Calvino
Cancela o Livre-Arbítrio
João Calvino (francês, 1509-1564) fez algo de
inusitado.
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Como se poderá pensar, a Árvore do
Conhecimento é a do conhecimento do bem e do mal, quer dizer, dos pares polares
opostos-complementares, das oposições, das divisões, das guerras, dos
confrontos.
No Paraíso (= SENHOR, na Rede Cognata) Adão e
Eva não tinham livre-arbítrio (= QUERER = VONTADE = DESVIO = QUEDA e segue) porque
estavam imersos em Deus, em plena liberdade, não viam divisão nas coisas, não
viam suas prováveis polaridades, suas dialéticas ou relações – compreendiam todas
as coisas. Eram livres, contudo, foram convencidos pela Antiga Serpente (=
ANTIGO FILHO, o mais velho dos gêmeos) a cair, a trocar a liberdade plena pelo
querer, liberdade parcial; foram convencidos a decair, a diminuir, pensando
estar crescendo.
O prêmio foi a morte, quer dizer, o tempo, a
terminação: “porque no dia em que dela comeres com toda a certeza morrerás!”,
quer dizer, o tempo começará a contar até a conclusão. Veja que nos desenhos
sobre a expulsão do Paraíso, Adão e Eva (já comentei isso) estão saindo de um
chão, passando pelo portão e seus guardas e pisando em outro chão, a Natureza (significa
que o Paraíso e a Natureza são contíguos), a partir de quando tiveram de tirar
o sustento “com o suor de seus rostos” (significando, entre outras coisas, que
seus corpos paradisíacos não suavam) e de sofrer os danos do tempo, da
entropia, do fim.
Porém, veja a sutileza divina: Deus não os
matou, apenas os expulsou até que compreendam seus erros, sejam perdoados e
possam voltar. Deu-lhes parte de sua liberdade não-finita, o querer, o livre-arbítrio.
Já Calvino, não, ele diz que todos estão predestinados, ou seja, são
direcionados, devem cumprir destinos pré-traçados, não há para seus seguidores
nenhum querer. Deus não desejaria ter como seus tais seres totalmente
obedientes, impossibilitados de desobedecer, robôs; por que, então, os faria?
As pessoas devem COMPREENDER – essa foi a chance dada, ainda depois da transgressão,
a Adão e Eva. Eles devem escolher, já que pecaram, mas ESCOLHER ELES MESMOS,
per si.
Calvino não deixa espaço para a escolha. Diz
que uns são obrigados a seguir uma trilha e outros uma diversa,
INCONTORNAVELMENTE. Independentemente do que façam irão ou não de volta ao
Senhor (inclusive bandidos).
Ao fazer isso, Calvino se torna anticristão,
quer acabar com Deus.
Vitória, terça-feira, 13 de março de 2018.
GAVA.
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