quarta-feira, 14 de março de 2018


Estupendos Antepassados

 

Como já sabemos, há a locomotiva que leva o mundo adiante, para o futuro, e há os vagões, os grandes vagos que levam o peso morto dos centomens e das centomulheres (a quem não bastam suas pernas e braços, precisam tomar os dos outros).

Quanto mais olho para o passado, mais vejo que os da frente-de-onda que apontava e levava ao futuro foram os antepassados corajosos que nos deram nossa não agradecida sobrevivência.

FUTURO DO PRETÉRITO

VIVERAM DOS ESFORÇOS ALHEIOS E FORAM TRAZIDOS A NÓS POR CADA LOCOMOTIVA QUE FEZ FORÇA.
ANTIGAS LOCOMOTIVAS, QUE NÃO TIVERAM MEDO DE ARREMETER PARA FRENTE.
Esses ainda vivem por aí como primatas (judiados, infelizmente).
Aqueles primatas que tiveram coragem de descer das árvores, onde estariam protegidos, para ir correr risco no chão.
Os primeiros que deram o salto para hominídeos, 10 milhões de anos atrás.
Destes, os primeiros a entrarem na caverna, onde poderiam ser acossados pelos predadores.
Os que se tornaram neandertais há 300 mil anos e CROM cro-magnons há 100 mil anos.
Os que se espalharam no mundo, até a Patagônia e a Austrália.
Os inventores, os exploradores, os conquistadores, os empreendedores.
Os que amam e auxiliam.

Depois das cavernas, vieram os pós-cavernas, os que largaram o sossego protegido da defesa inviolável nelas para ir viver do lado de fora, construindo todo tipo de casas sujeitas a invasão (cobras, ratos, baratas, predadores maiores, outros humanos). A seguir os pré-cidades das vilas ou pequenas comunidades, os ajuntamentos mínimos, as casas coladas, sem rua quase nenhuma ou tão estreitas que os humanos precisavam passar de lado, dificultando a passagem dos grandes predadores. Mais tarde, a primeira cidade, Jericó, o primeiro grande ajuntamento há 12 mil anos, toda a construção civilizada até a invenção da escrita há 5,5 mil anos.

E assim por diante.

Quanto mais para trás, mais corajosos; quanto mais adiante, mais acomodados aos confortos, ao não-fazer, ao transferir tarefas, até chegar no capitalismo de agora. Nós, vivendo em coletividade, estamos coletivamente cada vez mais defendidos e protegidos, mas individualmente cada vez mais fracos e degenerados.

Vitória, quarta-feira, 14 de março de 2018.

GAVA.

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