sexta-feira, 9 de setembro de 2016


Quem Mexeu no Meu Queixo?

 

Eu achava que o meu queixo não estava bom, não era legal, havia uma ligeira distorção para a esquerda. Ficava incomodado com aquilo. Isso me atrapalhou durante anos e apesar de alguns dizerem que a forma da gente é patrimônio em termos de identificação, foi se assentando a ideia de que eu deveria mudar. Falei com vários amigos, e mulheres com as quais tinha vivido, com os colegas de trabalho, com bastante gente, uns a favor e outros contra, a maior parte contra.

Conforme ia acumulando dinheiro, mais e mais me parecia certo fazer, pois podia. E, afinal de contas, o Brasil é o país em que mais operações plásticas no mundo inteiro, pode isso? Está longe de ser a primeira economia -Europa em primeiro, EUA em segundo, China em terceiro, Japão em quarto, Brasil no máximo em quinto ou sexto; nem tinha a maior população - primeiro a China, em segundo a Índia, em terceiro a Europa, em quarto os EUA, em quinto a Indonésia, Brasil em sexto ou sétimo.

Enfim, isso empurrava um pouco.

Meus negócios iam de vento em popa.

Eu queria ter um queixo repartido, assim como o Kirk Douglas (pai do Michael Douglas de agora), uma covinha no meio, achava que iria ficar irresistível com as mulheres. Tinham me contado, uns 20 anos atrás, de certa moça que fez operação nos seios para colocar os bicos para dentro e ficou divergente, um apontando para fora e outro para dentro.

Barbeiragem.

QUEIXO MEU, QUEIXO MEU...

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Fiquei com o rosto todo deformado, que nem o Mickey Rourke, o outro Michael, o que foi fazer Sin City.

Escolha minha, está certo, e do outro lado barbeiragem. Eles ficaram com o meu dinheiro e eu com as deformações. Está certo que as empresas nos entregam por nosso rico dinheirinho produtos de terceira ou quarta qualidade, guarda-roupas que só podem ser montados uma vez (se forem desmontados nunca na vida você conseguirá montá-los uma segunda vez) ou aparelhos celulares que queimam seu rosto ou carros que pegam fogo ou com milhares de defeitos (seria interessante fazerem livros mostrando inclusive fotos, com as marcas e tudo em evidência para proteger a clientela).

Não seria muito lógico eu pagar para destruírem meu rosto.

Onde vou conseguir um rosto novo?

Antes tivesse ficado com o meu, o de antigamente, que veio desde a infância. É preocupante isso de a gente querer alterar a aparência, contrariando a natureza, mesmo a medicina tendo ido tão longe, com a técnica médica respondendo à ciência biológica. Tudo é muito complexo.

Agora aqui estou eu, paguei uma fortuna pelo novo queixo com covinha e estou com uma cova imensa. E se eu, que tenho concessionária, tivesse entregado ao médico que me operou um carro todo esculhambado no lugar da BMW comprada e paga? O que iriam dizer de mim?

Não me conformo.

Com a quantidade de coisa ruim que tenho pensado, se por acaso for para o Céu espero que Deus saiba me reconhecer com esse rosto novo e horroroso, ó Deus, me reconheça!

Serra, quarta-feira, 04 de abril de 2012.

Ra Buda


 

A Rafaela desde a adolescência passou a ser chamada de Ra, assim como se diz Dê das Denise, Ma das Maria, Marga das Margarete (neste caso é a Marga) e assim por diante.

Depois de casada, mãe de duas meninas e um menino, ainda quando não tinham ido para a universidade a Ra achou que tinha “visto uma luz”, achou que tinha sido iluminada, assim como Buda lá debaixo dos galhos da Árvore Bodhi. Para Buda foi fácil, que era o Sidarta Gautama, príncipe, homem, tudo tranquilo. E mulher? Tomar conta de duas meninas e um menino, e do marido folgazão, fazer compras, pagar as contas, ir a reunião de pais (que só vão basicamente as mães, por quê não chamam logo de “reuniões de mães”? Claro, quando eventualmente vai um homem pegaria mal, tá bem), consertar as roupas, comprar roupas, fazer maquiagem, fazer comida, trabalhar fora, limpar a casa (que as empregadas nunca fazem nada direito), passar roupa quando é necessário (a roupa mais fina a gente não pode deixar nas mãos delas, nem a roupa íntima, estragam tudo), se defender das fofocas das amigas, sair de férias, TPM (tô pra morrer), cuidar do carro, ir levar e trazer as crianças, cuidar nas doenças, cama com o marido (que ninguém é de ferro, a não ser ele, claro), conversar com o irmão e a irmã e os irmãos do marido, ir visitar papai e mamãe e o pai do marido e a nojenta da sogra, ir à igreja, algum cineminha, ir ao shopping, passear com as amigas, fazer as unhas, pintar o cabelo, conversar com a empregada, ler algum livro, ver uns filmes na televisão, controlar os cartões.

Ufa!

Teve aquele lance do filme do sudeste asiático no qual a mulher perguntou se mulheres podiam ser Buda e o motorista do táxi disse que sim, “mas primeiro tem de encarnar como homem”. Deve ser porisso. E eu, que pensei que era preconceito.

SOMBRA E ÁGUA FRESCA


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Queria ser assim! Acho que foi porisso que ele abandonou a família, quem aguenta?
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Tudo homem, tudo vagabundo.
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Resistindo às tentações: sem nada pra fazer até eu, né?

Foi justo quando ela estava passando por um período difícil no trabalho, tendo que administrar homens e mulheres e mais a clientela, vou te contar, é difícil.

Dirigir carro nesse trânsito de Vitória, quem aguenta? Os ordinários dos políticos não dão atenção ao povo, a gente padece, sofre nesse trânsito. Tô defendendo ela, sim, sou amiga, como não vou tomar partido?

Pra homem é tudo fácil.

E tomar um chopinho que seja? Sempre pesando nas tarefas todas de casa, a mente não descansa. Botar as fofocas em dia? Uma dificuldade. A menstruação das meninas chegando, pensar nas faculdades se não passar na federal. A parentada que não dá folga, um falatório do cão. Filho na colônia de férias, o perigo da Internet, a insegurança nas ruas, quer saber, a Ra até que foi bem longe, não deu pra ser Buda, mas valeu o esforço, tá bom? Vai fundo, Ra. Tô junto contigo, garota.

Dou um desconto, já viu iluminada mulher?

E brasileira ainda por cima?

Também, ficou Ra Buda, de fato ela tem uma bunda um pouco grande mesmo, aí foi mais difícil, não liga pra maledicência, querida.

Não era pra ser.

Você foi longe, guria, tô contigo e não abro.

Depois, a Ra entrou na “era da paz”, já que não dava pra ser iluminada, muitas exigências.

Aí foi pior, porque começaram a dizer Ra Paz e ela ficou parecendo masculinizada, que horror! Não é nada disso. Pode parar com a implicância.
Serra, domingo, 25 de março de 2012.

Relatório Anual


 

ÁRVORE GENEALÓGICA


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Deuses olimpianos (Do Monte Olimpo)

  • Afrodite, Deusa da beleza e do amor;
  • Apolo, Deus do sol, das profecias, da música, da juventude e da medicina;
  • Ares, Deus da guerra;
  • Ártemis, Deusa da Lua, da caça e da fertilidade animal;
  • Atena, Deusa da sabedoria, da estratégia de batalha e da razão;
  • Deméter, Deusa da agricultura e da colheita;
  • Dioniso, Deus do vinho e dos bacanais (festas);
  • Éolo, Deus dos ventos;
  • Eros, Deus do amor e da paixão;
  • Hades, Deus do Submundo e dos mortos;
  • Hefesto, Deus ferreiro;
  • Hera, Rainha dos Deuses, deusa do casamento e da maternidade;
  • Hermes, Deus mensageiro, deus dos ladrões, viajantes e todos os que passam pela estrada;
  • Héstia, Deusa do fogo, da fogueira e do lar;
  • Poseidon, Deus dos mares, dos terremotos e dos furacões;
  • Zeus, Deus líder dos olimpianos, do raio.

Zeus se apoderou da firma da família, admitindo como sócios minoritários irmãos e irmãs: Héstia, Hades, Posseidon e Demeter. Na reunião anual estes sentavam nos fundos, e pouco eram consultados quando Zeus, condescendente, apresentava o relatório do ano passado.

A FILIAL ROMANA (adaptação às condições de exploração dos italianos)

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Principais deuses romanos

·                    Baco; deus das festas, do vinho, do lazer e do prazer
·                    Ceres; deusa da agricultura e dos cereais
·                    Cupido; deus do amor
·                    Diana; deusa da caça e da Lua
·                    Esculápio; deus da medicina
·                    Fortuna; deusa da riqueza e da sorte
·                    Juno; deusa da força vital, deusa dos deuses
·                    Júpiter; deus dos deuses, senhor do Universo
·                    Marte; deus da guerra
·                    Mercúrio; deus mensageiro
·                    Minerva; deusa da sabedoria
·                    Netuno; deus dos mares
·                    Plutão; deus do submundo e das riquezas dos mortos*
·                    Saturno; deus da agricultura
·                    Tellus; deusa da terra - Mãe Terra
·                    Venus; deusa da beleza e do amor
·                    Vulcano; deus do fogo

Zeus entrou como CEO (chief executive officer, chefe do escritório executivo; chairman, o homem na cadeira, entende?), todo cheio de si.

- Zeus.

- Oi mano, como vão as profundezas? E as invasões, vão bem?

Hades não podia falar nada, sorriu amarelo.

- Zeus.

- Oi, Posseidon, e os oceanos, muito poluídos?

Posseidon fez que ia levantar, pensou melhor.

- Manas.

- Oi, Zeus.

- Minhas irmãzinhas queridas (“porque não falam nada”, falou Hades entredentes).

- Que foi, Hades?

- Nada, nada.

- Ares? E o complexo industrial-militar?

- Vai bem, pai, trilhões de dólares, eles pagam para se matarem uns aos outros. Estou fazendo o que posso. Tou tentando preparar outra guerra.

- Não vá muito fundo, filho.

- Xácomigo.

- Hermes? E os Correios?

- Depois da terceirização não estão mais tão confiáveis, mas em compensação estamos ganhando muito mais dinheiro.

- Dionísio? E as bebidas?

Dionísio já estava bêbado àquela hora do dia, tiveram de cutucá-lo.

- Ham? Ah, tudo bem, os vinhos estão se desenvolvendo, estou ampliando as bebidas quentes, a Coca Cola vai de vento em popa, cem por cento, sem falar que isso ajuda Ares e pega um punhado para Hades no trânsito.

- Obrigado, sobrinho, você e Ares é que me ajudam.

- Atena, filhinha, e você, querida?

- Sempre o xodozinho.

- Tudo legal, pai, menos livros e bibliotecas que antigamente, menos estudos com isso de Internet, mas na soma tudo legal. Por outro lado, as artes vão mal, só o cinema sobreviveu e assim mesmo na base da apelação. O troço tá brabo.

- Dite, querida.

- Outro xodó, nem fala o nome Afrodite todo, isso é sacanagem.

- Uma beleza, um amor, uma gracinha (não estranhe, ela encarnou em Hebe, que é outra deusa). Pai, nós vamos mesmo instalar filial em Roma?

- Sim, querida, já temos os nomes e tudo, estamos expandindo, o pessoal do Marketing tá trabalhando demais, tá virando a noite.

- E os outros?

- Quem? Odin tá com a firma dele lá no norte, os hindus se confundem no varejo, é uma doideira; os chineses levam aquilo de dragão, é melhor não nos misturarmos; os africanos tão ainda no animismo, é melhor não mexer, muito primitivo. Hefestos, meu filho, e as forjas?

- Vão bem, no setor das oficinas eu me garanto, um pouco sujo, mas é como o governo - apesar de tudo, funciona.

- Hera, meu bem, e você?

- O casamento tá enfrentando algumas dificuldades, muitos palhaços, preciso falar com você.

- Depois da reunião, meu bem.

- O pessoal lá dos fundos quer falar alguma coisa?

TODOS – NÃO.

- Deméter, Héstia?

AS DUAS – não, querido.

HADES – héen, héen, “querido”, que nojo, vocês não tem dignidade, não?

- Falou alguma coisa, Hades?

- Deixa pra lá.

- Então, vamos encerrar a apresentação.

Serra, sábado, 24 de março de 2012.

Renascimento

 

Existem os casos daqueles que nasceram num país e foram maltratados ali, ou pelo menos não tão bem-tratados quanto seria de esperar por seu empenho, sua dedicação, sua capacidade, sua projeção posterior no país receptivo, sua dignidade, sua excelência.

RE-NASCIMENTO PLEITEADO

QUINO, ARGENTINA, 1932, vivendo na Itália.
LEO, Luiz Eduardo de Oliveira, BRASIL, 1944, vivendo na França.
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Esse cara (que manterei incógnito, ele não quer aparecer, mas o crédito inicial é todo dele) falou para mim isso num bar e depois, com a devida licença dele, fui investigar o assunto e fiz esse livro chamado Deslocação (está nas livrarias e nas bancas de revistas), que não cuida só de espaço, mas também de tempo.

Pesquisei os casos de artistas, cientistas, filósofos e todos os do Conhecimento alto e baixo que foram morar em outras nações, onde foram recebidos de braços abertos e onde eles ficaram famosos ou ficaram ainda mais. Destacaram-se nessas nações que os receberam.

IMIGRANTES FAMOSOS (a lista é muito grande, vá comprar e ler o livro)

Descrição: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/34/Albert_Einstein_in_later_years.jpg/190px-Albert_Einstein_in_later_years.jpg
Albert Einstein, alemão nos EUA.
Descrição: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/71/Marie_Curie_c1920.png/220px-Marie_Curie_c1920.png
Marie Curie, polonesa na França.

O que leva uma nação a se des-fazer dos seus talentos?

Como a nação é ente ideal, devemos nos perguntar de outro modo: o que irrita o antigo morador a ponto de fazê-lo mudar para lugar estranho, com língua estranha até, com hábitos diferentes, moeda distinta, diversa base geo-histórica? O que o faz aceitar mudança tão radical? Devia ser algo bem aflitivo ficar onde estava, a ponto de toda essa alteração ser aceitável.

Fiz entrevistas com os que estão vivos, busquei nas entrevistas dos que estão mortos os indícios. A investigação foi longa (coloquei este blog com o objetivo de alguém ajudar nas edições vindouras), mas não exaustiva, dado ser o assunto inédito.

Como já estava provado em vários casos, quando essas pessoas saíram já eram famosas (o caso clássico é Einstein), contudo os países nem pestanejaram em se desfazer delas.

Como compreender algo assim?

Não só não compreendia antes como depois de terminado o livro compreendo menos ainda.
Serra, segunda-feira, 16 de abril de 2012.

Representa Chão

 

O presidente da Casa conduzia a votação.

- Como vota Fungo?

Os 12,5 % da bancada, representados pela Liderança de Fungo, respondiam depois de meses de deliberação do anteprojeto de lei.

- Contra.

- Como vota Planta?

- Contra.

- Como vota Animal?

- Contra.

- Como vota Primata?

- Contra.

- Como vota Humano?

- A favor.

Como os humanos tinham representação de 50 % + 1 (o do presidente, sempre humano, pois os outros reinos representados no Congresso Universal não eram racionais), o voto isolado humano ganhou, mas ouviu-se a fungação geral, o aborrecimento palpável de 50 % - 1, de todos os representantes (humanos) dos quatro reinos biológicos, da Natureza Um, pré-humana, todos contra a introdução dos pós-racionais Novos-Seres no Congresso.

Eles se inscreveram maciçamente.

O primeiro da lista falou.

- Vocês votam a favor e basta um voto para reverter a posição de quatro!

- Nobre colega, há que lembrar que você também é humano, o nobre colega é apenas REPRESENTANTE dos animais, não é um animal mesmo, pelo menos é o que achamos.

- Não ofenda, nobre colega.

Alguém não identificado gritou lá dos fundos.

- Inimigo da Vida.

O presidente ficou uma fera.

- Ordem na casa ou paraliso a seção.

Falou alguém dos primatas.

- Excelências, Humano quer agora introduzir os Novos Seres, que podem se tornar trilhões no vazio espacial, nas novas cidades do espaço, enquanto nós continuaremos presos à superfície da Terra.

- O que é que vossa excelência está dizendo? Por acaso eles não devem ter representação? Quando todos nós, os humanos, lutamos para dar representação igualitária à Vida vocês reclamaram? Renunciamos a 50 % - 1 votos para favorecer a Vida! E quantas vezes os 50 % + 1 votos humanos se deslocaram para favorecer moções não-humanas? Quantos saltos demos juntos? Como era a vida antes, quando não havia representação da Vida no Congresso Universal? E agora querem negar representação aos racionais não-humanos? Negar que baleias expandidas, que golfinhos expandidos, que primatas expandidos, que elefantes expandidos, que robôs, que andróides, que ciborgues possam ter representação, é o cúmulo!

- A questão, nobre colega, é que vocês serão trilhões, vão migrar no espaço e vão nos largar para trás!

- Mas, se eles vão participar dos votos da Natureza Dois, psicológica, embora já sejam Natureza Três pós-psicológica! E quem disse que a Vida será deixada para trás? A Vida não tem sido levada junto?

- Nós conhecemos Humano! Nós conhecemos a história! Todas as traições...

- Mas, meu Deus do Céu, se vocês também são humanos! Ou não são?

(Nesse ponto começou uma gritaria danada e as transcrições ficaram prejudicadas, a seção foi encerrada e adiada para a terça feira seguinte).

Serra, terça-feira, 03 de abril de 2012.

Restauração do Poder do Branco


 

Fizeram uma propaganda dessas num grande outdoor.

Foi quanto bastou para criar celeuma danada, pois os autores certamente apelaram à frase “poder do branco”, que neste caso era sabão em pó prometendo limpar mesmo, “profundamente”.

Só que colocaram a frase sozinha no outdoor, sem imagens.

Nisso os negros se alvoroçaram.

Com eles, temendo sobrar para elas, as mulheres, as crianças, os universitários, o PT pseudo-revolucionário, os velhos, foi uma (ar)ruaça.

Ninguém esperou para ver o que estava mesmo sendo anunciado, todos voaram na garganta da agência de propaganda.

O QUE LERAM...

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                        ... E O QUE ESTAVA ANUNCIADO

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Quando veio a segunda parte da propaganda as pessoas quase todas ficaram envergonhadas, porque não esperaram para ler o restante.

É como quando as pessoas não leram um livro, digamos “as obras completas” e saem citando a torto e a direito.

AS OBRAS-PRIMAS QUE POUCOS LERAM


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Obras-Primas que Poucos Leram, As - vol. 3

Enfim, as pessoas passam vergonha em razão do seu afoitamento em castigar o outro, aquilo mesmo que denunciavam antes, como quando a Igreja nascente foi perseguida e depois os poderosos subsequentes dela deram de perseguir os outros. A capacidade de leitura das massas é nominal.
Serra, domingo, 01 de abril de 2012.