sábado, 7 de outubro de 2017


O Faturamento do Prefeito


 

                            No meio popular faturamento é tanto o que uma empresa faz quanto “ganhar por meio ilícito”; diriam que “fulano faturou uma grana preta”, quer dizer, ganhou muito dinheiro ilegitimamente.

                            O atual prefeito de Vitória, indagado como conseguiu, iniciando sua vida como balconista de loja, evoluir com salários de deputado estadual e federal a ponto de conseguir uma casa na Ilha do Boi (ou Ilha do Frade), uma das “regiões chiques” da burguesia da capital, respondeu que sabendo administrar o que ganha. Só que o salário líquido de deputado não passa de 10 mil; se poupar metade, o que é muito difícil, levaria muito tempo para amealhar o milhão necessário para ter uma mansão: por ano teria 60 mil e em 20 anos 1.200 mil. Seria preciso investigar.

                            Em todo caso a imprensa divulgou que de 70 municípios capixabas SÓ UM não estava encontrando problemas com a Procuradoria da República, quer dizer, pouco mais de 1 %. Na mesma proporção dos 5,5 mil municípios brasileiros menos de 80 estariam isentos de roubalheira. É do maior interesse alguém investigar a fundo e revelar dados confiáveis sobre os prefeitos e as prefeituras, porque se a instituição estiver falida será preciso dar fim a ela ou reinventá-la.

                            Quer dizer que a cada quatro anos temos que passar de pobres a ricos 5.400 prefeitos e mais milhares de asseclas (porque eles não fazem as coisas sozinhos: é preciso secretários e tesoureiros e outros participantes). Não sabemos quantas dezenas de milhares de corruptos a cada período eleitoral o país deve enriquecer. Alguns ficam oito anos com a chance de reeleição e roubam o dobro. São folclóricos os casos que circulam a boca pequena. Eles não ganham só o que é deles, ganham o dos outros também. E aí faltam estradas, educação, hospitais, serviços públicos variados, praças e parques, usinas de tratamento de esgoto, proteção ecológica e tantas outras coisas de que sentimos falta.

                            Seria muito interessante elaborar esse livro, separando em gigantes (como São Paulo, Rio de Janeiro e outras metrópoles), grandes, médias, pequenas e microprefeituras (estas também, porque os casos mais escandalosos podem até se dar nestas, dado que nelas o volume a roubar é pequeno, mas não a ganância dos bandidos).

                            Vitória, segunda-feira, 20 de junho de 2005.

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