quinta-feira, 12 de outubro de 2017


Os Manés Americanos

 

                            No Brasil Manoel era nome comum e geralmente adotado pelos pobres, que copiavam os portugueses colonizadores, pois em Portugal o nome era ainda mais comum junto com Joaquim e João. Como José também era e ainda é bastante adotado no Brasil até uma geração para trás o nome composto José Manuel era dado aos filhos. Já que o diminutivo de José é Zé, ficou Zé Manoel; o de Manoel é Mané (por exemplo, Mané Garrincha), passando a Zé Mané e daí a Mané apenas, quer dizer, um-qualquer, um popular, do povão.

                            Como está posto no texto do Livro 2 Nascendo no Inglês quem nasce em países de língua inglesa (EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália, Bahamas e tantos outros) já tem uma vantagem, a de a maioria dos documentos produzidos no mundo ser vertida a essa língua dominante, quase universal; a carga de informações que podem acessar livremente, sem problemas de conversão ou tradução, é enorme. Mas também ocorre que nascendo numa língua como o português em que a produção socioeconômica total no mundo não passa de 3 % (dos quais 2,5 % do Brasil) somos obrigados a fazer muito mais força, dez vezes tanto quanto, se não quisermos adotar o inglês nem nos rendermos aos estrangeiros.

                            Lá nos EUA qualquer Mané já nasce na língua e já tem à disposição tremendas universidades. Pela língua pode acessar bancos de dados da maioria das seis mil delas que estão espalhadas pelo mundo e das mais de oito bilhões de páginas da Internet no Google quase todas, fora um resíduo de 10 ou 20 %, no máximo. Pode entrar em contato com quase todos os oito mil bancos na Internet. Tudo está a favor daqueles caras de lá. Qualquer Mané já nasce dotado das maiores facilidades. Por outro lado, estamos melhor - como diz Gabriel - que o pessoal do Butão, da Mongólia, do Zaire e outros assim; nem porisso aqui no Brasil a maioria absoluta faz qualquer coisa de relevante, pois os AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundos) constituem somente 50 %: os outros 50 % dependem do sujeito. É só multiplicar por dois para ter 100 % e substituir o desfavor ambiental – não é tanto assim. Com algum esforço os indivíduos daqui podem produzir muito, se substituírem os ambientes estrangeiros por esforço próprio – quer dizer, não há realmente tanto do que reclamar.
Vitória, junho-julho de 2005.

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