Dor e Prazer e as
Ilusões Úteis de Bentham
Jeremy Bentham (na
Barsa digital 1999: 1748-1832 - Filósofo e jurista inglês. Fundador da escola
utilitarista, que defendia a obtenção do bem-estar do indivíduo pela
organização pragmática da sociedade. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
Publicações Ltda.), conforme diz Lou Marinoff (em seu livro Mais Platão, Menos Prozac, 5ª. edição,
Rio de Janeiro, Record, 2002, sobre original de 1999) na página 94, foi “o
fundador do University College London, a primeira universidade inglesa a
admitir mulheres, judeus, católicos, dissidentes e outros ‘indesejáveis
sociais’ da época”. O lema de Bentham era, segundo Marinoff, “A maior
felicidade do maior número”.
Acontece que o
modelo diz que dor e prazer são um par polar oposto/complementar: toda dor traz
junto sua promessa de prazer e vice-versa. Desse modo, propugnar ou defender
maior prazer é preparar maior dor. A quantidade de prazer que os americanos
estão usufruindo (a maioria deles, internamente, o que seria justificado, pela
tese dele) será paga, interna ou externamente. Como não vem sendo paga
internamente, vem sendo paga externamente. Assim, a JUSTIFICÁVEL felicidade (da
maioria) interna gera infelicidade INJUSTIFICÁVEL (da maioria) externa. Agora,
porém, se formos realmente garantir a felicidade da maioria mundial, isso
significaria estancar a alegria interna dos EUA, porque ela causa dano externo.
Por essa via em pouco tempo estaríamos enredados numa teia inacreditável de
misérias e confusões. O gozo de quem goza não tem justificativa, senão a
vontade de gozar; e é garantido pela força, no todo a RELAÇÃO DE FORÇAS: quem
pode mais goza mais.
Claro que o caminho
certo é o de Jesus, mas não de Bentham, que é, este, parcial. As ilusões de
Bentham podem ser úteis para quem nelas encontra utilidades, mas não é uma boa
solução geral. Foi utilizada pelo Império Grão-Bretão em virtude da
justificativa (a posteriori) que apresentava e depois pelos EUA e todos os que
como eles encontravam motivos. Mas não são boas para todos.
Suponhamos a pena de
morte, que é aceita pela maioria nos Estados Unidos: como não podemos pensar
que ela lhes traga infelicidade, o maior número de americanos está feliz em
condenar os outros à morte. Se justificam internamente devem igualmente aceitar
quando outros condenem americanos à morte, por exemplo, terroristas, porque a
maioria destes pensa assim, que os americanos são criminosos, devendo ser
condenados à pena de morte. Desse jeito, todos estão certos, tanto os
americanos quanto os terroristas antiamericanos: a felicidade dos americanos é
também motivo de sua infelicidade.
O resultado geral é
que por esse caminho os utilitaristas estão cavando sua sepultura, porque todo
tipo de atrocidade será justificada, já que sempre haverá um grupo cuja fortuna
é a infelicidade alheia, citando os que, felizes, tiram dinheiro de
aposentadoria de velhinhas. E assim por diante.
Felizmente o mundo
não gira em torno das utilidades e ingenuidades de Bentham. Graças a Jesus e
outros iluminados.
Vitória, domingo, 25
de julho de 2004.
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