Mesquininharias
Há coisas que prezo
em minha existência: honestidade, beleza, elegância, grandeza, amor,
consideração e tudo que está no DdB, Dicionário do Bem, de Deus. A grandeza d’alma,
que Fernando Pessoa expressou sucintissimamente em sua frase (“tudo é grande
quando a alma não é pequena”, a que juntei “tudo é pequeno quando a alma não é
grande”) é o mote perfeito.
SENTI OS PASSARINHOS
TODOS ME RECONHECEREM (cantada por Ronnie Von, onde encontrei; de Carlos Imperial,
de Cachoeiro de Itapemirim, ES)
A Praça
Carlos Imperial
Hoje eu acordei
Com saudades de você Beijei aquela foto Que você me ofertou Sentei naquele banco Da pracinha só porque Foi lá que começou O nosso amor...
Senti que os passarinhos
Todos me reconheceram E eles entenderam Toda minha solidão Ficaram tão tristonhos E até emudeceram Aí então eu fiz esta canção...
A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim
Tudo é igual, mas estou triste
Porque não tenho você Perto de mim...
Beijei aquela árvore
Tão linda onde eu Com o meu canivete Um coração eu desenhei Escrevi no coração Meu nome junto ao seu Ser seu grande amor Então jurei...
O guarda ainda é o mesmo
Que um dia me pegou Roubando uma rosa amarela Prá você Ainda tem balanço Tem gangorra meu amor Crianças que não param De correr...
A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim Tudo é igual, mas estou triste Porque não tenho você Perto de mim...
Aquele bom velhinho
Pipoqueiro foi quem viu Quando envergonhado De namoro eu lhe falei Ainda é o mesmo sorveteiro Que assistiu Ao primeiro beijo Que eu lhe dei...
A gente vai crescendo
Vai crescendo E o tempo passa E nunca esquece a felicidade Que encontrou Sempre eu vou lembrar Do nosso banco lá da praça Foi lá que começou O nosso amor...
A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim Tudo é igual, mas estou triste Porque não tenho você Perto de mim...(2x) |
CERTA PESSOA E EU
FERNANDO
PESSOA: tudo é grande quando a alma não é pequena.
|
A grande alma alarga o mundo,
deixa-o maior do que quando chegou, mais organizado, mais palatável, mais
feliz, mais brilhante.
|
Pródigos, dadivosos, francos,
generosos que dilatam o mundo, tornam-no mais espaçoso para a emoção e a razão:
magnificentes, magnânimos, magníficos.
|
EU:
tudo é pequeno quanto a alma não é grande.
|
Os outros tornam o mundo diminuto,
insalubre, inseguro, vil, malicioso, serpentino: a alma pequena reduz o mundo
às suas dimensões del’alma.
|
Mesquinhos, redutores, apequenadores,
tornam os outros pequenos também, criam mundo trevoso: desprezíveis,
estreitos, medíocres.
|
Quando a alma é
grande, faz tudo grande: descobre (o inventor do elevador não o fez só para si;
foi remunerado, e daí?), financia a expansão, implanta, empreende, auxilia,
ampara, delineia um grande futuro (como os descobridores portugueses).
Quando a alma é
pequena, tudo apequena, tudo compacta e em geral quer só para si a piscina, o
carro formidável, joias, busca tudo do orgulho (fama, poder, riqueza, beleza).
Desde cedo tive
ojeriza da mesquinhez, das ninharias, procurei passar ao longe: como mudei em
torno de 30 vezes, fora as que estavam fora de meu alcance porque controladas
por papai e mamãe, quando eu mesmo pude dirigir deixei para trás cortinas,
torneiras de pia, lâmpadas e o mais; e dei coisas às dezenas, aliviei todo o peso
dessas matérias em minha vida. Até mesmo livros dei: quando aos 20 anos pensei
fortemente em me suicidar, dei 200 livros (e muitos foram roubados depois, fora
outros que ofertei).
Não me arrependo de
nada disso.
As
mesquinhezes-ninharias diminuem toda gente, quem faz e quem é feito menor,
comprime o mundo, encurta seu futuro, escurece tudo.
Vitória, sábado, 24
de março de 2018.
GAVA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário