Os
80 % Que o Brasil Está Devendo ao Futuro
No
modelo foi possível identificar elites, passado, história, morte e paz,
enquanto do outro lado povo, futuro, geografia, vida e guerra também são uma e
a mesma coisa, ao contrário do que eu pensava, pois via as elites como
construtoras do futuro. É o contrário disso: as elites constroem o passado,
aquilo que sonharam antes, naquele passado ainda mais remoto. Povo é tudo
aquilo que não foi satisfeito ainda.
Por exemplo, no
Japão onde se dizem classe média 93 % da população, sendo 7 % o total dos
outros (a soma de ricos, médios-altos, pobres ou médio-baixos e miseráveis),
menos de 7 % (pois ainda devemos excluir ricos e médios-altos) é a parte
insatisfeita, quer dizer, o futuro que será criado.
Isso
não seria uma notícia boa para o Brasil?
Do
ponto de vista dos revolucionários e dos guerreiros, sim, mas do ponto de vista
das elites, não, evidentemente não. Para estas é preocupante, pois significa
que serão OUTRAS elites a serem criadas as que herdarão o futuro. Não serão
estas, que prometem e cumprem Brasil para apenas 20 %, deixando 80 % de pobres
e miseráveis nas arquibancadas vendo o jogo solitário das elites. Excluem 80 %
e esses 80 % DEVERÃO REINVENTAR O BRASIL para ele ser outro, onde caibam mais
pessoas, que evidentemente não terão mais esses jeitos culturais ou nacionais
de agora, terão outros a serem inventados. Essa é uma das maiores dívidas que
há no mundo, fora de países africanos e outros que estão em situação pior
ainda. Com isso seria possível fazer uma lista, como já sugeri, da posição de
cada nação.
Agora,
do ponto de vista dos revolucionários é uma notícia esplêndida, maravilhosa,
porque quase tudo está ainda por fazer, tudo está por reinventar para atender a
brancos, negros, vermelhos e mestiços, pois há de todos nesses 80 %; a homens e
mulheres, crianças e adultos, velhos e novos, brasileiros e estrangeiros. Há
novos futuros por criar, novos povos a elevar e novas elites a extrair, novas
geografias a distribuir, novas guerras libertadoras a travar, novas vidas por
fazer brotar.
Não
é um anúncio fantástico, em meio à revolta de serem tantos os despojados?
Vitória,
segunda-feira, 13 de Junho de 2005.
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