quinta-feira, 6 de julho de 2017


Deus, que Encontrou a Solução, e a Memória da Natureza

 

                            Já vimos que o centro do círculo - na realidade, da circunferência - não é do círculo propriamente, é o outro nome dele, é o que o resume. É o zero que resume todo o sistema numérico, por mais estranho que pareça. É muito compacto. Embora eu ainda não tenha retomado minhas compreensões matemáticas naturais, vou tentar estimar a relação entre o Deus que resume pela inteligência e a Natureza que é amplíssima e demora bilhões de anos para remontar do zero, ao acaso.

                            Já temos que a relação (é absoluta, porque o sistema é dimensionalmente conexo no SI, Sistema Internacional de Unidades, que o dá em metros por segundo; em qualquer outro sistema a relação seria a mesma, de cerca de 300 milhões – ou 300 mil km/s) da velocidade da luz no vácuo, “c”, é constante para todo o universo, na base 10 sendo expressa como 3.108, entre 108 e 109. Ora, temos a área A = πR2, em que R = c; então A = π. (3. 108)2 = 3,141592... (9. 1016), o que dá aproximadamente A = 3. 1017 ou 300.000.000.000.000.000 para um, trezentos quatrilhões para um (a chance parece toda contra a Natureza, mas ela vive para sempre, é eterna, pode gastar o tempo que for; depois de formado remotamente o primeiro Deus tudo é muito mais ligeirinho). Neste universo em que o metro é “c” a Natureza demora trezentos quatrilhões de unidades para montar Deus (observe que há concentradores, como se fossem enzimas potencializando tudo).

                            Assim, a memória, por si mesma, seria muito lenta, porisso a inteligência intervém. Eis porque a argúcia, que se acumula, vale tanto, enquanto as recordações, que são cíclicas, quase não têm valor nenhum e são mal pagas. Essa é a razão de se pagar muito pelas demonstrações das soluções, enquanto as reminiscências não encontram compradores (por mais lindas que sejam). Eis porque a Natureza ama os clarividentes – pois são raros. Ela gasta com prodigalidade das lembranças, mas preserva a todo custo as agudezas. Mesmo a Natureza, que vive para sempre, gosta de ver os trabalhos prontos.

                            Vitória, terça-feira, 27 de julho de 2004.

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