Valente Criatura Nesta
Vida Cachorra
Aos três anos ganhei
um filhote de basset de minha tia Antônia em Burarama, que minha mãe aceitou na
condição de eu parar de tirar meleca; resisti durante um tempo, mas depois
continuei, como já contei. Ele viveu por 18 anos ainda, até os meus 21 quando
sarnento e velho estava sendo enxotado e escarnecido pelos meus parentes em
Linhares, Espírito Santo. Aquilo me marcou (= ME MAGOOU, na Rede Cognata), de
modo que foi como um sinal de como a humanidade é, inclusive a nossa, a mais
próxima de nós.
BASSET
(só que preto,
comprido como uma lingüiça; e porque pulava muito e avançava contra os intrusos
foi chamado de Valente, audaz, corajoso, intrépido). Era vira-lata, mas
tornou-se meu amigo de fé.
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O Valente saltitava, bravo que nem ele
só, mordendo as moscas no ar, correndo atrás dos ratos e matando-os, avançando
valentemente nos que pareciam querer ofender-nos, era uma alegria estar com
ele.
Depois um outro cachorro, Bodega, como
já contei foi morto com bola de carne com vidro dentro: morreu agonizando. Nunca
mais tive animais de estimação. Da morte desses dois animais veio a imagem que
tenho da humanidade como perversa e cheia de maldade potencial, quer dizer,
podendo exercê-la ou não. Tantas vezes exerceu.
Um cérebro pequeno, mas cheio de amor,
necessitando de carinho como qualquer um de nós.
Pelo desamor que dedicamos aos animais
posso aquilatar que a humanidade está bem longe do Paraíso.
Vitória, sábado, 11 de junho de 2005.
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