quinta-feira, 6 de julho de 2017


Desmond, que foi Pescar, Enquanto Morris Ficava em Casa Lendo um Livro

 

                            No livro (original de 1967, publicação brasileira de 1976) de Desmond Morris, O Macaco Nu, ele diz, p. 37: “Infelizmente o nosso cérebro pensante nem sempre está de acordo com o nosso cérebro emocional”.

                            O modelo fala dos patamares científicos (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6); estamos no patamar Psicologia/p.3, passando a Informática/p.4. Não somos mais biológicos/p.2, está longe esse tempo. Depois dos 100 milhões de anos dos primatas, dos quais 10 milhões de anos hominídeos, dos quais 100 ou 50 ou 35 mil anos sapiens somos faz tempo psicológicos, racionais – o corpo é só um adendo, é um anexo, tudo é corpomente, uma coisa só, que Descartes tentou separar com o “penso, logo existo”, isto é, só existo porque penso e só existirei se continuar a pensar. Não, tudo existe, mesmo sem pensar (senão, teríamos que desconsiderar a maior parte dos governantes do Executivo, dos políticos do Legislativo e dos juizes do Judiciário; e tantos empresários).

                            Não existe separação em mente-emocional e mente-racional.  Isso é visão distorcida ou alienada. O que existe mesmo é a racioemoção, se podemos dizer assim; tudo que julgamos emocional em nós é mentalização não traduzida em palavras PORQUE, erradamente, só identificamos com razão humana o que é transformável em palavras, quando existem cérebros dentro de nós que não racionalizam. Não existe isso de dupla personalidade (nem muito menos tríplice ou quádrupla ou o que for): o que existe mesmo são partições, dentro da mesma persona, para jogo duplo ou triplo ou o que for. A mente é muito complexa e ela se faz de besta, de emocional, pedindo desculpas para não assumir seus atos.

                            Como nossa mente em sua parte racional poderia não estar em acordo com o que é chamado de emoções? O fato é que devemos ver como uma Curva do Sino, com esquerda, centro e direita. TUDO É SER, todo o Ser é Um, com variações inevitáveis. O Desmond que supostamente foi pescar na realidade ficou comportadinho em casa lendo com o Morris e vice-versa. Num momento Morris é Desmond, noutro Desmond é Morris, assim como Descartes, por mais que quisesse, nunca se desfazia do Renè.

                            Vitória, quinta-feira, 29 de julho de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário