terça-feira, 4 de julho de 2017


As Duas Línguas e a Média de Fazeres

 

                            No Modelo da Caverna vimos que devem haver, necessariamente, duas línguas, a dos homens (machos e pseudofêmeas) caçadores, língua-de-caça, econômica, qualitativa, direta ao ponto – para 10 a 20 % dos moradores; e a das mulheres (fêmeas e pseudomachos) coletoras, língua-de-coleta, muito volumosa e descuidada no apontamento, quantitativa, indireta – para os restantes 90 a 80 %.

                            A dos homens não precisava de reforço, a das mulheres sim; a primeira era a língua-da-inteligência (não que as mulheres não a tivessem, mas menos) e a segunda a língua-da-memória (não que os homens não a portassem, porém menos). Homens em caçada não podem falar muito, devem ir direto ao assunto; mulheres em coleta devem reforçar para ter certeza do lugar onde pegar isso e aquilo.

                            Acontece que temos quatro sexos, dois dos quais estão, devido ao apelo à forma, em posições contrárias. Ademais, as duas línguas estão fundidas no presente tempo, devendo ser separadas para serem mais bem juntadas mais tarde. A primeira junção foi emocional, natural; é preciso que a nova seja racional, artificial.

                            Em nossos tempos TODOS são coagidos a falar a mesma língua, obrigatoriamente a língua comum ou mista homulher; entretanto, fêmeas estão distantes + 25 % e os machos – 25 % (ou vice-versa) do centro; enquanto pseudofêmeas estão do lado das fêmeas, usando indevidamente sua língua, e pseudomachos estão do lado dos machos, idem, distando cada um 50 % à esquerda ou à direita. Esse constrangimento, essa obrigatoriedade, leva a dissonâncias, a distúrbios emocionais e racionais e extrema dificuldade expressiva, especialmente dos PM e das PF, pois que são obrigados a falar como fala sua forma, enquanto pelo conteúdo deveriam estar do outro lado; ora, o que discursa é a mente, não o corpo. Assim, uma PF fala como fêmea, quando sua mente é de macho.

                            E tudo isso leva a tremendos aborrecimentos em toda parte, especialmente no trabalho, onde se rende menos. As pessoas não podem aprender seu particular dicionário, expressando-se no do outro sexo conceitual (os sexos formais a gente vê como tais) com menor proveito e muito maior dificuldade: imagine um pseudomacho, que é mulher, obrigado a falar como homem. Assim, como foi feito antes para o calendário duplo misturado lunissolar, que separei no modelo, agora é necessário separar as duas línguas.

                            Vitória, quarta-feira, 14 de julho de 2004.

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