quarta-feira, 4 de outubro de 2017


Valente Criatura Nesta Vida Cachorra

 

                            Aos três anos ganhei um filhote de basset de minha tia Antônia em Burarama, que minha mãe aceitou na condição de eu parar de tirar meleca; resisti durante um tempo, mas depois continuei, como já contei. Ele viveu por 18 anos ainda, até os meus 21 quando sarnento e velho estava sendo enxotado e escarnecido pelos meus parentes em Linhares, Espírito Santo. Aquilo me marcou (= ME MAGOOU, na Rede Cognata), de modo que foi como um sinal de como a humanidade é, inclusive a nossa, a mais próxima de nós.

BASSET (só que preto, comprido como uma lingüiça; e porque pulava muito e avançava contra os intrusos foi chamado de Valente, audaz, corajoso, intrépido). Era vira-lata, mas tornou-se meu amigo de fé.


O Valente saltitava, bravo que nem ele só, mordendo as moscas no ar, correndo atrás dos ratos e matando-os, avançando valentemente nos que pareciam querer ofender-nos, era uma alegria estar com ele.

Depois um outro cachorro, Bodega, como já contei foi morto com bola de carne com vidro dentro: morreu agonizando. Nunca mais tive animais de estimação. Da morte desses dois animais veio a imagem que tenho da humanidade como perversa e cheia de maldade potencial, quer dizer, podendo exercê-la ou não. Tantas vezes exerceu.

Um cérebro pequeno, mas cheio de amor, necessitando de carinho como qualquer um de nós.

Pelo desamor que dedicamos aos animais posso aquilatar que a humanidade está bem longe do Paraíso.

Vitória, sábado, 11 de junho de 2005.

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