quinta-feira, 22 de dezembro de 2016


A Teoria do Funil Tecnocientífico                                             

 

                            Imagine um funil com o lado cônico avançando para o futuro e tornando-se cada vez maior, isto é, com o diâmetro do círculo de base do cone ampliando sempre, para mostrar as soluções proporcionadas pelo PODER RESOLUTIVO (ou integrativo) DA TEORIA, PRT ou PIT.

                            Ora, esse PIT, que é bom, logo se torna aquele paradigma de Kahn, quer dizer, a catalisação coalescente, aderente, aglutinante que impede a divergência ou contestação, anulando ou prometendo anular a criatividade natural naquele ramo do conhecimento.

                            O outro lado do funil, o cilindro cujo corte reto é consideravelmente menor que a base do cone, é a resposta, quer dizer, presumimos que é necessário ampliar consideravelmente a saída ou debate sobre a propriedade. O fechamento corresponderá à incapacidade de resistência humana. Evidentemente haverá, com o ajuntamento indutivo anti-popperiano, cada vez mais evidências a favor da teoria, calando seus opositores, até que alguém de dimensão muito maior vá destruir a base de sustentação, atacando o problema mesmo de modo inovador, incorporando a teoria mais velha.

                            A questão, então, é a de saber se há gente trabalhando a abertura do cilindro do funil, isto é, a quantas anda a constetabilidade humana, a qualidade por trás do que é contestável, a capacidade de identificar ou resistir à pressão do PIT. Enfim, a resposta à ditadura dogmática, a saída pára-dogmática, para além do dogma.

                            Por enquanto essa CLASSE DE RESPOSTAS tem sido de inteira competência dos espíritos inquietos, que não se dobram ao insidioso chamado vindo da carreira dos lemingues, isto é, vem dependendo de quem é capaz de contrapor-se à fúria destrutiva e avacalhadora do conformismo, a sobre-afirmação da conformidade. Obviamente tem dado certo, pois existe ainda muita gente disposta a arrostar as medonhas forças castradoras sociais, mas pode chegar o tempo em que isso esteja além das potências pessoas (individuais, familiares, grupais e empresariais), devendo ser organizada tal resposta pelos ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo), em conjuntos crescentes. Essa é a condição da contínua prosperidade, porquanto sem tal atendimento de demanda, quer dizer, sem oferta coletiva de resposta, o ser humano isolado pode sucumbir.

                            Vitória, sexta-feira, 09 de agosto de 2002.

A Fábrica de Ídolos

 

                            A gente vê na Globo e no Sistema Brasileiro de Televisão, SBT, a fabricação de ídolos para consumo popular. Eu disse a algumas pessoas que eles devem manter mil (1.000) suspirando, à frente das telinhas e das telas, em evidência, para contentamento das massas.

                            Isso é o Capitalismo de terceira onda, com a grade própria de ilusões, nada a comentar, apenas um dos artifícios nojentos – e existem tantos. Então a gente passaria ao largo, rindo por dentro das tolices dos páleo-administradores, esses idiotas de agora.

                            O que dói mesmo é saber que a burguesia é repetitiva, toma sempre as mesmas atitudes, como antes fizeram a nobreza medieval e o patriciado escravagista. Ela não inova, não cria, não gera nada de verdadeiramente novo. Poderia abrir largos braços, para abarcar mais da Natureza e de Deus, d’Ela e d’Ele, d’ELI, mas em vez disso contenta-se com os procedimentos enganadores de sempre.

                            Há tanto a fazer que é surpreendente estarem usando (e mal) o artifício (único) do pão e do circo, alimento e diversão (não divertimento, que seria isento e sadio, mas DIVERSÃO, no sentido de distração, de chamar atenção para algo diverso, esquecendo-se o principal).

                            Como aqueles garotos e garotas estão sempre dispostos a vender sua alma em troco de bem-estar, de fama, ainda que passageira, de um assomo de glória, de um gozo precoce, eis-los à frente do circo, jogados aos leões, os gladiadores de agoraqui, recebendo os aplausos e apupos da turba enlouquecida. Esta sabe muito bem que o Grande Amor é coisa do futuro, e o melhor tempo é aquele distante, lá longe, na Anarquia. Então, leva tudo de atropelo, tudo de cambulhada, tudo na vileza, na vilania, na sujeira, na putaria. E ri. Ri dessas crianças oferecidas de corpo e de alma ou mente. Ri da burguesia com furor. Ri de si, ri de tudo e de todos.

                            E a burguesia, é claro, fabrica seus mil escudos contra a atenção, sem saber que há um tempo certo no ciclo, que nem pode ser evitado nem desviado senão à custa de maior dor e confusão ainda.

                            Vitória, terça-feira, 20 de agosto de 2002.

Treinamento Cinematográfico

 

                            Desde quando uma coisa passa a existir ela se torna uma veia pedagógica, de ensinamento e desensinamento das pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas), de educação e de deseducação. O mesmo aconteceu com o cinema.

                            Para o bem e para o mal ele foi uma força.

                            Para o bem tantas coisas nos mostrou: melhores sentimentos, melhores procedimentos, valores positivos que conduziram a essa notável melhoria do mundo, que vemos na atualidade, por toda parte. Juntamente com o Rádio e a TV, além das outras mídias (Livro, Jornal, Revista e mais recentemente, da década dos 1990 para cá, a Internet), fez a humanidade dar saltos em apenas 100 anos, ou pouco mais, de sua existência.

                            Para o mal, transferiu valores terrível de Hollywood e de outros centros de criação, sem o menor respeito pelas pessoas, a toda parte. Como são, supostamente, “mais avançados”, os atores, atrizes, diretores, produtores e toda gente envolvida na economia cinematográfica (agropecuária/extrativismo, indústria, comércio, serviço e banco) crê-se acima dos demais, devendo ensinar a estes seus valores, até impô-los.

                            Em particular, como fumavam e bebiam, acreditaram que todos os seres humanos deveriam fumar e beber, o que foi o desastre já conhecido dos vícios. A indústria do fumo propagou-se com base nessa divulgação contínua da mídia, o câncer derivado dos subprodutos do tabaco ceifando milhões de vida e levando a processos rumorosos contra as empresas. Da parte da bebida, são centenas de milhões de “dependentes químicos”, como são chamados agora eufemisticamente os alcoólatras (o AAA passou de Associação dos Alcoólatras Anônimos a Associação dos Alcoólicos Anônimos, uma tentativa infantil de ocultar a doença; poderia ser ABA, Associação dos Beberrões Anônimos – vai ficar escondido mesmo!).

                            Depois, eles se viraram para as drogas (cocaína, heroína, derivados, drogas contemporâneas), a ponto de num filme dizerem que TODOS, sem exceção, usavam drogas em Hollywood em certa ocasião. As prisões de atores (a pontinha de um Iceberg) são freqüentes.

                            Aí os filmes de detetives e de ação começaram a divulgar e depois a louvar os atos criminosos – roubos, furtos, assassinatos, traições, todo o lado ruim do dicionário.

                            Agora o que vemos é um punhado de gente através do mundo entrando na criminalidade nem que seja por imitação, para ficar na moda cinematográfica, para imitar seus artistas preferidos. Pior que isso, o Cinema geral vem ensinando técnicas de malandragem aos bandidos menores, retirando a inocência de nossas vidas. Sofisticados modos de furtar e roubar são ensinados constantemente nos filmes. O Cinema passou a ser a Escola dos Vícios e da Bandidagem. Os bandidos vão às telas (de TV e de Cinema) para aprender as novas técnicas.

                            É certo que a Natureza aproveitará isso tudo, pois ao elevar o nível de choque as pessoas terão de sobreviver ou encontrar aptidão nesse patamar mais alto. Mas há a tensão nervosa de viver num mundo sobressaltado.

                            De modo que também para o Cinema a soma é zero: o que ele nos trouxe de bom foi do tamanho do que nos trouxe de ruim.

                            No entanto, o fato é que os governempresas ficaram com um problemão nas mãos, como antes para os cigarros, as bebidas, as drogas, etc. Hollywood e seus congêneres ficam com os lucros e a coletividade com os prejuízos.

                            Vitória, sexta-feira, 26 de julho de 2002.

Templo Celeste

 

                            De vez em quando faço uma tradução na Rede Cognata que me surpreende. Neste caso, templo celeste = DEUS CRISTO = DEUS AUGUSTO = TEMPLO ATLANTE = TEMPO GOVERNANTE = BABILÔNIA CELESTE = JERUSALÉM CELESTE = JESUS (JOSÉ) CRISTO = JOSÉ AIGUPTOS (AUGUSTO, antigo nome do Egito) = DEUS ABSOLUTO = BRASIL CELESTE = TOPO (BASE) GOVERNANTE = JESUS CORRUPTOR, etc., as combinações são muitas.

                            Desde quando Jesus seria corrupto e corruptor, capador, capado, comedor, casado e outras traduções? Não faz sentido.

                            Mas compreendemos porque Otaviano, Octávius, Otávio, o primeiro imperador romano, fez-se chamar Augusto e Deus, ou seja, Deus Augusto. E porque em Jerusalém insistem tanto na Jerusalém do Céu, a Jerusalém Celeste, o Tempo (=DEUS) de Salomão (=PRIMEIRO).

                            Mas como é que o Brasil seria Jerusalém = JAPÃO (que seria o oposto ou antípoda complementar de Brasil)? Mas China é o contrário mesmo tanto de Brasil quanto de Japão.

                            Agora, devemos lembrar que os judeus estiveram prisioneiros na Babilônia, de onde podem ter trazido a idéia do TEMPLO CELESTE, tempo egípcio. Como é que o DEUS egípcio entrou na religião judia? Teria sido, como imaginei, através de Akenaton, Moisés (vá ler esse artigo no Livro 3)?

                            Muitas coisas ficam pendentes. Só passamos a ter a certeza de que a Língua Cognata funciona mesmo.

                            Vitória, quinta-feira, 25 de julho de 2002.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016


Telecinese = Levitação

 

                            Na Rede Cognata telecinese = TCNS = TS = TN, enquanto levitação = EVITAÇÃO = TRAÇÃO = TORÇÃO = TÇN = TSN = TS = TN, de forma que os dois são iguais. Portanto, TELECINESE = LEVITAÇÃO = TORÇÃO = TRAÇÃO = TESÃO = TIPÃO = TUPÃ = DEUS = TRAIÇÃO, todas estas e muito mais traduções.

                            Por quê seria “evitação”, o ato permanente de evitar?

                            No texto Inércia e Gravidade, Livro 2, pensei que inércia é a mesma coisa que movimento retilíneo, enquanto a gravidade é igual a movimento curvilíneo, sendo uma a oposta/complementar da outra, andando aos pares, como magnetismo e eletricidade em eletromagnetismo.

Daí que LEVITAÇÃO ou TELECINESE devesse ser o estado de anulação da gravidade, restando (sob controle) o movimento inercial, que deve se apresentar de novo a cada bilionésimo de segundo, sei lá, porque de outro modo o corpo sairia disparado para fora da Terra. Deve ser anulada apenas o bastante para que o corpo (próprio, do levitador, ou outro, dos objetos) fique suspenso um pouco, porém não demais. Ninguém quer ir parar a 10 quilômetros de altura, onde há temperaturas de menos 50º C (- 50ºC), ou ainda menos. As descrições de santos ou de gurus da Índia levitando são bastante comedidas, eles supostamente levitam a alguns metros do solo.

Deveria ser uma coisa extraordinariamente afinada, porque a medida da gravidade é cerca de 10 metros por segundo ao quadrado, ou seja, a cada segundo o corpo acelera 10 m: no primeiro segundo passa a 10 m/s a velocidade, depois a 20 m/s, etc., de modo que qualquer desatenção impulsionaria o indivíduo ou o objeto a grande velocidade relativa. Temos que 10 m/s = 36 km/h, depois 72 km/h, etc. Em resumo, a afinação deve ser micrométrica.

É claro que as pessoas falam de telecinese ou de levitação sem ligar as duas e de fato ligá-las não teria sido possível antes do modelo e da Rede Cognitiva. Por outro lado ninguém raciocinou antes sobre o mecanismo real delas, de modo que uns diziam que era possível e outros que não, sem qualquer raciocínio sobre o motivo pelo qual teria sido impossível ou teria sido possível. Agora vemos que, para ser possível, deve residir do telemovimentador ou telecinético ou levitador ou o criador da telemecânica (telestática e teledinâmica) uma capacidade fantástica de autocontrole (na levitação) e controle externo (na telecinese). Isso recebendo explicação em todos os níveis do Conhecimento: alto (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência), baixo (Arte, Religião, Ideologia e Técnica) e Matemática, que está no centro. Como é que as criaturas teriam adquirido tal capacidade, qual seria a necessidade evolucionária dela? Precisamos de explicação em tudo isso.

Em particular, nas ciências (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6) necessitaríamos também de explicações bem pausadas e detalhadas, bem consistentes e convincentes. De testes laboratoriais. De formulações equacionais. De fórmulas.

Não pode ser uma coisa “pá, pou”, como diz o povo, algo de indefinido e sem critérios, sem conceitos, aconceitual, ao nível apenas da emoção ou sentimento, sem apelo à razão. Precisamos das definições. Como que seria a química disso? E a biologia? Mil perguntas surgem.

Por outro lado, o que seria essa TORÇÃO = TRAÇÃO? Isso é mais enigmático que tudo, não dá para entender.

Vitória, segunda-feira, 22 de julho de 2002.

Tão Nobre Quanto

 

                            Quando a gente olha a princesa inglesa Anne, vê que ela não é nada bonita. Mas, bem vestida, adulada, bem cuidada de corpo e de rosto, sem nada para fazer, passa por aceitável. Se fosse miserável, tendo que trabalhar para viver do modo mais duro e tendendo a morrer dos 45 aos 55 anos, já estaria mais que velha, estaria “passada”, como diz o povo.

                            Veja-se um canteiro dos pobres num país de terceiro ou quarto mundo, com as flores, plantas e grama de qualquer jeito, e outro numa nação de segundo ou primeiro mundo, supercuidado, superdesejado, superadubado, superaguado, superlativo em tudo. São notáveis as diferenças.

                            Do mesmo modo com os seres humanos e tudo que nos diz respeito em nossa psicologia: supercuidadas psicanálises ou figuras; supercuidadas psico-sínteses ou objetivos; supercuidadas economias ou produções; supercuidadas sociologias ou organizações; no centro supercuidadas geo-histórias ou espaçotempos, versus as descuidadas psicologias. Repare como destoa.

                            Uma pessoa é tão nobre quanto os cuidados que a ela são dispensados – nem mais nem menos. As coisas e as pessoas são tão preciosas quanto a atenção que lhes é dada. Então, quando vejo o modo como os seres humanos se tratam, fico tremendamente chocado: as mais preciosas criaturas tratadas como se fossem instrumentos quaisquer, que não tivessem na Terra necessitado de 4,6 bilhões de anos para serem afinados, e desde o Big Bang (Barulhão, Grande Explosão, precedida do Grande Estresse) 15 bilhões de anos.

                            SE as pessoas são filhas de Deus, como se diz, SE Deus é O Criador, SE O Criador é onipotente e onisciente, então suas criações são as mais perfeitas. No entanto os seres humanos se tratam de um modo totalmente deplorável, descuidado – daí haver tanta feiúra no mundo.

                            Vitória, sábado, 3 de agosto de 2002.

Somente o Necessário

 

                            No filme Mogli, O Menino-Lobo, de Walt Disney, o menino indiano sobrevive nas selvas. O filme foi baseado em estória do livro The Jungle Book (O Livro da Selva, de 1894, traduzido como Mogli, o Menino-Lobo), do romancista inglês Rudyard Kipling, nascido em Bombaim, Índia, em 1865 e falecido em Londres, Inglaterra, em 1936, 71 anos entre datas. Tendo sido criado por animais, em especial uma macaca (mesma base de Tarzã), teve como companheiros um urso, Balu, e uma pantera negra, cujo nome esqueci, além dos próprios macacos.

                            Lá pelas tantas todos eles cantam uma canção que me cativou por décadas a fio, “Somente o Necessário”, cujo autor desconheço. É muito bonita, tanto letra quanto música, e é emocionante, porque durante essas décadas eu a tive como um guia. E é verdade, a gente precisa somente do necessário, o extraordinário é demais.

                            Contudo, o problema reside justamente em saber o que é o necessário, e necessário PARA QUEM. Suponhamos que vamos a um supermercado hipotético e rotulamos as mercadorias (todas as que existirem) como essenciais e supérfluas, colocando selos E e S. Outra pessoa que vier logo em seguida fará outras escolhas, e assim por diante. DE quantos modos cada item pode ser rotulado?

                            O modelo ensinou que há cinco (5) classes do labor: operários, intelectuais, financistas e militares, mais o centro, burocratas. As classes de produção ou econômicas são cinco também (5): agropecuária/extrativista, industrial, comercial, de serviços e bancária. Os sexos devem ser quatro (4): machos, fêmeas, pseudomachos e pseudofêmeas. As idades poderíamos ver como cinco (5): crianças, adolescentes, adultos, maduros e velhos. Os mundos são quatro (4): primeiro, segundo, terceiro, quarto. As Naturezas são seis (6): N.0 (físico-química), N.1 (biológica/p.2), N.2 (psicológica ou humana), N.3 (informacional/p.4), N.4 (cosmológica/p.5), N.5 (dialógica/p.6). As classes da riqueza são quatro (4): ricos, médios-altos, pobres e miseráveis, cada uma divisível em outras quatro. Os modos de conhecer são cinco (5): Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática, cada um se separando em seis outros submodos.

                            Aí já teríamos 5 (labores) x 5 (produções) x 4 (sexos) x 5 (idades) x 4 (mundos) x 6 (naturezas) x 4 (riquezas) x 5 (conhecimentos) = 240.000 modos de escolher o que é essencial ou supérfluo, o que é vital e o que dispensável.

                            Podemos pensar nos humores (estados de espírito: tristíssimo, triste, indiferente, alegre, alegríssimo - cinco), na disciplina (não se confunde com os anteriores, porque uma pessoa pode estar muito alegre e ser tão disciplinada que não se deixe gastar em excesso – disciplinadíssima, disciplinada, média, indisciplinada, indisciplinadíssima, também 5), estar sozinha ou acompanhada, comprar para si (sabidamente as pessoas preocupam-se menos consigo) ou para outros (companheiro/a, família, grupo, empresa). Aí já passam de 20 milhões as possibilidades.

                            Como depende do tempo disponível, da temperatura, de estar chovendo ou não e enfim de um milhão de condições, haverá tantas escolhas quanto há seres humanos. Depende de a pessoa estar apreensiva ou não, de haver morrido um membro da família, de tantas condições que é verdadeiramente indescritível.

                            Além disso, como tudo é 50/50, soma zero, os dois lados se equivalem em termos de arrastamento econômico e sociológico, socioeconômico ou produtivorganizativo. Quer dizer, tanto o imperativo quanto o superabundante possuem capacidade de fazer prosperar. Há gente de espírito simples e há gente afetada. Ambos os grupos podem ser iluminados. E em ambos haverá gente que nunca perceberá nada.

                            Pode ser interessante para o meu modo de ver as coisas o “somente o necessário, o extraordinário é demais”, mas isso não se prende diretamente aos objetos a escolher, nem por sua forma nem por seu conteúdo. Poderíamos dizer que comprar dez pares de sapatos é demais? A Imelda Marcos tinha três mil pares. Acho que aqui realmente há o excesso, pois a pessoa só tem dois pés e mesmo calçando um por dia ainda vai levar 8,2 anos para pôr todos. Qualitativamente já vimos que não pode ser, não há limite para a riqueza, nem para a liberdade de escolha. Entretanto, como em relação à riqueza, há excesso quantitativo, que eu, entretanto, não sei traçar. Seriam 50 pares o limite? Materialmente deve haver algum, mas isso logo se transforma em qualidade, porque na mente doentia dela três mil era só um número ostentatório. Não eram pares reais de sapatos senão depois. Por princípio eram números reveladores do poder, do bloqueio das vontades alheias pela libertação exagerada da sua. Nisso temos de novo a qualidade.

                            E com isso o debate prosseguiria.

                            A saída é cada um fazer a sua escolha e o mundo ir seguindo em frente, até onde der. Há livre arbítrio, tanto de quem escolhe, quanto do lado dos que se lhe opõe. Se, pessoalmente, não é possível decidir, do lado ambiental os choques decidem pelas pessoas.

                            Vitória, quarta-feira, 24 de julho de 2002.