quinta-feira, 15 de dezembro de 2016


TV da TV

 

                            Nós vemos na mídia restante (Rádio, Revista, Jornal, Livro, Internet) matérias ou páginas diversificadas sobre a mídia (conjunto de meios), digamos Jornal da TV. Mas é coisa esparsa, diluída, não-racional, não-dirigida, sem objetivo totalizante, sem capacidade de leitura de todo o cenário.

                            Olhando a amplidão, no geral, poderíamos ter:

·        Jornal da TV, jornal da Rádio, jornal da Revista, jornal do Jornal, jornal do Livro (compreendido como editoria e como conjunto dos objetos portadores), jornal da Internet (em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de revistas);

·        Rádio da TV, rádio da Rádio, rádio da Revista, rádio do Jornal, rádio do Livro, rádio da Internet;

·        Revista da TV, revista da Rádio, revista do Jornal, revista do Livro e revista da Internet;

·        Livro da TV, livro da Rádio, livro da Revista, livro do Jornal, livro do Livro, livro da Internet;

·        Internet da TV, Internet da Rádio, Internet da Revista, Internet do Jornal, Internet do Livro e Internet da Internet.

·        TV da TV, TV da Rádio, TV da Revista, TV do Jornal, TV do Livro e TV da Internet.

Fiz questão de listar as 36 possibilidades porque é muito importante, como veremos.

TV da TV, por exemplo, seria um canal dedicado EXCLUSIVAMENTE às Tevês, no genérico nos ambientes: municipais/urbanos, estaduais, nacionais e até mundiais (só a CNN é deste tipo, por enquanto). Quanto às pessoas: empresariais, grupais, familiares e até individuais, porque com as facilidades de agoraqui, famílias podem montar, de brincadeira ou não, emissoras.

A TV da TV pode avaliar os programas, os apresentadores de telejornais, as redes de TV e seu poderio, a criação das novelas, as origens da TV no mundo e no Brasil, as Tevês abertas e fechadas e seus custos internos e externos, a localização das emissoras, como elas são liberadas e para quem e com que favores de parte a parte, os públicos estimados, os ganhos com propaganda -- um milhão de perguntas e respostas. O povo e as elites, naturalmente, estão doidos para saber do evidente e do oculto. Enfim, uma fonte de grande riqueza, porque hoje em dia já existem milhares de emissoras no mundo inteiro.

E olhe que esta é uma de 36 possibilidades.

A TV da TV poderia explorar o que estariam, nas nações, fazendo as rádios da Rádio. Por sua vez a rádio da Rádio iria explorar os assuntos pertinentes, postas as diferenças: programas, entrevistas, a linha políticadministrativa dos proprietários (públicos ou privados), a centralização das programações sob a Curva de Gauss (curva do sino). A TV da TV, voltada para a Rádio da Rádio, iria tratar de investigar como TV e Rádio se influenciam mutuamente, como a Rádio pode dar indicações à TV e vice-versa, a interpenetração dos profissionais de umas e de outras.

E teríamos:

·        TV da RaRa, TV da ReRe, TV do JJ, TV do LL, TV da II;

·        E segue-se o resto, também 36 possibilidades.

Em resumo, uma investigação cruzada devassando todas as possibilidades, até o esgotamento. A Mídia mundial é TÃO IMPORTANTE, fundamental, que é do maior interesse de todos tal busca.

O público seria imediatamente os que fazem a Mídia geral, os profissionais e proprietários, mas também professores e estudantes. Depois os curiosos e a seguir a população em geral.

Quando alguém puder arcar com as despesas isso dará rios amazônicos de dinheiro (e poder, está na cara).

Vitória, sábado, 04 de maio de 2002.

Transparência Racional


 

                            No livro de Leandro Konder, O Que é Dialética, São Paulo, Abril Cultural/Brasiliense, 1985, Coleção Primeiros Passos, p.6, ele coloca uma citação de Sartre, da Crítica da Razão Dialética, de que selecionei esta parte: “No curso da ação, o indivíduo descobre a dialética como transparência racional, enquanto ele a faz, e como necessidade absoluta enquanto ela lhe escapa, quer dizer, simplesmente, enquanto os outros a fazem”, grifo e negrito meus.

                            No modelo coloquei a lógica como dialética monal ou direta, e a dialética como lógica dual, ou de relações. Na língua cognata LÓGICA = DIALÉTICA, e não vou explicar porque, vá ler. São a mesma coisa.

                            Porém podemos pensar que uma seja do lado dos sentimentos, a lógica, instintiva, de campo, enquanto a outra esteja do lado da razão, a dialética, racional, de partículas.

                            Por ser de relações é por excelência científica e técnica. Contudo, é rejeitada por ambas, escarnecida e deplorada, por ter sido objeto de debates medievais, e desde a Grécia antiga.

                            De fato a dialética foi inventada pelos gregos antigos, enquanto na China o taoísmo produzia autonomamente sua versão. A dialética é o taoísmo ocidental e o taoísmo é a dialética oriental, esta voltada para os sentimentos, aquela para a razão. Enquanto o taoísmo prosperou por dois mil e quinhentos anos, a dialética teve idas e vindas, em círculos, sendo finalmente desaconselhada para menores.

                            Hegel (filósofo alemão, 1770-1831, 61 anos entre datas) renovou a dialética, no que foi seguido de Engels (filósofo alemão, 1820-1895, 75 anos entre datas). Este último consagrou os princípios do primeiro, as três leis da dialética, às quais Trotski somou uma e eu ajuntei dois corolários, de que já falei, e dos quais falarei, tendo tempo, num texto próprio.

                            Desde então a dialética não foi acrescida pelos filósofos, e foi rejeitada com vigor pelos cientistas, como fonte de bizantinismos, o que está longe de ser, pelo contrário. Deverá ser o instrumento final de libertação das trevas nas quais adormeceu a consciência.

                            Em que medida, como disse Sartre, a dialética leva à TRANSPARÊNCIA RACIONAL? E o que viria a ser ela?

                            No dicionário agregado ao Windows e no Michaelis posto na máquina transparência é claridade, cristalinidade, limpidez, que por sua vez significam brilho, fulgor, lucidez, luz, nitidez, resplendor, magnificência, cintilância, resplandecência. Poderíamos investigar muito tempo.

                            Segue-se que é:

·        Brilho racional,

·        Fulgor racional,

·        Lucidez racional,

·        Luz racional,

·        Nitidez racional,

·        Resplendor racional,

·        Magnificência racional,

·        Cintilância racional,

·        Resplandecência racional,

·        Claridade racional.

·        Cristalinidade racional,

·        Limpidez racional, e outras conformações.

A razão deve ficar limpa, portanto, de toda nódoa, de toda dificuldade de pensar, de relacionar os elementos dois a dois, criando conceitos cada vez mais elevados, à maneira kantiana, do simples para o complexo, com segurança crescente, no final com total segurança.

A razão deve ser transparente.

Sem obstáculo, sem dificuldade, sem travamento, rompendo com facilidade os estorvos do caminho. Resolvendo os problemas, obtendo em prazo mínimo as soluções mais efetivas, de máximo rendimento.

A dialética tecnocientífica não deve matar suas congêneres predecessoras, a saber, as dialéticas magicartística, teo-religiosa e filo-ideológica, pelo contrário, deve resgatá-las de sua baixa qualidade na produção de conceitos e de sua baixa produção quantitativa. Deve dar-lhes sustentação e nova delineação de objetivos, tornando-as seguras para seus propósitos específicos. Arrancando-as de sua timidez e debilidade instrumental.

Isso significaria a transparência da razão.

Ora, essa cristalina qualidade depende de colocar dois conceitos em adequada relação ou afinidade, o que está sujeito, por outro lado, à felicidade na definição dialética dos conceitos, na correção das ligações.

O que vemos hoje é que cada um define as coisas a seu modo.

Embora haja um conhecimento internacional, digamos tecnocientífico, não há reuniões para definir corretamente as palavras e os conceitos, como aplicáveis a cada nível do Conhecimento geral. Alguém proclama a definição e ela é aceita ou não com base na autoridade, a mesma que é rejeitada desde Galileu e Descartes.

Não há questionamento das palavras, conceitos e definições. Não há rejeição aberta, só queda em desuso. Se isto e aquilo devem desta ou daquela forma ser aceito pela maioria, por quê palavras, conceitos e definições são aceitas sem maiores preocupações?

A transparência racional pressupõe a transparência das palavras, dos conceitos e das definições.  SE estas não são as mais perfeitas de cada época, como esperar obter os melhores resultados dos pensamentos que relacionam os objetos? SE os instrumentos não são bons, como o será seu uso?

Se os cientistas não estão usando a dialética, é como disse Sartre, ela não é para eles fator de transparência, é só necessidade absoluta, inadiável, o que nos fala do orgulho, de todo tipo de orgulho, mas especificamente o tecnocientífico, como pernóstico, petulante, insolente, atrevido, inculto, desafinado do melhor sentido e direção. É uma flecha torta, num arco mal construído, sem alvo definido.

Com algo assim, não admira que a Tecnociência produza pouco, para tanta necessidade de todos os seres humanos. No máximo ela resolve alguns problemas medíocres postos pelas elites segregadoras, e se acha o fino da bossa por isso.

Vitória, segunda-feira, 20 de maio de 2002.

Quem Manda no ES?

 

                            Lá por volta de 1975 Sebastião de Oliveira (filho de Maurício de Oliveira), o Tião e eu debatíamos quem mandava no ES. Concordamos então que seriam umas vinte famílias. Passadas quase três décadas os figurantes mudaram um pouco, mas a quantidade deve seguir mais ou menos a mesma.

                            Devido ao fechamento para as preciosas e ocultas Minas Gerais, o Espírito Santo só foi mesmo aberto em 1975, com a inauguração completa da BR 101. Até então agradecíamos ao Rio de Janeiro sermos aceitos como província daquela metrópole.

                            Com a vinda das grandes empresas, no governo de Arthur Carlos Gerhardt Santos, fiquei imaginando como aquelas famílias e grupos econômicos/sociais seriam deslocados pelos recém-chegados. É claro que houve um acordo, com delimitação de áreas, aparecendo algumas e desaparecendo outras famílias, mas o estado continua dependente e sem identidade própria.

                            Continua província.

                            A diferença que há, com relação a mim, é que elaborei o modelo e posso enquadrar tudo mais largamente.

                            Por exemplo, a Psicologia do ES: quem são as figuras mandantes, que objetivos são tidos como fundamentais pelas classes tenentes, qual é a produção/economia aceita como relevante, que organização/sociologia é acolhida como proeminente, que geo-história é a oficial? E o Conhecimento do ES: Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática - quem o conduz? A seguir perguntemos do Governempresa do ES: quem manda no Estado-governo e quem dirige as empresas?     Especialmente, em poder de quem está a Economia do ES: a agricultura/extrativismo, as indústrias, o comércio, os serviços e os bancos? E a Tecnarte do ES: da visão (pintura, prosa, poesia, moda, dança, fotografia, desenho, etc.); da audição (música, discurso, etc.); do paladar (comidas, bebidas, pastas, temperos, etc.); do olfato (perfumaria, etc.); do tato, sentido central (cinema, teatro, esculturação, tapeçaria, urbanismo, paisagismo/jardinagem, decoração, arquiengenharia, etc.)?

                            A resposta é que, como sempre, em poder das mesmas famílias, com raras penetrações dos “adventícios”, dos estranhos, dos forasteiros, dos estrangeiros, digamos os imigrantes que vieram primeiro, há 150 anos ou mais, e os que vieram depois, desde 120 anos atrás. Os pretos nem pensar, são raríssimas as exceções. Entretanto eles já estão aqui há séculos.

                            Não creio que exista um estado mais fechado que este.

                            No mundo devem ser poucos, se é que existem, os lugares em que a liberdade de ascensão seja mais rigidamente controlada e obstada que aqui. Só, talvez, na Índia, com o nojento sistema de castas de lá.

                            O crescimento que é permitido é o absoluto, quantitativo, ou seja, a multiplicação das condições de vida: ter mais um televisor, adquirir um carro, comprar uma casa.

                            O crescimento qualitativo, relativo, de poder orientar as formas de desenvolvimento, o modo de pensar, a visão de mundo, tudo que signifique políticadministração dos rumos do porvir, isso está completamente fora de cogitação, é inteiramente vedado, fechado, cerrado, tapado, proibido, reprimido, interdito.

                            Aconteceu que, em três décadas, a coisa toda só foi refinada. Ainda existe um monopólio (sequer oligopólio) de fundo português, uma conspiração silenciosa, como aquela que Max Weber denunciou nos EUA.

                            Tudo que, minimamente, possa desviar os rumos definidos ou deliberados é prontamente recusado e abafado.

                            Vitória, segunda-feira, 13 de maio de 2002.

Provão dos Governos

 

                            Desde alguns anos, muito acertadamente, o ministro da educação do governo federal de FHC, Paulo Renato, instituiu o Provão, uma prova a ser feita em todo o país pelos universitários, para garantir um ensino de qualidade mínima, com notas qualitativas A, B, C e D, junto com o ENEN, Exame Nacional do Ensino médio.

                            Parte dos estudantes ficou inicialmente contra, mas agora a coisa é em geral aceita.

                            Precisávamos disso, para garantir que a brotação (tipo cogumelos depois da chuva) das faculdades particulares interessadas principalmente no lucro tivesse algum freio, e um tipo de resguardo, um anteparo a essa liberdade quase irrestrita, verdadeira licenciosidade que estava se espalhando, mercê da ganância de empresários-“educadores”.

                            Agora os pais e os alunos sabem, pelas notas, que faculdades são consideradas melhores segundo um critério objetivo.

                            Isso foi uma prova de amadurecimento dos governos, que impôs um limite sério, e das faculdades, agora correndo dentro da raia delimitada, devendo responder à coletividade com renovado esforço organizador e produtivo.

                            No final das contas foi melhor para todos.

                            Porque, agora, uma faculdade Univix de arquitetura em Vitória pode custar R$ 625,00 por mês, 12 meses = 7.500 por ano – em cinco anos 37,5 mil, fora os livros e o resto dos gastos. Uma de mecatrônica na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais pode ficar em R$ 730,00 por mês = 8.760 por ano – em cinco anos 43,8 mil. Não é qualquer um que pode pagar, e os pais e mães devem fazer um grande esforço. Em conjunto pais e mães, e alunos, estão não só servindo a si mesmos, garantindo o chamado “futuro melhor” (ou seja, a superacumulação via mais valia), como também à coletividade, gerando um trabalhador mais capacitado, mais gabaritado, especializado num nível mais alto.

                            Muito bom.

                            Aqui nos viramos para o título.

                            Como disse um dos meus irmãos, José Anísio, o governo é excelente patrão dos empregados dos outros.

                            E quando se trata dele mesmo?

                            Por exemplo, José Ignácio Ferreira, atual (2002) governador do ES, entrou retendo 20 % dos vencimentos do Executivo. Depois começou, por pressão dos funcionários e determinação da Justiça, a devolver em 36 meses sem juros nem correção monetária. Os salários, que o executivo federal paga logo no início do mês, do mesmo modo que as empresas são obrigadas a fazer, os funcionários estaduais capixabas recebem “rigorosamente em sai” (digo que é “rigorosamente em algum dia”), segundo a propaganda governamental de 15 a 20 do mês seguinte ao trabalhado. Depois ele começou a atrasar em relação à sua própria mentira, pagando março dia 24 de abril. As parcelas a serem devolvidas, que eram depositadas dia 28 do mês seguinte, passaram a 05 do outro mês, e por último nem isso.

                            Os conjuntos pessoais são: indivíduos, famílias, grupos e empresas. Os conjuntos ambientais são: municípios/cidades, estados, nações e mundo. Os segundos impõem demarcações aos primeiros, uma quantidade grande de regras a obedecer, uma infinidade de leis mais ou menos duras.

                            E quanto ao contrário, de as pessoas imporem balizas aos ambientes? No Brasil são 5,5 mil municípios/cidades, 26 estados e o distrito federal, e a nação. No mundo são cerca de 220 nações. Claro que há alguma vigilância. Por suposição os três poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são independentes, e vigiam-se mutuamente. O Legislativo tem o Tribunal de Contas (federal e estadual, não há municipal, porque não há juizado municipal), mas este quase nunca pega “à vera” mesmo os meliantes, os traidores do patrimônio público, os bandidos de colarinho branco, os burocratas que saem do prumo. Isso basta? Nós sabemos que eles se perdoam mutuamente, numa rede de favores pavorosa.

                            Não há um PROVÃO DOS GOVERNOS.

                            Digamos, os governos mundiais poderiam submeter os governos nacionais a testes bem duros, através da ONU. Os nacionais, através do Congresso, aos estados e ao DF, bem como aos municípios/cidades, com um formulário padrão conhecido, de uma centena de quesitos, cujos resultados seriam divulgados na mídia.

                            Não basta a vigilância governamental.

                            Há de fazer-se com conhecimento público, manifestado os resultados através da imprensa, para que as pessoas possam avaliar a fundo quais governantes, políticos e juizes (como o Governo geral é tríplice, a avaliação também deve sê-lo) estão cumprindo com seus deveres com lealdade e rigor.

                            Afinal de contas eles estão sendo muito bem pagos, alguns juizes ganhando R$ 16 mil por mês (são 13,33 salários por ano, chegando a 213 mil anuais). Não é barato, quando 70 % do povo brasileiro ganham menos de 400 reais mensais.

Todos os funcionários devem ser fiscalizados, inclusive os fiscais, minha categoria (mais que qualquer uma).

Vitória, segunda-feira, 06 de maio de 2002.

Profissional de Orientação

 

                            Por incrível que pareça, num mundo tão vasto e complexo quanto este (para quem vem de trás), há neste planeta falta de orientação. Como pudemos falhar tão clamorosamente assim? O máximo a que chegamos foi a Orientação Familiar (para casais com problemas de relacionamento – algo em desuso), Orientação Educacional ou Estudantil (um arremedo, que trata dos testes de QI e pouco mais) e Orientação Profissional (que não passa de uma concessão interesseira da burguesia).

                            O modelo vai muito mais longe que isso.

                            Ele diria de orientações pessoambientais: ORIENTAÇÕES PESSOAIS (individuais, familiares, grupais e empresariais) e ORIENTAÇÕES AMBIENTAIS (municipais/urbanas, estaduais, nacionais e mundial).

                            Falaria de orientações aos conhecimentos altos (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência) e aos conhecimentos baixos (Arte, Religião, Ideologia e Técnica) e à Matemática. De orientações científicas (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6). De orientações psicológicas: psicanalítica (às figuras – quem), psicosintética (dos objetivos alcançáveis ou metas – por quê), econômica (da produção – com quê), sociológica (da organização – como), espacial (do espaço ou lugar – onde), temporal (do tempo ou instante – quando). De orientações econômicas: agropecuárias/extrativistas, industriais, comerciais, de serviços e bancárias. Sem falar nas 6,5 mil profissões que, segundo dizem, são professadas no mundo-Terra.

                            E assim por diante.

                            Enfim, o modelo vê a ORIENT/AÇÃO (ato permanente de orientar) como uma nova dimensão das relações humanas.

                            É evidente que toda a PEDAGOGIA é uma espécie de orientação, dos professores (representando as escolas, e estas ao modelo educacional – mundial, nacional, estadual, municipal/urbano) aos alunos, ao estudantado. E vice-versa, a orientação é uma pedagogia mais ampla, geral. A Orientação (em maiúscula conjunto ou família ou grupo de orientações) é o modo geral de ensinar, de transferir o conhecimento. A pedagogia seria a orientação-educacional, havendo outras, evidente.

                            Torna-se claro, raciocinando assim, que os governos e as empresas, os governempresas, as políticadministrações devem inquestionavelmente preparar-se para oferecer essa ajuda, no mundo MUITO MAIS complexo que o futuro está desenhando.

                            As pessoas e os ambientes estão necessitando tremendamente desse amparo, desse empurrão para continuarem em frente proveitosamente ao máximo. O mundo humano tornou-se intricado demais para ser encarado sozinho, seja por qual conjunto for, exceto a própria totalidade do mundo. Ninguém consegue deixar de ter inquietações, verdadeiros arrepios de pasmo e receio, diante do enfrentamento posto pelos dias de hoje.

                            Por via de tal pensamento, os PROFISSIONAIS DE ORIENTAÇÃO, nova e larguíssima profissão do futuro, devem primeiro ser formados num contingente apropriado e depois multiplicados com rígido controle de qualidade, de forma que dentro de três décadas tenhamos milhares e mesmo milhões deles em todo o mundo, portanto uma formidável carga e dados em bancos de dados extraordinariamente dilatados.

                            Que mundinho mais besta era esse pelo qual eu tinha paixão infantil! Quanta arrogância e estupidez nós tínhamos diante de tudo!

                            Antes acordar tarde que nunca, diz o ditado popular reformado. Cabe correr para estabelecer o quanto antes esse novo grupo de profissionais, criando as faculdades para o chamado “ensino superior” dela modalidade nova de pensimaginação.

                            Vitória, sexta-feira, 03 de maio de 2002.

Os Níveis do Xadrez

 

                            O tabuleiro do xadrez tem 64 casas, 8 x 8.

                            São em geral chamadas de BRANCAS e PRETAS, mas podem ser de quaisquer cores, aos pares, até cor-de-rosa e brancas, digamos, para os veados. Ou verdes e azuis, o que for, verde representando a vida e azul os ataques a ela, para os ecologistas.

                            As peças são de cores contrárias, peças pretas em casas brancas e peças brancas em casas pretas, como no Yin e Yang – os times jogam dialeticamente nas posições contrárias.

                            Há oito peões na fileira da frente; e na fileira de trás duas torres nas extremidades, dois cavalos mais para dentro simetricamente, dois bispos, o Rei e a Rainha. O Rei das Pretas fica em casa branca, mas do outro lado, em oposição, o Rei das Brancas, ficando em casa preta, se situa defronte do seu opositor, e vice-versa, de modo que as rainhas também se opõem.

                            Evidentemente os peões representam o trabalho braçal, e são empurrados à frente sem a mínima consideração (seja dos patrícios escravistas, dos reis feudalistas, da burguesia capitalista ou dos intelectuais socialista). Os cavalos simulam as forças armadas de defesa e ataque. Os bispos – veja que são bispos, não sacerdotes – significam o conhecimento, mediado pelas lideranças, e não, como primitivamente, a Igreja. Mais recuadamente seriam os magos. Não são somente os magos/artistas, nem os teólogos/religiosos, nem os filósofos/ideólogos, nem os cientistas/técnicos e os matemáticos, mas todos, em conjunto, ou seja, a pesquisa & desenvolvimento, a busca de entendimento.

                            A Rainha representa o sexo feminino e o Rei o sexo masculino, porém, além disso, ambos representam a estabilidade do Estado.

                            As torres expressam o poder econômico/sociológico, a produção/organização.

                            Com isso está montado o cenário para os conflitos todos, das guerras às disputas por informação/controle-comunicação, ou info-controle ou IC. O objetivo todo é “tomar o Rei”, quer dizer, incorporar o Estado estrangeiro à sua órbita de influência.

                            Existem dois tipos de perigo: o xeque, em que o Rei-Estado é ameaçado, mas há chance de escapar, e o xeque-mate, em que não há nenhuma oportunidade de evasão – segue-se que o Rei-Estado se rende, é tombado simbolicamente.

                            Como curiosidade, diz-se que quando o inventor apresentou o jogo ao Rajá (rei hindu, da Índia) há muitos e muitos séculos, ele ficou tão satisfeito que prometeu uma recompensa. O inventor, modestamente, pediu que fosse colocada na primeira casa um grão de arroz, na segunda dois, na terceira quatro e assim por diante, de modo que o rei, mais feliz ainda, mandou prontamente que ele fosse satisfeito. Isso é uma progressão geométrica, na 64ª casa sendo necessários 9.223.372.036.854.775.808 grãos, ou seja, 9,2 quintilhões (se um grão pesar um grama, isso equivaleria a 9,2 milhões de toneladas), e a soma é o dobro disso menos um, quer dizer, 18,4 quintilhões. O inventor, apesar de matemático muito esperto, foi logo em seguida morto pelo carrasco do Rajá, segundo contam.

                            Evidentemente o xadrez tem encantado as gerações continuamente. Existem grandes mestres, mestres, aficionados, meros jogadores sofríveis e espectadores. É tão difícil que a URSS em sua emulação ou imitação do Ocidente, querendo estar acima e à frente, investia horrores na descoberta dos talentos e em seu financiamento, de forma que, enquanto existiu o pseudo-comunismo a maioria dos grandes mestres veio de lá. O primeiro grande mestre americano a vencer os soviéticos foi Bobby Fisher, na década dos 1970, e o primeiro brasileiro a se tornar grande mestre foi Mequinho, que depois entrou em colapso e se retirou da mídia.

                            Só recentemente, creio que em 2001, um programa de computador foi capaz de derrotar um grande mestre.

                            E, veja só, o xadrez tem todas essas dimensões.

                            De divertimento, de co-elaborador do pensamento, de visão larga dos conflitos, de árvore das decisões. E tem um outro sentido, mais alto, de ser a briga ou disputa de dois infinitos, 8 x 8, Natureza e Deus, as duas faces de ELI, dois mundos ou modelos em choque.

                            O xadrez deveria ser jogado por todos. Eu mesmo sou um apaixonado que nunca o jogo, pois haveria risco de empenho demais, e de eu me esquecer das tarefas. Em todo caso ele deveria ser ensinado em todas as escolas, mormente nas mais elevadas, como graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado, bem assim nas empresas, em particular as grandes, onde decisões sobre investimentos devem ser tomadas, necessitando das precauções que esse jogo espetacular poder proporcionar, vertendo-se o Estado ou governo para Administração empresarial, e redesenhando as figuras: peões como força de trabalho, bispos como conhecimento econômico (agropecuário/extrativista, industrial, comercial, de serviços e bancário), etc.

                            E pensando em cada elemento por sua psicologia (figuras, objetivos, economia/produção, sociologia/organização, e espaçotempo ou geo-história).

                            Ora, essas alterações tornam o jogo ainda mais interessante.
                            Vitória, segunda-feira, 13 de maio de 2002.

Os Gênios São Egoístas?

 

                            No modelo são sete (mais o centro iluminante, 8, ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele) os tipos psicológicos, conforme sua capacidade de ver e agir sobre o mundo: 1) povo, 2) lideranças (comunitárias, sindicais, estudantis), 3) profissionais (liberais, políticos, professores), 4) pesquisadores (mestres e doutores), 5) estadistas, 6) santos e sábios, 7) iluminados.

                            Todos são criadores, todos são gênios.

                            Porém, quando se usa a palavra, está-se realizando uma seleção ou partição ou divisão, no sentido do menor conjunto, o chamado “quartil superior”, os 25 % mais, no caso acima iluminados e Iluminante. Como este é inacessível, devemos recolocar como santos e sábios, e iluminados, para os quais, em termos de criações duradouras, todos os outros trabalham.

                            São essas criaturas criadoras egoístas? Padecem do egoísmo (no modelo todo “ismo” é doença do info-controle/comunicação mais apto, agoraqui a humanidade), a superafirmação do EGO/EU?

                            Como não poderia deixar de ser esses indivíduos são extremamente centrados, porque muito firmes em suas posições e resoluções. Neste sentido são egoístas, voltam-se para si mesmos e para seus propósitos, a nada mais prestando atenção, nem se deixando dissuadir por nenhum projeto externo. E têm mesmo de ser, pois se trata de inventar o futuro, de reinventar o passado. Se fosse diferente, se cedessem às aspirações, desejos e comandos alheios, o futuro nunca seria diferente, ou não tão diferente quanto é necessário. A humanidade sucumbiria aos riscos e às mudanças desastrosas que, vira-e-mexe, estão batendo à nossa porta coletiva. Para conduzir a humanidade devem ser portadores dessa independência a toda prova.

                            Por outro lado não são, nem podem ser.

                            Não são na medida em que o que fazem não é para eles, é para as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo). Não vivem para si, e sim para os outros. São desprovidos de auto-interesse.

                            Então, como o modelo pede, a resposta é sim e não ao mesmo tempo. São egoístas em razão de suas missões pedirem uma centralização insistente e duradoura em suas opiniões, sentimentos e razões. Não são, de outra banda, porque dessas missões nada sobra ou resta para eles, a não ser martírio, dor, preocupações, perseguições.

                            O prêmio que levam, evidentemente, é a realização, e antes disso, se aquela não acontece em vida, a busca da realização.

                            Por sinal prêmio valiosíssimo, que os destaca em meio à multidão. Prêmio que, por si mesmo, é maior que tudo o que os outros recebem ainda em vida, como reconhecimento, glória, fama, riqueza, sexo até.

                            Portanto a resposta dupla deixa escapar que os gênios são egoístas, sim, mas egoístas do jeito que todos deveriam ser, se desejassem um mundo melhor para todos. A diferença é que, quanto mais se desce na escada, mais o indivíduo deseja a felicidade só para si.

                            Daí que, quando vejo certos biógrafos negativistas analisarem os gênios sob a ótica de sua existência humana, eu rio, eu gargalho de cair no chão, metaforicamente.

                            Vitória, segunda-feira, 13 de maio de 2002.