Aquele Laguinho Muito
Quente e as Estranhas Mudanças que Ele Provocava
Suponho que aquela
separação antiga entre a África e a América do Sul de início era apenas uma
fissura, depois um lago, e que de dentro da Terra e do solo vem o magma
quentíssimo que jorra. Se a radiação ficava travada pelas pedras e pelo chumbo
que ela naturalmente tem, quando o calor entrava em contato com a água essa
radiação não era mais bloqueada e emergia; o ar quente que fazia a água
borbulhar, com o calor saía à atmosfera e a impregnava, tendo muito maior
densidade de radiação, que contaminava mais os animais ao redor, iniciando um
período de maior número de mutações por unidade de tempo.
Deve ter sido criada
uma ÁRVORE DE DIFERENCIAÇÃO naquele exato momento em que o lago se formou e a
fissura foi aumentando até dar na separação em que não se via mais o outro
lado, pois ele estava além do horizonte, quer dizer, da curvatura do mundo. A
AD-africana e a AD-sulamericana formaram dois galhos distintos, a partir de
algum momento imiscíveis, isto é, com espécies que não podiam mais cruzar,
casar. A ADF desenvolveu-se para o lado exclusivamente africano e a ADSA apenas
no continente sulamericano. Não mais se tocaram.
Porém, antes disso
elas se misturavam, quando ainda se podia atravessar nadando. Os animais
atravessavam a nado o lago, nadando a distância toda da separação quando ela
ainda não era bastante grande, ou rodeavam-no. E antes disso ainda conviviam
abertamente.
OS
VÁRIOS TEMPOS E OS LUGARES QUE COMUNGAVAM (quanto tempo vai entre um e outro eu não sei)
1. Estágio de fissura mínima;
2. Fase de lago;
3. Tempo de mar interior;
4. Período de largo canal;
5. Etapa inicial da imiscibilidade;
6. Intervalo de tempo entre a metade e o
dobro da distância de agora.
Interessa sobremaneira a fase de lago,
pois nem havia radiação de menos como ANTES, quando a fissura era pequena
demais para permitir comunicação muito larga com o interior; nem de menos como
DEPOIS, quando a área a contaminar era grande demais e a quantidade de radiação
por unidade de volume ficou reduzida de novo. Na fase de lago a comunicação com
o interior quente da Terra era grande e o caldeirão borbulhante relativamente
pequeno, de modo que os animais que ali nadavam ou ali bebiam entravam
fatalmente em mutação; e, produzindo mutações benfazejas ou maléficas, sempre
mutavam, fazendo andar a seleção natural muito mais depressa, num ambiente que
também mudava e potencializava as figuras.
O resultado é que essa FASE DE LAGO
será marcada por altas taxas de mutações, com muitos cadáveres diferentes distinguindo
o mesmo horizonte temporal, nos mesmos estratos. Dez milhões de anos
apresentarão as mais altas taxas de mutações, tanto quanto 100 milhões em
outros lugares; organismos que estão mudando podem adquirir qualidades que
suplantem as do passado, prosperando e ocupando os nichos ambientais,
tornando-se dominantes. Assim esses lagos devem ser procurados no mundo
inteiro. Chamarei esses lagos de BA (Brasil-África), portanto, LBA (lagos-BA),
nome universal deles. Eles não são todos iguais em forma, mas são todos
importantes, ainda que uns mais que outros.
Vitória, quarta-feira, 14 de julho de
2004.
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