sexta-feira, 7 de julho de 2017


O Fenomenal dos Racionais como Fração Numênica e o Palpite de Anais Nin

 

                            No livro já citado de Lou Marinoff Mais Platão, Menos Prozac, p. 88, ele fala de Kant: “Kant admitia que também a razão tem seus limites. Em sua famosa obra Crítica da Razão Pura, ele explica a sua teoria de que o mundo é dividido na esfera fenomenal (o que podemos sentir; o mundo como aparece para nós) e numênica (o mundo como é realmente) ”, itálicos e negritos meus.

                            Mais adiante cita Anaïs Nin:

Escritora francesa que vivió la mayor parte de su vida en New York. Perteneció a un grupo de escritores que buscaba encontrar una forma de vida ideal, entre ellos podemos mencionar a D.H. Lawrence, H.G. Wells, y Henry Miller. Éste último fue quien la descubrió y quedó impactado tanto por ella como por su obra. Según sus propias palabras Nin había descubierto una literatura femenina y sería la única capacitada para romper con la escritura tradicionalmente patriarcal. Anais Nin inició sus diarios cuando tenía trece años y no dejó de escribirlos hasta su muerte, p. 89: “Não vemos as coisas como elas são, mas as vemos como nós somos”.

                            Isso é PARCIALMENTE verdadeiro, pois se não víssemos a garrafa tal como ela é, como concordaríamos que é garrafa?  Claro, como Lou Marinoff diz, há muitos modos de ver a árvore. Só ELI (Natureza/Deus, Ela/Ele), que compreende e vê tudo simultaneamente, pode ver TODA A ÁRVORE ou toda a garrafa de todas as formas possíveis e imagináveis, mas é bem evidente que para além do meu modo de olhar há algo que é comum, como eu já disse: a média.

                            Anaïs não era filósofo, mas poderia pensar bem e pensar completamente. Ninguém precisa ser filósofo para pensar bem, com lógica apurada. Qualquer um pode fazê-lo. A garrafa que vemos não sou eu, ela não é como eu sou, ela é comum, porque todos a vêem; o que existe de incomum nela é que a vejo UM TANTINHO diferente da média. No caso, média humana, como existe média das abelhas, que já a vêem de outro modo.

                            É evidente que os racionais são RELAÇÃO, razão entre a parte e o todo; ninguém é tão completo que possa ver tudo, nem muito menos tudo todo o tempo; só ELI pode fazê-lo. Ora, mesmo se não vemos a totalidade numênica, se não podemos ver toda a esfera numênica, vemos a esfera racional ou fenomenal PARTILHADA e podemos aprender com os erros e os acertos de todos e cada um.

                            Acontece também de vermos a garrafa COMO ELA REALMENTE É, isto é, a parte que vemos É REALMENTE A GARRAFA, só que DAQUELE MODO. Se a garrafa for vista em infravermelho ou em ultravioleta, daquele modo é garrafa também e é realmente a garrafa, porque a GARRAFA NUMÊNICA, que é total, é todas as garrafas fenomênicas ou racionais. Cada fração numênica, cada racionalidade, é verdadeira; só que as verdades individuais são individuais verdades, partidas do todo, não constituem o todo, até por definição.

                            Repetindo: 1) nós vemos as coisas como elas realmente são, dos modos como as vemos; 2) o nosso olhar É NOSSO, imprimimos às coisas versões de nossa capacidade de ver, nós as percebemos ao nosso modo.
                            Vitória, domingo, 25 de julho de 2004.

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