sábado, 7 de outubro de 2017


Barbará


 

                            Tendo nascido em 1954 e saído de Cachoeiro de Itapemirim em 1963 tinha na saída pouco mais de nove anos. Falavam da Fábrica de Cimento Barbará com uma reverência extraordinária, que para meus ouvidos de criança soava ainda mais nebulosa e fantástica: os ricos eram de uma espécie diferente e inatingível, vivendo lá no Olimpo dos deuses em áreas nas quais jamais se podia penetrar.

                            Ademais, podemos ver hoje, era uma das poucas fábricas de Cachoeiro e do Espírito Santo. Naquela época é possível que aquele município fosse mais adiantado que a própria capital do estado. Mas eram poucas as fábricas e cada uma era um mistério: “fábrica”, o que era isso? Conhecíamos serrarias, pois existiam muitas delas em Cachoeiro, assim como fábricas de telhas e tijolos, mas não era a mesma coisa. FÁBRICA mesmo, fábrica grande era outra coisa que só os grandes podiam visitar. Meu pai, que era motorista e as via de dentro, mas crianças nunca sabíamos de nada.

                            Muitos anos se passaram, décadas; o Espírito Santo se industrializou, centenas de FÁBRICAS apareceram e a Barbará tornou-se miudinha, quase um nada, uma fábrica a mais no interior de Cachoeiro, sei lá em que distrito, até talvez num que se emancipou. Aqueles tempos mágicos da infância capotaram e deslizaram para o abismo.

                            Um poder novo e muito maior se insinuou.

                            Tudo aquilo que era imenso na infância tornou-se pequeno.

                            Não é senão porisso mesmo que Federico Fellini pôde falar em Amarcord (Itália, 1974) de sua infância de uma forma com a qual todo espectador se identificou, pois essa distância incompreensível dá o tom da nossa existência humana.

                            Vitória, segunda-feira, 20 de junho de 2005.

                           

                            FÁBRICA DE CIMENTO BARBARÁ

Uma vida para o trabalho
 
Diário de Pernambuco, 07 de novembro de 2003.
Aos 96 anos, o empresário João Santos faz jornada de 14 horas
Ninguém pode dizer que o empresário João Santos não tem amor ao trabalho. Aos 96 anos, comemorados no último dia 26, ele não faz a mínima questão de aparecer em festas ou qualquer outro tipo de compromisso social. Mas todas as manhãs dirige-se à sede do grupo que leva seu nome, no Bairro do Recife, para mais uma jornada de até 14 horas comandando empresas de produção de cimento, açúcar, álcool e papel. Os domínios deste pernambucano nascido em Vila Bela, hoje Serra Talhada, também se estendem pelos setores agropecuário, de comunicação (rádio, jornal e TV) e aviação.

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