Jesus como Ponte

 

No livro Deus Existe? 2ª reimpressão, São Paulo, Planeta, 2013 (sobre original de 2008) debatem o então cardeal Joseph Ratzinger (depois papa Bento XVI) e Paolo Flores d’Arcais, filósofo ateu.

Como já disse reiteradas vezes, Deus não existe no sentido que existimos todas as coisas, seres vivos e racionais destinados a terminar, porque tiveram começo: Deus não teve começo nem terá fim, ele É. É desde sempre, sempre agora em todo lugar, sempre depois.

Assim, o debate já começa errado.

O d’Arcais erra, Ratzinger erra menos.

RESPONDENDO A RATZINGER (ele faz um esforço louvável, aplaudível, contando com tão poucos elementos – não estou criticando-o, pois ele é um bom católico, muito devoto)

PÁGINA	RESPOSTA
11: “(...) o cristianismo se encontra imerso em uma profunda crise em consequência da crise de sua pretensão da verdade”.	Não há nenhuma pretensão: como posto nos textos de Testamento, Jesus é Deus não-finito e como tal não erra. Depois, ele disse “edificarei minha igreja”, significando operacionalmente PARA SEMPRE daquele ponto em diante. As outras verdades são acessórias quando não contrastem. Quando contrastem não são verdades.
11: “(..) se é realmente oportuno aplicar o conceito de verdade à religião; em outras palavras, se é dado aos homens conhecer a autêntica verdade sobre Deus e as questões divinas”.	Desde baixo não seria, quando puramente humano, racional, mas desde que Jesus Deus manifestou, é Deus quem diz, assim deve ser, enquanto os humanos atentem às suas verdadeiras palavras – nelas Deus é autenticamente verdadeiro.
11: “(...) [o cristianismo] com sua pretensão da verdade parece estar especialmente cego diante do limite de nosso conhecimento do divino”.	Para começar, todo ismo é doença mental, o cristianismo também é enquanto superafirmação desnecessária de Cristo. Não é pretensão, porque enquanto colado a Cristo é conhecimento divino, não é cego.
12: “(...) a verdade, que era uma força vinculadora e uma promessa segura, transforma-se em uma forma de expressão cultural do sentimento religioso geral (...)”.	Só para os tolos. É segura e não é mais promessa, é realização. O “sentimento religioso geral” não é A Religião, que não é expressão cultural ou civilizatória com pretensão de conduzir: desde Cristo é FORÇA VINCULADORA que vincula a Deus.
13: “(...) devia ser considerado universal e levado a todos os povos (...)”.	DEVE, veja Testamento.
14: “(...) a religio vera, à qual todos podem ter acesso”.	A religião verdadeira, sendo verdadeira, é A Religião e evidentemente todos podem ter acesso.
15: “Entrou na história, foi ao encontro do homem, e deste modo o homem pode encontrar-se com ele. O homem pode unir-se a Deus porque Deus se uniu ao homem”.	Sim, está demonstrado.
17: “Não se pode chegar por um único caminho a um mistério tão grande”.	É claro que sim! (Ver abaixo).
17: “É justamente isso que diz o racionalismo hoje: não conhecemos a verdade como tal; temos a mesma opinião de formas diferentes”.	No ser humano, como em todo racional, TERÍAMOS, mas desde que Jesus se pronunciou, não há “a mesma opinião de formas diferentes”, há A Verdade em Deus-Jesus.

Poderia comentar o livro todo, levaria muito tempo, especialmente quanto às confusões de d’Arcais.

A QUESTÃO DA PONTE

LADO DA NATUREZA (Perecível, que aparece ou nasce, que desaparece ou morre).	PONTE	LADO DE DEUS (não-finito, impropriamente chamado “eterno”, que supõe resistência).
Daqui ninguém vê o Oculto, essa é a lógica e a dialética.	Abismo.	De lá Deus pode ter ou não interesse em se manifestar.
Racional Natureza.	Abismo.	Deus (Ininteligível).
Corresponde a todo processamento pela inteligência.	A totalização mostra-se incompreensível, o fechamento impossível.	A totalidade, a verdade das potências como permanência.
	JESUS É O COMEÇO DA PONTE.
Veja em Testamento.   Natureza           Deus A imagem é explicativa, para os racionais, pois DiN Deus-i-Natureza é único, não é separado – só vemos assim por incapacidade cognitiva. A Natureza 50 % é o visível, o que tocamos extensamente; Deus 50 % é o oculto. A linha é o Espírito Santo que comunica, Jesus é o centro, ao mesmo tempo Natural-mortal e Divino-imortal, compartilha as duas formas, estando ao mesmo tempo na Natureza e em Deus, como vemos. A Trindade é verdadeira NA RACIONALIDADE, isto é, como vista desde a Natureza, mas a Trindade é UM em i.

Fácil de ver que Jesus está do lado da humanidade e Cristo é Deus, um é o outro, ambos são: Jesus é Deus-na-Terra, Cristo é Deus manifestado Deus (por poucas semanas).

Embora várias linhas-direções possam levar à cabeça-de-ponte, a partir dela só há uma passagem e é inútil ficar raciocinando: só a ponte passa sobre o abismo, continuar em qualquer direção-sentido divergente seria mergulhar no abismo (= ATEÍSMO = CAOS na Rede Cognata). Quando os carros vindos de qualquer direção chegam à cabeça-de-ponte eles convergem para a ponte, não seguem para o abismo. Tão simples quanto isso.

O QUE JESUS AFIRMOU

João 14 5 Indagou-lhe Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais; e como poderemos conhecer o caminho? ” 6 Assegurou-lhes Jesus: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.

João 14:6 (NIV) "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim."

Bíblia Online João, 14 1 Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. 3 E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. 4 Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. 5 Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? 6 Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.

Como Jesus apareceu em certa época, ninguém tinha ido ao Pai (por exemplo, os pagãos e mesmo os judeus) antes de seu nascimento, pois a ponte não existia; a não ser de outro modo, desconhecido; e é de entender também que depois de seu aparecimento nem um sequer chegou lá que não fosse através dele (nenhum que professe outra religião ou confissão; como já mostrei, os protestantes estão vivendo em pecado fora da Igreja), como uma ponte mesmo.

Serra, sexta-feira, 05 de junho de 2015.

GAVA.

O Tijolo que Fabrica a Casa

 

O GÊNIO EGOÍSTA (não é Dawkins, ele é apenas egoísta; é Darwin que, todavia, não falou em “luta pela sobrevivência do mais apto”, já demolida: foi Herbert Spencer, que por sinal não disse isso, disse “sobrevivência dos mais ajustados”– veja p. 265 do excelente livro de Margareth MacMillan, A Primeira Guerra Mundial, São Paulo, Globo, 2014, sobre original de 2013 -, que também pode ser demolida enquanto frase ilógica que levaria a média inapta e impotente; mais abaixo na página ficamos sabendo disto: “Por fim, Darwin acabou acrescentando o subtítulo A Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Sobrevivência a seu livro A Origem das Espécies”, o que levaria a humanidade a nem começar – aliás, haveria somente uma espécie na Terra, a primeira de todas)

Charles Darwin.
Richard Dawkins, o macaco africano (ele que disse).

O que Dawkins disse foi que o ser humano é uma caixa usada pelos genes para se reproduzirem.

A PRÓPRIA DISPOSIÇÃO SEQUENCIAL DO MODELO PIRÂMIDE DIZ QUE NÃO

O ADRN é apenas um dos replicadores presentes no universo, possivelmente sequer o mais bem formado para expressão das potências de DiN Deus-i-Natureza, quer dizer, não deve ser o mais eficiente, é mais provável que esteja na média.

Como se pode ver acima o ADRN-terrestre é o 5º elemento de 22, está situado na primeira natureza N.1. O ser humano está situado mais acima, é o 8º quando no início individual (já estamos na posição de indivíduo-mundo, 15ª posição, exceto Dawkins que, como ele mesmo disse, sendo macaco africano nem é primata ainda – posição ocupada por Hitchens, pelas palavras deste –, é animal).

Em resumo, não é o tijolo que constrói a casa, nem a janela, nem as empunhaduras da porta, nem o forro, nem nada, a casa é um projeto superior a todas as suas partes, assim como o ser humano é superior, já na condição de indivíduo, a cada uma das suas partes, sejam células, fígado, cérebro, rins, etc.

Serra, sexta-feira, 05 de junho de 2015.

GAVA.

Jesus Político e Jesus Por Contrastes

 

Todos os seres são políticos, sejam racionais ou não.

Deus, do par polar DiN Deus-i-Natureza é político, contudo não “também”, ele é a origem, a carga de potências de onde vem tudo, inclusive nós como possibilidades PROVADAS enquanto Natureza geral.

Assim sendo, DEUS É POLÍTICO, é a origem da política, porisso Jesus é político por excelência. Sendo não-finito, tem de ser PERFEITAMENTE POLÍTICO, quer dizer, sem falhas ao conduzir.

Ao dizer “meu reino não é deste mundo” calou a todos, inclusive a Judas ou principalmente a ele que, sendo zelote (= POLÍTICO = FALADOR = PARLADOR = PARTIDÁRIO = PARTIDO na Rede Cognata), tinha um partido para o qual desejava arrastar Jesus. Foi um corte decisivo, foi direto às pretensões, reduzindo-as a zero: <não quero participar de nada disso>, foi o recado.

Ele não poderia deixar de estar fazendo política, pelo contrário, fazia-a num plano elevadíssimo, controle para milênios.

OS PARTIDÁRIOS EM VOLTA DE CRISTO (ele calou a todos com uma só)

João Batista: essênio.	Judas: zelote.
Mateus: publicano/fiscal (da situação, do governo).	Paulo: fariseu.

Em resumo, Jesus estava cercado de políticos e políticas por todos os lados e ainda assim soube conduzir a todos e cada um.

Judas, em especial, esperava que traindo Jesus fosse capaz de provocar sua ira contra os romanos, mas “se deu mal”, como dizem, porque era o que Jesus queria, ser preso para suceder o restante.

Essa dimensão política precisa ser investigada e exposta, pois a situação não era edulcorada, docinha, rosinha como o passar dos séculos apresentou. As tensões são sempre enormes, eram enormes então. Para começar, por natureza os judeus são intriguentos, jogavam (como ainda o fazem) em várias frentes ao mesmo tempo. Depois, os romanos estavam presentes e eles não eram florzinhas: por qualquer motivo prendiam, batiam, matavam e crucificavam, por vezes dezenas de milhares ao mesmo tempo, como fizeram na revolta de Espártaco. A seguir, a região era uma das encruzilhadas do mundo, já então Jericó existia há 10 mil anos como cidade mais velha do mundo. Onde estivessem reunidos dois judeus ali já começavam um partido revolucionário. Havia-os às dúzias, desde os evidentes até as subdivisões. O Brasil, como já contei, é mais ou menos assim, pois em certo momento na ditadura havia três CENTRAIS ÚNICAS de trabalhadores e mais de 30 vertentes revolucionárias, foi o que li num livro que tenho.

Controlar 12 apóstolos e mais de 70 discípulos não devia ser nada fácil.

Eis por que construir um romance levando em conta essas dimensões políticas indescritíveis ainda está por ser feito, pois claramente Jesus era o centro pacífico de tudo aquilo (como disse Clarice Lispector, <trezentas mil folhas tremendo na árvore tranquila>), com umas 100 pessoas puxando em todas as direções e sentidos, inclusive sua família, a que Jesus deu um “basta” em certa ocasião.

Acho que ninguém gostaria de estar na pele dele.

Na segunda parte de nossa necessidade, como já coloquei (vá escutar as conferências), há o JESUS POR CONTRASTES, pois ele era manso de coração, como disse, entretanto, sem ser cruel era firme e decidido, muitas vezes extravasava, como na questão do templo e em outras ocasiões.

JESUS POR CONTRASTES (listar todas as situações)

No templo.
Julgamento da adúltera (Madalena, com certeza; embora não pareça, havia tensão extrema no ar).
Quando, sem autorização, a mulher toca o manto.
No julgamento com Pôncio.
No beijo de Judas (o símbolo universal da traição).
Na santa ceia, Jesus diz a Judas que vá.

Ou seja, em quantas vezes transpareceu sua (sob controle) humanidade? Toda a vida de Jesus foi uma constante tensão nervosa, exceto, talvez, na infância, de que temos poucas notícias.

Há gente estudando há dois milênios, 20 séculos, 40 meios séculos (máximos tempos de vida adulta) que deixaram escritos; e há milhares de bons pesquisadores formados em universidades em nossos dias que podem vasculhar com muito maior presteza e atenção que eu: toda essa gente ultra competente pode expor os detalhes para a construção de vários romances (não-exagerados, comedidos) sobre as explosões de Jesus.

Não obstante, a vida de Jesus é mostrada como se fosse um passeio idílico pela Galileia, pela Judéia, por Jerusalém e todo lugar. Essa imagem dos adoradores tem lugar, aliás, lugar muito elevado, mas Jesus também precisa ser mostrado como envolvido no tempo que foi operar visando corrigir os caminhos tortos de nossa humanidade.

Serra, sexta-feira, 05 de junho de 2015.

GAVA.