terça-feira, 6 de setembro de 2016


Jorge Armado


 

Como sei que o Jorge estava armado?

Visualmente, eu vi, ele puxou a arma para mim.

Era um desses canhões, aquelas armas enormes que a gente vê nos filmes, nunca pensei que ia atirar, até parecia impossível aquela arma disparar. Na verdade, parecia tão pesada que nem conseguia entender como era possível empunhar.

Sei que na China é proibido o porte de armas e cada policial, ao receber a sua, recebe-a com as balas contadas, tendo de prestar contas de cada uma delas. Vi isso num filme em que um deles tinha perdido a sua e passava o tempo todo caçando-a freneticamente, sob pena de perder o cargo e ainda ser preso.

ERA UMA DESSAS


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Ele atirou, acertou, morri.

Fui a favor do porte de armas no plebiscito, tinha lá minhas razões, que agora são irrelevantes, a coletividade medrosa tinha as dela. É não querer enfrentar, entende? Agora vejo que enfrentar a bandidagem teria sido o certo, em vez de se esconder atrás de suposta defesa possível, se alguém te atacar em casa de noite – para preservar essa possível defesa damos o direito dos bandidos andarem armados o dia todo e os policiais fazerem e acontecerem.

Foi um tirambaço, abriu um buracão em mim, mal deu tempo de suspirar, nem fui levado ao hospital.

Lembro-me de matéria que dizia que na América do Norte do lado canadense - onde não permitiam posse de armas - o índice de homicídios era, salvo engano, 16 x menos que do lado americano, onde a proliferação é conhecida, olhe na Internet. Alguém deveria ter feito levantamento desapaixonado em todos os países do mundo, acho que os governantes tinham esse dever.

Bom, agora não adianta nada.

Fico pensando também que com essa progressão do uso de crack os meliantes andam mais afoitos no uso das armas de fogo. E, ademais, os policiais enfrentam homens armados em sua patrulha, trocam tiros, verdadeiros combates de guerra civil (conforme eu disse que havia, faz três décadas).

É falta de coragem um país não se enfrentar, não se tornar sério, ser infantil a ponto de usar armas de fogo a torto e a direito.

Agora vejo com esses olhos que a terra já comeu.

Que adianta?

Serra, sexta-feira, 30 de março de 2012.

Irmãos Medalha

 

O Brasil é um país tão escabroso que os envolvidos em escândalos em vez de se envergonharam primeiro levaram na chacota e logo em seguida começaram a se vangloriar: decidiram fundar um clube, baseado nos personagens de Walt Disney, os Irmãos Metralha, pois vinham justamente sendo chamados assim, com repulsa.

Eles, do alto da impunidade que levava à nobreza, passaram a se chamar Irmãos Medalha. Era graduado: roubo ou desvio (como era preferível chamar) de 100 a 200 mil, nível inicial, 1, aprendiz. 200 a 400 mil, nível 2, companheiro. 400 a 800 mil, nível 3, mestre. E assim prosseguia até o nível 33, equivalendo a 32 duplicações, sendo a faixa de 100 a 200 mil equivalente a 20 = 1 (x 100 mil), no final chegando até 232 = 4.294.967.296 (x 100 mil), o que ninguém atingiu ainda, o grau 33, nem Jota Bobalhão, nem os mais tarimbados dentre todos.

OS SÓCIOS DO CLUBE (cujos nomes saíram na imprensa)

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

OS GRAUS PELOS INÍCIOS

Grau 1, aprendiz (menos que 100 mil não dá, né?) : 1 x 100 mil = 100 mil (é o começo, vai até o próximo, 199.999 + 1);

Grau 2, companheiro: 2 x 100 mil = 200 mil;

Grau 3, mestre: 4 x 100 mil = 400 mil e segue.

A coisa toda era feita às claras, mas quem liga mesmo?

Até decidiram dar assessoria jurídica aos pretendentes, tendo em vista as imensas dificuldades pelas quais passaram os pioneiros, os primeiros praticantes, sempre perseguidos pelo invejosos não-participantes, aqueles que não tinham talento para o desvio moral.

Não discriminavam: aceitavam defender juízes, fiscais, empresários, funcionários de empresários, governantes, políticos, todo mundo que desejasse contribuir para o desvio e o aprimoramento do desvio. Fizeram disso profissão de fé.

E a ideia de chamar Irmãos Medalha levou a atribuir medalhas segundo os graus, por exemplo, número 1 (o que levava a enganos, imaginando-se tratar do primeirão, o mais elevado, o número UM, o mais alto de todos, o 1º - na realidade o primeiro era o degrau mais baixo de todos, o princípio da aventura, reles aprendiz). Os graus superiores riam à bessa: quanto caminho a percorrer até chegar à altura de Sarninha, de Serrinha, de Barbarinho, de Lulambão e tantos outros luminares!
Serra, quarta-feira, 11 de abril de 2012.

Inteligência Artificial


 

Não poderia haver inteligência mais artificial do que a de Carlos Roberto. Aliás, já começou do pai e da mãe ao dar nome composto: poderia ser só
Carlos ou só Roberto, mas não, tiveram de dar nome duplo ao filho único, do qual, aliás, me tornei amigo, os opostos se atraem, essas coisas, sou pesquisador.

Não se trata de afetação, ele era erudito, vivia do que outros tinham pensado. Lia muito, muito mais que eu e tinha uma memória prodigiosa. Não se deve desprezar gente assim, de modo nenhum, porque ele sabia encaixar as frases direitinho nos diversos contextos. E aquelas frases, postas na hora e no lugar certo (imagine só a vasta rede neural dele, a ponto de poder obter tais equilíbrios) traziam ganhos para nós, que ali víamos oportunidade de dar saltos compreensivos.

Não pense que os covardes, os maliciosos, os traidores não têm valor de sobrevivência, mais que biológico, psicológico, pois têm, naturalmente que têm – ou não teriam sobrevivido, os seus doadores não teriam passado os genes adiante. Tenho um amigo que é totalmente paranoico, gosto muito dele. Vai dizer que a paranoia não tem valor de sobrevivência, não o torna apto e mais apto? Pois torna, dado ele desconfiar de tudo e de todos. Claro que no meio de todos há metade da qual não há motivo para desconfiar, mas como saber quem pertence a essa metade? Então, todos que estão vivos, tanto os do lado bom do dicionário quanto os do lado ruim sobreviveram porque são mais aptos; mesmo que lhes falte decência, os ruins têm artifícios, sobrevivem na descendência que leva adiante as indecências. Só que quem leva os vagões adiante é a locomotiva, os que fazem o bem.

Carlos Roberto não tinha a inteligência natural, mas tinha essa outra, tão formidável. Devemos valorizar a todos. Devemos respeitar todos e cada um.

E, veja bem, Carlos Roberto acreditava nisso, em ser erudito, até apelava ao eruditismo, que é a superafirmação do erudito. Que mal fazia? Nenhum, pelo contrário, ajudava. Sempre tinha uma palavra de consolo (com base em citações), sempre ajudava a lembrar de algo, memória verdadeiramente prodigiosa. Encaixes precisos nas posições adequadas, super-adequadas, tudo muito limpo e ligeiro, tudo verdadeiro e preciso: ele podia até citar a página do livro, o autor, quem tinha falado, etc.

Os intelectuais, que pensam que pensam, pensaram que Carlos Roberto não tinha significado, mas tinha; zombavam dele e mais eu me aproximava, embora ele não tivesse um grama de inventividade, não juntava duas figuras numa terceira, que é a marca da inteligência, significando ir de todas as inumeráveis folhas de volta à raiz e à semente, dependendo das potências. Necas de pitibiribas, nadinha mesmo, mas era super-gente fina, um primor de pessoa, uma joia humana, sempre positivo, sempre para cima, apreciador dos talentos alheios, ele era como um jardineiro que não tinha feito as plantas, mas cuidava delas com zelo, não tinha plantado, mas regava com apuro e constantemente. Lia, apreciava os outros, dava crédito, ao contrário de tanta gente que conheço que rouba as ideias dos outros.

Um nobre.

Contudo, aconteceu um desastre, o alemão o pegou, o alemão o atropelou, ele adoeceu com Alzheimer e literalmente nunca mais foi o mesmo, com aqueles grandes buracos na mente dele e em nossas vidas, todos que gostavam dele, inclusive esposa e filhos, todos os seus verdadeiros amigos.

Aos 42 anos ele começou a desaparecer de todas as vidas, ficando somente a casca vazia; e todos nós, que o admirávamos, ficamos só com a casa vazia, sem nada dentro, nenhuma daquelas belas figuras que ele possuía.

Ô ALEMÃO DANADO


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E é isso que é o GCR, Grupo Carlos Roberto, os amigos e parentes se juntaram para sair dando palestras tentando sensibilizar.

O Carlos Roberto não tinha a inteligência natural, mas tinha essa inteligência artificial que tanto bem nos fazia e agora acho que Deus o tirou de nós para nos dar uma lição.

Obrigado.

Serra, domingo, 25 de março de 2012.

Homem de Aço

 

Não havia Mulher de Aço porque pegaria mal.

Mulher de Aço afastaria todo mundo, muito dura e intransigente, o contrário do que pensamos das mulheres, doces e compassivas, conciliadoras, amorosas. Nem os homens se aproximariam; e se tivesse filhos e filhas estes e estas achariam demasiadamente estranha essa mulher. Intransigente, excessivamente rigorosa, birrenta, dominante.

Não era Homem de Ferro, porque esse já seria outro, precedido pelo Homem de Bronze e suplantado pelo Homem de Titânio. Nem Homem de Ferro Fundido, que se parte fácil, uma florzinha.

O Homem de Aço dependia da quantidade de carbono, pois ele engolia carvão e quando tomava umas canas bravas cuspia fogo, incandescia, o estômago queimava. E esse Homem de Aço queria mais que tudo ser Homem de Aço Inoxidável, de preferência Homem de Aço Ginsu.

Ele era duro.

Duríssimo.

Não temia pegar chuva, nem muito menos sereno, nem sereno da madrugada, num chuvarada, nem tempestade, zombava de tudo isso cantando “cotoco de vela quer me segurar”.

Nada temia esse Homem de Aço, exceto o Homem de Diamante ou homens quase tão duros quanto este, que aí já seria demais, procurava evitar. Não que fosse covardia, de jeito nenhum. Nem ele judiava do Homem de Vidro ou do Homem de Alumínio, mais fracos, não, ele era cuidadoso com o pessoal inferior. Uma vez o Homem de Latão implicou com ele, estava bêbado, o pobre infeliz, um peteleco e ele teria se amassado todo, mas em vez disso o Homem de Aço agüentou tudo caladinho, sem piar. O Homem de Duralumínio, que estava do lado e já era um parente mais evoluído do Homem de Alumínio, falou: “bate nele, bate nele”, mas o Homem de Aço ficou quietinho, que não era de bater nos mais fracos. Bom, na realidade depois de muita implicância pisou no pé e esmagou os dedinhos, mas não foi mais do que isso.

Homem de Quartzo também ficou do lado, vibrando e empurrando, querendo ver sangue, tudo perfeitamente inútil. Homem de Chumbo, muito maleável, se dobrava facilmente e ficou atiçando, acho que ele é masoquista, gosta que afundem a cara dele. É um nojento, gosta de apanhar. Nem tem vergonha, o pulha. O Homem de Cobre também é fraco, não vem me dizer que não é, é sim, falo aqui e falo na cara dele! Eu sei. Eu vi, meninos, eu vi.

O Homem de Aço é um gentleman, um cavalheiro, um gentil-homem, um nobre, uma postura que vou te falar! Não se fazem mais homens iguais. Aço é o Homem, é o que há, dou testemunho, não é por ser meu primo, não senhor, é a dignidade. Pra você ter uma ideia, ele se esfrega com Bombril pra dar brilho e palha de aço daquelas de antigamente para limpeza mais profunda. E toma banho de ácido.

Serra, quarta-feira, 04 de abril de 2012.

Futemática

 

O Professor chegou com umas doideiras que vou te contar!

O plantel todo ali prestando atenção, mas uns riam, sim, que a gente via, nem adianta negar. Até eu ri das loucuras dele.

Ele misturou matemática com futebol, porisso algum espertinho chamou de Futemática, matemática do futebol.

Começou dizendo que direção (”por exemplo, esta reta”, disse ele) forma ângulo <; daí, treinamos ângulos dias inteiros até sabermos distinguir 10º, 45º, 90º, o que fosse e acertar precisamente. Até que ele tinha um pouco de razão.

Depois passou aos sentidos, para frente e para trás, adiantar ou atrasar a bola, que sempre seguia parábolas. Que era parábola? Aprendemos tudo de parábola e de gravidade, aquelas fórmulas de enlouquecer a gente, potência de tiro, distância a atingir, encobrimento, bola rente ao solo, máximo alcance aos 45º graus, etc., etc., etc., aquilo não acabava nunca, um mês inteiro, quando é que íamos jogar futebol? A turma tava inquieta, uns pensaram em sair, mas já estavam acostumados a gastar, quem ia querer voltar pra pobreza?

Depois, ele entregou a faixa de capitão ao goleiro que, disse ele, era o que ficava parado e tinha melhor visão de campo e no avanço do adversário podia posicionar a defesa. Quem é que já viu goleiro como capitão? Mas não é que melhorou nos amistosos?

Depois, ele passou a falar do retângulo do campo.

“Que é um retângulo?”

Os companheiros não sabiam onde enfiar a cabeça. Um falou “é uma coisa assim” e traçou um retângulo torto.

O Professor então dividiu os retângulos em ESTÁTICOS e DINÂMICOS e mostrou que estático era o desenho, dinâmico era o movimento e eles se combinavam para formar a       MECÂNICA FUTEBOLÍSTICA. Nunca tinha ouvido falar disso, que doideira. Ele disse que a MF (mecânica futebolística) era uma parte da psicologia e que nós éramos psicólogos jogando com outros psicólogos. Eu, hem, eu não sou doido não, meu camaradinha, quero ficar longe de psicólogo.

Mas ele tanto explicou que compreendemos: devíamos entender várias necessidades dos times adversários, dos cartolas, dos outros professores, das torcidas, quando podíamos perder e quando devíamos ganhar para afastar tal ou qual time, tanto falou que acabamos compreendendo pelo menos uma parte.

E quanto ao campo, ele criou um programa para monitorar os jogadores presentes que podiam ser vistos nas gravações das televisões; trabalhão lá na universidade, a cada jogador atribuíram um número-pixel e criaram MAPAS DE JOGOS que mostravam a densidade em campo, não sei explicar direito. Onde ficava o maior ajuntamento (ele chamava de adensamento, estou lembrando)? Vimos que frequentemente, quando havia ajuntamento de um lado do campo e entrava um sacana sozinho pelo outro, a bola jogada para este fatalmente levava a gol. Chamou isso de “movimento dispersivo”, será isso?

Você não vai acreditar que foi isso que nos deu os oito títulos seguidos, depois que ele saiu perdemos três e ganhamos de vez em quando. Ganhei uma fortuna.

Ih, tem muita coisa.

E ele transformou os jogos. Criou um Atlas futebolístico, um globo mundial para todos os times, lá com os alunos dele de estatística na universidade, que é esta onde estamos. Isso foi quando eu tinha 16, ficamos um ano nisso, com 17 entrei pro profissional, ganhamos aquelas oito, ele saiu, fique mais 13, saí com 38 e me matriculei no curso de matemática em homenagem a ele, que é o professor aqui que está se aposentando hoje, obrigado Professor pelos melhores anos de minha vida.

Serra, segunda-feira, 02 de abril de 2012.

Força de Vontade

 

Ele era físico mais ousado que os outros, não tinha medo do falatório dos pares, grande parte dos quais viviam de fazer “papers” e encher lingüiça, contando e recontando, esquentando e requentando sempre as mesmas descobertas dos verdadeiros gênios que abriam as largas avenidas pavimentadas pelos outros com paralelepípedos, depois com pedrinhas e por fim com pastilhas minúsculas, cada qual com seu infinitésimo.

Incomodava-lhe seguir na trilha de usar graduandos, mestrandos, doutorandos para pesquisar suas teses, na tentativa de com tantos pequenos fazer um grande.

Aquilo de publicar em revistas só para ganhar as promoções medíocres não lhe interessava, ele se sentia independente dessas pequenas correntes, queria pegar o grande canal do grande rio da vida, fazer algo original, não derivado, que fosse seu mesmo.

Então, pensou.

Sem seguir modas, sem temor, pensou.

Ora, o povo fala “força de vontade”. Evidentemente cada força corresponde a um campo e as forças são todas conhecidas: força gravinercial (gravitacional-inercial), elétrica, magnética, fraca e forte. São cinco no plano da física-química (primeira ponte) e não podem ser outras nos planos superiores biológico-p.2, psicológico-p.3, informacional-p.4, cosmológico-p.5, dialógico-p.6.

Para todos os planos, são somente aquelas.

Se houvesse chance dessa “força” de vontade existir, o que ela seria? Campo físico não poderia ser, contudo poderia ser aplicação biológica de força física, modelação eletromagnética desde os primórdios da Vida na Terra há 3,8 bilhões de anos. Se houvesse uma “força de vontade”, ela constituiria o “campo da vontade”, a que corresponderia uma “partícula de vontade”. Já que a partícula presumida existente do campo gravitacional é o gráviton, a do campo da vontade seria o vóntadon, esquisito de falar, sem dúvida alguma, mas só até nos acostumarmos; ademais, a segunda geração já falaria sem qualquer embaraço.

O que seria o vóntadon?

Por suposto, há uma curva do sino associada ao uso dele, desde os menos dotados 1/40 até os mais repletos dela, 2,5 % de todos, os ricos em vóntadon, aqueles de vontade inquebrantável. Quais seriam as equações da partícula-campo, o campartícula vóntadon? Seguramente elas agiam desde a biologia-p.2, passando pela psicologia-p.3, mas tinham de ter suas características definidas no eletromagnetismo de Maxwell, dentro das possibilidades das quatro equações, uso particular delas.

As cinco forças físicas interfeririam no campartícula vóntadon?

Ele começou os testes, tanto na administração de eletrochoques em cobaias (pois não eram mais permitidos em humanos; infelizmente, em cobaias, ele se condoia, mas o que fazer? – procurou aplicar em si mesmo, observando cuidadosamente os resultados). Depois investigou as drogas, os químicos, os fármacos. Também releu todos os relatórios sobre os astronautas, desde a simples circulação da Terra, as voltas orbitais, até as poucas idas à Lua.

E os raios cósmicos?

E o cinturão de Van Allen?

Buscou as fontes de informações, os relatos dos balonistas desde 200 anos, os primeiros aviadores, tudo que dissesse respeito a exposições diferentes da média: as minas profundas, os batiscafos franceses, os relatos dos remanescentes dos bombardeios atômicos no Japão.

Tudo mesmo, tudo.

Leu milhares de páginas.

E começou a fazer projeções de experiências.

Sabe aquilo de “dobrar a força de vontade”? Pois ele conseguiu, tanto no sentido de multiplicar quanto no de reduzir, quebrar. Obviamente isso teria aplicações militares e foi nesse ponto que paramos de ter notícias dele. De repente, sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Escafedeu-se. Uns dizem que as Forças Armadas queriam para si, bem como temiam o uso contrário dos aparelhos; que os foram aprimorando. Que as forças armadas de outros países o raptaram e que ele vive agora em instalações profundas.

Todo tipo de boato veio apimentar as fofocas diárias.

Uns dizem que ele foi para algum “programa de testemunhas”, que mudou de nome. Em todo caso, claro, nunca publicou em revista nenhuma.

Assim, puf.

Que coisas os milicos vêm escondendo?

A gente fica com “a pulga atrás da orelha”, coçando, coçando.

Serra, quinta-feira, 05 de abril de 2012.

Os Objetivos Finais da Itália, do Japão, da Alemanha

 

Lendo todos esses livros sobre a Segunda Guerra Mundial e seus personagens centrais (há uns 100 para ler, ainda) posso discernir algo, não sei se os pesquisadores investigarão e, se o fizerem, se concordarão. Se foi como estou dizendo os rastros materenergéticos, principalmente os diálogos, registros das palavras poderão ser encontrados e expostos.

PAÍSES E HITLER, HIROÍTO, MUSSOLINI

Alemanha.
Führer (chefe) Hitler.
Japão.
Imperador Hiroíto.
Itália.
Duce (líder, dux, duque) Mussolini.

Eles não eram propriamente estúpidos e suas nações vinham de longe, a Itália desde a fundação de Roma em 753 a. C., o Japão era dominado pela mesma dinastia como império desde pelo menos 600 d.C. e a Alemanha vinha dos invasores das estepes consagrados como germanos desde os enfrentamentos com o império romano antes de Cristo.

Os bolcheviques haviam tomado a Rússia em 1917 e na ascensão de Hitler em 1933 já vinham acumulando poder há 16 anos. Autores contam que Stalin desde sempre planejara (a mando de Lênin) a segunda guerra mundial como forma de avançar e tomar a Europa (tendo tempo, falarei disso em O Terceiro Stalin). O Japão havia vencido a Rússia em 1904-1905, mas fora derrotado fragorosamente em 1938 pela URSS.

A DERROTA NÃO-PROPAGANDEADA DO JAPÃO EM 1938

Wikipédia
Com esta derrota, o Japão abandonou a ideia de enfrentar sozinho a União Soviética sem o apoio alemão. .... A 10 de agosto de 1938 (...).

No livro de David Bercuson e Holger Herwig, Um Natal em Washington (O encontro secreto de Roosevelt e Churchill que mudou o mundo), Rio de Janeiro, Ediouro, 2007 (sobre original de 2005), eles colocam nas páginas 97:

“Em 8 de dezembro de 1941, Hitler (...) ele recebeu a notícia de Pearl Harbor por cortesia da rádio BBC. (...) o Führer ‘bateu nas coxas, levantou-se de um salto como se eletrificado, e gritou ‘finalmente’’”.

O Japão sabia claramente que a URSS avançaria sobre a China, o próprio país e todo o Oriente quando tomasse a Europa, tornando-se com a soma de recursos invencível, a menos que fosse detido pela única potência com bastantes recursos para barra-la e depois destruí-la, os EUA. Não poderiam fingir, porque eventualmente (embora não devessem esperar isso) poderiam derrotar a URSS e os EUA - seria inimaginável, mas há a sorte ou fortuna.

O jeito seria provocar os EUA com uma traição inominável, o “dia da infâmia”, que o tirasse do isolacionismo e o lançasse a batalhas no Oriente e na Europa, onde o país envolveria a URSS com uma torquês.

Daí a alegria eletrificada de Hitler quando soube do ataque.

Os EUA não teriam como não ir ao Oriente e à Europa, cercando e enfrentando a URSS.

AS PERGUNTAS PARA CADA QUAL

Itália.
Vitor Emanuel III foi rei de 1900 a 1946, quando de sua abdicação. O Duce não era um ditador como o alemão, nem de longe, era funcionário do rei, que o abandonou quando fracassou, sendo capturado e enforcado. Assinou o Tratado de Latrão em 1929, dando autonomia ao Vaticano, o menor estado do mundo, 0,44 km2, beneficiando a Igreja.
Alemanha.
Hitler era católico austríaco, obviamente visava deter o bolchevismo ateu comunista, que estenderia na vitória um manto antirreligioso sobre toda a Europa.
Japão.
Hiroíto nada tinha a ver com a Igreja, existiam e existem poucos cristãos no Japão (o que vai ser daninho para eles no próximo conflito, depois de 2019), contudo via com pleno horror o avanço soviético.

Se conspiraram para lançar tão largo plano e planejamento não sei, será preciso averiguar, estariam muito à frente daquele tempo e suas personalidades teriam de ser reinvestigadas.

Em todo caso, foi o que se viu: os EUA foram ao Oriente e à Europa, e ao jogar as duas bombas em Hiroshima e Nagasaki detiveram a URSS em seu programa expansionista, que só recuperou o fôlego quando o país fabricou suas próprias bombas em 1949 (roubaram os cientistas alemães e provavelmente urânio enriquecido, como os EUA, como já falei; o prazo foi muito curtinho, não tinham programa próprio; o mesmo fizeram com o programa espacial, antecipando com seus tecnocientistas alemães os TCA americanos com o lançamento do Sputnik em 1957).

Temos de rever os três personagens centrais.

A meu ver planejaram tudo e manipularam grão-bretões, europeus e americanos, sem falar em soviéticos.

Creio que Stalin deve ter passado muita raiva.

Vitória, terça-feira, 06 de setembro de 2016.

GAVA.