sexta-feira, 13 de outubro de 2017


Os Queridinhos Deparam com a Dura Realidade

 

                            Já vimos no Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) que as mães (e as mulheres todas, inclusive os pseudomachos) paparicavam (e ainda paparicam) os “queridinhos”, os garotos até 13 anos, que é quando eles saíam para a caça pela primeira vez. Não as menininhas, que eram enxovalhadas e quando se tornavam mulheres e mães faziam igual ou pior. Apenas os garotinhos, alvo e centro de toda atenção.

                            Isso ia desde o nascimento até os 13 anos.

                            Quando chegavam a essa idade era hora de se tornarem homens, uma alegria incomensurável, porque largavam de ser meninas e podiam pretender o respeito dos guerreiros (que eram apenas um em cada dez ou um em cada cinco, quer dizer, 10 a 20 % do total da tribo); havia o rito de passagem, que era apenas o preâmbulo dos perigos de depois, porque os guerreiros não davam trégua. De total, a atenção caía a perto de zero, pois os pretendentes começavam no degrau mais baixo. Os da ponta de cima ainda dariam alguma atenção, se tivessem tempo, porque tinham tendência de favorecer os mais jovens, nem que fosse em razão da memória de como tinham sido suas próprias passagens; mas os que tinham entrado pouco antes tripudiavam, escarneciam mesmo (um resíduo disso são os trotes universitários) até os limites da resistência dos jovens, inventando novos gêneros de tortura. Porque, também, ninguém queria fracotes que colocassem a tribo-caçadora em perigo de morte frente aos predadores. Atrasar-se todo tempo para socorrer os fracos seria o cúmulo! Fazer isso seria premiar a fraqueza e tornar-se com o tempo cada vez mais fraco. De fato, o rito era uma triagem, garantindo um patamar mínimo de resistência à dor.

                            Os queridinhos deparavam com a dura realidade do desprezo, precedido pela escarificação, antes da qual nada eram, estavam abaixo de nada, zero à esquerda. Depois começava a verdadeira provação, porque caminhavam atrás de todos, faziam os piores serviços, nunca podiam participar das batalhas ou eram empurrados para frente como bucha de canhão, carregavam as carcaças, limpavam as latrinas (como os soldados ainda fazem nos quartéis – eles são os queridinhos desmamados de agora). Ah! Os queridinhos pastavam mesmo. De leite quente da mamãe a trapo do grupo de caça, que mudança! No entanto, isso nunca é mostrado nas falsas histórias que nos contam sobre o antigamente.
                            Vitória, quarta-feira, 13 de julho de 2005.

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