sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


Registrando Máquinas Derivadas de Idéias

 

                            As idéias que estou tendo avançam muito mais rápido que as patentes, tendo das primeiras até agora 3,6 mil e das segundas 2,4 mil, portanto 3 x 1,2 e 2 x 1,2 mil, 3/5 e 2/5 de 6,0 mil.

                            Como eu disse noutro texto, idéias são mais importantes que patentes PORQUE as idéias podem ser usadas para sempre, ao passo que as patentes têm no máximo proteção de 20 anos, e só no território do país onde foram registradas, enquanto idéias podem ser aproveitadas em toda parte, como a idéia do Mc’Donalds (que não obstante é marca registrada – isso é outra coisa). Por outro lado as patentes reservam mercado, enquanto as idéias sofrem concorrência, o que também é bom, pois aguça a luta pela sobrevivência do mais hábil em termos de artifícios psicológicos.

                            Contudo, a soma é zero, de modo que devemos investigar melhor essa afirmação. Se for verdadeira, subsiste o fato de que de idéias podem derivar máquinas, que são patenteáveis, e inversamente de patentes podem sair idéias.

                            Por exemplo, da Manta de Dormir, que foi dada entrada em 02.agosto.2002 como desenho industrial, pode sair a idéia de colocar uma loja para vendê-la, em todos os formatos imagináveis. Ou da idéia da criação dos disquetes da Tabela Periódica pode sair o programáquina Periódica 1.0, que será patenteável sob a sigla dos softwares registráveis.

                            Assim sendo, a coisa é tremendamente mesclada, misturada.

                            Não se deve olhar para as coisas excluindo-se as possibilidades, fechando a mente, obstruindo as oportunidades. Tudo é tão dinâmico que convém manter tudo aberto. É um ping-pong entre as idéias, as patentes, os modelos de utilidade, os desenhos industriais, as marcas, os direitos de autor (nos meus textos existem centenas de idéias e de patentes possíveis) e os softwares ou programas a registrar. Tudo isso pode ser combinado dois a dois, três a três, quatro a quatro, etc. O principal é ter a mente aberta, nunca rejeitar oportunidades.

                            Vitória, domingo, 18 de agosto de 2002.

Reclamações

 

                            Um colega de serviço, AMM, disse que eu reclamo muito, e isso me fez pensar numa das oposições/completações, otimismo e pessimismo. Evidentemente o modelo diz que nenhuma é, e as duas são boas e ruins; os extremos polares, onde cabem o “ismo” (sinal evidente de doença do info-controle ou comunicação mais hábil, mais apta, agoraqui da humanidade), são ambas perigosas (mas trazem muitas promessas – a Natureza usa tudo a seu favor).

                            A Natureza é só uma regra apertadíssima, minimax em termos de sentimentos, sem folga, para o crescimento do info-controle; ela descarta imediatamente, sem raciocínio, o que quer que seja ofensivo à continuidade. Neste caso, pode descartar o otimismo ou o pessimismo, ou ambos, conforme os ciclos. O resultado é que ambos podem ser bons e ambos podem ser ruins, ou pode-se usar qualquer mistura dos dois, ou ficar no meio, conforme a utilidade no ciclo.

                            Posto isso, devemos raciocinar que a pessoa que reclama, ao contrário do que pode parecer, é o otimista, porque o pessimista nunca reclama – para ele tudo está bom sempre, e ele se esconde no mutismo. É o caso do AMM; então ele cai na bebedeira, na idolatria da ausência, da perda da batalha antes dela começar. Era pessimista Arjuna na batalha em que no Bagavad Gita Krishna se põe a convencê-lo de que o não-movimento, ahamsa, não é necessariamente bom. Arjuna, assustado, pondera que qualquer movimento seu haverá de destruir algo ou de matar alguém que ele ama, ou seja, a sim mesmo, ao que o Senhor K diz que o mundo é dor, mas é essencialmente movimento, portanto busca do equilíbrio. Não fazer é o mesmo que esquecer as obrigações, é não lembrar que a dor traz, do outro lado, a satisfação, o prazer. Não criar significa, no fundo, ficar no zero do equilíbrio, no que é, como disse a Clarice Lispector, o vazio do equilíbrio. Equilíbrio também tem hora e lugar, ou de outro modo tudo seria só uma reta, sem pulsação do corpo morto; o silêncio do cemitério não sendo conflito, mas também não sendo nem informação nem controle.

                            A questão é que quem reclama ainda está lutando pela vida, enquanto quem não reclama já morreu. Você pode pensar que esse morto ou semimorto, esse zumbi, não serve à Natureza, mas estaria errado: estar quieto, parado, calado, pode fazer sobre-viver para ter descendência. Não é senão porisso mesmo que há gente pessimista no mundo – eles têm valor de sobrevivência, realizam isso que chamei de “corte darwiniano”, o que cinzela a Vida geral e a Vida-racional, em particular.

                            Se segue que reclamar ou não reclamar estão no mesmo patamar. Se gosto mais de reclamar é porque vejo como covardia essa ausência, como não-responsabilidade, como não-enfrentamento, e isso eu não quero para mim nem perdôo nos outros.

                            Eis que, sem querer, AMM tocou num ponto nevrálgico, muito sensível, crucial mesmo, que define as civilizações das elites, as sociedades do povo e as culturas ou nações ou povelites. Fundamentalíssimo, em poucas palavras, razão pela qual abordei o assunto. O ahamsa é importantíssimo, mas o movimento é essencial, com todo o custo implícito, pago em dores por vezes terríveis. Não é a dor que é desejada, em nenhum caso, mas o que ela nos ensina como tolerância. Não é o pessimista que é tolerante e democrático, pois sua opção de não-movimento conduz à ditadura, à tirania, ao domínio de uns pelos outros.

                            Vitória, sábado, 17 de agosto de 2002.

Puxando pela Idéia

 

                            O povo fala assim quando quer dizer que deve se deter detalhadamente num determinado assunto, ou seja, quando deve investigar.                                                   Naturalmente, não estando acostumado a esse tipo de exigência, sofre com isso, e esse sofrimento é espelhado pelo verbo PUXAR, com o sentido que há de tração, de forçamento.

                            Então, para o povo, “puxar pela ideia” não é coisa usual, não é trivial, pelo contrário, é difícil, é penoso – coisa que só a intelectualidade pode fazer sem sofrer. Daí que “puxar pela idéia” não seja visto com bons olhos, pelo contrário, é indício de suplício e até de angústia, que as pessoas “normais” não deveriam tentar, em vista do perigo implícito. Interpretar o povo é muito divertido e fonte de prazer inesgotável, pelo sim e pelo não.

                            Onde está a Ideia?

                            A Ideia geral está “lá longe”, é uma coisa distinta da pessoa (indivíduo, família, grupo, empresa) que pensa, que tem cérebro, que detém parcela de humanidade. É para o povo fonte inequívoca de dor e de confusão. Portanto, “puxar pela ideia” é perigoso, pode mergulhar no conflito e até endoidecer, enlouquecer a pessoa, embaralhar sua mente.

                            Do outro lado, claro, estão as elites, essas que conseguem pensar, que podem ter novas memórias, através da inteligência, que com essa remodelação predam os povos, que através do “fazer melhor”, do “fazer novo”, mais e melhor, em mais elevado patamar de rendimento ou eficiência conseguem suprimir os fazeres e os teres antigos, substituindo-os pelos novos fazeres e os novos teres, as novas riquezas, as transformações das formas, dando os saltos qualitativos, ou seja, promovendo impiedosamente as revoluções renovadoras, produtoras do re-novo.

                            Pois as massas só sabem promover re-formas, pequenas atualizações das formas, ou seja, adaptações minúsculas, sem qualquer salto ou projeção de grande porte.

                            Assim, ser massa ou povo é candidatar-se à metade ou aos 50 % que necessariamente ficarão para trás, na retaguarda do fazer e do ter. SEMPRE haverá pobres e miseráveis, estatisticamente a metade que retarda. A questão, então, não é nem pode ser essa, como já mostrei exaustivamente no modelo, e sim o que fazer das ideias que são puxadas. Se elas vão beneficiar a todos ou vão segregar alguns em guetos.

                            A questão crucial não é que metade não saiba “puxar pela ideia” e sim como se comporta a que o faz; se ingenuamente puxará só para a sardinha de sua tranquilidade a brasa das ideias, ou se será libertária, de visão mais larga, contaminando o fazer baixo com o fazer alto. Esta foi, em grande resumo, a postulação de Jesus – a abertura do fazer do mundo, o fazer baixo sustentando o alto com o trabalho e o saber alto apoiando o baixo com sua extração de ideias.

                            Vitória, domingo, 11 de agosto de 2002.

Psicologia em E-Negócios

 

                            E-negócios é o e-business americano, negócios eletrônicos, através da Internet. E-trocas, digamos assim. Acontece que TROCAS, no modelo, é coisa mais ampla, é troca geral de IC, info-controle, informação-controle ou comunicação, com bancos de IC no centro de uma ECONOMIA DE IC. Então teríamos trocas agropecuárias/extrativistas, trocas industriais, trocas comerciais, trocas de serviços e trocas bancárias. Esta se dá entre bancos, e entre bancos e os outros pólos. E assim sucessivamente, dois a dois, três a três, quatro a quatro.

                            Mais amplamente, a e-troca é geral, psicológica: e-trocas psicanalíticas ou entre figuras; e-trocas psico-sintéticas ou entre objetivos; e-trocas econômicas (já listadas acima) ou entre produções; e-trocas sociológicas ou entre organizações; e e-trocas geo-histórias ou entre espaçotempos.

                            Veja só, o que estamos e-trocando são blocos de IC, ou seja, blocos de informações e blocos de comunicações ou controles. Como eu já disse noutra parte, há nisso FITAS DE HERANÇA DE IC, como em tudo, e uma LÍNGUA DE TRANSAÇÃO DE IC, socioeconômica psico-sintanalítica geo-histórica. Como é que essa fita é composta e como sobre ela opera a língua? Ninguém estudou isso dessa forma tão explícita e escandalizante por seu potencial de novidades.

                            Os governempresas políticadministram pessoambientalmente a transferência das fitas de IC por meio de uma língua denominada LEI, e seu conjunto de formestruturas de repressão das iniciativas não-toleradas pelo modo político (capitalista de terceira onda) e a classe dominantes. Postados em seus repertórios ou estimativas de possibilidades, os G/E’s (nos ambientes: municipais/urbanos, estaduais, nacionais e mundial, através das pessoas: indivíduos, famílias, grupos e empresas) nutrem-se e são nutridos segundos as linhas de dominância, ou seja, eles permitem acesso deste ou daquele conjunto a esta ou aquela forma de políticadministração de IC.

                            Para simplificar: quem tem direito a esta ou aquela linha de financiamento? Agora vemos a migração acelerada rumo à gerência universal dos volumes acumulados e partilháveis (Cuba tem ficado sistematicamente de fora) de IC, via Internet, a chamada Grande Rede, que é o mecanismo (estaticodinâmico) de transferência de IC à velocidade “da luz”, como dizem os idiotas. Na realidade o ritmo é lento, lentíssimo, para todas as promessas. Há muita dificuldade nisso tudo.

                            Só para chamar a atenção, como a sustentação tributária do Estado se dará, com que gênero de carreação de recursos? Enfim, a questão mais geral: como se dará o mapeamento de IC? Sabemos como é tosco o atual, mais antigo. Se este é insuficiente, com taxas de transferência muito menores, quanto mais o será o outro!

                            Para resumir muito, como os psicólogos investigarão e como facilitarão a compreensão deste novo fenômeno, desde novo ultrapassamento do humano? Que eles estejam sendo incapazes de investigar é patente. E, se não são capazes de investigar, se não começaram tal investigação, que dizer de facilitar a outros a percepção?

                            Tudo vai mal, mas este é o instrumento máximo da libertação, ao qual, mais que a todos, devemos prestar atenção, pois os e-negócios, as e-trocas são fundamentais para nós, no sentido de atingirmos todo o mundo. Conseqüentemente a psicologia dos e-negócios é crucial para nós.

                            Vitória, sábado, 17 de agosto de 2002.

Proporcionalidade dos Objetos Celestes

 

                            Freqüentemente, ao mostrar a Terra na telinha de TV, a Lua aparece logo ao lado do diâmetro terrestre, encostadinha mesmo. Acontece que a Terra tem 6.372 km de raio (12.744 km de diâmetro), a Lua 1.740 km de raio (3.480 km de diâmetro), situando-se a uma distância média de 382 mil km. Se tomarmos o diâmetro da Terra como passo-padrão, a Lua se situaria a 30 diâmetros terrestres. Se fizermos isso com a Lua, a Terra estaria a 110 diâmetros lunares.

                            Se a Terra tiver 12,7 cm na tela, a Lua estaria a 3,82 metros. Se a Lua tivesse 12,7 cm, a Terra deveria ser mostrada a 13,9 metros. Enfim, não daria para ver. Colocando a Lua assim pertinho o artista provocaria gigantescas ondas (dezenas de quilômetros, talvez) por efeito de maré. Até os continentes se deslocariam para o espaço!

                            Bom, e a tal “licença poética”?

                            Evidentemente ela não pode contrariar a tecnociência, nem a razão, a lógica, e tudo isso.

                            SE a tela tem 20” (vinte polegadas), medidas na diagonal, sendo o triângulo retângulo e a relação não-wide (wide é 9 x 16) de 9 x 12 ou 3 x 4, a hipotenusa terá lado = 5, quatro polegadas por unidade, os catetos medindo 3 x 4 = 12 e 4 x 4 = 16 polegadas, ou seja, cada polegada valendo (exatamente, por definição) 2,54 cm, 12 x 2,54 = 30,5 cm de altura (a vertical) e 16 x 2,54 = 40,7 cm de largura (a horizontal). Para caberem os 3,82 m da distância média, a Terra teria 1,33 mm, enquanto a Lua ficaria com 0,4 mm, um ponto quase invisível.

                            O povo e as elites não devem ser enganados EM NADA, inclusive não nisto também. SE as pessoas querem colocar perto, que façam o reparo, dizendo que é não-proporcional. Se não fizerem o reparo devem colocar corretamente. Foi de escorregão em escorregão, de permissão em permissão que se chegou a essa permissividade antilibertária de agoraqui.

                            Vitória, sexta-feira, 09 de agosto de 2002.

Problemagrafia

 

                            Vi no modelo que a Natureza quer insistentemente que a humanidade e todos os seres vivos resolvam problemas, encontrem as soluções, ou morram. Solução ou morte, estes são os limites. Os mundos (do primeiro ao quarto), as classes do labor (soluções operárias, intelectuais, financistas,        militares e burocratas), os setores econômicos (produções agropecuárias/extrativistas, industriais, comerciais, de serviços e bancárias), tudo, absolutamente tudo deve resolver problemas.

                            Bom, então olhei para os problemas e vi que eles estão em guetos, chamados “livros didáticos”, quando estão. São de dois tipos gerais: 1) os problemas teóricos, 2) os problemas práticos. Não foi abordada fora do modelo a solução convergente, prateórica. Aqueles foram melhor e mais metódica e extensivamente tratados, enquanto estes são coletâneas soltas, com o descuido normal.

                            As soluções teóricas são obtidas na Vida da Escola, conduzida pela pedagogia teórica, enquanto as soluções práticas são testadas na Escola da Vida, passando nas categorias de trabalho baixo (são 6,5 mil as profissões, dizem) à geração seguinte, com ou sem aprimoramento. Quase sempre não há pensamento delineador.

                            Por outro lado, ao grupo das ST (soluções teóricas) falta a ligatividade (qualidade do que é ligável) com a prática, enquanto o contrário é mais que verdadeiro, para as SP (soluções práticas).

                            Por que é assim?

                            Porque não trabalhamos a P&D prateórica (de dupla via, portanto, de uma a outra e retornando) dos problemas como problema-grafia geral, estudo dos problemas, a problemática tão ridicularizada? Como é que fomos tão displicentes, tão negligentes, tão relaxados, tão frouxos, tão acomodados?

                            Como é que não proporcionamos às pessoas manuais de problemas (o livro ao contrário sendo o conjunto das soluções; portanto, um par problema-solução)? Deveríamos tê-los aos milhares, inclusive com coleções de enigmas, ao modo que Feymann gostava de resolver, mais os quebra-cabeças, até as revistinhas de palavras cruzadas. Isso não é brinquedo, não! É coisa muito séria, questão de sobrevivência nacional em todos os patamares de raciocínio e vivência. É fundamentalíssimo como forma de projetar a nação para destinos mais elevados.

                            Bibliotecas inteiras de livros assim.

                            A par delas, escolas dedicadas a níveis sempre mais elevados de problemas, de tal modo que se tornasse uma febre nacional. Erros e acertos, as pessoas que tiveram intuições geniais, fora e dentro do país. Juntarmo-nos aos hispano-americanos. Participarmos de competições internacionais em todos os ramos do Conhecimento (competições mágicas/artísticas, teológicas/religiosas, filosóficas/ideológicas, científicas/técnicas e matemáticas).

                            Nenhum mundo, nenhuma nação, nenhum estado, nenhum município/cidade, entre os ambientes, e nenhuma empresa, nenhum grupo, nenhuma família e nenhum indivíduo, entre as pessoas pode prescindir disso, do teste contínuo. Parar de crescer é morrer. Crescer é deparar-se com as dificuldades do crescimento, que são justamente os problemas. Agora, veja, a humanidade tem memória das dificuldades, através da qual pode preparar as gerações que irão assumir as políticadministrações governempresariais pessoambientais para ESPERAR E ACEITAR A CARGA DE PROBLEMAS. Evidentemente as soluções do passado nem sempre servem ao futuro, mas pelo menos a pessoa saberá que os problemas virão.

                            Vitória, sexta-feira, 9 de agosto de 2002.

Pelo Menos em Teoria

 

                            As pessoas dizem: “isso deve funcionar, pelo menos em teoria”. Disso podemos extrair extraordinária carga de pensamentos.

                            Em primeiro lugar, fica a precaução, o fato de que, no passado, teorias que pareciam explicar muito de fato não conseguiram dar conta do recado. Coube com o futuro o fim do orgulho, unilateral que é sempre. Uma pequenina dose de desconfiança em relação à potência explicativa.

                            Em segundo lugar, a prática é um gênero de teoria fraca, como eu já disse, uma teoria não sistematizada, ao passo que a teoria é a prática sistemática – poderíamos falar até de uma TEORIA DA SISTEMATIZAÇÃO, teoria da teoria, teorização ou epistemologia da epistemologia, teoria do conhecimento da teoria do conhecimento – uma meta-teoria. A teoria é o senso-bom dos prevenidos, enquanto a prática é o bom-senso dos desprevenidos, dos que não desconfiam de si mesmos. Embora a teoria seja a prática forte, ela não totaliza, e o povo sabe disso, o que tranqüiliza em relação ao domínio infinito.

                            Em terceiro lugar, podemos raciocinar que a teoria busca DIÁLOGO NATURAL, quer dizer, ela não se reveste de certeza desde o início, é um funil do empreendimento mental, é um cone com um canudinho muito estreito na ponta. Seleção artificial, com a sobrevivência das teorias mais aptas. Ou seja, ele deve remeter-se ao mundo, para ser repudiada ou não, estando então sujeita ao retalhamento pelas outras teorias, num ambiente de extrema competição.

                            Em quarto lugar, há o desprezo popular pela magnificente penúria, esplêndida pobreza mental das elites, que pretendem substituir a Tela Final, onde ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele chega a um acordo final e definitivo a respeito do Pluriverso, por suas parcializações, atos permanentes de produzir as versões parciais do universo. O povo ri disso, à socapa, dissimuladamente, aquele risinho baixo de deboche.

                            Poderíamos continuar indefinidamente, dá muitas teses de mestrado e doutorado. Não interessa, o principal é perceber que há de fato bastantes motivos para riso, para um calor interno de reconhecimento da risibilidade, a qualidade do que é risível, que como disse Umberto Eco n’O Nome da Rosa, é o que salva de qualquer ditadura e toda tirania. Porque, pela resistência interna, nós nunca sucumbimos.

                            E essa aversão interior é demonstrada por essa frase: “pelo menos em teoria”. Não vai funcionar completamente, em total azeitamento – em algum momento vai dar pau, vai dar tilte, vai engastalhar, vai dar bode, vai enganchar, vai torcer.

                            Então, por essa pontinha, as elites estão presas ao reconhecimento implícito de que não há totalização possível. Pelo menos em teoria.

                            Vitória, domingo, 11 de agosto de 2002.