120
Ansiedades
Estou no livro 127,
mas 120 livros (de 50 artigos cada) foi o limite que imaginei atingir em 10
anos escrevendo os textos; mas ao cabo de pouco mais de três anos cheguei a
ele.
Começado
um livro, há a ânsia de chegar ao fim dele, não propriamente arranjando motivos
para escrever, mas meramente pensando tudo que se imagina ser necessário dizer;
como há um fluxo ininterrupto de idéias há correlativamente um fluxo
interminável de palavras. O pensamento recorrente é se há utilidade. Estabelecido
que há uma flutuação estatística no plano da realidade, qual o sentido da
preocupação? Bem, vimos que há o amor, o querer gratuito, sem recompensa. De
outra parte há o sentido de resistência contra o des-fazer, as forças
contrárias que o povo chama de “forças negativas”, as forças que tendem a
anular. Essa é certamente a grande emoção: se uma rede é montada pela
capacidade de raciocinar, que é lógica (lógica alta ou lógica baixa, mas sempre
lógica), as flechas incidentes que tendem a romper os vínculos ou os laços ou
as linhas de ligação dos nós causam aborrecimento. Podemos desfazer ou
contradizer os rompimentos e obstar os rompedores? É um exercício de vontade.
Podemos, diante de todas as improbabilidades, fazer tal ou qual construção?
Teremos força de vontade e capacidade mental para tornar dominante essa síntese
que propusemos? É aqui que se insere a divisão dos que fazem em dois blocos:
Ø Gênios do
bem (seria melhor dizer “gênios construtores”);
Ø Gênios do
mal (é preferível dizer “gênios destrutivos”).
Então, não é verdadeiramente ansiedade, é mais a
necessidade de apresentar um produto viável, terminado e completo, que sirva ao
todo e à parte. Quanto se poderá espremer daquilo? Quanta utilidade
apresentará? Será que conseguimos verdadeiramente ajudar alguém?
Então,
terminado um livro vem outro, depois mais um e assim sucessivamente,
prosseguindo sempre. Será que nessas seis mil oportunidades pude contemplar
soluções para potenciais problemas?
Vitória,
sexta-feira, 15 de julho de 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário