As Duas Línguas e a
Média de Fazeres
No Modelo da Caverna
vimos que devem haver, necessariamente, duas línguas, a dos homens (machos e
pseudofêmeas) caçadores, língua-de-caça, econômica, qualitativa, direta ao
ponto – para 10 a 20 % dos moradores; e a das mulheres (fêmeas e pseudomachos)
coletoras, língua-de-coleta, muito volumosa e descuidada no apontamento,
quantitativa, indireta – para os restantes 90 a 80 %.
A dos homens não
precisava de reforço, a das mulheres sim; a primeira era a língua-da-inteligência
(não que as mulheres não a tivessem, mas menos) e a segunda a língua-da-memória
(não que os homens não a portassem, porém menos). Homens em caçada não podem
falar muito, devem ir direto ao assunto; mulheres em coleta devem reforçar para
ter certeza do lugar onde pegar isso e aquilo.
Acontece que temos
quatro sexos, dois dos quais estão, devido ao apelo à forma, em posições
contrárias. Ademais, as duas línguas estão fundidas no presente tempo, devendo
ser separadas para serem mais bem juntadas mais tarde. A primeira junção foi
emocional, natural; é preciso que a nova seja racional, artificial.
Em nossos tempos
TODOS são coagidos a falar a mesma língua, obrigatoriamente a língua comum ou
mista homulher; entretanto, fêmeas estão distantes + 25 % e os machos – 25
% (ou vice-versa) do centro; enquanto pseudofêmeas estão do lado das
fêmeas, usando indevidamente sua língua, e pseudomachos estão do lado dos
machos, idem, distando cada um 50 % à esquerda ou à direita. Esse
constrangimento, essa obrigatoriedade, leva a dissonâncias, a distúrbios
emocionais e racionais e extrema dificuldade expressiva, especialmente dos PM e
das PF, pois que são obrigados a falar como fala sua forma, enquanto pelo
conteúdo deveriam estar do outro lado; ora, o que discursa é a mente, não o
corpo. Assim, uma PF fala como fêmea, quando sua mente é de macho.
E tudo isso leva a
tremendos aborrecimentos em toda parte, especialmente no trabalho, onde se
rende menos. As pessoas não podem aprender seu particular dicionário, expressando-se
no do outro sexo conceitual (os sexos formais a gente vê como tais) com menor
proveito e muito maior dificuldade: imagine um pseudomacho, que é mulher,
obrigado a falar como homem. Assim, como foi feito antes para o calendário
duplo misturado lunissolar, que separei no modelo, agora é necessário separar
as duas línguas.
Vitória,
quarta-feira, 14 de julho de 2004.
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