sábado, 31 de março de 2018


A Tremenda Confusão da Guerra das Relíquias

 

Não são somente as relíquias (objetos) e as figuras (os adâmicos) perdidas desde a chegada há seis mil anos, como está em Os Dons Perdidos, são 60 séculos de contagens mitológicas e lendárias amplificando os desejos dos terrestres, são 200 passagens de poder dilatando a origem a cada perda de memória verdadeira, fazendo a substituição fabulosa por variações que os povos foram acrescentando para emendar a colcha e reter algo dela.

Assim como George Lucas usou a mitologia para dar sustentação plástica aos seus filmes (o VII e o VIII são imundícies), os seis milênios de remendos tornarão as relíquias e a busca dos adâmicos de urgentes a urgentíssimas, de agudas a agudíssimas, crônicas em sua pesquisa assombrada, especialmente nas religiões: imagine o que é sucessivas gerações continuarem confiando nas palavras remotas que os padres e sacerdotes, os pastores e rabinos vem transmitindo no vazio por 600 decênios. Ano após ano surgem novos crentes que creem naquelas palavras vazias (verdadeiras podem ser, mas sem substância enquanto materialidade): o que significaria para estes (e como agradecimento aos do passado, que transmitiram a herança de voz) ter EM MÃOS (ou pelo menos nos estandes protegidos de roubo e balas por vidros inquebráveis ou acrílico superdenso) pelo menos cópias autorizadas para exibir nas ruas aos antigos incrédulos e infiéis.

Isso dá morte.

Porque os crentes fanáticos não são nada fáceis.

Se são capazes de morrer e matar por palavras, pense que por objetos tocáveis, apalpáveis ou substanciais mais ainda, tremendamente mais.

Os fanáticos das três religiões monoteístas (pela ordem história, judeus, cristãos, muçulmanos) irão à loucura, em particular buscando os ateus e agnósticos, os infiéis, para matar ou trucidar. Os governos ficarão ocupadíssimos, terão de deslocar e posicionar tropas, com toda a logística esperada. Conforme os ânimos forem aquecendo, quanto mais o sangue ferver mais as coisas ficarão realmente preocupantes, alucinantes.

Não são somente a Arca da Aliança, que de fato nem sabemos o que é, nem a Arca de Noé, que todos imaginam saber e pode ser bem diferente, são objetos tocados “pelos anjos” ou criados por eles. Até os racionalistas disciplinadíssimos ficarão agitados.

Inferno na Terra.

Passar-se-ão as décadas até a pacificação.

Vitória, sábado, 31 de março de 2018.

GAVA.

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