domingo, 2 de julho de 2017


Buscando as Cidades Alveolares

 

                            Em Casas Dentro de Cavernas, neste Livro 86, vimos que as primeiras casas devem ter surgido dentro das cavernas e não fora. De fato, as pessoas antes de proporem uma solução completa devem propor uma solução parcial e cada vez mais incompleta, até chegar a inicial ou embrionária, desse épsilon (ξ ou infinitesimal de acréscimo) retornando ao zero, que era a caverna de onde partiam para a nova aventura. Na prática, inicialmente algum depósito cercado feito de barro, o que foi crescendo e se elevando até fechar completamente, daí seguindo para outros depósitos com portas sem janelas, depois com portas e janelas e a seguir casas com vários cômodos, no conjunto postas ainda dentro. Então, recomeçando, esses alvéolos devem ter surgido dentro, todos juntinhos, pegados uns aos outros, o que foi depois repetido ad infinitum até vazar da caverna para fora; quando chegou ao exterior, ali se tornou uma colméia cada vez maior em volta da caverna até que alguém, expulso, construiu muito longe e se tornou (com grande medo inicial) independente.

                            Ou seja, a caverna foi esburrando, enchendo tanto que entupiu por dentro e vazou, como borbulhas dentro de uma vasilha, quando se sopra bolhas de sabão. Exatamente essa imagem: borbulhas dentro que foram sendo expulsas, na medida em que a tribo cresceu demais e já não cabia dentro da caverna. É algo assim que deve ser procurado. E deve ter chegado a um ponto em que essas borbulhas eram em número incontável em volta da caverna, como que se desprendendo dela e se tornando independente – a primeira vila que existiu, quase junto de uma caverna. Essa primeira vila, por outro lado, começou a crescer até o ponto de haver alguns milhares de cavernas-artificiais ou casas, a caverna-natural perdendo o sentido, até que ninguém mais se lembrar dela como início. É ESSA CONJUNÇÃO caverna-casulo que deve ser buscada.

                            Em resumo: uma caverna relativamente grande, relativamente pequena; uma célula que começou pequena dentro e, multiplicando-se, migrou como conjunto para fora, cresceu desmesuradamente até a caverna se tornar um apêndice, depois o conjunto se separando dela e se tornando independente, indo cada vez mais para longe, esquecendo as origens. As células do alvéolo podem ser datadas por carbono-14, pelos restos deixados em camadas inferiores do solo, descobrindo-se a primeira a sair da caverna, a segunda, a terceira, etc.

                            Essa PRIMEIRA-CÉLULA a sair da caverna-alvéolo foi a casa-ancestral, a primeira de todas situada FORA, como deve ter havido uma primeira dentro. É fundamental encontrar essas cavernas-alvéolo - porque o modelo vitorioso tende a ser repetido – e dentre elas a primeira de todas. Deve haver uma série, como propus, desde o primeiro esboço até a primeira cidade efetivamente situada longe de qualquer caverna. Essa seqüência precisa ser determinada com precisão, porque poderemos com computação gráfica restaurar a migração lógica dos nossos antepassados, reconstituindo toda a passagem de primata a hominídeo a sapiens a humanos atuais.

                            Para dar aulas tanto podemos construir dentro de uma caverna real quanto modelar por meio de CG ou de modelação computacional, visando ensinar os novos antropólogos e os novos arqueólogos.
                            Vitória, segunda-feira, 05 de julho de 2004.             

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