra, como nos mostra a Lei da Gravitação de Newton, e depois a Lei da Gravitação de Einstein, esta do espaçotempo geométrico. E assim também a Terra em direção e sentido do Sol. Caem continuamente todos os planetas e satélites, naturais ou artificiais.

                            Acontece que o momento angular ou velocidade centrífuga (pseudovelocidade de fuga do centro) iguala-se à velocidade centrípeta (pseudovelocidade de aproximação do centro) de queda gravitacional ou momento linear, no conjunto a velocidade de aproximação ou soma permanecendo zero ou muito próximo disso. Eles estão caindo e permanecendo no mesmo lugar relativo há bilhões de anos.

                            Veja só que Roma era uma cidade-estado, depois se seguindo a constituição das províncias-estado, mais adiante das nações-estado e finalmente do mundo-estado, a globalização de agoraqui. Não há nada depois do mundo, fora a expansão extraplanetária, que pertence a uma seqüência distinta.

                            Se as pessoas tivessem se dedicado mais à compreensão e uso da dialética teriam visto imediatamente que é um ciclo, cada vez mais amplo, dos municípios/cidades até o mundo. Há queda, mas há também renovação. Há aniquilamento e reconstrução, retração e ampliação, destruição e soerguimento. É um pulsar, agora em expansão.

                            Tanto medo Spengler meteu nas pessoas e nos ambientes, mas isso só porque estes eram frágeis, imaginando-se fortes. Tomaram então um choque, o balanceio do despertar. Investigar o quão importante foi esse autor, por conta desse único livro, já renderia muitas teses de mestrado e doutorado.

                            Ele mexeu com os brios ocidentais.

                            Instaurou e instalou a dúvida permanente, e fez pensar.

                            Desalojou-nos de nossa comodidade, de nossa tranqüilidade tacanha, de sub-desenvolvidos em racionalização, no processo de pensamento. Fez crescer o Ocidente, dilatou-nos como ninguém, fora Cristo e alguns outros, haviam feito antes. Aliás, faz todo sentido perguntar quais indivíduos tiveram mais impacto nesse sentido de estremecer fundamentos da coletividade mundial em geral e particularmente ocidental.

                            Um sujeitinho malicioso e infantil, Michael H. Hart, desejando causar polêmica para vender livros, apresentou no seu livro As 100 Maiores Personalidades da História, 5ª. Edição, Rio de Janeiro, Difel, 2002, uma classificação em que coloca Maomé e Isaac Newton à frente de Jesus. Ele não deveria interferir no que não entende, que compreende mal e expõe mais imperfeitamente ainda.

                            Faltaram-lhe critérios.

                            E, é lógico, não incluiu Spengler.

                            Na Enciclopédia e Dicionário (ilustrado) Koogan/Houaiss, Rio de Janeiro, Delta, 1993, Spengler não recebe mais que quatro linhas da página de três colunas.

                            Mesmo tendo errado, por não usar precavidamente a dialética, lógica das relações, ele foi absolutamente eletrizante. Balançou feio o Ocidente orgulhoso que estava caindo no vago e no etéreo precocemente, com isso sustando a queda por muitos séculos, talvez. Outros eventos de peso ajudaram fortemente – não só os negativos, como a Rússia e os fascistas, como também os positivos (informática/cibernética, bioquímica, telefonia, uma lista grande).

                            Apesar disso, a presença de Spengler segue como um lume.

                            Muito pouco valorizado, é verdade, mas uma luz poderosa, a ser constantemente reavaliada em seus efeitos tangíveis e sutis.

                            Vitória, terça-feira, 07 de maio de 2002.

A Presença de São Paulo

 

                            Vi nascer e evoluir, em meu pouco tempo de vida, a idéia repugnante de que São Paulo foi o verdadeiro criador do cristianismo. Num livro blasfemo, e subversivo no pior sentido, Michael H. Hart, As 100 Maiores Personalidades da História, 5ª. Edição, Rio de Janeiro, Difel, colocou Maomé como primeiro, Newton como segundo, Jesus como terceiro e São Paulo como sexto PORQUE, justificou ele, Jesus e São Paulo devem “dividir” o mérito da construção da religião, e porque Maomé foi ao mesmo tempo líder espiritual, chefe político e guerreiro.

                            É um ignorante metido a conhecedor.

                            É nisso que dá um pesquisador - existem sete níveis: 1) povo, 2) lideranças, 3) profissionais, 4) pesquisadores, 5) estadistas, 6) santos e sábios, e 7) iluminados – falar do que não entende.

                             Evidentemente a presença de São Paulo foi muito importante, ninguém nega isso, mas daí a colocá-lo no nível de Jesus e este em terceiro lugar vai uma distância abismal, renúncia totalmente imprópria do Ocidente e cessão de relevância aos árabes completamente deslocada.

                            Em tudo devemos perguntar pela causa e pelo efeito: o quê gera o quê? Que fato é o precedente? Grande que fosse São Paulo, ele nada poderia ter feito sem uma base adequada, um suporte bastante poderoso, QUE PREVIA E SUSTENTAVA A GRANDEZA DELE, e tantas outras possíveis. Porque tantos foram grandes no cristianismo? Porque Jesus era base que sustentava não só aquelas grandezas do passado e do presente como outras do futuro. Sobre o que Jesus criou não cabe só São Paulo, mas milhares e milhares de intelectuais, de operários, de financistas, de militares, de burocratas. Contudo, intelectuais orgulhosos e daninhos como Hart, achando-se os reis incontestes da cocada preta, vem a público falar um monte de asneiras. Quem sucede Gandhi não se vale da altura dele? Ninguém vai pegar um pedaço de bosta e convencer as pessoas de que se trata de diamante. Para produzir o diamante é preciso pegar a pedra em bruto e trabalhá-la, desbastando-a, DIMINUINDO-A, e foi isso que São Paulo fez, como tantos antes e depois dele.

                            Depois de Moisés, de Buda, de Vardamana (do jainismo), de Cristo, de Gandhi, de Maomé, vieram todos esses intelectuais.

                            Se não há substância nas origens, o que se pode construir?

                            Porque São Paulo era grande ele descobriu em Jesus grandeza equivalente à dele, porém havia muito mais, do que ele passou longe e outros denotaram. Tivesse ou não ele projetado Jesus este continuaria sendo imenso, maior que qualquer coisa que a humanidade já tinha visto antes ou verá, não se sabe durante quanto tempo. Contudo, se São Paulo não tivesse encontrado Jesus, continuaria sendo um pequeno intelectual judeu de cidadania romana, totalmente desconhecido, com uma nota marginal nas páginas da geo-história.

                            É porque algumas pessoas são gigantes que podemos DES-COBRIR suas dimensões depois. Mostrá-la aos demais.

                            Por outro lado, Hart diz que colocou Maomé à frente porque este foi líder religioso, militar e político. Claro! Maomé foi um chefe guerreiro, um pregador da morte alheia, da submissão dos “infiéis”, da Guerra Santa, o Jihad – uma religião belicosa e tantas vezes assassina, a par das bondades características.

                            Jesus, ao contrário, veio pregar a paz, a sensatez, o amor tão grande a ponto de rezar pelos inimigos – uma religião amorosa, sensível, de aceitação universal de todas as pessoas, de dar a outra face para fazer cessar o perigo. Se a estupidez humana não foi capaz de sacar ainda todo o potencial de Jesus, é este que deve ser culpado, ou a humanidade?

                            Por Maomé a humanidade entraria em conflito dilacerante, e é isto que está acontecendo agora, com os atentados de 11 de setembro de 2001.

                            É PORQUE O MUNDO NÃO É SUFICIENTEMENTE CRISTÃO que ainda não estamos em paz universal, pois Jesus disse: PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE. Se não há paz é porque não há boa vontade. E como pode haver boa vontade se Maomé prega a guerra?

                            Deixar os intelectuais e os pesquisadores falarem de coisas mais elevadas, de que eles não compreendem o alcance, dá nisso.

                            Vitória, quinta-feira, 23 de maio de 2002.

A Nébula de Formação

 

                            Tenho uma enciclopédia (“muito antiga”, original de 1962/3 da Grã-Bretanha, versão em português Buenos Aires, Editorial Codex, 1963), portanto pelo original completando 40 anos em 2002, mas com bons nomes dos autores, denominada Tecnirama, Enciclopédia da Ciência e da Tecnologia. Foi uma das minhas paixões de adolescência, dada por um dos meus irmãos, José Anísio, nos anos finais daquela década.

                            No volume I, páginas 210 e ss., fala d’A Origem da Terra e diz que a primeira hipótese foi a de Laplace (físico, matemático e astrônomo francês, 1749 – 1827, 78 anos entre datas), que falava de uma nebulosa com anéis, julgada depois impossível. De fato, a proximidade de outros anéis, a presença do Sol em formação, a contigüidade da matéria do próprio anel, tudo isso contribuiria para desintegrá-lo. Mais certo é o contrário: devido à atração do planeta qualquer satélite que se aproxime além de um determinado limite é desintegrado, como em Saturno.

                            A seguir a Tecnirama acrescenta: “A hipótese de uma nuvem gasosa renasce em algumas teorias modernas. Sugere-se, por exemplo, que num princípio uma nuvem de gases e pó estelar envolvia o Sol. À medida que a nebulosa girava teriam se produzido concentrações, que, por sua vez, pela sua maior massa, se converteriam em centros de atração gravitatória até chegar a constituir grandes núcleos sólidos. Um desses ‘protoplanetas’ seria o antepassado da Terra”, no original com muitos acentos da língua de 40 anos atrás.

                            Primeiro, não havia nenhum “Sol” logo de entrada.

                            E, pensando com mais atenção, devemos ver os cometas de hojaqui como se fossem restos daquela formação primitiva. Eles SÃO, de fato. São hoje exatamente como eram há dez bilhões de anos, quando o Sol começou a formar-se, ou há 4,5 bilhões de anos, quando foi a vez da Terra. Estão situados muito longe, na Nuvem de Öort, ou mais longe ainda, no Cinturão de Kuiper. Os asteróides do Cinturão de Asteróides, entre Marte e Júpiter também são dessa época.

                            Os desenhos sobre as origens de nosso planeta geralmente mostram-no desde o começo como uma bola, redondinha. De modo algum poderia ser assim. A Terra foi, nos primórdios, como qualquer asteróide, por menor que seja, é hoje. E bem antes mesmo foi um cisco de pó, que se juntou a outro, e estes dois a outros. Asteróides juntaram-se também, ficando frouxamente ligados, e assim sucessivamente, de modo que o nosso mundo não estava na posição em que se encontra agora. Isso foi mudando continuamente, para a esquerda e a direita, não se sabe em que ordem.

                            Mais longe ainda a Nébula de Formação era uma nuvem resultante da explosão de uma nova ou supernova, que formam estrelas solitárias ou agrupadas em constelações. Essas estrelas primárias fabricam os elementos mais pesados, que vão ser usados como blocos de construção das estrelas secundárias e planetas.

                            O Sol de modo algum existia no início.

                            Houve uma agregação progressiva em vários dominantes, como descrito no modelo, até um dia surgir o protocentro ao qual foi se juntando cada vez mais matéria, até que ele se acendeu como o protossol, a agregação continuando sempre, até os nossos dias. Recentemente vimos o cometa SL fundir-se a Júpiter, tendo antes se partido em 21 pedaços.

                            A associação continua sempre. O que seria a queda de meteoritos? Do nosso ponto de vista é desastrosa, mas para a natureza zero tudo não passa de somas e subtrações.

                            Dois aqui, outro ali, e assim por diante, até que um dia já havia uma massa disforme, toda cheia de pontas. Com a pressão crescente, a gravidade fez seu trabalho de arredondamento (e aqui teríamos, pela primeira vez, um protoplaneta, onde antes só havia um conjunto de meteoritos), e só muito mais tarde a Terra se tornou uma bola giratória, mais ou menos reconhecível a partir da imagem que temos em nossos dias.

                            Na página 211 o autor (desconhecido) acrescenta: “Se uma estrela passasse muito próximo do Sol poderia provocar nele uma enorme maré que adotaria a forma de um charuto e depois se fragmentaria. Assim seria explicada a variação gradual do tamanho dos planetas (do menor ao maior, de Mercúrio a Júpiter, e depois de maior a menor) e o fato de que os mais distantes do Sol foram os menos densos. Mas há uma dificuldade matematicamente insolúvel: a enorme distância de alguns planetas ao Sol”.

                            Por quê imaginar sempre hipóteses complicadas?

                            A mais simples prevalece. A Natureza não dá essas voltas dificílimas, sendo a menor distância entre dois pontos uma reta, ou às vezes a curva mais simples, que é uma reta diferente.

                            Por uma idéia desse tipo, a formação de planetas seria muito rara, dependendo de duas estrelas passarem próxima uma da outra. E olhe que a distância média na Via Láctea deve girar em torno dos oito anos-luz.

                            Mais adequado é pensar que o mesmo que aconteceu com o Sol aconteceu com todos, em toda parte, em todas as galáxias, e que existem, como já falei, vários sistemas no Sistema (em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de sistemas) solar. O Sistema do Sol com os terrestróides, o Sistema de Júpiter, o Sistema de Saturno, e assim por diante. Agregações, agregações, agregações contínuas e repetidas até a náusea.

                            Por todo o universo zilhões de sistemas, todos diferentes na forma, todos iguais no conceito.

                            Ficar inventando isso e aquilo, esta e aquela particularidade não ajuda em nada. Em alguns casos, claro, essas passagens de estrelas vão ter acontecido, mas não será a regra, porque a regra é a Curva de Gauss para a estatística dos grandes números: pouquíssimos à esquerda, muitíssimos no centro, pouquíssimos na direita.

                            Quando a Tecnirama diz que “é muito provável que os jovens protoplanetas, qualquer que seja sua origem, chegaram ao seu tamanho atual ao incorporar material disperso, por meio de sua atração gravitatória, enquanto giravam ao redor do Sol”, ela mostra o Sol com vários planetas grandes em volta, e uma imensidade de planetinhas se juntando a eles.

                            Como vimos, isso é doideira.

                            A idéia de que há qualquer tipo de privilégio para a quase totalidade dos objetos é primitiva, e depois de Gauss é antimatemática.

                            Devemos pensar na simplicidade como o guia correto.

                            Um modelo simples e geral formando um cenário complexo, tanto aqui como em toda parte. Variações em relação ao centro só devem ocorrer 2,5 % à esquerda e 2,5 % à direita, eu estimo. E adotar as sugestões do modelo que escrevi para a modelação nos supercomputadores de uma nova cosmogonia dos sistemas estelares. Esse é o caminho.

                            Visões extremamente complicadas só distorcem nossas mentes e emperram o progresso das ciências.

                            Devemos nos ater ao que houver de mais singelo, até ao simplório, porque é a mente que torna tudo complexo. Do outro lado a Natureza não tem esses recursos. Embora ela dê saltos nas catástrofes, levando à qualidade nova, como diz a dialética e o modelo repetiu de outro modo, no geral ela acumula lentamente, como diziam os uniformistas. Ou, de outro modo, é Stephen Jay Gould que está certo ao falar do equilíbrio pontuado, quer dizer, evolução com saltos.

                            Vitória, quarta-feira, 15 de maio de 2002.

A Liberdade Diminuída

 

                            Em seu livro, Água (como o uso deste precioso recurso natural poderá acarretar a mais séria crise do século XXI), Rio de Janeiro, Ediouro, 2002, Marc de Villiers diz, página 32: “E talvez a questão mais difícil de todas: em todo ecossistema, além de um ponto crítico dentro de um espaço finito, a liberdade diminui à medida que os números crescem. Isto é tão verdadeiro para os seres humanos em relação aos espaços finitos do ecossistema planetário quanto para os elefantes do Okavango ou as moléculas de gás em um frasco vedado”, grifo e negrito meus.

                            Antes do modelo a gente aceitaria isso como: 1) afirmação do autor, 2) declaração de autoridade, 3) verdade presumida.

                            O modelo não secundou a dúvida metódica cartesiana, porque faz restrições a ela, mas rejeitou como inadequadas as afirmações unilaterais, por a soma é zero, quer dizer, 50/50. Assim, diz ele, A LIBERDADE TANTO DIMINUI QUANTO AUMENTA À MEDIDA QUE OS NÚMEROS CRESCEM.

                            Ela diminui PORQUE um número maior de pessoas, PARA OS MESMOS RECURSOS, conduzirá ao estreitamento do uso potencial dos recursos reais, quer dizer, sua transformação em riqueza unilateral, pessoal (indivíduos, famílias, grupos e empresas).

                            Ela aumenta PORQUE esse número acrescido traz maior conhecimento, maior e melhor aproveitamento dos recursos atuais e descobertas de outros, mais oportunidades, dilatação do SER e de sua rede de apoios ou amparos. Não somos unilateralmente menos livres agora que temos seis bilhões de pessoas, do que quando éramos 100 milhões, há dois mil anos. Quantas coisas estão disponíveis no presente tempespaço que não estavam há 20 séculos?

                            Mas, de fato, ela diminui PORQUE estamos todos mais apertados, não podemos sair correndo pelos campos, já que tudo está cercado pela idéia capitalista de propriedade, atributo do ser-burguês, domínio de classe, conveniência da exploração, predicado dos terra-tenentes, etc.

                            Contudo, ela aumenta PORQUE, desse jeito organizados, podemos multiplicar nossas forças e capacidades, colecionando objetos dos quais nunca saberíamos, com conhecimento mais baixo e menos gente.

                            Logo, o modelo vê com extrema desconfiança esse tipo de declaração. E pergunta: a quem interessa tal afirmativa? A Psicologia refaz a pergunta em vários índices: 1) a quais figuras (pessoais, como vistas, e ambientais: municípios/cidades, estados, nações e mundo) interessam estas postulações?; 2) quais os objetivos por trás delas?; 3) a quais economias/produções elas atendem preferencialmente?; 4) que sociologias/organizações as estão fazendo?; 5) que geo-história ou espaço tempo, ou seja, que dominância políticadministrativa a torna imperativa?

                            Veja que antes os países ricos não a faziam e foi um avanço considerável começarem a ver o perigo, através do movimento ecológico, na realidade de sustentação sócio-econômica.

                            Como se sabe, esse é o neo-malthusianismo, a sobreafirmação de Malthus (economista e demógrafo britânico, 1766-1834, 68 anos entre datas), o capitão das forças antipopulares, de todos os que querem o seu pirão primeiro.

                            É lógico que é preocupante, é evidente que devemos fazer alguma coisa para deter a destruição. A questão central é: o quê? Ela se dividiria, democraticamente, numa consulta geral, universal, de todos os elementos de psicologia, ou seja, todas as pessoambientes, e não apenas aos dominantes de agora, os países centrais, ditos pós-industriais.

                            Se disserem só um lado da sentença (“a liberdade diminui”), então estão servindo a um só lado da humanidade, no caso os que acham que mais gente significa redução da liberdade. Liberdade de quem (figuras)? Liberdade para quê (objetivos)? Liberdade com quê (economia/produção)? Liberdade como (sociologia/organização)? Liberdade quando e onde (espaçotempo ou geo-história, ou dominação políticadministrativa ou governempresariado)?

                            O quê? Eis a pergunta fundamental.

                            Não podemos aceitar as posições dos escritores do primeiro mundo como se fossem o supra-sumo da sabedoria.

                            Elas atendem, evidente e cruelmente, às suas necessidades, conscientes ou inconscientes.

                            Isso nem diz respeito à legítima preocupação do autor, e à sua felicidade de fazer esse apontamento crucial. Diz respeito à moralidade humana, de não usar dois pesos e duas medidas. Quando interessava aos centrais crescer, era plenamente justificável fazê-lo. Quando deixou de interessar, criminosos eram os outros. Claro que andar para frente, na menor distância entre dois pontos, é importantíssimo até que se chegue à borda do precipício. Neste instante mais do mesmo levaria ao desastre e à morte.

                            Contudo, devemos ter cuidado.

                            Como disseram eles, o preço da liberdade é a eterna vigilância.

                            Vitória, terça-feira, 21 de maio de 2002.

A Fantasia como Libertadora

 

                            No modelo há a esquerdireita, a denominação geral dos pares de opostos/complementares.

                            Podemos colocar na esquerda o real ou passado, e na direita o virtual, ou futuro; no centro teríamos o virturreal ou passado (anterioridades) /futuro (posteridades), ou presente (atualidades), porque suprimi os nomes antigos (passado, presente e futuro, como improbabilidades).

                            A prosa toda é virtual, claro, não é real.

                            Na direita, no virtual, tomando-se essa tecnarte, a prosa, podemos dizê-la PROSA REAL e PROSA VIRTUAL, como faríamos com tudo, com todas as demais formas de tecnartes do corpo (da visão: prosa, poesia, fotografia, dança, moda, pintura, desenho, etc.; do paladar: comidas, bebidas, pastas, temperos, etc.; do olfato: perfumaria, etc.; da audição: músicas, discursos, etc.; do tato, sentido central: arquiengenharia, paisagismo/jardinagem, decoração, esculturação, tapeçaria, cinema, teatro, urbanismo, etc.).

                            A PROSA REAL é a que trata do passado, usando o que já conhecemos (porque ninguém, realmente, pode estar completamente afinado com a atualidade, a não ser em si mesmo – quer dizer, manter atual o fluxo de informações, pois quanto mais distante o objeto ou sujeito, mais tempo leva para a informação sair dele e chegar a nós, se a velocidade de transmissão é a mesma). Assim, todos os romances, toda a literatura que descreve tipos humanos, fá-lo sobre o passado, dando lições psicológicas às gentes, em retratos mais ou menos elaborados, desde os grandes mestres até os trapaceiros.

                            A PROSA VIRTUAL divide-se em duas, como coloquei no modelo, a fantasia e a FC, ficção científica, que redenominei FT, ficção tecnológica ou técnica, porque ela obviamente ela não é científica. Só os cientistas fazem em suas disciplinas FC verdadeira. A FT é claramente antecipatória, futurista (todo “ismo” é doença do info-controle/comunicação, informação/controle, IC, agoraqui humano). Ela mira inequivocamente o futuro. Como a fantasia não pode ser realista, como não se volta ao passado, por razões óbvias deve ser fábula, irreal, deve voltar-se ao futuro. Mas não é futuro humano tal como o depreenderíamos por projeção da atualidade.

                            Segue-se que é FUTURO ALTERNATIVO.

                            Mas, sé é futuro alternativo, não é deste plano de nossas percepções, tal como as aceitamos; então, correlativamente, deve haver um PASSADO ALTERNATIVO, bem como um PRESENTE ALTERNATIVO.

                            Então, teríamos: 1a) a prosa real (romances dos vários tipos), voltada para o passado, 1b) a prosa virtual (FT), voltada para o futuro; 2a) a prosa alternativa real, fantasia sobre o passado, humano ou não, 2b) a prosa alternativa virtual, fantasia sobre o futuro, humano ou não.

                            O que caracterizaria a FANTASIA, prosa alternativa?

                            Nos romances o autor deve inventar sobre a PSICOLOGIA REAL (figuras reais, objetivos reais, economias/produções reais, sociologias/organizações reais, espaços reais e tempos reais), ou seja, as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundos).

                            Na FT ele deve arquitetar sobre a PSICOLOGIA VIRTUAL, com cenários e sujeitos virtuais, mas ainda baseados em caracteres e quadros humanos, projeções ou induções a partir do que é conhecido.

                            Na fantasia teríamos de 1 a 100 % de ALTERNATIVIDADE, desde um leve deslocamento, que só fosse perceptível pelos estudiosos (magos/artistas, teólogos/religiosos, filósofos/ideólogos, cientistas/técnicos e matemáticos) até a totalidade dos objetos e processos, em que tudo fosse diferente do que conhecemos, da língua à sociedade/civilização/cultura, dos conhecimentos à Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia, no centro a Vida e no centro do centro a Vida-racional) – enfim tudo mesmo.

                            Fica evidente para todos que essa tarefa de 100 % de invenção é a mais dura de todas. Nos romances os autores devem ser muito criativos, mas têm como base o que conhecem dos seres humanos e dos cenários terrestres. Na FT ainda há como base indutiva o passado, projetado adiante, com modificações. Na fantasia TUDO pode ser diferente.

                            Então, por dedução, dos criadores de fantasias é exigido MUITO MAIS, porque eles devem criar ROMANCES ALTERNATIVOS e FT ALTERNATIVAS. Daí, os tipos de fantasia (f) seriam: a fR (fantasia real) e a fT (fantasia tecnológica).

                            É tido como certo que os autores de FT e de fantasia são criadores menores. Não é verdade, ou, se é, é porque eles se deixaram amedrontar pela possibilidade de julgamento negativo, ou pelas manifestações de desaforo de quem quer que seja. Não precisa ser assim, pode ser justamente o oposto. Os criadores de fantasias podem se tornar não apenas os autores preferidos no futuro (como deveria ser), como efetivamente os melhores e mais fecundos, criando fantasias cada vez mais perfeitas e densas.

                            Creio que, logo isso seja percebido, não demora muito, esses autores de fantasia se tornarão grandes, maiores que qualquer coisa do passado. Onde há maiores probabilidades de erros? Onde há mais chances de deslizamento para a incompetência? Ora, é esse quadro de grau muito mais elevado de armadilhas que tentará os gênios do amanhã.

                            Nessa época veremos obras realmente espantosas, dilatando ao máximo os raciocínios e os sentimentos humanos - obras verdadeiramente esplendorosas.

                            Através dessa grandeza que lhe será característica, a Fantasia (em maiúsculas conjunto ou grupo ou família de fantasias) se tornará libertadora das mentes (razões) e dos corações (sentimentos) humanos, permitindo grandes vôos de pensimaginação.

                            Vitória, segunda-feira, 6 de maio de 2002.

A Descoberta dos Planetas Gigantes

 

                            De nenhum, os astrônomos passaram a 75 e depois a 100 planetas gasosos gigantes descobertos em estrelas, imediatamente vizinhas ou não.

                            Tendo feito essa proeza, ficam se perguntando se haverão planetas terrestróides ou telúricos nesses sistemas estelares. É porisso que falo na Cosmologia como ciência, técnica alta da Astronomia, encarregada que seria da conceituação. Entretanto, temendo a queda nos bizantinismos, os teóricos recusam-se a enfrentar as postulações. Querem encontrar as soluções “de prima”, como diz o povo, de primeira, de plana, no contato com a experimentação laboratorial, com a observação direta, sem pensar, sem raciocinar.

                            É evidente que este é um controle fundamental em relação à vacuidade que se poderia seguir a raciocínios não embasados na interação com o real. Ninguém deseja uma monstruosidade assim, nem de longe.

                            Cabe observar que falei, no texto Modelo Cosmogônico Solar, da perspectiva da criação de sistemas estelares, e dos condicionantes dela. Em tal texto sugeri que a presença de um sub-dominante joviniano SEMPRE indicará a presença simultânea dos terrestróides, em número desconhecido, dependendo de vários fatores, por exemplo, a massa do dominante estelar, a quantidade de gás e pó originais criados pela explosão de nova ou supernova, e vários outros.

                            Qual a razão de tal afirmação?

                            É que sempre vai existir um maior e um segundo maior. Onde este se forme ele começará a deter a construção do primeiro. O segundo pode ser de qualquer tipo, tendo ou não sofrido ignição estelar, na suposição de ter ou não massa igual ou superior à de dez Júpiter, que detém no sistema solar apenas um milésimo da massa do Sol. Na relação de 1/100 massas solares, ou 0,01 S, igual ou superior, acende-se o dominante central ou o sub-dominante, ou vários destes. Na nossa constelação acenderam-se vários da mesma massa original N ou SN.

                            Não tem jeito, a modelação que pode haver é essa.

                            Entre o primeiro, dominante, e o segundo, sub-dominante, aparecem restos característicos, que são os terrestróides. Para lá do sub-dominante surgem outros sub-dominantes de segunda, de terceira, de enésima ordem, como Saturno, Urano, Netuno - os gasosos.

                            Olhando objetivamente, vamos ver as esferas se formando.

                            Pegue-se uma pseudo-esfera, uma nébula qualquer, e injete-se nela os vetores de formação, através da modelação computacional, introduzindo as variantes ou incógnitas, e veja-se a criação.

                            No momento em que o dominante absorver bastante massa para disparar a ignição, nas proximidades dele haverá um segundo que deterá seu crescimento em algum patamar classificável (como estabeleci no texto citado), na dependência dos fatores. Em Alfa do Centauro vão existir gigantes gasosos? Claro, e terrestróides também, embora de tipos diferentes, porque é um sistema múltiplo, de três estrelas.

                            No mínimo vai haver dois gigantes, ambos não-acesos, ou mais, ou uma estrela e um, ou vários, mas sempre um que enfrenta a gravidade do outro, pois o segundo é elemento polar, do par de opostos/complementares. Raríssimos casos vão ser aqueles casos de estrelas cujo gigante (ou cujos gigantes) gasoso (s) tenha (m) sido arrancado (s) pela passagem de uma outra (ou outras). Inequivocamente, havendo o segundo para enfrentar gravinercialmente o primeiro, entre eles teremos os pequenos planetas rochosos que nos interessam, os terrestróides que vão se colocar na posição do toróide da Vida, tal como a conhecemos.

                            Vitória, quinta-feira, 23 de maio de 2002.

A Bandeira Elementar como Fonte de Patentes

 

                            Muito tardiamente fui compreender, no modelo, a ordem geral das prioridades de busca das necessidades humanas.

                            É preciso IDENTIFICAR UMA NECESSIDADE para fazer dela brotar uma ou mais patentes. Gabriel, meu filho agora com 16 anos, dizia que sentia dificuldade em imaginar uma patente ou modelo de utilidade, e não sabia como eu o fazia.

                            O MODO GERAL DE CRIAR é identificando as vontades ou necessidades ou desejos, manifestados ou não, dos outros ou nossos. Aqueles manifestados podem estar sendo objeto de atenção de outros criadores, enquanto mais raramente o serão os não-manifestados, os desejos ocultos (sem haver nisso nenhuma maldade; às vezes as pessoas não sabem como se expressar – se soubessem elas mesmas criariam).

                            Seja na Magia/Arte, na Teologia/Religião, na Filosofia/Ideologia, na Ciência Técnica ou na Matemática, é sempre a mesma coisa, só que ninguém conta.

Como criar um romance? Procurando no ambiente (municípios/cidades, estados, nações e mundo) ou nas pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) o que está faltando, em termos psicológicos, e expressando-o no MODO REAL (ficção) ou no MODO VIRTUAL (fantasia e FC, ficção científica, na realidade FT, ficção tecnológica). Como criar filmes, tapetes, decorações, esculturas, paisagens, poesias, peças de teatro, fotografias, desenhos, pinturas, perfumes, músicas, discursos, comidas, bebidas, pastas, temperos, arquiengenharias, urbanizações, jóias e todo o resto? Como a Clarice Lispector disse, sendo válido em muitos sentidos, A FALTA É A ARTE. E é tudo, claro.

                            Em toda parte vai ser sempre assim, procurando a falta, explícita ou não, e apresentando uma solução factível, que possa ser produzida e comprada a preço-equivalente (relação entre desejo e patrimônio deslocável = 1,00 no ponto de compra).

                            Então, o modelo me mostrou, numa bandeira do Brasil, com os elementos vitais postos nos vértices do losango e a Vida no centro (Vida-racional no centro do centro), quais eram as coisas mais importantes, as fundamentais: ar, água, terra/solo e fogo e energia, para toda a Vida e toda a Vida-racional. Não teríamos como viver sem elas.

                            Segue-se que as patentes e os modelos de utilidade FUNDAMENTAIS e mais lucrativos devem surgir exatamente aí.

                            O fato de que a água tenha sido no princípio inteiramente grátis para nossos antepassados mais remotos, e o ar ainda o seja, bloqueou nossa capacidade de percepção de sua potencialidade exploratória. Sendo recurso a riqueza em potencial e riqueza o recurso realizado, transformado em real socioeconômico (produtivorganizativo), devemos encontrar meios de transformar os recursos da Bandeira em riqueza.

                            Quando se tenha feito isso a riqueza associada será ilimitada.

                            Não são as coisas da ECONOMIA PONTO-COM (economia.com) que terão seus preços elevados no futuro, e sim as velhas coisas da Bandeira. Ou seja, a falta de ar, a falta de água, a falta de terra/solo e a falta de fogo/energia, para não falar da falta de vida e das faltas de racionalidade. Em conjunto isso pode tornar empresas, grupos, famílias e indivíduos trilionários, milhares de vezes bilionários.

                            Vai daí que escritórios devem ser fundados para investigar essas questões, criando bibliotecas e museus, utilizando a Mídia mundial para veicular programas e mensagens, construindo escolas (Escola do Ar, Universidade da Água, Faculdades da Terra/Solo, Institutos do Fogo/Energia, etc.). Muita gente deve ser orientada para tal, passando décadas pesquisando & desenvolvendo produtos e idéias neste setor.

                            Só muito tardiamente fui ver. Mas, quando vi, fiquei impressionadíssimo, estarrecido mesmo com o potencial.
                            Vitória, sábado, 04 de maio de 2002.