A
Mordida na Maçã
Minha filha perguntou ontem porque não uso os
computadores da Apple e a resposta que dou, com outras palavras mais elaboradas,
foi a mesma dada ao vendedor gozador em 1995: de fato os daquela companhia são
muito mais bonitos, finos, leves, resistentes a quedas, à prova de falhas (não são
feitos por empresas de fundo de quintal, sem controle de qualidade) , à prova
de vírus (a empresa mesma faz os programas e não deixa portas abertas à
invasão) e tudo mais.
Tinha tudo isso, eu sabia.
O primeiro computador que comprei (em 1989 a
Web foi lançada no mundo e em 1995 no Brasil, tornando os PC realmente
atrativos) foi em 1995 para eles, que estavam em AC/ES com a mãe, depois do
divórcio recente, de 1994. Custou quatro mil dólares, então emparelhados 1/1
com os reais. Hoje custariam uns 13 mil reais. Os da Apple eram MUITO MAIS caros
que isso, os meus vencimentos vinham aumentando em razão da presença e apoio do
ex-governador Albuíno, entretanto, por esse lado não dava. Hoje, permanecem
mais caros, mas não tanto. Um PC qualquer de loja qualquer custa dois a três mil
reais, um da Apple bastante mais, porém adquirível, se eu fosse comportado e
não comprasse tantos livros.
Contudo, penso bastante, não fiquei com os 20
% das elites, fiquei com os 80 % de povo PORQUE a grande maioria dos programas seria
feita para a grande maioria 4/1: no meio das porcarias, dos refugos, do lixo,
da borra, dos rejeitos, da lama eu esperava encontrar (como no que chamei de “programa
espermatozoides”, fabricar milhões para um ou dois chegarem ao útero) aqueles
que me servissem. Alguém deveria fazer as contas de quantos PC foram feitos no
mundo, face a quanto Apple; e comparar os preços “pau-a-pau”,
como dizia a gíria que os jovens de hoje não usam mais.
Também aconteceu de o poder computacional
oferecido ao povo ter sido multiplicado (memória de acesso, memória de
estocagem, entrada-saída, HUB, Wi-Fi, bluetooth, transferência de dados de
celular a computador, webcam e todos os periféricos) por um milhão ou mais -
alguém deveria fazer as contas – por unidade de trabalho ou métrica válida. Este
computador roscofe que tenho era toda uma estação de trabalho das forças
armadas americanas em 1960 ou sei lá quando, é preciso que os especialistas
comparem com um de loja atual de três mil reais.
Com o Apple teria um computador elegante a
vigiar, pois valeria literalmente ouro; poucos poderiam tocar, inclusive meus
filhos, que tiveram aquele e depois muitos notebooks, sem falar de mim, que tive
mais ainda; com o desprezo das elites tive de gastar sobretrabalho, trabalho em
excesso pelos produtos, inclusive pago na forma de super-tributação. Sem
dúvida, penei, contudo, pude ir em frente às trambolhadas, com todas as falhas
da Microsoft,
do Windows
por vezes irritante, do Office com aquelas ilogicidades
dele. Sem dúvida nenhuma, foi trabalhoso atravessar o lodaçal junto com o povo,
em vez de ir pela estrada asfaltada das elites colocadas bem para cima, porém
na lama encontrei muito maior utilidade.
Essa foi a diferença, querida filhinha: se eu
tivesse mordido a maçã, teria sido envenenado pela bruxa. A tentação foi sempre
grande, mas fiquei nas minha convicções.
Vitória, domingo, 18 de março de 2018.
GAVA.
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