Buscando as Cidades
Alveolares
Em Casas Dentro de Cavernas, neste Livro
86, vimos que as primeiras casas devem ter surgido dentro das cavernas e não
fora. De fato, as pessoas antes de proporem uma solução completa devem propor
uma solução parcial e cada vez mais incompleta, até chegar a inicial ou embrionária,
desse épsilon (ξ ou infinitesimal de acréscimo) retornando ao zero, que era a
caverna de onde partiam para a nova aventura. Na prática, inicialmente algum
depósito cercado feito de barro, o que foi crescendo e se elevando até fechar
completamente, daí seguindo para outros depósitos com portas sem janelas,
depois com portas e janelas e a seguir casas com vários cômodos, no conjunto
postas ainda dentro. Então, recomeçando, esses alvéolos devem ter surgido
dentro, todos juntinhos, pegados uns aos outros, o que foi depois repetido ad
infinitum até vazar da caverna para fora; quando chegou ao exterior, ali se
tornou uma colméia cada vez maior em volta da caverna até que alguém, expulso,
construiu muito longe e se tornou (com grande medo inicial) independente.
Ou seja, a caverna
foi esburrando, enchendo tanto que entupiu por dentro e vazou, como borbulhas
dentro de uma vasilha, quando se sopra bolhas de sabão. Exatamente essa imagem:
borbulhas dentro que foram sendo expulsas, na medida em que a tribo cresceu
demais e já não cabia dentro da caverna. É algo assim que deve ser procurado. E
deve ter chegado a um ponto em que essas borbulhas eram em número incontável em
volta da caverna, como que se desprendendo dela e se tornando independente – a
primeira vila que existiu, quase junto de uma caverna. Essa primeira vila, por
outro lado, começou a crescer até o ponto de haver alguns milhares de cavernas-artificiais
ou casas, a caverna-natural perdendo o sentido, até que ninguém mais se lembrar
dela como início. É ESSA CONJUNÇÃO caverna-casulo que deve ser buscada.
Em resumo: uma
caverna relativamente grande, relativamente pequena; uma célula que começou
pequena dentro e, multiplicando-se, migrou como conjunto para fora, cresceu
desmesuradamente até a caverna se tornar um apêndice, depois o conjunto se
separando dela e se tornando independente, indo cada vez mais para longe,
esquecendo as origens. As células do alvéolo podem ser datadas por carbono-14,
pelos restos deixados em camadas inferiores do solo, descobrindo-se a primeira
a sair da caverna, a segunda, a terceira, etc.
Essa PRIMEIRA-CÉLULA
a sair da caverna-alvéolo foi a casa-ancestral, a primeira de todas situada
FORA, como deve ter havido uma primeira dentro. É fundamental encontrar essas
cavernas-alvéolo - porque o modelo vitorioso tende a ser repetido – e dentre
elas a primeira de todas. Deve haver uma série, como propus, desde o primeiro
esboço até a primeira cidade efetivamente situada longe de qualquer caverna.
Essa seqüência precisa ser determinada com precisão, porque poderemos com
computação gráfica restaurar a migração lógica dos nossos antepassados,
reconstituindo toda a passagem de primata a hominídeo a sapiens a humanos
atuais.
Para dar aulas tanto
podemos construir dentro de uma caverna real quanto modelar por meio de CG ou
de modelação computacional, visando ensinar os novos antropólogos e os novos
arqueólogos.
Vitória,
segunda-feira, 05 de julho de 2004.
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