A
Tremenda Confusão da Guerra das Relíquias
Não são somente as relíquias (objetos) e as
figuras (os adâmicos) perdidas desde a chegada há seis mil anos, como está em Os Dons Perdidos, são 60 séculos de
contagens mitológicas e lendárias amplificando os desejos dos terrestres, são
200 passagens de poder dilatando a origem a cada perda de memória verdadeira, fazendo
a substituição fabulosa por variações que os povos foram acrescentando para
emendar a colcha e reter algo dela.
Assim como George Lucas usou a mitologia para
dar sustentação plástica aos seus filmes (o VII e o VIII são imundícies), os
seis milênios de remendos tornarão as relíquias e a busca dos adâmicos de urgentes
a urgentíssimas, de agudas a agudíssimas, crônicas em sua pesquisa assombrada,
especialmente nas religiões: imagine o que é sucessivas gerações continuarem
confiando nas palavras remotas que os padres e sacerdotes, os pastores e
rabinos vem transmitindo no vazio por 600 decênios. Ano após ano surgem novos
crentes que creem naquelas palavras vazias (verdadeiras podem ser, mas sem
substância enquanto materialidade): o que significaria para estes (e como
agradecimento aos do passado, que transmitiram a herança de voz) ter EM MÃOS
(ou pelo menos nos estandes protegidos de roubo e balas por vidros inquebráveis
ou acrílico superdenso) pelo menos cópias autorizadas para exibir nas ruas aos
antigos incrédulos e infiéis.
Isso dá morte.
Porque os crentes fanáticos não são nada
fáceis.
Se são capazes de morrer e matar por
palavras, pense que por objetos tocáveis, apalpáveis ou substanciais mais
ainda, tremendamente mais.
Os fanáticos das três religiões monoteístas
(pela ordem história, judeus, cristãos, muçulmanos) irão à loucura, em
particular buscando os ateus e agnósticos, os infiéis, para matar ou trucidar.
Os governos ficarão ocupadíssimos, terão de deslocar e posicionar tropas, com
toda a logística esperada. Conforme os ânimos forem aquecendo, quanto mais o
sangue ferver mais as coisas ficarão realmente preocupantes, alucinantes.
Não são somente a Arca da Aliança, que de
fato nem sabemos o que é, nem a Arca de Noé, que todos imaginam saber e pode
ser bem diferente, são objetos tocados “pelos anjos” ou criados por eles. Até
os racionalistas disciplinadíssimos ficarão agitados.
Inferno na Terra.
Passar-se-ão as décadas até a pacificação.
Vitória, sábado, 31 de março de 2018.
GAVA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário